terça-feira, 17 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22462: António Damásio: um português nos EUA que muito honra Portugal e a nossa geração (José Belo, Key West, Florida)


O médico neurologista e neurocientista 



Um dos livros mais livros de António Damásio, 
"Ao Encontro de Espinosa" (2003)



Capa do livro de António Damásio,  edição portuguesa, 
Temas & Debates, 2012 "Ao Encontro de Espinosa: 
as emocões sociais e a neurologia do sentir" (364 pp, 
preço de capa, em papel: 19,90 euros)

Sinopse:

«A minha [anterior] invocação de Descartes foi puramente emblemática de uma perspetiva sobre um problema científico e filosófico e pouco tinha a ver com o personagem histórico. A minha relação com Espinosa, porém, é inteiramente diferente. Espinosa é uma pessoa impar e as suas ideias e maneira de ser fundem-se com os problemas psicológicos que aborda e com a correspondente neurociência.»


1. Mensagem de José Belo, o nosso luso-sueco, cidadão do mundo, membro da Tabanca Grande, que reparte a sua vida entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e Key-West (Flórida, EUA). Foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia (. Na outra vida, foi alf mil inf, CCAÇ 2391, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); é cap inf ref. ; durante anos alimentou a série "Da Suécia com Saudade"... Agora escreve sobre o que lhe apetece, dentro da(s) temática(s) do nosso blogue, onde também cabem descritores como "EUA",  "Suécia", "Portugal", "diáspora", "médicos" e "lusofonia".)


Data - sábado, 24/07, 20:10



Assunto - António Damásio: Um português nos Estados Unidos a não esquecer

Não sendo propriamente desconhecido em Portugal,  não creio haver, por parte de muitos, consciência de quão considerado e admirado este nosso compatriota é.

Isto não só nos Estados Unidos como também pela comunidade científica mundial especializada
na sua área de investigação.
 
Não creio existir hoje, nem mesmo nunca (!) ter existido anteriormente, representante científico português com tais prémios, louvores e cargos docentes ao mais alto nível.

Infelizmente o nosso único prémio Nobel de Medicina (1949), Egas Moniz (1874 - 1955), está hoje bastante desvalorizado após os seus estudos e práticas sobre a lobotomia serem agora  olhados de modo muito crítico pelos actuais especialistas internacionais.

Não tendo andado ultimamente muito preocupado quanto à “Busca de Espinoza”  (por o ter encontrado há muito ),  contínuo a sentir a falta de uma referência, no Blogue,  ao tão nosso António Damásio.

Ele é um dos grandes portugueses na diáspora, da nossa geração, e felizmente ainda está muito activo tanto na sua vida de investigação como na carreira de docente e, não menos importante, como  escritor.

Nunca será demasiado salientar que a sua educação básica e superior foi adquirida em Portugal! E é hoje figura científica de topo tanto nos meios norte-americanos como mundiais.

António Damásio:

Professor universitário, Professor de Psicologia, Filosofia, Neurologia e Neurociência. | Director do Instituto do Cérebro e Criatividade da Universidade da Califórnia do Sul | Professor do Instituto Skalk em La Jolla, Califórnia.

Damásio têm contribuído para uma compreensão fundamental dos processos cerebrais subjacentes às emoções, sentimentos, decisões e consciência.

É autor de inúmeros trabalhos científicos. (O seu Índide h no Google Scholar é de 99 com um total de mais de 170 mil citações). 

A sua actividade como nvestigador  tem vindo a receber contínuo subsídio económico federal (EUA) nos últimos 30 anos.

É Doutor Honoris Causa em inúmeras Universidades, entre outras: Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2013); Universidade de Leuven (2013); Universidade C’a Foscari/Veneza; Escola Politécnica Federal de Lausanne (2011); Universidade de Coimbra (2010); Universidade de Leiden (2010); Universidade Raman Llull (2010); Universidade de Copenhagen(2009); Universidade de Nangin (2005); Universidade de Aachen(2002).

Entre outros, recebeu os seguintes prémios:

Prémio Príncipe das Astúrias em Ciências e Tecnologia (2005); Prémio Gravwemayer(2014);
Prémio Honda Fundation (2010); Prémio Melhores Médicos Americanos; Prémio da Associação Internacional de Psicoanálise,  por extraordinários resultados científicos (2004); Prémio Sigoret em Neuro-Ciência Cognitiva (2004).

É membro do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências e da Academia Americana de Artes e Ciências. Membro da Academia Bávara de Ciências e da Academia Europeia de Ciências e Artes.

Foi nomeado “Investigador Altamente Citado” pelo Instituto de Informação Científica (USA); Prémio da Universidade da Califórnia de Criatividade e Escolaridade (2012); Prémio Jimenez (2012); Prémio Literário Corine International (2011).

Nomeado membro do Conselho Escolar da Livraria do Congresso (2009/USA); Leitor Distinto da Universidade da Califórnia do Sul (1985); Primeiro prémio Pfizer para o melhor artigo de investigação nas ciências médicas (1974); Prémio do Conselho Britânico de Pesquisa e Treino (1970); Prémio Boleeringer para o melhor estudante em Farmacologia Médica (1966).

António Damásio é um dos reconhecidos líderes internacionais em neurociências. As suas investigações têm vindo a ajudar a compreender a base neural dos sentimentos e emoções. Tem também demonstrado o papel central do afecto na consciência social e na tomada de decisões. O seu trabalho têm contribuído e influenciado a actual compreensão dos sistemas neuronais subjacentes à memória, linguagem e consciência.


- A Estranha Ordem das Coisas (2018)
- O Erro de Descartes (2005)
- Na Busca de Spinoza (2003)

Um abraço do J. Belo


7 comentários:

Anónimo disse...

Excelente camarada J.Belo

Convém realçar que o Professor António Damásio já devia ter recebido o prémio Nobel da Medicina juntamente com a sua esposa,
há muito tempo, mas como nasceu em Portugal e tem dupla nacionalidade (luso-americana) se calhar é por isso... digo eu.
Quanto ao nosso Egas nos "states" já lhe quiseram retirar o prémio porque houve uns aprendizes de cirurgiões americanos que praticaram a lobotomia de uma forma artesanal e sádica.
Já agora lembro que fiz o meu curso na mesma escola destes dois vultos da ciência médica, só que ao contrário deles não captei os mesmos fluidos científicos...julgo que o defeito foi meu.

AB
C.Martins

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Meus caros J. Belo e C. Martins:

Devemos ter orgulho em nós próprios (que somos 10 milhões) e naqueles portugueses da diáspora (que devem ser mais uns 5 milhões), tal como o J. Belo e o A. Damásio...

O Damásio seguramente no topo. Na história da ciências médicas, ele só encontra paralelo, em termos de visibilidade no seu tempo, no António Sanches Ribeiro, conterrâneo do nosso querido C. Martins...

Recorde-se: nasceu em Penamacor, em 1699 e morreu em Paris, em 1783. Verdadeiro "homem das Luzes" é o único português que tem um entrada na famosa Enciclopédia D'Alembert e Diderot, justamente sobre uma das suas especialidades médicas, as doenças sexualmente transmissíveis, conhecidas na época pela deliciosa expressão "males de amores"...

Cristão-novo, como todos os grandes médicos portugueses até ao séc. XIX, estudou em Coimbra, Salamanca e Leiden (Holanda)... Fez carreira na Rússia dos Czares, e depois em Paris, onde recebia, na sua consulta, os grandes príncipes russos, vítimas dos "males de amores"...

Saiu definitivamente de Portugal em 1726 (, se não erro, estou a citar de cor) para fugir da fúria da Santa Inquisição: foi miseravelmente denunciado por um primo pelo "crime de judaísmo" (!)...

Uma das suas obras prioneiras, no campo da saúde pública, é o "Tratado da Conservação da Saúde dos Povos" (1756)...Mas foi também um dos inspiradores da reforma pombalina da Universidade de Coimbra (1772).

https://www.ensp.unl.pt/luis.graca/textos66.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Nunes_Ribeiro_Sanches

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A nossa História tem que ser vista no seu melhor e no seu pior... Por exemplo, os períodos de "caça às bruxas", de intolerância política e religiosa, a divisão entre cristãos velhos e cristãos novos que levou à saída do Reino de alguns dos nossos melhores, como o Sanches Ribeiro...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ontem como hoje, a intolerância baseia-se no obscurantismo... Não posso nem devo fazer aqui comparações com a actualidade. O ...Mas elas são evidentes. Às vezes receio que a História se repita e que a gente não aprenda com os nossos erros...

Valdemar Silva disse...

Tive uma namorada na Rua Ribeiro Sanches, zona Pç. Chile-Lisboa. Este Ribeiro Sanches foi o António Nunes Ribeiro Sanches ilustre médico do sec. XVIII.
Sobre o Prof. António Damásio o nosso camarada J.Belo já disse tudo como deve ser, e eu apenas posso dizer que é importante ler os seus livros. São daqueles livros de começar a ler da primeira à última página sem interrupções.
António Damásio no "Erro de Descartes" conclui com os seus estudos ao cérebro humano, que não foi por 'penso logo existo' mas sim por existirmos é que pensamos. No fascinante "Ao Encontro de Espinosa - As Emoções Sociais e a Neurologia do Sentir"(*), dá-nos a conhecer Benedito Espinosa, ou Baruch Spinoza, filho de judeus sefarditas portugueses (cidade do Porto) fugidos da inquisição para a Holanda, que foi excomungado por judeus e cristãos por "não foi Deus que criou o homem, foi o homem que criou Deus" e veio a morrer de DPOC, ainda assim não conhecida, devido a sua actividade de polidor de lentes e, provavelmente, de umas boas cachimbadas.

Abraços
Valdemar Queiroz

(*)Livro do Circulo dos Leitores (2012) com o titulo original inglês: Lookinf for Spinoza - Joy, Sorrow and the Feeling Brain.

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo, "não sendo desconhecido em Portugal" poucos conhecem o seu trabalho e as suas obras bem como os seus livros, mesmo entre a classe médica e de psicologia.
Conheci o Professor num "work shop" em Portugal e admirei a sua postura quer como professor quer como homem, bem como a sua humildade.
Quanto ao Egas Moniz apesar de alguns detractores (poucos) esses esquecem-se ou não sabem o quão valoroso foi a sua descoberta na altura para tão terrível doença.
Como somos um país pequeno os prémios fogem-nos como é o caso do Antónjo Damásio mesmo a viver nos States.Já estou como o Lobo Antunes quanto aos prémios: primeiro porque são suecos...E depois digo eu há a politica.

Carlos Gaspar

JB disse...

António Damásio e os Prémios Nobel.

O facto de ser português,ou luso-americano,para mais sem “lastros”políticos “inconvenientes”,pouco terá a ver com as decisões do Comité sueco que decide a atribuição dos Prémios Nobel.
(OBS/ “pouco”…. terá a ver.)
As influências,indiretas mas poderosas,poderão surgir desde os gigantescos conglomerados internacionais das indústrias médico-farmacêuticas,sempre na procura de salientar as áreas de investigação que acarretem vastíssimos ,e não demorados,lucros.
De qualquer modo ,António Damásio é hoje nos Estados Unidos figura de referência nos meios académicos e de investigação, mesmo em áreas aparentemente tão afastadas da sua especialidade médica como o é o Direito Internacional,onde a sua bibliografia é referida em alguns dos seus aspectos de análise e também de consequências sociais, o que francamente me surpreendeu quando estudante.
Infelizmente, na grande maioria das referências, o facto de ser um cientista de origem e formação académica portuguesa …. não é salientado.

Um abraço do J.Belo