1. Não acompanhei na devida altura a série "Abandonados", que passou na RTP1, de 21 de dezembro de 2022 (1º episódio) a 15 de fevereiro de 2023 (7º e último episódio). Mas conto poder vê-la na RTP Play.
Vejamos aqui a sinopse da série:
"Uma história de coragem e de sacrifício sobre-humano, ocorrida em Timor durante a II Guerra Mundial, com a invasão do Japão. Uma série de Francisco Manso com Marco Delgado, António Pedro Cerdeira, Chico Diaz, Elmano Sancho, Francisco Froes, Joaquim Nicolau, entre outros
"Baseada em factos reais, 'Abandonados' recorda a aliança inédita entre portugueses, timorenses e australianos unindo-se contra um inimigo comum que não hesitava em cometer as maiores atrocidades contra as populações locais e contra todos os que se lhe opunham.
"A série narra a situação dramática em que ficaram muitos desses homens e mulheres, esquecidos e abandonados em Timor e a luta persistente de um militar - o Tenente Pires, que contra todos os obstáculos e dificuldades, criados aliás pelo próprio governo de Salazar, tudo fez para salvar os seus companheiros, até ao seu sacrifício final. Esta série mostra-nos os caminhos tortuosos da política e dos interesses dos estados sobrepondo-se aos interesses individuais, com toda a carga de injustiça e de desumanidade que muitas vezes isso acarreta, conferindo a 'Abandonados' um significado universal".
Fonte: RTP > Programas > Abandonados
https://www.rtp.pt/programa/tv/p43285
O então jornalista da Lusa em Dili (2006-2008), o premiado escritor Pedro Rosa Mendes (autor, entre outros, da "Baía dos Tigres", 1999) aponta "a 'violência' da colonização de Timor, a 'brutalidade' da I República e o 'cinismo' da política de Salazar face à invasão japonesa" (sic) como "as linhas que se cruzam na vida do tenente português Manuel de Jesus Pires" e que podem resumir o teor do livro "Timor na 2ª Guerra Mundial, O Diário do Tenente Pires", da autoria do historiador António Monteiro Cardoso (nascido em 1950 e prematuramente falecido em 2016, e que foi casado com a diplomata Ana Gomes),
A obra foi lançada em outubro de 2007, em Díli, na Feira do Livro em Português. O autor conheceu Timor pela primeira vez, tendo aproveitado para visitar alguns dos locais onde se desenrolou a história heróica do tenente Pires, no leste do país, no município de Baucau (hoje a segunda maior cidade, a seguir à capital, da qual dista cerca de 120 km).
"O tenente Pires foi administrador da vila de Baucau, que entre 1936 e 1975 se chamou Vila Salazar, capital da circunscrição de São Domingos, e morreu em data e local desconhecidos, talvez no final de 1944, assassinado no cativeiro japonês."
"O pano de fundo do 'Diário do Tenente Pires' a resistência à ocupação japonesa de Timor, a guerra de guerrilhas movida por forças australianas ajudadas por timorenses e portugueses, a saída de Pires para a Austrália e o seu regresso à ilha, numa missão suicida, para salvar os portugueses que tinham ficado e corriam perigo."
Baseado em abundantes fontes de arquivo, António Monteiro Cardoso procurou analisar e refutar neste livro "dois mitos persistentes", por um lado, "a bondade da colonização de Timor", e por outro, "o sucesso da política de Salazar na colónia mais distante da metrópole."
Conta António Monteiro Cardoso:
O livro "Timor na 2º guerra mundial : o diário do Tenente Pires", de António Monteiro Cardoso, foi publicado de Centro de Estudos da História Contemporânea Portuguesa, Lisboa, 2007, 271 pp.
Fonte: Adapt., com a devida vénia, de RTP Notícias > Mundo > 26 Abril 2008, 14:59 > Histórias de Portugal e da II Guerra Mundial no "Diário do Tenente Pires" (*)
(*) Histórias de Portugal e da II Guerra Mundial no "Diário do Tenente Pires"
por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Pedro Rosa Mendes, da agência Lusa, em Díli (26 de abril de 2008)
Último poste da série > 2 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25594: Timor-Leste, passado e presente (4): Antes da invasão e ocupação do Japão (19 de fevereiro de 1942): imagens da "Vida Mundial Ilustrada" (Ano I, nº 41, 26 de fevereiro de 1942)
A obra foi lançada em outubro de 2007, em Díli, na Feira do Livro em Português. O autor conheceu Timor pela primeira vez, tendo aproveitado para visitar alguns dos locais onde se desenrolou a história heróica do tenente Pires, no leste do país, no município de Baucau (hoje a segunda maior cidade, a seguir à capital, da qual dista cerca de 120 km).
"O tenente Pires foi administrador da vila de Baucau, que entre 1936 e 1975 se chamou Vila Salazar, capital da circunscrição de São Domingos, e morreu em data e local desconhecidos, talvez no final de 1944, assassinado no cativeiro japonês."
"O pano de fundo do 'Diário do Tenente Pires' a resistência à ocupação japonesa de Timor, a guerra de guerrilhas movida por forças australianas ajudadas por timorenses e portugueses, a saída de Pires para a Austrália e o seu regresso à ilha, numa missão suicida, para salvar os portugueses que tinham ficado e corriam perigo."
Baseado em abundantes fontes de arquivo, António Monteiro Cardoso procurou analisar e refutar neste livro "dois mitos persistentes", por um lado, "a bondade da colonização de Timor", e por outro, "o sucesso da política de Salazar na colónia mais distante da metrópole."
Para ele os livros sobre a História de Timor seriam "livros de exaltação do culto da bandeira e outras fantasias" (sic), disse na entrevista que deu à Lusa.
Citando o autor do livro:
Citando o autor do livro:
"A verdade é o que Pélissier contou: a colonização foi violenta e usou os métodos de guerra, guerra de timorenses contra timorenses, como na Guiné pelo Teixeira Pinto" (...).
"Mantém-se a ilusão mitológica de que o colonialismo português não fazia mal a ninguém. Todos são maus a colonizar menos os portugueses". (...)
"O caso de Timor é o que melhor ajuda a criar este mito, devido à invasão indonésia. Há o mito da cristianização, da conquista das almas e não pela espada", explicou o historiador. "O timorense por definição era católico, falava português e adorava Portugal", recorda.
(....) "Os indígenas são tão simpáticos, tão portugueses, dóceis, um pouco mandriões é certo. Conhecem as crianças? Assim são os indígenas", ironiza o historiador sobre a visão colonial do timorense.
Para além da história (trágica) do tenente Pires, desconhecida dos portugueses, o livro procura recuperar também "parte da história dos deportados portugueses em Timor", donde descendem "clãs" importantes, como a família Carrascalão ou a família Ramos-Horta.
"O caso de Timor é o que melhor ajuda a criar este mito, devido à invasão indonésia. Há o mito da cristianização, da conquista das almas e não pela espada", explicou o historiador. "O timorense por definição era católico, falava português e adorava Portugal", recorda.
(....) "Os indígenas são tão simpáticos, tão portugueses, dóceis, um pouco mandriões é certo. Conhecem as crianças? Assim são os indígenas", ironiza o historiador sobre a visão colonial do timorense.
Para além da história (trágica) do tenente Pires, desconhecida dos portugueses, o livro procura recuperar também "parte da história dos deportados portugueses em Timor", donde descendem "clãs" importantes, como a família Carrascalão ou a família Ramos-Horta.
Conta António Monteiro Cardoso:
"A novidade é que os principais deportados não foram enviados pelo regime de Salazar. Os primeiros, o núcleo-duro, eram anarco-sindicalistas, enviados pela I República para a Guiné e Cabo Verde e que depois a ditadura militar aproveitou para mandar para mais longe".
Foi o caso dos alegados militantes da Legião Vermelha, "uma organização terrorista de contornos ocultos, de acção directa, destinada a atacar patrões, polícias e outros serventuários menores do capital".
Um das vítimas desta organização o comandante da polícia cívica de Lisboa, o capitão João Maria Ferreira do Amaral, originando uma brutal vaga de repressão em 1925.
Em 1931, os deportados "sociais" e "políticos" portugueses em Timor atingia o meio milhar, mais o que o total do funcionalismo público no território.
Sobre a política do Estado Novo em Timor, o historiador defende a tese de que Salazar "demonstrou um desprezo absoluto pela vida humana e um cinismo completo". Na realidade, teria pedido aos portugueses, perseguidos pelos japoneses, "um 'massacre inútil', uma decisão que antecipa o que aconteceu em 1961 com a invasão de Goa", quando ordenou ao governador, gen Vassalo e Silva, que queria soldados e marinheiros "vitoriosos ou mortos".
Descurando a proteção (militar) do território, antes do início da guerra no Pacífico (fnais de 1941) , Portugal acabou por não dar quaisquer "garantias de efectiva neutralidade nem ao Japão nem à Austrália e às potências Aliadas".
Eis mais alguns excertos da entrevista:
Um das vítimas desta organização o comandante da polícia cívica de Lisboa, o capitão João Maria Ferreira do Amaral, originando uma brutal vaga de repressão em 1925.
Em 1931, os deportados "sociais" e "políticos" portugueses em Timor atingia o meio milhar, mais o que o total do funcionalismo público no território.
Sobre a política do Estado Novo em Timor, o historiador defende a tese de que Salazar "demonstrou um desprezo absoluto pela vida humana e um cinismo completo". Na realidade, teria pedido aos portugueses, perseguidos pelos japoneses, "um 'massacre inútil', uma decisão que antecipa o que aconteceu em 1961 com a invasão de Goa", quando ordenou ao governador, gen Vassalo e Silva, que queria soldados e marinheiros "vitoriosos ou mortos".
Descurando a proteção (militar) do território, antes do início da guerra no Pacífico (fnais de 1941) , Portugal acabou por não dar quaisquer "garantias de efectiva neutralidade nem ao Japão nem à Austrália e às potências Aliadas".
Eis mais alguns excertos da entrevista:
"O tenente Pires e outros portugueses em Timor foram usados e sacrificados por Salazar para 'garantir' a soberania sobre a colónia.
"Os mortos foram esquecidos e os sobreviventes perseguidos".
"Do tenente Pires, fica a história de um oficial que conseguiu salvar centenas de vidas " e que depois fica para a morte, acossado por todos os lados". (...)
"É um exemplo de dignidade, coragem e abnegação até à morte, para cumprir um compromisso" (António Monteiro Cardoso).
"Do tenente Pires, fica a história de um oficial que conseguiu salvar centenas de vidas " e que depois fica para a morte, acossado por todos os lados". (...)
"É um exemplo de dignidade, coragem e abnegação até à morte, para cumprir um compromisso" (António Monteiro Cardoso).
O livro "Timor na 2º guerra mundial : o diário do Tenente Pires", de António Monteiro Cardoso, foi publicado de Centro de Estudos da História Contemporânea Portuguesa, Lisboa, 2007, 271 pp.
(*) Histórias de Portugal e da II Guerra Mundial no "Diário do Tenente Pires"
por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Pedro Rosa Mendes, da agência Lusa, em Díli (26 de abril de 2008)
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Nota do editor:
7 comentários:
Olá
Vi essa série de modo intermitente mas gostei do que vi,
Impressionou-me, tanto mais que era um assunto desconhecido para mim.
Por um conjunto de circunstâncias, que não vêm aqui ao caso, conheci esse historiador e falei algumas vezes com ele.
A série merece, realmente, ser vista e apreciada.
Hélder Sousa
Este tenente Manuel de Jesus Pires, natural do Porto (segundo li algures), deve ter passado pela Escola do Exército. Talvez o nosso Morais da Silva saiba algo mais do seu currículo militar, pelo menos até à sua ida para Timor,onde foi administrador de Bacau, organizou a resistência, e onde terá morrido (em cativeiro).
Temos de recordar aqui também os 23 militares portugueses que ficaram prisioneiros dos indonésios em finais de 1975... Durante 10 meses...Entre eles estava um oficial superior, o major Nascimento Viçoso (em 1999, coronel na reforma).
Eu tinha uma vaga (!) ideia desta situação. De algum modo, também foram abandonados e esquecidos, estes nossos camaradas... Ver aqui entrevista que o cor ref Viçoso deu ao Público, "23 anos depois", em 4 de outubro de 1999...
https://www.publico.pt/1999/10/04/jornal/comandante-militar-em-dili-foi-carcereiro-de-portugueses-124568
Infelizmente o cor inf 'cmd', na situação de reforma, já faleceu em 27 de janeiro de 2008. António Ivo do Nascimmento Viçoso, d seu nome completo.
Todo o seu brilhante historial militar vem aqui, no Portal UTW - Dos Veteranos do Ultramar,
na secção "Honra e Glória" e "Nota de Óbito"
https://ultramar.terraweb.biz/AntonioIvodoNascimentoVicoso_CorInfCMD.htm
Sobre a sua dolorosa passagem por Timor, lê-se (com a devida vénia):
(...) "No final de Novembro de 1974, entretanto promovido a major, indigitado para comandar o Centro de Instrução de Comandos da Região Militar de Angola (CIC/RMA), mas pouco antes de embarcar foi anulada a sua nomeação;
"Em 25 de Março de 1975, tendo sido nomeado por escolha para servir Portugal na Província Ultramarina de Timor, assume em Bobonaro o comando do Agrupamento de Cavalaria de Fronteira;
"Em 27 de Agosto de 1975, por ordem do governador Lemos Pires, desloca o acantonamento militar de Bobonaro para a vila fronteiriça de Atambua;
"Em 3 de Setembro de 1975 aprisionados pela UDT (União Democrática Timorense), que seguidamente os entrega à tropa invasora indonésia;
"A partir de 25 de Setembro de 1975, com todos os demais 22 militares portugueses do ex-ACF (ex- Agrupamento de Cavalaria de Fronteira), fica confinado ao anexo da arruinada igreja da antiga missão católica em Atapupo;
"Em 28 de Julho de 1976 desembarca no Aeródromo Base n.º 1 (AB1 - Figo Maduro), vindo de Bali com todos os demais compatriotas." (...)
Da supracitada entrevista dada ao "Público" (Comandante militar em Díli foi "carcereiro" de portugueses > J. Fragoso Mendes 4 de Outubro de 1999, 0:00), trabscrevemos algumas das declarações do cor inf 'cmd' Nascimento Veloso:
(...) "Na fase seguinte, em que estivemos detidos em Atapupo, fomos uma única vez (por sinal, imediatamente após o nosso internamento forçado em território indonésio, em 25 de Setembro de 1975) contactados por um delegado do Comité Internacional da Cruz Vermelha, que nos prometeu diligenciar pela nossa libertação".
"Foi essa a primeira e última vez em que, praticamente, nos nove meses seguintes de cativeiro em Atapupo, contactámos alguém que não fosse das forças militares ou policiais da Indonésia".
"Isolados no "fim do mundo", sem possibilidade de contactar fosse quem fosse, os 23 militares portugueses limitavam-se a esperar, sem saber que movimentações diplomáticas se faziam para os retirar da sua situação de reféns. E esperavam em condições deploráveis.Tinham por tecto "uma velha igreja em ruínas, já parcialmente destelhada, numa antiga missão em estado de abandono, situada num pequeno vale, encaixado entre elevações densamente arborizadas", recorda Nascimento Viçoso.
"Dormíamos sobre tábuas espalhadas ao longo do chão de cimento da igreja e a alimentação resumia-se a um naco de pão amanteigado e café, durante a manhã, e quase exclusivamente arroz com minúsculos bocados de carne e gordura, nas duas restantes refeições diárias, tudo em quantidades diminutas".
"Permanecemos nestas condições durante cerca de nove meses, daí resultando, nalguns casos, graves sequelas de natureza psicológica e de instabilidade emocional e frequentes problemas de natureza física, de subnutrição e de ordem sanitária".
O último mês de detenção decorreu em Atambua, "para onde inesperadamente nos conduziram, verificando-se uma melhoria significativa no tipo de tratamento, nas condições de alojamento e alimentação e numa maior abertura na liberdade de movimentos".
"Desconhecendo por completo o que se passava, acabámos por ser surpreendidos, alguns dias depois, pela visita de uma delegação de oficiais das Forças Armadas portuguesas que se deslocara à Indonésia para 'negociar' o nosso repatriamento.
"Estava assim explicado o mistério da mudança e do autêntico 'programa de engorda' a que parecia estarmos a ser submetidos, provavelmente para camuflar os efeitos dos anteriores nove meses de detenção em Atapupo".
De acordo com Nascimento Viçoso, "mais uma vez as autoridades indonésias confirmavam o seu cinismo e astúcia, ao mostrarem-nos de novo aos 'olhos do mundo' em condições mais dignas de tratamento". (..:)
https://www.publico.pt/1999/10/04/jornal/comandante-militar-em-dili-foi-carcereiro-de-portugueses-124568
No caso do tenente Pires, pelo que eu consigo perceber das leituras parcelares ( e se calhar parciais) que já fiz, há um conflito semelhante ao do nosso cônsul de Bordéus, o da consciência individual "versus" os imperativos da política de Estado: Salazar terá dado ordens para não se resistir e muito menos fugir...
Com 20 anos de Timor e uma filha timorense, ele era timorense de coração e quis salvar vidas face á brutal ocupação japonesa... LG
No caso do tenente Pires, pelo que eu consigo perceber das leituras parcelares (e se calhar parciais) que já fiz, há um conflito semelhante ao do nosso cônsul de Bordéus, o Aristides Sousa Mendes, o da consciência individual "versus" os imperativos da política de Estado: Salazar terá dado ordens para não se resistir em Timor e muito menos fugir da ilha... Se osse vivo, e voltasse à Pátria, o tenente Pires provavelmente teria sido julgado como desertor e traidor...
Com 20 anos de Timor e uma filha timorense, ele era timorense de coração e quis salvar vidas, arriscando a sua, face á brutal ocupação japonesa... Em Timor ainda é recordado como herói. Cá foi esquecido e abandonado. Tal como outros, o tenente
Para saber mais, leia-se aqui:
Púnblico > Temas > Tenente Pires
São José Almeida 10 de Fevereiro de 2008, 0:00
https://www.publico.pt/2008/02/10/jornal/tenente-pires-248638
(...) Manuel de Jesus Pires nasceu no Porto, a 6 de Março de 1895, filho de José Pires e de Elisa de Jesus Pires. Estudou na Faculdade de Ciências do Porto e na Escola de Guerra, onde acabou o curso de Infantaria em 1917.
No Verão desse ano, foi para França, no Corpo Expedicionário Português, regressou depois a Portugal, onde ajudou a combater a Monarquia do Norte e a depor Paiva Couceiro no ano seguinte.
Em Junho de 1919 é requisitado pelo ministro das Colónias, João Soares, pai do ex-Presidente Mário Soares, para ir para Timor. O então alferes Pires chega a Timor a 25 de Setembro de 1919, com 24 anos. É aí que passará o resto da sua vida até morrer, em 1943, aos 48 anos, como prisioneiro de guerra dos japoneses.
Nesses mais de 20 anos, o tenente Pires fez carreira como militar e como funcionário civil. Logo em Novembro de 1919 foi nomeado comandante militar de Viqueque, cargo que exerceu até 1928. Foi também chefe dos serviços de Fomento Agrícola, ajudante de campo do governador, comandante militar do enclave de Oecussi, administrador civil de Manatuto, governador de Fronteira e, a partir de 1937, governador de Baucau. (...)
Em 1946, a filha, Elisa Pires, bebé, que nunca chegou a conhecer o pai, veio para Portugal com Maria de Lourdes Cal Brandão no navio Angola. Sessenta anos depois, em 2008, quando foram entrevistadas para o "Público", permaneciam ligadas.
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