1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Setembro de 2018:
Queridos amigos,
Publicar um trabalho universitário, datado de 2004 em 2017, quando a historiografia deu passos significativos em matérias que a então doutoranda investigou e que hoje são, em certos casos, matéria refutável, acarreta uma severa interpolação: por que razão a historiadora dá à estampa um trabalho que em pontos fundamentais a investigação já encontrou outras respostas? Historiadores cabo-verdianos, guineenses, portugueses e de outras nacionalidades têm continuado a estudar a génese do PAIGC, as suas atividades na luta armada, as questões internas, o legado de Cabral, o fracasso da política de unidade, designadamente na Guiné-Bissau.
Mas o mais grave de tudo é quando a historiadora desembainha o sabre sobre os dirigentes guineenses, culpa-os diretamente da rutura de 1980. Pergunto seriamente como é que este trabalho foi aplaudido numa universidade da Sorbonne e como é que o professor Luís Reis Torgal vem saudar a publicação deste livro na Universidade de Coimbra, como é possível?
Um abraço do
Mário
Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura,
por Ângela Benoliel Coutinho (2)
Beja Santos
Este livro resulta da tese de doutoramento em História da África Negra Contemporânea, defendida em 2005 na Universidade de Paris I – Panthéon – Sorbonne: “Os Dirigentes do PAIGC” é uma edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, novembro de 2017.
A que se afoitou Ângela Benoliel Coutinho? Ela responde: “O presente estudo debruça-se sobre as trajetórias dos fundadores do PAIGC e dos membros do seu Comité Executivo de Luta. Interrogar-nos-emos acerca do recrutamento destes dirigentes, mais precisamente o recrutamento geracional, geográfico, de género, social, procurando também saber que formação tiveram, tendo em vista as suas atividades de direção política”.
Lançada luz sobre a primeira geração dos dirigentes do PAIGC, tendo-se mostrado quem eram os combatentes desde a primeira hora da luta, como, no fundo, se constituíram como a segunda geração dos dirigentes do PAIGC, a investigadora procura traçar o perfil dos valores e princípios dos heróis e ideólogos do PAIGC. As publicações guineenses, caso de Nô Pintcha, os heróis são guineenses, a maioria pertence à segunda geração, só Amílcar Cabral pertence à dos fundadores. Como são apresentados? Como dedicados, nunca se poupando a sacrifícios, abnegados, corajosos, verdadeiros filhos do povo. Cabral está noutro pedestal, é estudante brilhante, foi engenheiro brilhante, homem profundamente humano, honesto e de grande estatura, aceitou o sacrifício mais elevado, foi guia incontestado. O Nô Pintcha não deixa de relevar o universalismo de Cabral e a internacionalização da sua imagem. Analisando os selos de correio, Amílcar Cabral é a imagem maioritária, tanto na Guiné como Cabo Verde. Depois de exprimir o entendimento sobre a ideologia do PAIGC, a autora destaca expressões e trabalhos de Cabral sobre a cultura, o trabalho, a promoção da mulher, a gestão do tempo, a dedicação, a apologia de uma nova sociedade em consonância com os valores do PAIGC e retoma a controversa questão das relações suicidárias da pequena burguesia e do PAIGC, o que Cabral pensava da democracia revolucionária e também da união política, não descurando esta observação das atividades do PAIGC num quadro de unidade com certos movimentos ou partidos políticos africanos, com destaque para o MPLA e Frelimo. Ângela Coutinho não traz nada de novo sobre a questão das principais linhas ideológicas nem da questão da unidade, em momento algum no seu trabalho se relevam as questiúnculas permanentes, as dúvidas permanentes, os ressentimentos de longuíssima data, entre guineenses e cabo-verdianos.
Em novo capítulo, a autora tem um olhar de relance sobre os revolucionários no poder, no fundo não se ultrapassou o legado ideológico de Cabral no conceito de partido-Estado, vemos que houve uma gradual sobreposição de cargos de direção dos militares no poder político, o que é compreensível na época da escassez de quadros técnicos altamente qualificados. Não nos explica como começou logo a falhar a democracia revolucionária, o militantismo muito cedo foi desaparecendo, mesmo nos comités de tabanca.
Já estamos na independência, as heranças económicas eram distintas, o modelo ideológico o mesmo, ainda que mais atenuado em Cabo Verde, o PAIGC sabia que não podia afrontar literalmente os seus emigrantes, caso tentasse um modelo de nacionalizações em massa, haveria uma estrondosa quebra na remessa dos emigrantes tanto da América como da Europa. A grande polémica passava sobre o modelo de desenvolvimento, como introduzir novas formas de progresso sem chocar com os milenários usos e costumes africanos. Mas o modelo existia, era dado incontornável: havia que romper com a economia de autossuficiência que ocupava 80% da população. Escreve a autora: “Defendia-se uma articulação entre a agricultura e a indústria, no sentido em que a primeira era o setor de base da economia e a segunda seria a dinamizadora do seu desenvolvimento. Ou seja, de forma a romper com a economia de autossuficiência, a indústria devia colocar produtos no mercado, o que deveria criar nos camponeses o desejo de produzir mais e melhor, de forma a poder vender o excedente e adquirir os referidos produtos. Era necessário modernizar previamente o setor agrícola, tarefa que seria cumprida com a introdução de fatores de produção suscetíveis de aumentar a produtividade, tais como os utensílios de lavoura e os fertilizantes”. Mais tarde, virão as críticas ao modo como se tentou esta modernização, que falhou redondamente. Como igualmente se irão fazer críticas duríssimas à criação de indústrias de transformação. Estas tinham como objetivo primordial a resolução de problemas de desemprego e de subemprego nas cidades. Por altura da independência, o potencial circunscrevia-se a 14 unidades de produção industrial. Após a independência criaram-se novas estruturas, a prazo, irão todas ao fundo, desde as cervejas e refrigerantes, passando pelos sumos e compotas, pelo descasque de arroz, pelos móveis, pelas casas pré-fabricadas e colchões e estofos de espuma.
Na altura em que Ângela Coutinho preparou o seu doutoramento ainda não tinha saído o testemunho de Filinto Barros, um Ministro da Indústria que pouco antes do seu falecimento resolveu revelar o porquê de tantos fracassos, a começar pelos Armazéns do Povo até à indústria do descasque. Falando de Cabo Verde, a tomar como referência os dados utilizados pela autora, as coisas correram um pouco melhor. Falando de outras mudanças, elenca-se o que se pretendeu fazer na Justiça, na Educação, na Saúde, contando-se com imensos apoios da cooperação internacional.
O III Congresso do PAIGC (1977) apostou na educação, na conceção científica do mundo, tudo sob a alçada do partido-Estado. Aumentou de facto o número de escolas, tanto na Guiné-Bissau como em Cabo Verde e ganhou prioridade a política cultural.
Sem nunca nos oferecer qualquer tipo de esclarecimento sobre os confrontos internos no PAIGC, Ângela Benoliel Coutinho reserva a última parte do seu trabalho ao golpe de Estado de Bissau de 14 de novembro de 1980. Se até agora pudemos contar com uma postura tendencialmente neutral relativamente à evolução da conduta destes dirigentes, tanto na Guiné como em Cabo Verde, agora, em plena tese de doutoramento, e contrariando as regras elementares da ciência histórica, a historiadora desmanda-se sobre o PAIGC da Guiné-Bissau, veremos como ela vai exprimir a triste figura dos seus argumentos.
(Continua)
Os dirigentes do PAIGC Amílcar Cabral, Luís Cabral e Aristides Pereira saindo da reunião do CSL em Boké, 1971. Imagem da Fundação Mário Soares, com a devida vénia.
____________
Notas do editor:
Poste anterior de 9 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22444: Notas de leitura (1369): “Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura", por Ângela Benoliel Coutinho; edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2017 (1) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 13 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22454: Notas de leitura (1371): "Os Roncos de Farim", por Carlos Silva; editora 5 Livros, 2021, a ser apresentado amanhã na Tabanca dos Melros (Mário Beja Santos)
Mas o mais grave de tudo é quando a historiadora desembainha o sabre sobre os dirigentes guineenses, culpa-os diretamente da rutura de 1980. Pergunto seriamente como é que este trabalho foi aplaudido numa universidade da Sorbonne e como é que o professor Luís Reis Torgal vem saudar a publicação deste livro na Universidade de Coimbra, como é possível?
Um abraço do
Mário
Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura,
por Ângela Benoliel Coutinho (2)
Beja Santos
Este livro resulta da tese de doutoramento em História da África Negra Contemporânea, defendida em 2005 na Universidade de Paris I – Panthéon – Sorbonne: “Os Dirigentes do PAIGC” é uma edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, novembro de 2017.
A que se afoitou Ângela Benoliel Coutinho? Ela responde: “O presente estudo debruça-se sobre as trajetórias dos fundadores do PAIGC e dos membros do seu Comité Executivo de Luta. Interrogar-nos-emos acerca do recrutamento destes dirigentes, mais precisamente o recrutamento geracional, geográfico, de género, social, procurando também saber que formação tiveram, tendo em vista as suas atividades de direção política”.
Lançada luz sobre a primeira geração dos dirigentes do PAIGC, tendo-se mostrado quem eram os combatentes desde a primeira hora da luta, como, no fundo, se constituíram como a segunda geração dos dirigentes do PAIGC, a investigadora procura traçar o perfil dos valores e princípios dos heróis e ideólogos do PAIGC. As publicações guineenses, caso de Nô Pintcha, os heróis são guineenses, a maioria pertence à segunda geração, só Amílcar Cabral pertence à dos fundadores. Como são apresentados? Como dedicados, nunca se poupando a sacrifícios, abnegados, corajosos, verdadeiros filhos do povo. Cabral está noutro pedestal, é estudante brilhante, foi engenheiro brilhante, homem profundamente humano, honesto e de grande estatura, aceitou o sacrifício mais elevado, foi guia incontestado. O Nô Pintcha não deixa de relevar o universalismo de Cabral e a internacionalização da sua imagem. Analisando os selos de correio, Amílcar Cabral é a imagem maioritária, tanto na Guiné como Cabo Verde. Depois de exprimir o entendimento sobre a ideologia do PAIGC, a autora destaca expressões e trabalhos de Cabral sobre a cultura, o trabalho, a promoção da mulher, a gestão do tempo, a dedicação, a apologia de uma nova sociedade em consonância com os valores do PAIGC e retoma a controversa questão das relações suicidárias da pequena burguesia e do PAIGC, o que Cabral pensava da democracia revolucionária e também da união política, não descurando esta observação das atividades do PAIGC num quadro de unidade com certos movimentos ou partidos políticos africanos, com destaque para o MPLA e Frelimo. Ângela Coutinho não traz nada de novo sobre a questão das principais linhas ideológicas nem da questão da unidade, em momento algum no seu trabalho se relevam as questiúnculas permanentes, as dúvidas permanentes, os ressentimentos de longuíssima data, entre guineenses e cabo-verdianos.
Em novo capítulo, a autora tem um olhar de relance sobre os revolucionários no poder, no fundo não se ultrapassou o legado ideológico de Cabral no conceito de partido-Estado, vemos que houve uma gradual sobreposição de cargos de direção dos militares no poder político, o que é compreensível na época da escassez de quadros técnicos altamente qualificados. Não nos explica como começou logo a falhar a democracia revolucionária, o militantismo muito cedo foi desaparecendo, mesmo nos comités de tabanca.
Já estamos na independência, as heranças económicas eram distintas, o modelo ideológico o mesmo, ainda que mais atenuado em Cabo Verde, o PAIGC sabia que não podia afrontar literalmente os seus emigrantes, caso tentasse um modelo de nacionalizações em massa, haveria uma estrondosa quebra na remessa dos emigrantes tanto da América como da Europa. A grande polémica passava sobre o modelo de desenvolvimento, como introduzir novas formas de progresso sem chocar com os milenários usos e costumes africanos. Mas o modelo existia, era dado incontornável: havia que romper com a economia de autossuficiência que ocupava 80% da população. Escreve a autora: “Defendia-se uma articulação entre a agricultura e a indústria, no sentido em que a primeira era o setor de base da economia e a segunda seria a dinamizadora do seu desenvolvimento. Ou seja, de forma a romper com a economia de autossuficiência, a indústria devia colocar produtos no mercado, o que deveria criar nos camponeses o desejo de produzir mais e melhor, de forma a poder vender o excedente e adquirir os referidos produtos. Era necessário modernizar previamente o setor agrícola, tarefa que seria cumprida com a introdução de fatores de produção suscetíveis de aumentar a produtividade, tais como os utensílios de lavoura e os fertilizantes”. Mais tarde, virão as críticas ao modo como se tentou esta modernização, que falhou redondamente. Como igualmente se irão fazer críticas duríssimas à criação de indústrias de transformação. Estas tinham como objetivo primordial a resolução de problemas de desemprego e de subemprego nas cidades. Por altura da independência, o potencial circunscrevia-se a 14 unidades de produção industrial. Após a independência criaram-se novas estruturas, a prazo, irão todas ao fundo, desde as cervejas e refrigerantes, passando pelos sumos e compotas, pelo descasque de arroz, pelos móveis, pelas casas pré-fabricadas e colchões e estofos de espuma.
Na altura em que Ângela Coutinho preparou o seu doutoramento ainda não tinha saído o testemunho de Filinto Barros, um Ministro da Indústria que pouco antes do seu falecimento resolveu revelar o porquê de tantos fracassos, a começar pelos Armazéns do Povo até à indústria do descasque. Falando de Cabo Verde, a tomar como referência os dados utilizados pela autora, as coisas correram um pouco melhor. Falando de outras mudanças, elenca-se o que se pretendeu fazer na Justiça, na Educação, na Saúde, contando-se com imensos apoios da cooperação internacional.
O III Congresso do PAIGC (1977) apostou na educação, na conceção científica do mundo, tudo sob a alçada do partido-Estado. Aumentou de facto o número de escolas, tanto na Guiné-Bissau como em Cabo Verde e ganhou prioridade a política cultural.
Sem nunca nos oferecer qualquer tipo de esclarecimento sobre os confrontos internos no PAIGC, Ângela Benoliel Coutinho reserva a última parte do seu trabalho ao golpe de Estado de Bissau de 14 de novembro de 1980. Se até agora pudemos contar com uma postura tendencialmente neutral relativamente à evolução da conduta destes dirigentes, tanto na Guiné como em Cabo Verde, agora, em plena tese de doutoramento, e contrariando as regras elementares da ciência histórica, a historiadora desmanda-se sobre o PAIGC da Guiné-Bissau, veremos como ela vai exprimir a triste figura dos seus argumentos.
(Continua)
Os dirigentes do PAIGC Amílcar Cabral, Luís Cabral e Aristides Pereira saindo da reunião do CSL em Boké, 1971. Imagem da Fundação Mário Soares, com a devida vénia.
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Notas do editor:
Poste anterior de 9 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22444: Notas de leitura (1369): “Os Dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura", por Ângela Benoliel Coutinho; edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2017 (1) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 13 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22454: Notas de leitura (1371): "Os Roncos de Farim", por Carlos Silva; editora 5 Livros, 2021, a ser apresentado amanhã na Tabanca dos Melros (Mário Beja Santos)
2 comentários:
Olá Camaradas
Mais uma tese! Desta vez em França... É estranho que estas teses surjam no estrangeiro em vez de serem publicadas no próprio país, a menos que a liberdade e a procura da verdade sejam crimes. O que é mau indício...
Nesta caso confirma-se o que já disse: - Quem não tem competência não se estabelece!
E os resumos que se apresentam dizem isso mesmo. Será que o Amílcar necessita que o deifiquem? E os outros? E porquê misturar Cabo Verde no assunto? Não será unidade a mais?
Até o Alexandre o Grande "tinha um cozinheiro ao seu serviço".
A independência surgiu um ano após a morte, mas o estado de subdesenvolvimento estava à vista.
E é isso que é inadmissível... É que nem nas áreas libertadas" as coisas corriam bem.
Sair do mato com as canhotas às costas e nada ter para dar ao povo e para o organizar é a prova da incompetência.
O resto são balelas justificadeiras..
Um Ab.
António J. P. Costa
Paulo Cordeiro Salgado (by email)
segunda, 16/08/2021, 21:30
Caro Luís, Caros Coeditores,
O texto do Mário Beja Santos do dia 16.08.21, designado «Guiné 61/74 – P22459: Notas de leitura (1372): “Os dirigentes do PAIGC, da Fundação à Rutura”, por Ângela Benoliel Coutinho; edição da Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2017 (2)», é., logo a abrir, um acto de significativa coragem ao sinalizar, da forma como ele sabe fazer – sem melindres, mas com firmeza – os caprichos de quem pretende escrever História a destempo. A metodologia desta ciência (que não é exata) exige constante atualização, perseverante pesquisa.
Como escreve – permiti-me lembrar uma grande historiadora das relações de Portugal com África – Isabel Castro Henriques logo no prefácio da sua obra “Descolonização da História – Portugal, a África e a desconstrução de mito historiográficos” (Caleidoscópio), que vale a pena ler: «Procurei pôr em evidência o carácter estruturante da minha actividade e as interrogações de outras disciplinas que, como a antropologia ou a sociologia, permitem tornar mais densa a produção historiográfica».Não se cansa a historiadora de frisar o quanto é importante a desmistificação de muitas obras que ousaram escrever sem ‘ouvir’ a Parte Africana. Ora, eu acrescento que é essencial – como tão bem faz o Mário – investir na investigação aturada e actual que sempre traz novidades. Algo que lhe parece, ao Mário, e, vá lá, a todos que se interessam pelas relações entre os Povos, neste caso de Portugal com África, obter os contributos do Outro.
Obrigado ao Mário por esta lúcida intervenção. No que me respeita, espreito a História para dela colher histórias esquecidas em gavetas fundeiras, onde se guardam relatos dos que não estão nos compêndios. Como ouviu o Moura Marques (cabo do meu pelotão no Olossato e Nhacra) a um coronel na reforma, dirigindo-se a um grupo de oficiais num almoço da LC, que juntou diversos: “estais para aí a vangloriar-vos das vossas condecorações, mas quem as teria merecido eram os vossos (nossos) soldados…”.
Ora, o que o Mário pretende afirmar – creio bem – é que a História não deve ser truncada, seja por acção, seja por omissão.
Paulo Salgado
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