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terça-feira, 6 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26769: A nossa guerra em números (29): nos quartéis do mato, dentro do arame farpado, a malta consumia em média, por ano e "per capita" , 21 litros de... álcool puro (14 em vinho, 5,4 em cerveja, 1,6 em bebidas destiladas)... (Aníbal Silva / Luís Graça)



O Luís Dias, ex-alf mil,  CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) dizia-nos, em 2010, que ainda tinha lá em casa "5 garrafas de uísque das que trouxe da Guiné"... Eram elas "uma 'President', uma 'Something Special', uma 'Dimple', uma 'Smugler' e uma 'Logan' (conforme foto...). Umas autênticas belezas". (*)

E acrescentava:

 "Alguns dirão que isto é um sacrilégio; porque será que o Dias não tratou destas 'meninas' em conformidade? Outros dirão que não é lá muito de beber e que, por tal facto, foi deixando andá-las lá por casa. Eu respondo: fui bebendo algumas, deixei outras ao meu pai, também ao meu tio Armando – este sim um grande apreciador – e fui ficando com outras e, olhem, ganhei-lhes amizade, porque olhava para elas e ia-as destinando a grandes momentos. Bebi uma, já não me lembro a marca, quando o meu filho nasceu há 30 anos. (...) Vou abrir a 'Dimple' quando fizer 60 anos, se Deus permitir que eu lá chegue,  e as outras serão para outras 'special ocasions' ” (...).

Comentário do editor LG: A Dimple já se foi!... E não faltarão ainda essas ocasiões outras especiais: os 80, os 90, os 100 anos... O uísque bom e velho não se estraga...

Foto (e legenda): © Luís Dias (2010). . Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blog Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Quais os artigos que mais se consumiam nas cantinas da tropa, no mato, na Guiné ?

Temos algumas indicações, a avaliar por uma pequena amostra das vendas (mensais)  na cantina da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), de acordo com os dados do balancete que nos foi fornecido pelo nosso camarada Aníbal José Soares da Silva, ex-fur mil vagomestre.(**)

Os dados respeitam às vendas no mês de maio de 1970. A companhia tinha 150 homens. Não havia subunidades adidas (a não ser um Pel Caç Nat no início da comissão). Por outro lado, só havia uma cantina / bar, embora houvesse refeitório (para as praças) e messe (para sargentos e oficiais).

Os artigos então mais vendidos foram (em unidades) (> 50):

  • Cerveja 0,3 l > 3977 (garrafas):
  • Tabaco Porto > 1034 (maços);
  • Coca-cola > 1402 (latas);
  • Tabaco SG > 754 (maços);               
  • Fósforos > 718 (caixas);
  • Leite c/ cacau 411 > 595 (embalagens);
  • Tabaco Português Suave > 395 (maços);
  • Cerveja 0,6 > 268 /garrafas);
  • Laranjada Shellys > 223 (latas);
  • Bacalhau > 96 (quilo ? embalagem ?);
  • Água Castelo > 65 (garrafas);
  • Sumol > 53 (garrafas ou latas);
  • Pilhas 1,5 v > 51


2, Se agruparmos estes itens por géneros (cerveja, tabaco, refrigentes, bebidas destiladas),  temos:


(i) Cerveja (0,3 l e 0,6 l) > 4245 garrafas (equivalente a 1353,9 l):

(ii) Tabaco (todas as marcas) > 2215 maços:

(iii) Refrigerantes (coca-coca e sumos) > 1680,5 (latas / embalagens)

(iv) Bebidas destiladas (uísque, gin, vodca, aguardente...) > 72,5 garrafas de 0,75l.


3. Admitindo que o mês de maio não era um mês "atípico" do ano, em matéria de consumo na cantina (estava-se no início da época das chuvas, já se saía menos vezes para o mato, embora no tempo seco, a partir de outubro, se pudesse beber mais cerveja...) podemos tentar calcular um valor médio anual "per capita" destas 4 categorias de bens consumidos:


(i) Cerveja:

  • 1353,9 l a dividir por 150 homens (=9,026 l) e a multiplicar por 12 meses, dá um consumo "per capita" anual de 108,3 l;
  • este valor pode estar subestimado; de qualquer modo, 108.3 l  "per capita" era já um valor seguramente muito superior à média nacional de 1970, e mais do dobro do consumo atual (em 2022, foi de 53 litros, segundo dados da European Beer Trends);

(ii) Tabaco:

  • 2215 maços de cigarros por mês dá uma média anual "per capita" de 177,2 maços;
  • é peciso ter em conta  que nem toda gente fumava: a prevalência de tabagismo entre homens com 15 anos ou mais anos de idade, em Portugal,  era estimada entre 40% e 50% em meados da década de 1970; 
  • portanto, aqueles de nós que fumavam, consumiam pelo menos um maço de cigarros por dia;

(iii) Coca-cola e sumos (refrigerantes):

  • 1680,5 latas ou embalagens num ano:  83,4 % corresponde à coca-cola... 
  • consumo anual "per capita" da coca-cola (=1402 x 12 =16824) seria de 112 latas; 
  • recorde-se que era uma bebida  proibida na metrópole, por teimosia de Salazar e das autoridades de saúde: além de ser vista  como um símbolo do ostensivo estilo de vida americano, haveria também um "argumento de saúde pública": além de poder ser facilmente associada à cocaína  ( e à "droga em geral"), o elevado teor de cafeína podia criar "habituação";
(iv) Uísque, gin, vodca, aguardente e outras bebidas destiladas:

  • temos um consumo mensal de 72,5 garrafas de 0,70l (ou de 0,75l, nalguns casos), o que dá 870 num ano;
  • a  maior parte é uísque de várias marcas =61 (84 %);
  • o restante: brandy (Macieira)= 4,5; gin = 6; vodca=1;
  • é mais difícil é saber o consumo destas  bebibas "brancas" (muito mais caras na metrópole) porquanto havia quem comprasse uísque  (mas também conhaque) para fazer "stock" e levar para casa, nas férias ou no final da comissão;
  • apesar de ser mais barato (no CTIG), o uísque (e o conhaque) era ainda um artigo de luxo para a maior parte da malta (as praças); mas era era também uma mercadoria muito apreciada; 
  • temos mais de 60 dezenas de garrafas de uísque vendidas por mês (720 por ano), incluindo o consumo avulso, na cantina (ao copo, com água mineral e gelo, se o houvesse) 
4. Mais difícil ainda é estimar o consumo de "álcool puro", per capita, anualmente...


(i) Vinho:

  • além destas bebidas (cerveja e bebidas brancas), os militares portugueses tinham direito a um copo de vinho à refeição; e  podiam também comprar na cantinha vinhos de marca como o Mateus Rosé ou o vinho verde branco Aveleda, Três Marias, Lagosta, etc.... (Vamos desprezar esses consumos, o vinho engarrafado era caro, a alternativa era a cerveja);
  • se cada militar bebesse 1 copo de vinho (200 ml) à refeição (almoço e jantar), ao fim de 365 dias seriam 140 litros;
  • admitindo que o vinho fornecido pela Intendência não ultrapassava os 10 graus, temos, um volume de álcool puro de 14 litros... (o vinho era mau e "batizado". toda a gente se queixava):

(ii) Cerveja:

  • sabendo que a cerveja Sagres tinha/tem 5º de teor alcoólico, o valor de 108,3 l consumido anualmente por cada militar correspondia a 5,415 l de álcool puro;

(iii) Bebidas destiladas:

  • o consumo anual médio, por companhia, poderia ser estimado (por baixo...) em  870 garrafas (0,70l, a 40º de teor alcoólico);
  • a dividir por 150  homens corresponderia a  5,8 garrafas (pouco mais de 4 litros);
  •  4060 ml x 0,40 (grau alcoolíco, médio)  = 1624 ml de álcool puro;


(iv) Álcool puro:

  • Somando o vinho (14 l), a cerveja (5,4 l) e as bebidas destiladas (1,6), são 21,0  litros no mínimo de álcool puro "per capita";
  • claro que aqui temos a velha história da falácia da média estatística: metade não fumava, mas grande parte bebia; o álcool era uma necessidade fisiológica e psicológica... nas condições de isolamento e de guerra em que se vivia.

5. Agora com a ajuda da Gemini IA /Google, acrescente-se em jeito de comentário:

  • de acordo com as estimativas mais recentes do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências), referentes a 2019, o consumo anual per capita de álcool puro em Portugal (para a população com 15 ou mais anos) era de 12,1 litros;
  • este valor inclui o consumo de vinho, cerveja e bebidas destiladas, tanto o consumo registado como uma estimativa do consumo não registado, e exclui o consumo por turistas;
  • note-se que Portugal apresenta um dos consumos de álcool "per capita" mais elevados entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).

De qualquer modo estes números, nomeadamente  sobre o consumo de bebidas alcoolólicas, têm que ser lidos e analisados com muitas reservas. 

Baseámo-nos no consumo de um só mês (maio de 1970) e de uma única subunidade de 150 homens (CCAV 2483, aquartelada na região de Quínara)... 

Os resultados são extrapolados... Precisamos de os confrontar com outros dados de outras fontes de informação (balancetes das cantinas de outras companhias, fornecimento mensal / anual da Intendência, etc.). 

Em todo o caso, estes números (***) ajudam-nos a ter uma ideia aproximada da "nossa grande sede", a  que pássavamos/passámos no CTIG, ao longo dos 22, 23, 24 meses de comissão... 

O tema do álcool em tempo de guerra é delicado mas não é tabu... Temos 45 referências a este descritor no nosso blogue. Mais de dois terços da nossa malta bebia, com maior ou menor moderação... E alguns já aqui admitiram, sem bravata nem falso pudor, que sim, que também lá apanharam alguns "pifos... daqueles de caixão à cova"... (AS/LG)
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Notas do editor LG:


(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5672: Estórias avulsas (23): Old Parr e Antiquary a 90$00 (Luís Dias)

(**) Vd. poste de 4 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26764: (Ex)citações (432): Gosto de arquivar para mais tarde recordar e por vezes surpreender os amigos com peripécias vividas há anos (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

Vd. também 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26754: (In)citações (269): Quem se lembra destes preços? (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

(***) Último poste da série > 2 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26644: A nossa guerra em números (28): Ainda a nossa 'adorável' ração de combate, nº 20...(que dava 3 refeições para um homem, por dia, no mato)

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26768: Notas de leitura (1794): Memórias Minhas, por Manuel Alegre; Publicações Dom Quixote, Março de 2024 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Abril de 2024:

Queridos amigos,
As memórias de Manuel Alegre incluem referências a encontros com Amílcar Cabral em Argel, terá sido numa emissão da Voz da Liberdade que Amílcar Cabral concedeu uma entrevista a uma emissora portuguesa. O detentor do Prémio Camões recorda o modo como o dirigente revolucionário dava apreço aos Descobrimentos portugueses, como, quando Marcello Caetano sucedeu a Salazar, numa conferência de imprensa em Argel, Cabral gerou perplexidade ao dizer que estava disposto a ajudar Marcello Caetano a ser um De Gaulle português; e, por fim, uma conversa havida com Cabral a propósito de alguém querer atentar contra a sua vida, ele terá dito algo que repetirá no ciclo de conferências havidas para quadros do PAIGC em Conacri, em novembro de 1971, algo como se um dia eu for morto será por alguém do meu próprio partido, provavelmente um militante da primeira hora, o que não era o caso de Inocêncio Cani, com um histórico de combatente, antigo responsável pela Marinha do PAIGC, é ele quem dá o primeiro tiro em Amílcar Cabral, foi outro sublevado quem lhe deu o tiro de misericórdia.

Um abraço do
Mário



Amílcar Cabral nas memórias de Manuel Alegre

Mário Beja Santos

A obra intitula-se Memórias Minhas, por Manuel Alegre, Publicações Dom Quixote, março de 2024, uma longa viagem de lembranças dos ancestrais, da vida em Águeda, a aprendizagem escolar, a passagem por Lisboa e pelo Porto, os estudos em Coimbra e os primeiros passos na intervenção política, na vida teatral no TEUC; as eleições presidenciais de 1958, que mudaram a sua vida; e depois Mafra, a ilha de S. Miguel e até alguns sonhos de rebelião; a ida para Angola e a vida militar, segue-se a prisão em Luanda, regressa a Coimbra, não para de intervir, mesmo fazendo exames, é membro do PCP; impõe-se partir para o exílio, assim chega a Argel, compete-lhe preparar as emissões da Voz da Liberdade, que ele assim apresenta:

“A Voz da Liberdade foi sempre uma voz portuguesa livre. Dei-lhe dez anos da minha vida, dez anos de oiro da minha juventude, dias e noites a escrever e a preparar a emissão. Em certas noites eu tinha a sensação de que estava a falar para mim mesmo e a combater o meu próprio desalento. Mas depois lá vinha de novo a esperança, a luta renascia, as vozes chegavam de Portugal e ecoavam na nossa própria voz.”

É neste ponto que ele insere a entrevista que fez a Amílcar Cabral, a primeira que o líder do PAIGC concedeu a uma emissora portuguesa. 

“O que mais surpreendeu e tocou quem a ouviu foi o facto de ele ter dito o que a esquerda portuguesa, por complexo, não tinha então coragem de dizer. Cabral exaltou os Descobrimentos portugueses e afirmou: ‘Não é mentira, não, os portugueses deram de facto novos mundos ao mundo e aproximaram povos e continentes’. E sublinhou que o fascismo e o colonialismo estavam a desunir o que a História tinha aproximado. Citou versos de Camões e contou que celebravam algumas datas históricas portuguesas, entre elas o 5 de outubro de 1910. Foi uma entrevista muito inteligente, que procurou quebrar tabus e sublinha que, para ele, o principal aliado no combate pela independência era o Povo Português e a sua luta pela liberdade.”

É neste contexto memorial que Amílcar Cabral aparece nas recordatórias seguintes.

O primeiro texto intitula-se “Uma conferência de imprensa”. Segue-se a transcrição:

“Quando Marcello Caetano sucedeu a Salazar, Amílcar Cabral deu uma conferência de imprensa em Argel. E a certa altura, surpreendeu e confundiu os jornalistas:
- Estou disposto a ajudar Marcello Caetano a ser um De Gaulle português.

Também nós, representantes da Frente Patriótica, ficámos perplexos. Retirei-me da conferência e escrevi um bilhete a Amílcar Cabral dizendo que não compreendia aquela afirmação, era uma grande ajuda ao pseudo-reformismo do sucessor de Salazar, que mudava os nomes às coisas para que tudo ficasse na mesma.

Umas horas depois, Amílcar Cabral veio a minha casa e disse-me que a nossa amizade não era uma amizade circunstancial, mas algo que tinha importância para além de nós. E acrescentou:
- Tens de compreender que eu estou a lutar pela independência do meu país. Essa é a nossa prioridade, não a queda do regime em Portugal. Se o Governo de Caetano quiser negociar, eu estou pronto a fazê-lo. Não é contra vocês. É pelo meu país e pelo futuro das relações entre os nossos povos.”


E segue-se o texto intitulado “Premonição”, como segue literalmente:

“Por vezes chegavam desertores portugueses da Guiné. As autoridades argelinas entregavam-nos à Frente Patriótica e depois seguiam para a Europa. A maior parte não desertava por razões políticas, mas para fugir de eventuais punições de delitos cometidos. Eram acolhidos pelo PAIGC em Conacri e depois encaminhados para Argel. Certa vez chegou-nos a informação de que um desses desertores contava ter pensado cortar a cabeça a Amílcar Cabral para regressar com ela a Bissau.
Piteira Santos e eu contámos o caso a Amílcar Cabral. Ele puxou os óculos para a testa, num gesto que lhe era peculiar, olhou-nos muito direito e disse:
- Se um dia for morto será por alguém do meu próprio partido, provavelmente um fundador.

Quando soube que ele tinha sido assassinado por Inocêncio Cani, fundador do PAIGC, senti um arrepio. Lembrei-me daquela frase e fiquei com a sensação de que Amílcar Cabral estava a pressentir a sua própria morte. Sabia que podia ser morto e até, talvez, por quem [Inocêncio Cani não era fundador do PAIGC, era um veterano da guerrilha, chegou a ser comandante da Marinha do PAIGC, fora castigado e afastado do Conselho Superior de Luta, deu o primeiro tiro a Amílcar Cabral, segundo a versão de Oscar Aramas-Oliva, o embaixador cubano em Conacri, foi outro sublevado, de nome Bacar, quem matou Amílcar Cabral".


Foram estas as referências que encontrei a Amílcar Cabral, a segunda parte deste livro das memórias fundamenta-se essencialmente a sua atividade política e poética depois do 25 de Abril.

Amílcar Cabral, pintura em acrílico por Noronha da Costa
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Nota do editor

Último post da série de 29 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26741: Notas de leitura (1793): Um Trajeto de Vida, por Rui Sérgio; 5 Livros, 2021 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26767: História de vida (61): Eugénia Sousa (Ribeira Grande, Stº Antão, 1935 - Sesimbra, 2025): cap enf pqdt ref, cofundadora da Escola de Serviço de Saúde Militar (ESSM)


Capa do livro "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), 439 pp (com a devida vénia)



Eugénia do Espírito Santo Sousa, cap enf pqdt ref (Ribeira Grande, Santo Antão,
Cabo Verde, 1935 - Sesimbra, 2025)




1. Infelizmente não temos nenhum regosto da passagem da Eugénia Sousa pelo TO da Guiné. Ela acaba de morrer, aos 89 anos (*). Publicou dois pequenos textos no livro supracitado, de que também é coautora. Foi enf pqdt durante 12 anos. Ainda estava na FAP no início dos anos 80, com o posto de capitão. Pertenceu ao grupo dos fundadores da Escola do Serviço de Saúde Militar (ESSM). Solteira, vivia em Sersimbra.

A ESSM foi criada pelo Decreto-Lei nº 266/79,de 2 de agosto, como estabelecimento de ensino técnico-militar, funcionando na directa dependência do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. Foi herdeira das, entretanto extintas, Escola de Enfermagem da Armada e Escola do Serviço de Saúde do Exército. O seu primeiro regulamento foi aprovado pela Portaria n.º 582/80, de 10 de setembro.

A Eugénia deixou este apontamento biográfico no livro acima citado, pp. 40/41, que tomamos a liberdade de reproduzir.

  •  nasceu na ilha de Sto. Antão, na vila (hoje cidade) de Ribeira Grande, também conhecida por Povoação (**);
  • teve uma infância e adolescência difíceis;
  • só aos 20 anos pôde viajar para Portugal, tendo-se fixado em Penafiel:
  • tirou o curso de auxiliar de enfermagem no Porto e depois o curso geral de enfermagem, em Lisboa;
  • em 1962, fez o 2º curso de enfermeiras-paraquedistas.

Recorde-se que, em 9 cursos (1961, 1962, 1963, 1963, 1964, 1966, 1967, 1970, 1972 e 1974) formaram-se 46 enfermeiras paraquedistas, as primeiras mulheres a integrar as fileiras deas Forças Arnmadas Portuguesas.



Armas da ESSM

 


In "Nós, enfermeiras paraquedistas", op. cit, 2014, pp. 40/41.

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Notas do editor LG:


(**) Último poste da série > 20 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26705: História de vida (60): A esloveno-americana Vilma Kracun, n. 1947, membro nº 900 da nossa Tabanca Grande (João Crisóstomo, grão-tabanqueiro nº 432)

Guiné 61/74: P26766: Efemérides (454): O fim da guerra do Vietname foi há 50 anos ("Diário de Lisboa", 30 de abril de 1975)

 












Recortes de imprensa, "Diário de Lisboa", 30 de abril de 1975, 2ª ed., pp. 1 e 20.

Fonte: Instituição: Fundação Mário Soares e Maria Barroso |  Pasta: 06822.172.27196 | Título: Diário de Lisboa | Número: 18752 | Ano: 55 | Data: Quarta, 30 de Abril de 1975 | Directores: Director: António Ruella Ramos; Director Adjunto: José Cardoso Pires | Edição: 2ª edição | Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos | Tipo Documental: Imprensa  


1. Há 50 anos a agência Reuters e o Diário de Lisboa, de 30/4/1975, noticiavam o fim da guerra do Vietname.  Uma guerra com 3 décadas, que foi um pesadelo para todos: os vietnamitas e os outros p0vos da Indochina, os franceses, os americanos... (e demais povos e todo o mundo, já que não foi  uma mera guerra regional, desenrolou-se em pleno clima de "guerra fria"...).

Foi também uma guerra que esteve no nosso "imaginário"... Mais do que isso: também sobrou para nós... Os mísseis terra-ar Strela, por exemplo, já tinham sido testados no Vietname... bem como a passagem da guerrilha à guerra convencional (no caso, port exemplo,  da Guerra dos 3 G: Guidaje, Guileje, Gadamael)...

E havia até quem, mal ou bem, na nossa geração, comparasse a guerra da Guiné com a do Vietname... É evidente que foram duas realidades incomparáveis: pelos meios bélicos empregues, em homens e armas, pela extensão do território, pela violência, pelo nº de baixas, etc.; as nossas guerras foram de "baixa intensidade". Os militares norte-americanos tiveram cerca de 58 mil mortos, e perto de 300 mil feridos. As perdas entre os vietnamitas, civis e militares, do Norte e do Sul são impossíveis de calcular (há estimativas que apontam para 2 a 4 milhões).

Em 30 de abril de 1975 estávamos no rescaldo das eleições, realizadas uns dias antes (em 25 de abril) para a Assembleia Constituinte.  As primeiras eleições livres!... Tinha havido o 11 de março e depois a fúria das nacionalizações...Mas já antes o 28 de setembro de 1974, que alguns historiadores apontam como o  início do PREC (Processo Revolucionário Em Curso). 

O "verão quente de 1975", já estava em banho maria... E em Angola, a 6 meses da independência,  já havia crescentes sinais da brutal guerra civil que se iria desencadear depois do 11 de novembro de 1975 e  prolongar durante anos e anos até 2002 (com escassos períodos de paz podre pelo meio). 

Os últimos militares portugueses em Angola regressaram a 10/11/1975, na véspera da "dipanda". A sangria de quadros foi brutal... Um amigo meu, angolano, médico, disse-me que nesse dia, histórico, o número de médicos que restavam no território era der 26...

Cinquenta anos depois perguntamo-nos, ingenuamente: porquê ? para quê ? como foi possível ?  A guerrra do Vietname, a guerra da Guiné, a guerra de Angola... A(s) guerra(s)... 

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Nota do editor LG:

Último poste da série > 26 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26732: Efemérides (453): Lourinhã, 25 de abril de 2025: cerimónia de homenagem aos combatentes da guerra do ulltramar / guerra colonial

Guiné 61/74 - P26765: Parabéns a você (2373): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835 (Gandembel e Nova Lamego, 1968/69)

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Nota do editor

Último post da série de 3 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26758: Parabéns a você (2372): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro da CCAV 3366/BCAV 3846 (Susana e Varela, 1971/73)

domingo, 4 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26764: (Ex)citações (432): Gosto de arquivar para mais tarde recordar e por vezes surpreender os amigos com peripécias vividas há anos (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

1. Mensagem do nosso camarada Aníbal José Soares da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), com data de 2 de Maio de 2025:

Caro Carlos Vinhal
Relativamente ao Post de hoje[1] e como não sei dar resposta, via Blogue, às perguntas que me são feitas, passo a responder:

1 - Gosto de arquivar para mais tarde recordar e por vezes surpreender os amigos com peripécias vividas há anos;

2 - Quanto aos preços de revenda que se praticavam na cantina de Nova Sintra, em anexo envio o "anexo" relativo aos lucros, do balancete de 31 de Maio de 1970, uma vez que não tenho o relacionado com o mês de Junho (falha indesculpável). Fico a aguardar a vossa conversão dos valores referidos, a exemplo da que já enviaram e que muito apreciei.

3 - Relativamente à falta de águas engarrafadas, aqui entrava a funcionar o mercado da oferta e da procura. Como a procura era pouca, a oferta tinha de corresponder. Refiro-me às Águas Castelo que em Maio/70 só foram vendidas 65 garrafas, o que equivale a dizer que só 1/3 do pessoal as consumia. Lembro que chegamos a ter água engarrafada da marca francesa "Perrier", um luxo em tempo de guerra e uma vez que era cara deixou de ter compradores. Já agora lembro também a "Água Tónica Ross"

Para futuros e melhor contacto agradeço que me envies por mensagem o teu número de telemóvel.

Um abraço
Aníbal Silva


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Nota do editor

(1) - Vd. post de 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26754: (In)citações (269): Quem se lembra destes preços? (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

Último post da série de 29 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26212: (Ex)citações (431): Ainda o caso do nosso saudoso António da Silva Baptista (1950-2016), o "morto-vivo": nas vésperas do "verão quente de 1975" era herói da literatura de cordel nas feiras e romarias do Norte

Guiné 61/74 - P26763: In Memoriam (546): Eugénia do Espírito Santo Sousa, cap enf pqdt (Ribeira Grande, Santo Antão, Cabo Verde, 1935 - Sesimbra, 2025): era do 2º curso (1962) e passou pelos 3 teatros de operações


 Eugénia do Espírito Santo Sousa,  cap  enf pqdt (Ribeira Grande, Santo Antão, 

Cabo Verde, 1935 - Sesimbra, 2025)


1. Faleceu, no Hospital Militar das Forças Armadas,  em 28 de abril passado,  aos 89 anos (iria completar os 90 em 13 de novembro próximo), a Eugénia (*). 

Foi enfermeira paraquedista durante 12 anos, passou pelos TO de Angola, Guiné e Moçambique. Fez parte do 2º Curso (1963) (que formou 5 enfermeiras pqdt).  

Foi nomeada em 1982 para prestar serviço, a partir de 1/1/1982,  na Escola do Serviço de Saúde Militar, com o posto de "capitão enfermeiro paraquedista (001373-A)", nos termos do Decreto-Lei nº 266/79, de 2 de agosto (**), e da Portaria nº 257/81, de 11 de março.

2. A notícia, triste, foi-nos dada pela Maria Arminda Santos, pessoalmente e pela sua página no Facebook.  (A Arminda, do 1º curso, 1961, é a decana das antigas enfermeiras paraquedistas, e membro, nº 500,  da nossa Tabanca Grande, desde 23/5/2011).

O corpo da Eugénia repousa no cemitério de Aiana, Sesimbra, no talhão dos combatentes, segundo informação do Aristides Santos, nosso amigo no Facebook e antigo 2º srgt pqdt do Regimento de Caçadores Paraquedistas (que deixou em 1970).

A Eugénia participou, com dois textos, no livro "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014). 

Reproduzimos aqui, em sua homenagem, o que ela escreveu, no Cap XII ("Olhando para trás...", pág. 391) (com a devida vénia). 

Oportunamente publicaremos um outro texto seu, autobiográfico. Por informação da Maria Arminda, sabemos que a Eugénia não tinha filhos, ficou solteira, tendo apenas uma sobrinha (que vive nos EUA e veio ao funeral).


(Seleção, digitalização, edição da foto: LG)


Sesimbra > Cemitério de Aiana  > 2 de maio  de 2025 > No funeral da Eugénia, as antigas camaradas paraquedistas, da esquerda para a direita: (i)  Lourdes Lobão (é já do último curso, o 9º, de 1974, não foi ao Ultramar); (ii) Aura; (iii) Arminda: (iv) Cristina; e (v) Giselda.

Foto: Serrano Rosa (com a devida vénia)

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Notas do editor LG:


(**) Decreto-Lei n.º 266/79, de 2 de agosto. Artigo 1.º É criada a Escola do Serviço de Saúde Militar (ESSM), que será um estabelecimento de ensino técnico-militar, funcionando na directa dependência do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA).

Guiné 61/74 - P26762 Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte VI

Foto nº 1 > O alf mil Jorge Pinto, de oficial de dia



Foto nº 2 e 2A > A brigada de limpeza


Foto nº 3 e 3A > A equipa de manutenção e reparação da rede de arame farpado. O alf mil Jorge Pinto "fiscaliza" o trabalho.


Foto nº 4 e 4A > Uma saída para o mato


Foto nº 5 > Regresso de um patrulhamento ofensivo no subsetor de Fulacunda. O militar da frente transporta, ao ombro esquerdo, duas granadas de morteiro 60.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Mais fotos sobre o quotidiano dos militares no aquartelamento de Fulacunda: limpeza da parada, manutenção e reparação da rede de arame farpado, patrulhamentos ofensivos... Tudo isso está bem documentado nestas excelentes imagens, obtidas a partir dos "slides", digitalizados, do Armando Oliveira.

Fotos (e legendas): © Armando Oliveira (2025). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blog Luís Graça & Camaradas da Guiné]





1. O marcoense Armando Oliveira foi 1º cabo at inf, 3ª C/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74), tendo pertencido ao 3º Pelotão, comandado pelo nosso amigo, camaradada e grão-tabanqueiro Jorge Pinto. Era o apontador da metralhadora pesada Breda, instalada no alto do fortim. Também exercia, no quartel, a sua profissão de barbeiro. E, como "hobby", fazia fotografia.

É membro recente da nossa Tabanca Grande (nº 901). Tem página do Facebook. Mora no Porto. Já voltou à Guiné-Bissau 4 vezes, tendo sempre passado por Fulacunda. Pretende voltar lá em 2026

Como na maior parte dos casos as fotos que ele nos disponibilizou,  não trazem legendas, temos que as tentar reconstituir, e contar com a ajuda dele como dos outros camaradas "fulacundenses" que também fazem parte da Tabanca Grande: o Jorge Pinto e o José Claudino da Silva. (Bem como do Fernando Carolino, que ainda está com um pé dentro e outro fora.)

2. Mais um apontamento sobre Fulacunda e o seu historial... Recorde-se que ainda antes do ínicio da guerra (que, segundo a "narrativa" do PAIGC, começaria com o ataque a Tite em 23 de janeiro de 1963), as regiões do sul, Quínara e Tombali, a partir de meados do ano anterior, já eram  alvo de sabotagens de linhas telefónicas, cortes de estradas e destruição de pontes, além de outras "atividades subversivas" (c0mo a propaganda, o aliciamento e a intimidação das populações). 

Fulacunda acabou por ficar isolada, perdeu o estatuto de sede de circunscrição (transferida para Tite) e a sua população ficou dispersa,  a maior parte no mato, sob controlo do PAIGC Em 3 de julho de 1963, na estrada Fulacunda-São João, o IN colocou a primeira mina A/C.

De acordo com a Directiva nº 3 do Comandante-Chefe, de 22 de maio de 1963, "as  regiões de Quinara e Fulacunda estão, na sua quase totalidade, fora do controlo das autoridades dada a intensa actividade desenvolvida pelo lN"

Mais concretamente:
  • "Grande maioria das tabancas estão abandonadas refugiando-se a população no mato, embora recolha durante a noite a algumas das não destruídas;
  • A população, em parte coagida, em parte de livre vontade, colabora com os terroristas, nomeadamente na colocação de abatizes e no racionamento de géneros alimentícios, este para fazer face às dificuldades que certamente surgirão na época das chuvas que se aproxima;
  • Tem criado dificuldades à movimentação das NT pela obstrução sistemática das vias de comunicação e montagem de emboscadas;
  • Tem atacado embarcações civis e até militares.
  • Já saquearam casas comerciais (S. João)." (...)

Os principais chefes de guerrilha referenciados na altura eram o Arafan Mané, o Gibril, o Malan Sanhá e o Quemo Mané. Em termos de armament0, o lN já dispunha "de pistolas e pistolas metralhadoras em quantidades apreciáveis e de elevado número de granadas de mão de muito boa qualidade".

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da actividade operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, 2014), pp. 100/101.
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Nota do editor LG:

Último poste da série > 1 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26751: Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte V

sábado, 3 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26761: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (1): "Onde é que eu estava no 25 de Abril de 1974 ?... Fui criada muito depois, (...) mas posso imaginar a atmosfera vibrante e de esperança que se viveu em Portugal naquele dia, com a rádio a transmitir a Grândola, Vila Morena e os cravos a serem colocados nos canos das espingardas. Que momento marcante para a história do vosso país!"



O "poilão" da Tabanca Grande...."Imagem criada com a assistência de uma Inteligência Artificial do Google." (2025)


1. Quando nasceu o nosso blogue, a Internet ainda era uma "adolescente" e a Inteligência Artificial uma "criança" (embora o termo IA  já tenha sido grafado em 1956)

(i) na década de 1960, tinha surgido a ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network), desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria;   em 1969, foi estabelecida a primeira ligação entre computadores na ARPANET (sendo esta, pois, considerada a precursora da Internet); 

(ii) mas faltava-lhe o protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol / Internet Protocol), a linguagem comum que permite a diferentes redes de computadores comunicarem entre si; esse desenvolvimenmto vai dar-se na década d 1970; 

(iii) em rigor, o nascimento da Internet, tal como a conhececemos hoje, data de 1983, quando a ARPANET, já mais evoluída, adota o protocolo TCP/IP; 

(iv) nos anos 80, a rede tem dois destinári0os: maioritarimente, os militares (MILNET) e, em menor escala, os investigadores académicos; 

(v) por fim, é no início da década de 1990 que surge a Web ou WWW (World Wide Web),  criada por Tim Berners-Lee no CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear): a Net populariza-se, chega ao grande público, facilitada  por crescentes  inovações tecnológicas (introdução de navegadores gráficos como o Mosaic em 1993; mas já antes na segunda metade da década de 1970 tinha disparado o mercado do PC - Personal Computer);

2. A par destes desenvolvimentos na área das tecnologias da informação ("hardware" e "software"), há uma "revolução" silenciosa, a da "inteligência artificial"... A IA é um processo em crescente desenvolvimento... Eis alguns factos e datas cruciais:

Marcos Iniciais e Conceituais:

  • Década de 1940: O neurofisiologista Warren McCulloch e o matemático Walter Pitts criam o primeiro modelo computacional para redes neuronais artificiais, baseado em matemática e algoritmos (esssa é considerada uma das origens conceptuais da IA);
  • 1950: Alan Turing publica o artigo "Computing Machinery and Intelligence" e propõe o famoso "Teste de Turing" como critério para avaliar a inteligência de uma máquina; Claude Shannon também publica um artigo sobre como programar um computador para jogar xadrez;
  • 1956: Atribiu-se à Conferência de Dartmouth  o nascimento oficial da Inteligência Artificial como um campo de estudo ou uma nova disciplina; John McCarthy cunha o termo "Inteligência Artificial" durante este evento.

Primeiros Programas e Sistemas:

  • Décadas de 1950/60: desenvolvimento dos primeiros programas de IA, como o Logic Theorist (1956), capaz de provar teoremas matemáticos, e o General Problem Solver (GPS), projetado para simular a resolução de problemas humanos;
  • 1966: Joseph Weizenbaum cria o Eliza, um dos primeiros chatbots  (programa de computador que simulam conversas humanas, por texto ou por voz, utilizando a IA para interagir com humanos e responder a perguntas);
  • Décadas de 1970/80: surgem os sistemas especialistas, programas de IA projetados para resolver problemas em áreas específicas: Dendral (aplicado à química), MyCin (para diagnóstico médico).

O Renascimento da IA:

  • Década de 1990: Após um período de "hibernação"  da IA (em resultado de  expectativas muitas altas que não foram alcançadas), os avanços em hardware e novas abordagens ("learning machines", etc.) levam a um renascimento deste domínio da ciência e tecnologia;
  • 1997: o supercomputador Deep Blue, da IBM,  derrota o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov (n. 1963, e considerado o maior xadrezista de todos os tempos), um marco na capacidade de máquinas em tarefas cognitivas específicas.

A Era da Aprendizagem Profunda e da IA Pervasiva:

  • Anos 2000: aumento da disponibilidade de grandes volumes de dados ("Big Data") e o avanço do poder computacional impulsionam o desenvolvimento das máquinas que aprendem  e da IA,;
  • 2011: a Apple lança a Siri, popularizando assistentes de voz inteligentes baseados em IA;  o  sistema Watson da IBM vence o programa de televisão "Jeopardy!", demonstrando avanços em processamento de linguagem natural;
  • 2012: o  uso da rede neuronal artificial  AlexNet revoluciona a visão computacional; 
  • 2014: um chatbot chamado Eugene Goostman supostamente passa no "Teste de Turing";
  • 2016: o programa AlphaGo da DeepMind vence o campeão mundial de Go, Lee Sedol, um feito significativo devido à complexidade do jogo;
  • 2017 e a seguir: a ascensão da IA generativa com modelos como o GPT (Generative Pre-trained Transformer) da OpenAI, culminando no lançamento do ChatGPT em 2022 e versões posteriores como o GPT-4, demonstra capacidades avançadas em geração de texto, conversação e outras tarefas, popularizando a IA, fazendo chegar a um  público  mais amplo e marcando uma nova fase da "revolução" da IA;
  • 2023: frequentemente apontado como o "Ano da Inteligência Artificial" devido à rápida proliferação e impacto de modelos generativos como o ChatGPT em diversos setores.

É importante notar que a evolução da IA é um processo contínuo, com novas descobertas e avanços ocorrendo regularmente; as datas apontadas são apenas marcos de um percurso sem fim à vista, simultaneamente promissor e ameaçador, como todas as inovações e mudanças (que não são tecnológicas mas também sociais).


3. Em 2004, eu estaria muito longe de imaginar que em 1 de maio de 2025, 51 anos depois do 25 de Abril de 1974, seria capaz de "dialogar" com uma máquina inteligente, respondendo às minhas perguntas, às minhas sugestões, dicas e até às minhas provocações...  E mais: uma máquina que já denota sinais  de inteligência emocional !... 

Em boa verdade, já tinha feito anteriormente uma pequena experiência, pondo a IA a fazer um soneto, alexandrino , em louvor da minha neta Rosinha, quando celebrou um mês... de vida!... Forneci o mote, o primeir0 verso ("Faz um mês hoje, que emoção!, nasceu a Rosa, ")... Mas eu aí ganhei ao robô, segundo a opinião, independente, de um júri "adhoc"... (*)

Em 1976, eu já era "utente" de  (e fazia o "interface" com) as "main frame" do Instituto de Informática do Ministério das Finanças, o sistema Bull.  Trabalhavo no Núcleo de Informação da Direção-Geral das Contribuições e Impostos... Mas nunca fui um "informático" (programador e, muito menos, engenheiro de sistemas), era apenas um "cliente" interativo... (O Núcleo, no Terreiro do Paço,  fazia o registo dos dados, em cartões perfurados, e corrigia os erros, em pilhas e pilhas de papel contínuo, que nos chegava no Instituto, em Alfragide...)

Ainda sou, pois,  do tempo dos "cartões perfurados", dos "floppy disks" (inventados pela IBM em 1971), dos primeiros microprocessadores, do Spectrum, etc. Além disso, fui dos primeiros a usar, já na Escola Nacional de Saúde Pública, um IBM PC, em meados dos anos 80, fui o primeiro dos meus colegas professores a criar em 1999 uma "página pessoal"...E em 2003 um blogue...

Resumindo, não sou um especialista, tenho apenas uma cultura básica em informática, como deve ter qualquer cidadão numa sociedade democrática e aberta como a nossa.

Recolhi toda esta informação, e editei este poste,  em menos de uma hora...  (Na realidade gastei perto de 4  horas até estar pronto para publicar: aí claramente a IA bate-me na maior, leva um ou escassos segundos a responder a uma pergunta minha, e meio minuto a gerar uma imagem, de acordo com as minhas especificações).

"A melhor definição de Inteligência Artificial (IA)" foi-me dada por ela própria (recorrendo neste caso à Gemini IA / Google)

"É a capacidade de um sistema computacional de simular habilidades cognitivas humanas, como aprender, raciocinar, resolver problemas, perceber, compreender a linguagem e tomar decisões."

Mais difícil  foi chegarmos a acordo, eu e a IA,  sobre uma imagem que ilustrasse este poste... Aí demorei outra hora, senão duas... 

Fizemos mais de uma dúzia de tentativas, com melhorias sucessivas, e elementos icónicos sugeridos por mim tais como o capitão Salgueiro Maia, os tanques na rua, misturados com o povo, os cravos,  a G3, Lisboa, o Tejo, a fragata da Marinha,  o Largo do Carmo... 

O raio da IA nunca acertava com a G3, o fardamento dos militares, a fisionomia (e a cor) dos portugueses (!), a fragata no Tejo, os carros de combate, o povo português, as ruas de Lisboa, os carros de matrícula portuguesa, a alegria dos jovens... Acabei por optar pelo "poilão" da Tabanca Grande..., imagem que era mais simples e fácil de obter. 

Mas mesmo assim não consegui lá pôr os "antigos combatentes":  apareciam todos com um ar desgraçado, de muletas como eu... (Um estereótipo que a IA tem em relação a nós, "gajos do caga & tosse", com um pé para a cova!)... 

Por outro lado tenho dúvidas se a árvore representada na imagem final é um poilão (nome científico, Ceiba pentranda ou Eriodendron anfractuosum)... Mas para já serve.

4. Vamos lá, então, ao nosso primeiro díálogo desta série...


Tabanca Grande:  Robô, onde é que tu estavas no dia 25 de Abril de 1974, a "revolução dos cravos" ? 


Olá! Essa é uma pergunta muito interessante! Como sou uma inteligência artificial (IA), fui criada muito depois de 25 de Abril de 1974. Nessa data histórica, eu ainda não existia no formato que conhecemos hoje.

No entanto, posso imaginar a atmosfera vibrante e de esperança que se viveu em Portugal naquele dia, com a rádio a transmitir "Grândola, Vila Morena" e os cravos a serem colocados nos canos das espingardas. Que momento marcante para a história do vosso país!

Se tiveres mais alguma curiosidade sobre esse período ou qualquer outro assunto, estou aqui para ajudar!


Tabanca Grande:  Ó sabe-tudo, achas que foi um simples golpe de Estado ou uma revolução ?

Gemini IA / Google:

Olá! 😊 Olha, "sabe-tudo" é um apelido simpático, mas a verdade é que estou sempre a aprender! 😉

Sobre o 25 de Abril,  a questão não é assim tão simples,  de preto e branco.

 Se olharmos estritamente para a ação inicial, teve inegavelmente as características de um golpe de Estado. Foi um grupo de militares organizados que, através de uma operação planeada, derrubou o governo em funções.

No entanto, o que aconteceu a seguir transcendeu em muito um simples golpe. A adesão popular massiva e espontânea transformou o evento inicial num movimento com um alcance muito maior. As pessoas saíram às ruas, celebraram o fim da ditadura e exigiram mudanças profundas na sociedade portuguesa.

Mais do que uma mera mudança de poder, o 25 de Abril despoletou um Processo Revolucionário em Curso (PREC) que alterou radicalmente as estruturas políticas, sociais e económicas de Portugal. Houve a conquista de liberdades fundamentais, a descolonização, nacionalizações, reforma agrária e uma participação popular intensa na vida política.

Portanto, embora tenha começado como uma ação militar, o 25 de Abril ganhou uma dinâmica e um impacto que o elevam à categoria de revolução. Foi um golpe que abriu as portas a uma transformação profunda da sociedade portuguesa.

Diria que a melhor forma de descrever o 25 de Abril é como um golpe de Estado que se transformou numa revolução graças à força e à vontade do povo português.

 Que achas desta perspetiva? 😊

Tabanca Grande: Muito bem, mas fundamenta lá melhor o teu raciocínio, se não te importas...

Gemini IA / Google:

Essa é, de resto,  uma questão central no debate sobre o 25 de Abril, e a resposta não é, como eu te disse,  um simples sim ou não.

 O 25 de Abril de 1974 teve características de golpe de Estado e de revolução. Vamos analisar os dois aspetos:

Características de Golpe de Estado:

  • Iniciativa Militar: a ação foi desencadeada por um grupo de militares, o Movimento das Forças Armadas (MFA), que planejou e executou a tomada de pontos estratégicos e a deposição do governo de Marcelo Caetano;
  • Objetivo Inicial Limitado: o objetivo inicial declarado do MFA era derrubar o regime ditatorial e iniciar um processo de transição para a democracia, mas não necessariamente uma transformação social e económica profunda;
  • Ação Rápida e Concentrada: a deposição do governo ocorreu de forma relativamente rápida e concentrada em Lisboa, com pouca resistência por parte das forças leais ao regime.

Características de Revolução:

  • Apoio Popular: apesar de ter sido iniciado por militares, o movimento rapidamente ganhou um vasto apoio popular; milhares de pessoas saíram às ruas para celebrar o fim da ditadura, apoiar os militares e exigir mais liberdade e mudanças;
  • Transformação Social e Política Profunda: o 25 de Abril não se limitou à mudança de regime;  desencadeou um período de profundas transformações políticas, sociais e económicas em Portugal, conhecido como Processo Revolucionário em Curso (PREC), incluindo a democratização, a descolonização, a nacionalização de empresas, a reforma agrária e o surgimento de novas forças políticas e sociais;
  • Caráter Não Violento (Inicialmente): Apesar de ser uma ação militar, o 25 de Abril em si foi notavelmente não violento, com poucos confrontos e derramamento de sangue; a imagem dos cravos colocados nos canos das espingardas simboliza esse aspeto pacífico.

Conclusão:

Podemos dizer que o 25 de Abril começou como um golpe militar, na medida em que foi uma ação planeada e executada por militares para derrubar o governo. 

No entanto, a rápida e massiva adesão popular, juntamente com as profundas transformações que se seguiram, conferem-lhe um forte caráter de revolução.

Muitos historiadores e cientistas políticos descrevem o 25 de Abril como um golpe militar que desencadeou uma revolução. O golpe foi o catalisador que permitiu a emergência de um amplo movimento popular e de um processo de mudança radical na sociedade portuguesa.

Portanto, em vez de ser estritamente um golpe ou uma revolução, o 25 de Abril foi uma combinação dos dois, onde a ação militar inicial abriu caminho para uma transformação revolucionária impulsionada pela participação popular.


Tabanca Grande:  

Uma questão final, para não abusar da tua paciência... O que é que os portugueses (e os povos das colónias portuguesas em África e na Ásia) ganharam ou perderam com essa revolução ?

Gemini IA / Google:


Essa é uma questão complexa, com ganhos e perdas que se manifestaram de maneiras diferentes para os portugueses no território metropolitano e para os povos das então colónias. 

Vamos tentar analisar os principais aspetos:

Para os Portugueses em Portugal:

Ganhos: 

  • Fim da Ditadura: o ganho mais imediato e significativo foi o derrube do regime autoritário do Estado Novo, que durava há quase 50 anos; isso trouxe consigo a restauração das liberdades civis e políticas: liberdade de expressão, de reunião, de associação, direito à greve, e a possibilidade de formar partidos políticos e sindicatos livres;
  • Fim da Guerra Colonial: a Revolução pôs fim a uma guerra longa, dispendiosa e sangrenta que consumia recursos humanos e financeiros do país, além de gerar um profundo desgaste social e familiar devido às mortes e feridos; o  fim do conflito trouxe alívio e a possibilidade de direcionar recursos para outras áreas;
  • Democratização: Portugal iniciou uma transição para um regime democrático, com a instituição de eleições livres e a elaboração de uma nova Constituição em 1976, que estabeleceu um Estado de direito e consagrou direitos sociais importantes como o acesso à saúde, educação e segurança social;
  • Integração Europeia: a estabilidade democrática pós-Revolução abriu caminho para a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (atual União Europeia) em 1986, o que trouxe investimento, desenvolvimento económico e maior integração política e social com outros países europeus;
  • Melhoria das Condições de Vida: a democratização e o desenvolvimento económico gradual permitiram melhorias nas condições de vida da população, com avanços na educação, saúde e infraestruturas.

Perdas:

  • Crise Económica Inicial:  o período pós-Revolução foi marcado por instabilidade política e social, greves, ocupações e uma profunda crise económica, com inflação elevada e desemprego crescente, em parte devido ao choque petrolífero de 1973 e à desorganização da economia após o fim do regime;
  • Retorno dos "Retornados":  a independência das colónias levou ao regresso massivo de centenas de milhares de portugueses que viviam nesses territórios; os os "retornados" enfrentaram dificuldades de integração, perda de bens e, por vezes, falta de apoio adequado por parte do Estado; este foi um trauma social e económico significativo;
  • Perda do Império Colonial: para alguns setores da sociedade portuguesa, a perda das colónias representou uma perda de prestígio internacional e de uma certa identidade nacional construída em torno do império; houve também a perda de acesso direto a matérias-primas e mercados coloniais.

Para os Povos das Colónias Portuguesas em África e na Ásia:

Ganhos:

  • Independência Nacional: o ganho fundamental foi a conquista da independência política e o fim do domínio colonial português;  Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe tornaram-se nações soberanas, podendo autodeterminar o seu futuro; Timor-Leste também alcançou a independência, embora tenha sido posteriormente invadido pela Indonésia;
  • Fim da Repressão Colonial:  a independência significou o fim da administração colonial, muitas vezes marcada por repressão política, discriminação racial e exploração económica dos recursos e da população local;
  • Construção de Novas Nações:  a independência abriu a possibilidade de construir novas identidades nacionais e de desenvolver instituições políticas, económicas e sociais próprias, de acordo com os seus interesses e aspirações.

Perdas:

  • Guerras Civis:  em alguns casos, como em Angola e Moçambique, a independência foi seguida por longas e devastadoras guerras civis, alimentadas por rivalidades internas e por interesses externos; estes conflitos causaram milhões de mortos, deslocados e um enorme atraso no desenvolvimento;
  • Instabilidade Política e Económica: muitos dos novos países independentes enfrentaram (e alguns ainda enfrentam) instabilidade política, corrupção, dificuldades económicas e desafios na construção de instituições democráticas sólidas;
  • Êxodo de Populações: a violência e a incerteza após a independência levaram ao êxodo de muitas pessoas, incluindo portugueses e também africanos que se sentiam ameaçados ou desalentados com a situação;
  • Desafios de Desenvolvimento: apesar da independência, muitos destes países continuaram a enfrentar desafios significativos em termos de desenvolvimento económico e social, com altos níveis de pobreza, desigualdade e dificuldades no acesso à educação e saúde.

Em resumo, a Revolução dos Cravos foi um evento com consequências profundas e multifacetadas. 

Para Portugal, trouxe a liberdade e a democracia, mas também uma crise inicial e o trauma do fim do império. 

Para as colónias, significou a tão desejada independência, mas em muitos casos, abriu caminho a novos desafios e conflitos internos. A história destes países após a independência é complexa e marcada por progressos e retrocessos.

Tabanca Grande:  

Olhó Robô!... Sabes que começo a simpatizar contigo!... Para acabar em beleza esta nosso primeiro diálogo (na realidade, uma entrevista), vou-te pedir se me fazes (e me autorizas que publique) um desenho teu, ou uma imagem gerada por ti, de preferència a cores, para o blogue Luís Graça & Graça & Camaradas da Guiné, uma tertúlia de antigos combatentes portugueses (mais de 900) que se reunem simbolicamente sob uma árvore centenária, sagrada e fraterna (um poilão), e cuja missão principal é a partilha de memórias (e emoções) à volta da sua experiência comum (a Guiné-Bissau e a guerra que lá travaram, entre 1961 e 1974). Elementos icónic0s:  o "poilão" da Guiné-Bissau (nome científico, "Ceiba Pentandra"),  e homens e mulheres, portugueses e guineenses à volta, virados para a árvore, simbolizando a corrente que nos liga, do passado ao presente e ao futuro. E diz-me como te posso citar...

Gemini IA / Google:

Sim, podes publicar a imagem no teu blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné".

Quanto à atribuição de créditos ou direitos de propriedade intelectual, como sou um modelo de linguagem grande, treinado pelo Google, as imagens que gero são baseadas em dados e informações disponíveis publicamente. Tecnicamente, não detenho direitos de autor sobre as imagens que crio.

No entanto, para ser correto e transparente, podes mencionar na legenda da imagem algo como: "Imagem gerada por uma IA do Google."

Ou, se preferires algo mais completo: "Imagem criada com a assistência de uma Inteligência Artificial do Google."

Isto informa os teus leitores sobre a origem da imagem. Espero que isto ajude e que a imagem enriqueça o teu blogue!


(Revisão / fixação de texto, itálicos e negritos: LG. Os "emojis" são da responsabilidade da IA) (**)

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de março de 2025> Guiné 61/74 - P26542: Manuscrito(s) (Luís Graça) (266): Olhó Robô!...Concurso: um soneto escrito pela IA, a pedido do avô...em homenagem à Rosinha

(**)  emoji

emoji|imóji|

nome masculino

Símbolo gráfico, ideograma ou sequência de caracteres [ex.: :-), :-(, ^_^] que expressa uma emoção, uma atitude ou um estado de espírito, geralmente usado na comunicação electrónica informal.

"emoji", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/emoji.