Tenho seguido diariamente, várias vezes, o Blogue e todas as histórias, que não são infelizmente deste tipo que aqui trago. (...)
Este poste ando há cerca de 15 dias a tentar acabar, mas sempre algo me aparece e me faz parar, também o tema não é dos mais atractivos. É o que tenho, e ando a refazer o meu ábum e depois perco-me como uma criança que não sabe o caminho de casa.
As minhas dificuldades estão a agravar-se mas tenho sempre muitas outras coisas a fazer em prol da familia, porque todos , o quase, recorrem a mim para os mais variados assuntos sem interesse. Sou especialista em contestar multas de trânsito, e isso ocupa muito tempo, mas vale a pena.
Vamos ver em continuação como posso ir ajudando. (...)
Um grande abraço, e boa noite (...)
Em, 2025-06-30
Virgilio Teixeira
2.1. Introdução
O presente Poste sobre este tema, pode ferir a susceptibilidade de alguns combatentes, que não se revêm nestas fotos e descrição das mesmas.
É um tema que esteve sempre guardado, por respeito àqueles que não tiveram estas oportunidades, posso até dizer que pode ser um atentado a todos que tiveram uma guerra que não esta. Uns excessivamente mais dura, mas há muitos que também tiveram melhor vida.spero que sirva pelo menos para o conhecimento de tantos locais a rondar os 40 km de Bissau.
Já foi parcialmente postado parte deste espólio, mas como já
não me lembro, vamos tentar relembrar com melhoramento das mensagens.
Como já disse, fui sempre um empreender nas viagens por
aqueles lugares que na data não havia qualquer perigo, eu tinha muita vontade de
um dia ir de motorizada até Mansabá.
Não sei porquê, era o nome que me soava a algo que não
consigo entender. Acabei por nunca ter ido até aquela localidade , que só
poderia ir desde Mansoa com escolta.
Ainda tive a ousadia de me pôr a caminho, mas fui travado
por uma coluna que, face à minha estupidez, mandaram regressar para trás, e
assim foi e terminou a aventura.
Andei muitas vezes por esta zona, com especial destaque para
Safim, Nhacra, João Landim, Ensalma, Rio Mansoa.
Aqui fica um resumo daquilo que andei a fazer, nas horas
mortas, quando estava em Bissau e quando me deslocava para lá em serviço.
Os petiscos de Safim, a piscina de Nhacra, a jangada de João Landim, e Ensalma, as ostras de Quinhamel, e Biombo...
(22.2. Mapas
Guiné > Bissau > Carta de Bissau (1949) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Bissau, na margem direita do estuário do Rio Geba (assinalada a vermelho) e seus arredores: Cumeré, Brá, Bissalanca, Safim, Ensalma, rio Mansoa, Nhacra (assinalados a amarelo).
Em rigor Bissau não é uma ilha, como dizíamos no nosso tempo, diz a IA (Chatpgt)...Embora Bissau esteja quase rodeada de água por todos os lados, o que pode dar a sensação de ser uma ilha, não cumpre a definição geográfica de ilha, que exige ser completamente rodeada de água em permanência. Contrariamente à antiga capital, Bolama.
Senão vejamos: é limitada a norte e oeste pelo Rio Mansoa,a leste pelo rio ou canal do Impernal, e a sul, pelo estuário do rio Geba (navegável e ligado ao Atlântico). A oeste, porém, não há uma separação completa de água que isole a cidade do continente. Há ligações por terra que não implicam atravessar água, embora parte da área seja pantanosa ou de difícil acesso na época das chuvas.
Agora verifico que, saindo de Bissau, de Santa Luzia (Clube Militar) ou de Brá (Depósito de Adidos) (a 3 km) , e passando por Bissalanca (aeroporto e BA 12) (5 km), e chegando a Safim (18 km), temos depois duas vias alternativas:
(i) para a direita, íamos por Nhacra (a 15 km de Safim), passando por Emsalma e atravessando o rio ou canal Impernal, afluente do rio Geba,
(ii) mas havia uma estrada, direta, de Bissau para Nhacra, sem passar por Brá, Bisslanca e Safim, que seguia depois para Mansoa e Mansabá, onde nunca fui, infelizmente; antes de Mansoa, à direita, cortava-se para leste (Jugudul, Porto Gole, Bambadinca, Bafatá...), mas estava em 1967/69; mais e já para o o fim da guerra, estará em construção, o troço (alcatroado) Jugudul-Bambadinca, que deu muita porrada;
(iii) de Safim para o noroeste, região do Cacheu (Bula, Binar...), só havia uma maneira de "cambar" o rio Mansoa: era de jangada, em João Landim (cerca de 7 km de Safim).
Estive no outro lado do rio Mansoa, em João Landim por alguns momentos, o tempo de ir e vi na mesma jangada.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camarada da Guiné (2025)
2.3. Legendas das fotos
F101 – A caminho de Safim, partindo de Bissau, ou dos Adidos em Brá. Captada em 11 março 1968
F102 – E lá continuamos com nova paisagem, ao lado esquerdo
estende-se um novo bairro com novas tabancas, parecido com o Bairro da Ajuda à
entrada de Bissau. 11 marco 1968,
F103 – Continuando o caminho vejo a primeira pessoa, uma
mulher local do outro lado da estrada, ela deveria andar pelo lado oposto, mas
ainda não tinha chegado as novas regrs de peões nas estradas. 11 março 1968
F104 – Já vai longe a cidade de Bissau e o Depósito de
Adidos em Brá, o terreno está deserto, vendo bem, qualquer turra me apanhava à
mão, mas nunca pensei nisso, pelo que não há aqui qualquer louro para as minhas
aventuras, era pura ignorância, leviandade, inocência, apesar da idade, pois já
tinha os 25 anos de vida. 11 março 1968
F105 – Chegada a Safim, com foto da Placa.11 março 1968
F106 – Cruzamento de estradas em Safim: logo ao sair de Safim, está um cruzamento; para o lado esquerdo, Landim e Bula; para o lado direito, Ensalma, Nhacra, Mansoa e Mansabá. 11 março 1968.
F114 – Caminhada de Safim para João Landim 11 março 1968
F115 – Bar esplanada à entrada de Safim. Um local muito calmo. 11 agosto 1968
F116 – Jangada em João Landim, no Rio Mansoa (cambança para Bula):
F117 – Partida da jangada de João Landim a caminho do outro lado do Rio Mansoa. 11 agosto 1968
F118 – Na jangada na cambança do rio. 11 agosto 1968
F119 – Novamente na Esplanada de Safim, com outro companheiro a bater a chapaAo lado um Unimog com tropa que foi beber uns copos 11 Agosto – 1968
F120 – Na esplanada de Safim noutro ângulo, a tomar uma bebida, junto com o furriel Riquito do meu CA (Conselho de Administração do BCAÇ 1933) e o outro que não sei quem é, mas parace-me ou irmão ou familiar do Riquito. Em novembro de 1968
2.4. Notas complementares
Nota-se a descontração saloia em que fazia estas aventuras,
já tinha ido antes mas sem fotos.
Em várias fotos percebe-se que vai outro camarada noutra
motorizada, também minha, para tirar a chapa. Uma vez foi o furriel Riquito do
meu CA e acho que tinha lá um irmão ou alguém parecido que aparece em muitas
fotos com ele e eu.
Uma das vezes fui com o meu homologo do BCAÇ 1932 de Farim,
quando nos encontrámos em Bissau. Ele não sabia conduzir a motorizada, e fomos
os dois na mesma, com o nosso peso, eu nem tanto, mas ele era muito alto e no
assento de trás chegava com os pés ao chão.
Numa vez que chegámos de noite já com uns copos, ao Clube de
Oficiais, eu a conduzir, ele só desiquilibrava, tinha medo de tudo.
Caimos nas valas altas, a motorizada mandou-nos pelo ar, foi
uma gargalhada enorme, ele só perguntava se tinha sido o IN, fomos para o
Biafra, mudar de roupa e tomar banho, depois para a Messe jantar.
O trambolhão foi grande e aparatoso, mas , tirando umas
escoriações, tive de mandar reparar a minha Peugeot mas tinha a Honda
entretanto.
Estive várias vezes em Safin, a maioria delas ia
sozinho, não tinha muita malta para me acompanhar, não sei a razão.
Era um sitio agradável, longe da confusão de Bissau, tinha
um café-cervejaria-bar logo è entrada, com boa esplanada. Bom local para
descansar, comer umas ostras ou camarão e e beber umas 'bazucas' de cerveja bem fresca.
Não existiam outros motivos de interesse para fazer fotos, julgo eu, era lugar de passagem
para Bula (através de João Lamdim, a noroeste).
Como ia muitas vezes sozinho, nem sequer levava a máquina
fotográfica, além do peso faltava outro para chapear. Claro que hoje penso
doutra maneira, em vez de sistematicamente fazer fotos a mim próprio (narcisismo?!)
deveria fotografar tantos locais que hoje não me lembro muito bem.
Faltam as fotos de Quinhamel por onde passei e do Cumeré
também, não havia nada de interesse, mas o destino prega-nos partidas, pois
passados mais de 15 anos, depois do meu regresso, estive lá nas instalações
industriais de descasque de arroz, que foram abandonadas. (...)
Em 30 de Junho de 2025
(Continua)
(Revisão / fixação de texto: LG)
_______________
Nota do editor LG:
Último poste dsa série > 19 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26936: A Bissau do Meu Tempo (Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte IIIc: O "Clube Militar de Oficiais" de Bissau, QG/CTIG, Santa Luzia (Fotos de 18 a 24)
2 comentários:
O canal Impernal que liga o Rio Geba ao Rio Mansoa, foi tão navegável que em Ensalma foi construída uma ponte levadiça, na altura anos 40, uma obra caríssima de certeza, e tecnicamente interessantíssima.
O canal assoreou e em 1993 só fazia de Bissau um ilha na maré cheia.
E era em Ensalmá, onde o leito do canal dava mais pé, e um simples aqueduto resolveu a circulação da água e a ponte desativou-se.
O assoreamento deu-se (provavelmente) porque os diques, ouriques em crioulo, que serviam para regularizar a água para os arrozais, não foram mais mantidos, porque a mão de obra foi para a guerra.
Talvez o amigo Vergílio ainda tenha circulado em cima da ponte de bicicleta.
Ainda conheci a ponte por cima por baixo, uma "pérola", dava para passar uma regata de veleiros.
Hoje, no google Earth vê-se a ruina da ponte e dos encontros.
Rosinha, o que contas é muito interessanet e ajuda esclarecer a que questão (afinal, bizantina...) de se saber se Bissau é ou não é uma llha...Afinal, já não é, tem razão o ChatGPT...
O Virgílio tem uma foto em cima da ponte móvel de Ensalma que vamos publicar na continuação deste poste, e que será sobre Nhacra (onde ele chegava via Safim)...Tem também outra na jangada de João Landim...
Ele andou por aqui, como ninguém, na sua motorizada. Descontraído, sem qualquer arama de defesa pessoal. A maior de nós, infelizmente, não teve essa oportunidade. Mal desembarcados em Bissau, seguíamos no(s) dia(s) seguinte(s) em coluna(passando pro Nhacra) ou em LDG, a caminho do mato (uns para o Leste, via Xime / Bambadinca) outros para o Sul, outros para o Norte...
Também nunca estive em Quinhamel nem no Cumeré (onde muita malta, nos últimos anos da guerra, fez a IAO, aqui e em Bolama).
Estou grato ao Virgílio por, mesmo receando as críticas de alguns leitores, abrir o seu imenso álbum e partilhar connosco as suas pequenas aventuras pelos "arredores de Bissau"...
50 anos depois eu estou a conhecer melhor a geografia da Guiné, graças à exploração das nossas velhas cartas e às fotos que nos mandam os nossos generosos camaradas... Nunca fui a Safim, João Landim, Ensalma... (Nem sabia muito bem onde ficava Ensalma, dfecsobri agora...). E também nunca passei por Nhacra, porquer sempre utilizei a via fluvial entre Bissau e Bambadinca (a LDG e o "barco turra")...
Só passei, de jipe, em Nhacra em março de 2008...
No meu tempo o Geba era navegável até Bafatá!...As LDG chegavam a Bambadinca...A 2 de junho de 1969 já "abiquei" no Xime... Hoje nem sequer chegariam ao Xime... O assoreamento deu cabo de muitos braços de mar, portos fluviais, rios (se é que é há rios na Guiné-Bissau, tirando o Corubal...).
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