Caro Luis, parabéns pela luta contra o tabaco.
Fundamentalismos à parte, esclarecimentos quantos mais melhor.
Aqui vai o meu testemunho.
Iniciei aos 16 anos quando comecei a ter algum dinheirito para investir. A média era um maço por semana.
Aos 18 era já um fumador profissional porque, como trabalhava, tinha dinheiro para fumar um maço por dia.
Na tropa já era licenciado na matéria, maço e meio por dia era a média.
Na Guiné a média subiu ligeiramente. Como eu não era 100% operacional, de três em três dias fazia sargento de ronda (voluntariamente) pelo que estes dias tinham exactamente 24 horas de actividade. Logo a média subia para os TRÊS maços. Nos outros dias a média era quase dois.
Voltando à vida civil a dose diária era de quase dois maços. Aos 30 anos tive um problema num restaurante. Enquanto esperava pelo almoço tomei um aperitivo e fumei um cigarro. Antes de começar a refeição, senti-me mal, desmaiando duas vezes em escassos segundos. A minha mulher ficou assustadíssima, foi uma confusão total à minha volta e eu muito envergonhado no meio daquilo tudo.
Nessa hora decidi que iria deixar de fumar. Fora precisos cerca de 15 a 20 dias até deixar abandonar definitivamente. Não fumo há cerca de 28 anos. Nos primeiros tempos tinha pesadelos comigo a fumar. Cafezinho sem cigarro era um verdadeiro martírio. Os primeiros anos de abstinência foram muito difíceis. Ninguém me diga que é fácil deixar de fumar. Disso percebo eu.
Já agora, para ser honesto, fiz duas tentativas anteriores para deixar de fumar. Na primeira tive 1 ano de abstinência e na segunda 2 anos, mas acabei vencido pelo vício.
Há uma ideia de que quando se deixa de fumar há tendência para engordar um pouco. Comigo não aconteceu isso. Mantenho ainda hoje o peso dos meus 20 anos.
Como o nosso tertuliano Hugo Ferreira, quando compro carro novo, a primeira coisa que faço é retirar os cinzeiros amovíveis. Em casa não há cinzeiros porque, não fumando eu, ninguém está autorizado a fazê-lo.
Por favor não fumem. Queimar saúde e dinheiro é mesmo uma atitude estúpida. Quem se lembra disso?
Um abraço e boa Páscoa para todos
Carlos Vinhal
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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