Sinopse:
https://expresso.pt/revista/culturas/2025-02-06-telma-tvon-a-nova-dartagnan-dafrica-em-lisboa-cf61846f
https://www.publico.pt/2018/06/15/culturaipsilon/noticia/telma-tvon-trouxe-a-juventude-negra-dos-suburbios-de-lisboa-para-o-romance-1833901
https://24.sapo.pt/vida/artigos/telma-tvon-todos-nao-so-os-brancos-mas-inclusive-nos-negros-fomos-educados-a-ter-medo-uns-dos-outros
Fiquemos para já com a última das 49 "entradas" do livro em que o "bom do Budjurra" (um "alter ego" da escritora ?) depois de dar a volta ao bilhar grande (o mesmo é dizer, ao pequeno Portugal retangular onde nasceu) interrogando-se sobre a sua origem e identidade, acaba por se convencer (e convencer-nos) que afinal é "apenas mais um preto muito português" (pp. 175/716) (**).
Eu confesso que achei o livro divertidíssimo, doce, de fina ironia, com algumas "cenas" mais duras, feias, pícaras ou dramáticas:- o "arrastão em Carcavelos" (5. Tu agora chamas-te Arrastão, Budjurra, pp. 29-33);
- o "call center" (9. No call center, licenciado, pp. 42-45);
- a criança com Sida (17. Ela, ele e eu, o Budjurra, no nosso silêncio, pp. 72/73);
- a morte do amigo (20. O teu amigo morreu, Budjurra, pp. 81/86);
- a primeira viagem por Portugal: Serra da Estrela (31. O Budjurra a viajar, quem diria, pp.112/113);
- os putos e os diferentes destinos (32. Entendendo-me, pp.114-118);
- as ganzas (39. Budjurra, esse stonado, pp. 137/141);
- pretos, voltem para a vossa terra (41. Os suspeitos do costume, pp.145/151);
- a rapariga maquiavélica (47. Não estás a bater, Budjurra, pp. 167/171).
Li de um fòlego e, pondo-me na pele do Budjurra, revi(vi) algumas "cenas" em que também já fui "vítima de racismo ou preconceito", quer na Irlanda, quer nos Países Baixos, por exemplo no Aeroporto de Amesterdão-Schiphol: lembro-me de há 35 anos um gajo com 1,90 de altura, louro, de olhos azuis e gabardine bege, me mandar apartar e me vasculhar o passaporte e bagagem, só por que não deve ter gostado do meu cabelo comprido, barba cerrada e tez morena... Não era a primeira vez que me confundiam com um palestiniano...E eu vinha já de um país "europeu", embora "periférico" (ainda não era a UE, ainda era a CCE, estamos a falar de 1990 ou 1991)...
(*) Vd. poste de 12 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26487: Notas de leitura (1771A): "Um preto muito português", da luso-angolana e antiga "rapper" Telma Tvon (Lisboa, Quetzal, 2024)... Quem somos nós, "pretugueses" ? - Parte I (Luís Graça)
(**) Último poste da série > 5 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26768: Notas de leitura (1794): Memórias Minhas, por Manuel Alegre; Publicações Dom Quixote, Março de 2024 (Mário Beja Santos)