Capa do livro "Crepúsculo do Império"
de João Vieira Borges, Pedro Aires Oliveira
de João Vieira Borges, Pedro Aires Oliveira
(Lisboa: Bertrand Editores, 2024, 800 pp.)
Foto (e legenda) do álbum do Zeca Romão (José Romão, ex-fur mil at inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73). Página do Facebook de Zeca Romão (Travassos), 9 de março de 2013 (com a devida vénia...)
Foto (e legenda): © José Romão (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
João Vieira Borges, presidente da Comissão Portuguesa de História Militar, escreveu recentemente (**) que nunca Portugal fez um esforço tanto grande como na guerra de África (1961/75), em matéria de recrutamento e mobilização militar. (Em termos relativos, foi um esforço maior do que o dos EUA, no Vietname, ou o da França, na Argélia.)
Em números redond0s foram enpenhados 800 mil militares portugueses:
Cerca de 92% dos efetivos eram oriundos do serviço militar obrigatório (pág. 390). O país tinha na altura uma população inferior a 10 milhões:
Veja-se agora o peso relativo do recrutamento em cada um dos TO (em média) (citando Sousa, 2020) (***):
_________________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 13 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26041: A nossa guerra em números (26): Aceitemos, provisoriamente, o número (oficioso) de 437 "internacionalistas cubanos" que terão combatido ao lado do PAIGC, "de 1966 a 1975"
(**) João Vieira Borge - O recrutamento e a mobilização das Forças Arnadas portuguesas. In: Crepúsculo do Império, op. cit., pp. 381-401.
(***) Pedro Marquês de Sousa - "Os números da Guerra de África". Lisboa, Guerra & Paz Editores, 2021, 379 pp.
- 75% oriundos de Portugal Continental, e dos arquipélagos da Madeira e Açores;
- 25% do recrutamento local (Angola, Guiné e Moçambique).
Cerca de 92% dos efetivos eram oriundos do serviço militar obrigatório (pág. 390). O país tinha na altura uma população inferior a 10 milhões:
- 8,994 ,milhões, em 1962;
- 8,754 milhões, em 1974 (redução de 2,7%).
Em 1973, e para uma populção de 8, 63 milhões, tínhamos cerca de 163 mil (162 996) nos 3 teatros de operações. assim repartidos:
- 43,3% em Angola;
- 21,8% na Guiné;
- 34,9% em Moçambique.
A repartição pelos 3 ramos das Forças Armadas era a seguinte:
- Exército: 91,5%;
- Força Aérea: 5,5%;
- Marinha: 3,0%.
Veja-se agora o peso relativo do recrutamento em cada um dos TO (em média) (citando Sousa, 2020) (***):
- Angola: 32,8%
- Guiné: 15,7%
- Moçambique: 43,2%.
A "africanização da guerra" é mais acentuada em 1973, com percentagens médias de pessoal do recrutamento local a atingir os seguintes valores (pág. 392):
- Angola: 42,3%;
- Guiné: 20,1%;
- Moçambique: 53,6%.
Impressionante é a constação de que "entre os jovens recenseáveis (mais de 1700 mil em todo o Portugal), mais de 40% eram analfabetos e apenas 72% foram considerados aptos para o serviço militar." (pág. 399).
O número de desertores, faltosos e refratários, de acordo com os registos oficiais,"ultrapassam os 231 mil jovens".
Números significativos, comenta o major-general do exército e autor do capítulo (**), "em especial se considerarmos o regime autoritário em que se vivia na época". Por outro lado, são indissociáveis do fenómeno da emigraçáo em massa: entre 1961 e 194, saíram em média por ano 97 700 cidadãos portugueses.
Comentário final:
"Sabemos que as guerras longas são inimigas do recrutamento e mobilização. Os militares contribuiram com o seu esforço e empenho para que o poder político obtivesse uma solução política. Mas este não correspondeu e o tempo da história foi implacável" (pág. 400).
_________________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 13 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26041: A nossa guerra em números (26): Aceitemos, provisoriamente, o número (oficioso) de 437 "internacionalistas cubanos" que terão combatido ao lado do PAIGC, "de 1966 a 1975"
(**) João Vieira Borge - O recrutamento e a mobilização das Forças Arnadas portuguesas. In: Crepúsculo do Império, op. cit., pp. 381-401.
(***) Pedro Marquês de Sousa - "Os números da Guerra de África". Lisboa, Guerra & Paz Editores, 2021, 379 pp.
Sem comentários:
Enviar um comentário