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Todas (!) me falam dele, com grande carinho e apreço, como um professor excepcional, que as marcou intelectual e afectivamente... É um sortudo, este Jorge. Um sedutor, um senhor... Sempre bendito entre as mulheres... Ontem como hoje, lá como cá...
Jorge, quero confidenciar-te que aproveito sempre o ensejo para lhes dizer, às tuas ex-alunas, que eu sou teu amigo e admirador... E que é sempre dia de festa e de alegria quando nos manda uma das tuas magistrais short stories... Não te esqueças que te comprometeste a mandar-nos meia centena... Com estas duas últimas, chegamos à nº 39 (**)... O blogue quer publicar-te o livrinho... Eu sei que a tua produção é escassa, mas de primeira água. E que as tuas musas inspiradoras não trabalham propriamente ao ritmo da linha de produção automóvel... Dito isto, aqui vai um grande Alfa Bravo para ti... e para as tuas musas. LG
Amigos,
Tirei férias do computador… E só agora voltei ao nosso Blogue. Envio duas 'estórias' [ Alferes roncador e a amofada; O marido das senhoras] e,
Grande Abraço
Jorge Cabral
PS: Continuo roncador! Quanto ao devoto furriel, claro que não se chamava Paiva.
2. Estórias cabralianas (38) > O Alferes roncador e a almofada
por Jorge Cabral
Desde miúdo que adormeço rápido e de imediato inicío um ressonar fortíssimo, audível até pelos vizinhos. Dizem-me uns que são silvos assustadores, parecendo urros de touro ou de leão. Outros garantem que se assemelham aos sonoros sinais dos antigos vapores, quando iniciavam a marcha.
Ora, ao segundo dia de Bambadinca, mandaram-me à noite montar segurança junto à pista de aviação. Claro que foi chegar, assentar, adormecer e ressonar… O Pelotão quase que entrou em pânico, com o Sambaro a empunhar a bazuca.
Despertei, disfarcei… e ninguém me disse nada.
No dia seguinte, quando me preparava para de novo ir montar segurança, o Monteiro, um pouco atrapalhado, fez-me entrega de um bornal, dizendo-me:
- Tem uma almofada para o meu alferes encostar a cabeça.
Percebi, agradeci e foi remédio santo. Desde então, nunca mais deixei de usar o tal bornal.
Creio que foi em Maio de 71 que os Paras saltaram em Missirá com destino a Madina. Com eles e não sei porquê, também ia eu por ordem do Polidoro. Chegaram e logo notei que a minha ida não era do agrado do Capitão.
Aliás ao ver-me, franziu a testa e deve ter pensado:
- Porra, mas para que preciso deste gajo? - E com razão!
Apresentei-me, como de costume, de galões, sem arma, com o meu pingalim prateado…
Partimos e a uns três quilómetros fomos sobressaltados pelo restolhar do mato. Vem aí alguém!... Os Paras pararam e prepararam-se para o pior… Felizmente antes de ver, ouviu-se:
- Alfero, alfero!!! A almofada!
- Almofada? – interrogaram o Capitão e a Companhia inteira.
Só eu entendi. O meu fiel Soldado Mamadú cumprira mais uma missão.
Jorge Cabral
________
Notas de L.G.:
(*) Ex-Alferes Miliciano de Artilharia, comandante do Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, Sector L1 - Bambadinca, Zona Leste, 1969/71 . Actualmente, jurista e professor universitário. Vive em Lisboa.
(**) Vd. último poste da série > 9 de Julho de 2008 >Guiné 63/74 - P3040: Estórias cabralianas (37): A estranha 'missão' do Badajoz (Jorge Cabral)
2 comentários:
Olá Meu Caro Jorge: deste férias ao fulano e só apareceu uma estória. Daí foi o Luis Graça que se encantou com "algo"* vide acima - e perdeu a dita. Olha que a almofada não trata só o ressonar. Havia na minha Cart e ia para o mato com a almofada, um Camarada que sem ela não se "aquieta" e era bravo...na Lança Afiada - (aquela Operação de estoira mais nossos que deles)- viajou a dita de héli e repousou sorridente o tal militar...aquietou-se. Não se diz o nome. Sabes, como estou sem sono e só, ainda vou tentar encontrar uma (almofada claro)Abraços Torcato - Falta uma estória
Caros Senhores:
Tivemos oportunidade de há cerca de seis meses, lhes enviar o que a seguir transcrevemos. Faço novamente em nome pessoal (sou um dos membros do grupo), porquanto o texto do vosso blogue continua a apresentar o mesmo erro, o que nos leva a crer que o vosso sistema de recepção de mensagens, tenha considerado "spam" o que então foi enviado.
“Somos um conjunto de pessoas interessadas na conservação correcta da nossa língua.
Assim detestamos, em particular, a importação de palavras (estrangeirismos), quando temos palavras na nossa língua que significam o mesmo.
Esta é a parte principal da nossa filosofia.
Dedicamos parte da nossa atenção a pesquisar muito do que se passa nos "blogs"
(aportuguese-se esta palavra para blogues e estamos de acordo, porquanto simplifica tudo o que ela significa), e reparamos no assassínio em massa da nossa língua.
Tomamos a liberdade de chamar a atenção dos seus autores para discrepâncias notadas. Não fazemos a todos, só àqueles que tem nível elevado dentro do que se propõem fazer.
Tivemos o prazer de verificar que o vosso trabalho é de elevado mérito o que muito nos apraz.
Queríamos só chamar a vossa atenção para o facto de aparecer com bastante frequência a palavra "estória", que não faz parte do nosso léxico, ela significa "conto" (é uma versão brasileira de "story").
Mesmo que ela fosse adoptada pela nossa língua, continuaríamos a ter razão, pois que, aquilo que os senhores pretendem é fazer "HISTÓRIA" com "histórias" e não com "contos".
As nossas desculpas pela intervenção e os maiores êxitos na vossa cruzada.
Respeitosos cumprimentos"
Temos agora oportunidade de expressar a nossa satisfação por ver que a nossa opinião é corroborada por elementos da vossa tabanca. Lemos atentamente a vossa troca de impressões sobre o assunto e os fundamentos a que recorreram. Contudo apesar disso, continuaram a utilizar posteriormente a mesma palavra. Compreendemos que seja morosa a correcção de todos os textos, mas pelo menos nos futuros deveriam evitar tal palavra.
Com os melhores cumprimentos e continuação do êxito da vossa obra
Ricardo Avelar
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