segunda-feira, 10 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25629: Os 50 anos do 25 de Abril (28): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 9º (e último) episódio da série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024)

 RTP > "A Conspiração", série documental de nove episódios, que passaram semanalmente entre 24 de abril  (1º episódio) e 10 de junho de 2024 (9º e último episódio). Trailer oficial: 0:46

Cortesia de RTP (2024) / You Tube RTP (2024) / You Tube 


1. O cineasta e escritor português António-Pedro Vasconcelos, que morreu no passado dia 5 de março, em véspera de completar os 85 anos, já não pôde infelizmente assistir à estreia da sua série documental, "A Conspiração", na RTP, a 24 de abril de 2024.

Trata-se de um produção televisiva que tem por fio condutor o processo conspirativo dos Capitães de Abril (como ficaram conhecidos na História), e que durou quase um ano. Como se sabe, tudo começou com a contestação dos Decretos-Leis 353/73 e 409/73, de Julho e Agosto de 1973, que vieram alterar as regras de acesso ao quadro permanente de oficiais do exército. 

De uma luta inicialmente corporativa, assistimos à crescente radicalização e politização dos jovens capitães, muitos deles endurecidos pela experiência da interminável guerra em África. O percurso conspirativo  fica bem documentada,  nesta série,  que reconstitui, nomeadamente,  com base em exaustivas entrevistas aos protagonistas ainda vivos,   e  recurso a fontes, de arquivo, nomeadamente com registos de memórias de outros militares já falecidos, os longos e incertos meses de reuniões clandestinas, que irão culminar na saída para a rua de cerca de 30 unidades militares, na madrugada do 25 de Abril de 1974 (Op Viragem Histórica). 

A série é um verdeiro trabalho de investigação, minucioso, exaustivo, objetivo, distanciado, que nos honra a todos. Uma peça fundamental para o conhecimento da nossa história contemporânea. 

A Comissão Comemorativa 50 anos do 25 de Abril, sob a tutela do Ministério da Cultura, foi uma das entidades que apoiou a produção desta série, onde o realizador se empenhou de alma e coração, quer como artista como português. Ele e a sua equipa. A série foi produzida pela Thrust Media em parceria com  a  nossa televisão pública. 

Os primeiros episódios ainda são narrados por António-Pedro Vasconcelos, entretanto substituído pelo jornalista e radialista Adelino Gomes, hoje com 79 anos. Ambos estavam no Largo do Carmo, no 25 de Abril de 1974.

A RTP1 dá hoje o último episódio.
___________
 
 RTP > Programas > A Conspiração > Episódio n.º 9 > Hoje na RTP1, 10 de junho de 2024, às 21: 01 >

Episódio 9 de 9 | Sinopse:

Após o golpe falhado de 16 de março (episódio nº 8), tudo parecia perdido. No entanto, o movimento não desiste e entra em total clandestinidade preparando o golpe que derrubaria o Estado Novo e devolveria a liberdade aos portugueses, em 25 de Abril de 1974.

Elenco: Adelino Gomes

_____________

Próximas emissões:

10 Jun 2024 21:01 RTP1 | 10 Jun 2024 21:01 RTP Internacional | 13 Jun 2024 02:35 |
RTP Internacional América | 13 Jun 2024 15:15 RTP Internacional Ásia

Rever na RTP Play os episódios anteriores

______________

Nota do editor:

Último poste da série > 8 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25621: Os 50 anos do 25 de Abril (27): "A Academia Militar, os Seus Militares e a Revolução dos Cravos", Exposição relativa aos 50 anos do 25 de Abril na Academia Militar

Vd. também:

3 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25598: Os 50 anos do 25 de Abril (25): Hoje, na RTP1, às 21:01, o 8º (e penúltimo) episódio da série documental, "A Conspiração", do realizador António-Pedro Vasconcelos (1939-2024)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2024/06/guine-6174-p25598-os-50-anos-do-25-de.html

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Gostei particularmente deste último episódio... E de perceber como os "conspiradores" souberam tirar lições (e ilações) de uma aparente derrota, que foi o 16 de Março, a "revolta das Caldas"...

Para além de todo o planeamento operacional, foi igualmente muito importante a ordem de transmissões, elaborada pelo Garcia dos Santos. E necessidade de, através da rádio, de difundir as senhas da Op Viragem Histórica:

(i) o primeiro sinal foi a canção "E depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, emitida pelos Emissores Associados de Lisboa: era a ordem para os militares de Lisboa se prepararem para avançar: foi emitido às 22h55, estando de serviço o radialista João Paulo Dinis, locutor do PIFAS na Guiné e membro da nossa Tabanca Grande;

(ii) o segundo sinal, o "semáforo verde" para todos os militares participantes, em todo o país, se prepararem para arrancar, foi dado pela Rádio Renascença, no programa "Limite", que costumava passar poesia, da meia-noite às duas: às 00:20, ouve-se o locutor Leite de Vasconcelos dizer os quatro primeiros versos da "Grândola, Vila Morena", do Zeca Afonso, a mais "inocente" das suas "cantigas de maio": (as outras estavam proibidias de passar na rádio): "Grândola, Vila Morena/ Terra da fraternidade/ O povo é quem mais ordena/ dentro de ti, ó cidade"...

Tinha-se virado uma página da nossa história...

Gostei de ouvir uma referência ao nosso João Paulo Dinis, neste últino episódio de "A Conspiração", mesmo que ele não tenha sido entrevistado... Um grande abraço para ele.

PS - E também ficou bem, no final, na focha técnica, um agradecimento ao nosso blogue pela colaboração dada à equiap de produção (nomeadamente, cedência de imagens e partilha de dados).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O João Paulo Dinis deu recentemente uma entrevista à RTP, onde trabalhou:

50 ANOS 25 DE ABRIL
atualizado 12 Abril 2024, 05:51

25 de Abril. João Paulo Diniz: "Liberdade implica responsabilidade"

por RTP

(...) Faltavam cinco minutos para as 23h00 quando a primeira senha da revolução foi emitida. João Paulo Diniz dava voz aos anseios de liberdade um país, aos microfones dos Emissores Reunidos.

Agora, 50 anos João Paulo Diniz recorda o papel que desempenhou na revolução. A primeira senha, uma frase seguida da música de Paulo de Carvalho, não levantava suspeitas.

O radialista lembra também a forma como foi abordado pelo major Costa Martins e como desconfiou que tudo pudesse ser um esquema da PIDE. Acabou depois por falar com Otelo Saraiva de Carvalho, que já conhecia desde os tempos da Guiné.

Com o papel atribuído ao dar a primeira senha da revolução, João Paulo Diniz contou à mãe o plano em que estava envolvido.

Apesar dos problemas existentes, o radialista descreve a democracia e a liberdade como algo maravilhoso, mas também como uma grande responsabilidade. (

https://www.rtp.pt/noticias/politica/25-de-abril-joao-paulo-diniz-liberdade-implica-responsabilidade_v1563636

Valdemar Silva disse...

Como eu já disse, o nosso blogue é "uma mina" para quem quer saber sobre a guerra na Guiné.

Neste último episódio estava à espera de ver, ou perceber, a influência/autoria do golpe pela maçonaria/NATO/comunistas como alguns "artritas reumatoides" sempre vão ainda argumentando. Mas nada transpareceu sobre essa raivinha, por causa do baile que levaram com a organização, com os três Ds da razão da revolta e com o extraordinário apoio popular nas ruas.

Valdemar Queiroz