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sábado, 2 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22589: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (16): Mais algumas fotos dos meus passeios: Bolama, junho de 2021


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, "ao luar"...



Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, vista de dia...


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 >  Guarita de um antigo quartel militar português, em ruinas  (possivelmente o do CIM - Centro de Instrução Militar)



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Outra  guarita de um antigo quartel militar portuguê, em ruínas  (possivelmente o do CIM - Centro de Instrução Militar)



Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Antigo edifício da Câmara Municipal. Em completa ruina.


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Outra vista do antigo edifício da Câmara Municipal. Em completa ruína.



Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 >  Antigo quartel, agora refeitório,  pertencente à escola da Formação de Pescadores do Ministério das Pescas.



Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Escola Superior de Educação (ESE), Unidade de Ensino Amílcar Cabral 



Foto nº 8A> > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > 
Escola Superior de Educação (ESE), Unidade de Ensino Amílcar Cabral. Aqui formam-se professores.



Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Depósito de água



Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 >  Porto de Bolama.


Foto nº  11 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Cais do porto de Bolama, cheio de sacos de caju.
 

Foto nº  12 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Praia de Bolama de Baixo.


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com 107 referências no blogue):


Data - quinta, 30/09, 18:31

Assunto - Fotos de Bolama, junho 2021

Luís, envio mais algumas fotos, dos meus passeios.


Bolama, junho de 2021

Numa noite, no final de junho 21, em que a lua estava muito ativa, era a maior lua do ano, tirei esta foto ao Presidente Ulisses. (Foto nº 1).

A estátua tinha voltado para cima do pedestal “e com a sua cabeça” (Foto nº 2). Fiquei surpreendido… 

O busto esteve deitado durante décadas no quintal da casa do governador (perto da estátua
dos aviadores Italianos) e de lá desapareceu a cabeça. O seu desaparecimento, originou diversos problemas a algumas pessoas.

Esta questão foi muito comentada em Bolama e Bissau, no meio da comunidade portuguesa (Na última foto que tinha eu enviado de Bolama para o blog, não havia estátua, só o pedestal).


A estátua em 1964. Cortesia do blogue
Bolama Minha Terra  e do ACTD - Arquivo
Científico Tropical Digiatl
Seguem fotos da porta de armas e guaritas, de alguns antigos quarteis portugueses (Fotos nºs 3, 4 e 7).  Construídos provavelmente depois da Reunião na Presidência do Concelho em Maio de 1969, onde se passou a dar formação militar. Aqui se deu instrução ao DFZ 21 e 22 (Operação Mar Verde, António Luís Marinho)

Junto mais algumas fotos, do que era a Bela Bolama. Por onde alguns, os últimos os amantes do Império se passearam, criando emprego aos antigos subordinados, até ao fim das sua vidas. Eram os “doidos do império” (Angoche, Carlos Vaz Marques)

Como podem ver nas fotos do Palácio (Camara Municipal), já só restam as colunas, os morcegos, perderam a casa grande. Junto foto (Fotos nº 5 e 6).

A escola de formação de professores, Escola Superior da Educação, Unidade de Ensino Amílcar Cabral.  (Fotos nº 8 e 8A), continua a funcionar em pleno, mesmo com as greves de diversos meses dos funcionários públicos. Também é uma agradável surpresa, que os professores e alunos estejam tão intTeressados. A escola tem o apoio da ONG Portuguesa FEC (Fundação Fé e Cooperação). Tem aulas diurnas e noturnas.

Junto ainda fotos do depósito de água (Foto nº 9). bem como do porto de Bolama de Baixo, por onde desta vez desembarcamos em Bolama (Fotos nºs 10 e 11).

Saímos de Bissau de bote para Bolama de Baixo, foram 3,5 h de viagem, mesmo com os fatos para a chuva, tomamos banho de água salgada, chegamos à bonita praia que também é o porto (Foto nº 12). Depois seguimos de viatura até à cidade, pelo meio dos cajueiros.

A Ilha de Bolama transformou-se num grande produtor de caju. Teve influência a instalação da fábrica de descasque de caju, que o Comandante Alpoim Galvão instalou na ilha, a partir da qual exportava para todo o mundo o caju já descascado e biológico, em vácuo. Era transportado em canoas, até Bissau.

Fotos do porto de Bolama, por onde saíram milhares de toneladas de caju, que era transportado em canoas para Bissau. Este ano a Guiné, já exportou 200.000 toneladas.

Atualmente não há barco de carreira para Bolama, só para Enchudé, depois há que apanhar um camião e muito pó, até S. João,  e dali a travessia é feita de bote de madeira, para Bolama.

No regresso a Bissau, mais uma vez na canoa de transporte, 2,5h, pelo canal da Coroa de Bolama, que fica seco, com a maré baixa.

Fotos para recordar, a quem por aqui andou há 50 Anos.

Abraço,

Patrício Ribeiro
impar_bissau@hotmail.com

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Notas do editor:

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18617: Historiografia da presença portuguesa em África (114): Uma rivalidade bancária que ajuda a compreender a História da Guiné (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Janeiro de 2018::

Queridos amigos,
Convém situar este texto. No trabalho que levo em curso sobre a história do BNU na Guiné, cedo fui confrontando com a inexistência de documentação entre 1903 e 1917, praticamente nada existe no arquivo histórico do BNU. A documentação das duas agências é uma realidade a partir de 1917, ano em que a agência de Bissau se vê obrigada a pedir a Lisboa que dirima o contencioso que logo se levantou, em toda a linha das operações bancárias. Este documento solto tem a utilidade de deixar transparecer o que estava a mudar no processo socioeconómico da colónia: Bolama já não podia resistir aos ventos da história, os comerciantes do continente sentiam que as campanhas de pacificação de Teixeira Pinto lhes permitiam agora uma grande liberdade de circulação, os negócios ganhavam fluência e Bolama passara a ser um empecilho. É esse o valor, o significado que atribuo a este documento, o dar-nos um novo olhar sobre a história.

Um abraço do
Mário


Uma rivalidade bancária que ajuda a compreender a História da Guiné

Beja Santos

Em 1917, o BNU que instalara uma filial na capital da Província, em Bolama, criou uma agência na cidade de Bissau. Estamos em plena guerra, a documentação comprova sucessivas más escolhas para a governação e administração. Inúmeras são as carências, e vai avultar neste período a dura realidade que o desenvolvimento económico a partir de Bolama não tinha o mesmo dinamismo que estava a ocorrer em Bissau e as suas ligações comerciais no continente. Houvera guerras intensas e sangrentas na região do Forreá, com verdadeiras migrações e mudanças de peso no mosaico étnico. O Sul incrementava a orizicultura mas os empreendimentos em torno da mancarra e de outras produções encontrara maus gestores. Recorde-se que poucos anos depois, o empresário Vítor Gomes Pereira verá todos os seus bens hipotecados e transferidos para o BNU. Na investigação que levo a curso sobre o BNU na história da Guiné (1917-1974) encontrei um documento datado de 21 de Agosto de 1917, do gerente da agência de Bissau para a gerência do BNU em Lisboa que é revelador do que se estava a passar e indicia a decadência da capital, a sua transferência para Bissau começa a ser assunto corrente no final dos anos 1920, embora só se vá concretizar em 1941.

O título do documento reservado que vai de Bissau para Lisboa tem como assunto relação entre as duas agências, mas vai suficientemente mais longe para permitir perceber que tudo mudara depois das campanhas de Teixeira Pinto, os negócios na Guiné continental eram prometedores e já havia queixas dos comerciantes quanto à necessidade de terem de viajar até Bolama podendo fazer as suas operações financeiras em Bissau. É também um documento esclarecedor que estava aberta uma rivalidade que irá crescendo ao longo dos anos 1930 até atingir o clímax de relações verdadeiramente intempestivas entre os dois gerentes. Enfim, um documento elucidativo do que estava em mudança, o que definhava e o que se expandia. Enquanto lia este documento ia folheando os volumes escritos por Carvalho Viegas, um governador que deixou marcas na Guiné, sobretudo nas obras públicas, isto no exato momento em que ele próprio procura acelerar a mudança da capital de Bolama para Bissau, acarretando discussões enormes entre os grupos económicos na cena, o que é bem visível nos relatórios de execução de Bolama e Bissau neste período, em que Bolama defende encarniçadamente a posição estratégica que aparentemente detém.

O documento reservado que sai de Bissau em 21 de Agosto de 1917 diz o seguinte:
“Tem havido entre esta agência e a de Bolama troca de correspondência a propósito dos clientes que devem fazer as suas operações nesta ou naquela agência, sem que tenhamos chegado a acordo e por isso vimos submeter o assunto à apreciação de V. Exas. para que, resolvendo-o como for de justiça, cada uma das agências saiba depois o que lhe cumpre fazer.

Primeiro, clientes de Bafatá. Pretende aquela agência que os fregueses de Bafatá façam ali os seus negócios contrariamente ao que a clientela deseja. Bissau fica em caminho para Bolama; quem de Bafatá vai para Bolama tem que forçosamente tocar em Bissau, de forma que o cliente chega aqui e nós temos de lhe dizer que vá a Bolama fazer as suas operações! Sucede que todo o negócio de Bafatá se faz exclusivamente com Bissau não indo a menor quantidade de produtos de Bafatá para Bolama, visto que os clientes, tendo aqui os seus correspondentes, preferem aqui fazer as suas operações. As letras que V. Exas. remetem para Bafatá vêm sempre pagáveis em Bissau por a clientela ter quase que diariamente aqui portadores; finalmente, o cliente podendo servir-se desta agência de Bissau e regressar sem demora a sua casa, indo a Bolama perde pelo menos mais 3 dias se tiver transporte imediato, de contrário tem que esperar em Bissau 8 e mais dias, fazendo despesas desnecessárias. Já expusemos isto para Bolama, mas sem resultado. Nas mesmas condições fica Farim e Cacheu, cujas transacções são somente feitas com Bissau que igualmente fica em caminho.

Segundo letras descontadas. Parece que tendo sido aberta esta agência para ela deveriam ter sido enviadas todas as letras que descontadas em Bolama os sacados residissem em Bissau. Pelo facto, porém, das letras terem sido descontadas – pagável em Bolama, por não existir esta agência – recusa-se a agência de Bolama com este fundamento a enviá-las para aqui, sucedendo por este motivo que os clientes têm de ir a Bolama tratar da regularização das suas letras e, se as reformam, de continuar a fazer em Bolama as suas operações. A clientela com isto sente-se prejudicada porque em nada foi beneficiada com a abertura desta agência e traz para nós o inconveniente de privar-nos de fazermos descontos por ignorarmos qual seja em dado momento a responsabilidade das firmas que figuram nas letras a desconto, pois na dúvida de podermos ser logrados preferimos a recusa a descontos, que talvez pudéssemos fazer sem risco algum.
Mas dado o caso do mesmo cliente ter letras em Bolama e em Bissau, não poderá dar lugar a que o cliente venha a ter a sua responsabilidade duplicada? Não poderá algum freguês aproveitar-se desta circunstância e no mesmo dia em que aqui faz um desconto ir a Bolama que dista daqui 3 horas em motor e fazer novo desconto, aumentado responsabilidades que não comporte? Parece-nos que para evitar este inconveniente a melhor maneira seria a agência de Bolama enviar para esta agência todas as letras ali descontadas cujos sacados residam em Bissau e cada uma das agências limitar os seus descontos aos clientes da localidade, dividindo em duas zonas as restantes povoações da Guiné. Assim, a agência de Bissau ficaria com Cacheu, Farim, Bafatá e Bambadinca que lhe fica em caminho e mais próximas de Bissau; e à agência de Bolama pertenceria Bolama, Buba, Cacine e Bijagós.
Para que se pudesse fazer uma rigorosa fiscalização, também entendemos que uma das agências fornecesse à outra, semanalmente, ou que permutasse uma relação de letras descontadas para conhecimento da responsabilidade da clientela, pois pode suceder que um cliente de Bissau se aproveite de um de Bolama para sacado ou sacador, ou vice-versa, e pela relação vínhamos a saber qual era a sua responsabilidade.

Terceiro, contas correntes. Foi com dificuldade que obtivemos a transferência para esta agência dos saldos das contas correntes referentes a clientes de Bissau. Tendo esta agência aberto em 14 de Junho, só em 24 de Julho nos foram enviados de Bolama os saldos das contas, apesar dos nossos reiterados pedidos e igualmente da clientela. Quando, em 8 de Junho, saímos de Bolama, ficava fechada a escrita de Maio, mas a agência de Bolama para poder contar juros nas contas até fim de Junho demorou a transferência das contas, dando lugar a que estivéssemos trabalhando durante todo este tempo apenas com as reminiscências que tínhamos das referidas contas. Ficou ainda na agência de Bolama a conta do Visconde de Thiene pelo facto deste cliente ter ali uma pequena casa comercial que a maior parte das vezes conserva fechada durante meses. Ora sendo a sede da casa em Bissau é aqui, em nosso entender, que deve estar a conta para boa fiscalização.

Quarto, contas hipotecárias. A agência de Bolama pretende ficar ali com a conta hipotecária de Joaquim de Pinheiro Figueiredo que tendo aqui a residência deseja a conta em Bissau. Alega a agência de Bolama que foi ela a procuradora na escritura, mas tendo sido o banco quem fez o contrato e havendo agora em Bissau uma sua dependência, cremos que deveria passar para Bissau a conta, visto o cliente aqui residir e ter aqui outras suas operações.
Tudo isto gira em redor dos lucros que cada uma das agências deseja apresentar no final do exercício, mas nós dentro desses lucros temos em mira principalmente a fiscalização que aqui podemos exercer na defesa dos interesses e dos capitais do nosso banco, fiscalização que, ficando as coisas no pé em que estão, nem nós nem aquela agência pode fazer.

Pelos factos apontados, V. Exas. resolverão como julgarem conveniente, dando-nos as suas instruções”.

Começara a competição, só findará com o encerramento da agência de Bolama, que durante um tempo ainda funcionará como uma correspondência. Quem em Lisboa procede a análise da carta do gerente de Bissau faz anotações a lápis, parece que foram feitas ontem, diz que o Gouveia confirma ou que está certo, seguramente que houve concordância e a clara perceção de que os negócios no continente iam de vento em pompa, terão dado depois crédito às petições de Bissau.

Uma amostra singela mas concludente de que questiúnculas interbancárias podem ajudar a entender as mudanças que a Guiné estava a viver, em plena I Guerra Mundial.

Vista sobre a praia da ilha de Bubaque, fotografia de Francisco Nogueira, reproduzida, com a devida vénia, no livro “Bijagós Património Arquitetónico”, Edições Tinta-da-China, 2016

Vista do porto de Bissau, década de 1910, imagem do nosso blogue inserida em 8 de Setembro de 2012
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18534: Historiografia da presença portuguesa em África (112): Imagens e relatórios dos actos de vandalismo praticados pelo MLG, na Praia de Varela, em Julho de 1961, encontrados no acervo documental do Banco Nacional Ultramarino (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16719: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-al mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (2) - Bolama, Centro de Instrução Militar (parte II)


Foto nº 8 > Bolama, cidade colonial



Foto nº 9 > Bolama.jardim [, com a estátua em bronze  de Ulisses Grant ]


Foto nº 10 > Bolama, vestígos de tempos melhores [, quando Bolama era a capital da Guiné, desde 1879 até 1941]


Foto nº 11 > Bolama, tabanca bijagó


Foto nº 12 > Bolama, tabanca bijagó


Foto nº 13 > Bolama, destacamento


Foto nº 14 > Bolama, destacamento




Foto nº 15 > Bolama. tabanca bijagó

Foto nº 16 > Bolama, anoitecer


Foto nº 17 > Bolama, destacamento


Foto nº 18 > Bolama, destacamento



Guiné > Bolama > Centro de Instrução Militar (CIM) > c. jun/jul 1973 > Estágio do Luís Oliveira, de preparação para o comando de subunidades africanas. (*)


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Luis Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que  foi alf mil da CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/73) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74).

Recorde-se que o nosso camarada Luís Oliveira era de rendição individual e que, vindo do Cufar, foi para o CIM de Bolama, em junho ou julho de 1973, antes de ir  comandanr o Pel Caç Nat 52, no setor L1, zona leste (Bambadinca). É aí que ele irá terminar a sua comissão e extinguir o pelotão.

Esteve duas semanas no Centro de Instrução Militar de Bolama, e depois uma semana em Bissau, recebendo formação sobre usos e costumes dos povos da Guiné bem como sobre ação psicossocial  e dando ainda intrução militar a "mancebos" do recrutamento local.

 Dessa passsagem pelo CIM de Bolama, publicam-se mais umas tantas fotos do seu álbum, que veiram com lacónicas legendas...

Temos algumas dúvidas que ele poderá, posteriormenrte, esclarecer:

Fotos nºs 16, 17 e 18  > Quando o autor se refere ao "destacamento de Bolama", julgamos tratar-se de São João, do outro lado do "canal do porto" (que liga ao Rio Grande de Buba), e onde havia na altura (em junho/julho de 1973) um grupo de combate destacado. Pela conversa com ele ao telefone, percebi que esteve também em São João, que ficava frente a Bolama.

Sobre Bolama há mais de uma centena de referências no nosso blogue. Sobre a história e as gentes de Bolama, escreveu recentemente um livro, profusamente ilustrado, o nosso amigo lusoguineense, António Estácio, também membro da nossa Tabanca Grande.

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Nota do editor:

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18061: Notas de leitura (1021): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (12) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Setembro de 2017:

Queridos amigos,
A exposição dos agentes económicos defensores da manutenção da capital em Bolama em detrimento de Bissau, têm aspetos singulares, que ponho à vossa apreciação. É como se fosse uma lição da história da presença portuguesa, falando de Cacheu, de Bissau e de Bolama, esta apresentada como sucesso diplomático irrefragável, a escolha de Bolama para capital era um triunfo diplomático intocável. Jogam-se argumentos em nome da geografia, da fácil aproximação de Bolama ao continente e pelo caminho dão-se informações espantosas como a de que a fértil região de Cacine estava abandonada. Toda esta argumentação caiu por terra face a novas realidades ditadas pela gradual ascensão económica de Bissau. É nesta cidade que vai assentar um modelo de desenvolvimento ainda insipiente com Carvalho Viegas e que irá desabrochar com Sarmento Rodrigues. Ponto de tal modo incontornável que Amílcar Cabral não hesitou em pôr o seu nome para identificar a nova República.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (12)

Beja Santos

Antes de chegar o Governador Leite de Magalhães que ficará na Guiné até 1931, vários acontecimentos ganham peso, com realce para a preponderância de Bissau sobre Bolama, há empreendimentos agrícolas que vão caindo por terra, nos Bijagós, mas também no continente. Já se referiu que aumentaram as estradas e as linhas telegráficas, mas as finanças locais mantêm-se anémicas e instáveis. No período da Ditadura Nacional assiste-se a uma redução de despesas: diminuição de efetivos militares, menos administração. É nesta altura que os agentes económicos de Bolama reagem, endereçam ao ministro das Colónias uma farta exposição em 15 de Agosto de 1927, vêm fazer uma defesa histórica de Bolama, é um documento sem precedentes, feito propositadamente para neutralizar a transferência da capital para Bissau:
“Não nos animam mesquinhos propósitos de bairrismo. Para nós esta questão não é uma questão de duas cidades disputando-se a primazia, a honra ou a vantagem de serem a cidade principal da colónia. Procuramos ver o problema através do alto interesse da colónia, pois ele não pode nem deve ser considerado apenas do ponto de vista limitado, embora respeitável e atendível, das conveniências desta ou daquela cidade, deste ou daquele centro de população.
Para isso temos de considerá-lo à face da história, da situação geográfica, económica, financeira e sanitária da província e até da política internacional. No estudo do problema da capital não se pode pôr de parte o ponto de vista histórico”.


De uma publicação de 1925

Enumeram-se elementos sobre a colonização da região, fala-se em missionários, em Cacheu, no período filipino, na fundação de Bissau, cita-se o trabalho de Travassos Valdez, a velha obra de Francisco de Azevedo Coelho, tudo para chegar à ocupação militar da ilha de Bolama em 1830, não sem o protesto veemente do Governador de Serra Leoa, segue-se o conflito com a Grã-Bretanha e a sentença arbitral do Presidente Ulysses Grant. E como se estivesse a dar uma lição de história ao Ministro das Colónias, diz-se apologeticamente:

“Não foi portanto uma necessidade de ocupação que nos levou a fixarmos a capital em Bolama. Quando se transferiu a sede do governo para Bolama já ninguém nos podia contestar a sua posse. Antes o que se vê é que a capital em Bolama surge com a criação da província autónoma, é a maioridade”.

Agora os argumentos são arremessados com outro peso:
“Sob o aspeto geográfico é erro dizer-se que Bolama fica distante de todos os postos da província, por isso não está indicada para ser a sede de governo. Confrontando a sua situação com a de Bissau o que podemos dizer com verdade é que tanto esta cidade como Bolama encontram-se relativamente longe de determinadas circunscrições mas que de ambas se pode ir hoje com toda a facilidade a qualquer ponto da Guiné porque possuímos uma rede de estradas magnífica cortando-a em todos os sentidos (…) A ilha de Bissau está separada do continente por um rio, o Impernal, na região dos Balantas. A ilha de Bolama encontra-se separada do continente pelo mar. Mas é uma distância pequeníssima: de Bolama a S. João, no continente, há uma distância menor que a do Terreiro do Paço a Cacilhas. Quer dizer que quem estiver em S. João, defronte da cidade de Bolama, está em toda a parte do continente. A situação de Bolama permite comunicações rápidas com os principais pontos da colónia, tendo até o Governador Caroço projetado com a construção de uma ponte no rio Corubal a mais importante rede de estradas na parte do continente que fica fronteira a Bolama. Rigorosamente estão a grande distância de Bolama as regiões de S. Domingos e Cacheu, apenas. Como, também, ficam a grande distância de Bissau as regiões de Cacine e Gabu.

Entre Bolama e Bissau, o mais importante centro comercial da colónia, pode também haver comunicações rápidas. A experiência foi feita também pelo Governador Caroço, mandando abrir a estrada que de S. João conduz a Enchudé, povoação fronteira a Bissau. Entre Bolama e S. João, desta povoação a Enchudé e daqui a Bissau havia então um serviço combinado de transportes marítimos e terrestres, gastando-se na viagem duas ou três horas. Estes serviços tornavam mais rápidas e frequentes as comunicações Bolama-Bissau, sabido como é que os vapores da capitania estão sujeitos a marés. Uma das regiões mais ricas da Guiné é Cacine, no Extremo Sul da Guiné, e Cacine, hoje infelizmente despovoada, está a seis horas de Bolama. E o rico e fértil arquipélago dos Bijagós está longe de Bissau e a dois passos de Bolama.

Sob o ponto de vista económico-financeiro, não se pode sustentar, com verdade, a vantagem da capital em Bissau. Nem a economia da colónia nem a situação do tesouro público, a essa economia tão estreitamente ligada, lucrariam com a transferência que se pede, antes a riqueza pública sofreria uma diminuição sensível e as despesas orçamentais em nada seriam comprimidas. Bissau é realmente o grande comercial da província. Ninguém o nega e os signatários são os primeiros que desejam o progresso dessa importante e cada vez mais prometedora cidade. Mas o movimento burocrático em nada contribuiria para o seu desenvolvimento.
Que pode ganhar a economia da província com as repartições públicas em Bissau? E não será ao menos justo, como se pretende alegar, afirmando que Bissau é que paga as despesas públicas? Não, pois a verdade é que não é Bolama ou Bissau que preenche o orçamento, mas sim toda a província ou, para sermos inteiramente justos, o indígena, a grande, a suprema riqueza da colónia. E os agentes económicos que apelam ao ministro das Colónias falam no orçamento, desmontam as despesas da administração no intuito de concluir que “da transferência da capital resultava inevitavelmente a desvalorização da riqueza pública, desvalorização que se refletia também no orçamento da província. É má hoje, é difícil e quase acabrunhante a situação financeira da Guiné. Pois bem, o estado que tem edifícios seus em Bolama no valor de sete mil contos – e alguns que honram já a cidade colonial – abandonava simplesmente esses prédios, esses valores, essa riqueza, retirava-se amuado para Bissau e a fantasia desse amuo custava-lhe dez mil contos. Quem poderá dizer que isso é sensato?

Há toda a conveniência em estabelecer as capitais das províncias ultramarinas nos pontos mais salubres, mais tranquilos até. Os funcionários, incluindo o governador, devem viver nos pontos onde a salubridade seja maior, rodeados do conforto material e moral que só a família proporciona. Colocar a capital num mau clima – e Bissau é incontestavelmente um mau clima – é fazer inversamente a seleção do funcionalismo. Para um mau clima, só podem ir os maus funcionários, os inferiores, os falhados, porque os funcionários competentes têm outras colónias que lhes abrem as portas e onde se encontram sob o ponto de vista sanitário e sob o ponto de vista social melhor instalados.
Bolama, com o seu ar de velho burgo, docemente ensombrada pelas árvores, que dir-se-ia estender-nos, ao chegarmos, os seus braços verdes e aconchegantes, com a sua fisionomia de velha cidade da província portuguesa, é inclusivamente pela atmosfera de quietude, de paz e de tranquilidade que nela se respira, a cidade mais indicada para a capital política da colónia. As colónias para o tratado de Versailles existem com um alto objetivo de civilização. Não para os países incapazes as conversarem abandonadas, desprezadas, desvalorizadas, em nome de um frágil direito histórico. Não se pode abandoná-las, nem abandonar ou desprezar uma colónia ou qualquer porção do seu território. Portugal sobretudo não deve perder de vista este princípio, conhecidas as cobiças de todos os lados sofregamente espreitam o nosso império colonial.

É possível até que seja escusada e supérflua a nossa defesa de Bolama, porque o primeiro e o mais ilustre defensor da capital nesta cidade é o senhor Major Leite de Magalhães, distinto Governador da Colónia, e não é com o seu assentimento decerto que a sede de governo se fixa em qualquer outro ponto. Basta atentar em todos os seus atos desde que chegou a esta colónia, para se concluir que sua excelência só deseja o progresso de Bolama. E não é necessário referirmo-nos a muitos desses atos como a construção de um casino, que Sua Excelência patrocina e o novo palácio do governo que quer edificado. Logo tomou posse do governo, o senhor Major Leite de Magalhães propôs ao Ministério das Colónias a extinção da Comarca Judicial em Bissau e a criação de uma Comarca única em Bolama, o que só significa, por parte de Sua Excelência o desejo de alevantar e engrandecer esta cidade. E embora neste ponto nos permitamos discordar de Sua Excelência, temos a concluir que a significação da sua atitude é bem eloquente.
É lícito abandonar esta velha terra portuguesa?”.


Da Revista Panorama n.º 21 de 1944

Mas a decisão de mudança só ocorreria mais tarde, a despeito do que na exposição enviada pela direção da Associação Comercial da Guiné com a Comissão Urbana de Bolama, a transferência será decidida no final dos anos de 1930 e concretizável em 1941, já começara acentuadamente a decadência de Bolama.

Sempre atento a tudo quanto se passava à sua volta, o gerente da filial de Bolama enviou cópia deste documento para Lisboa, a Administração do BNU queria-se sempre bem informada, política, social e economicamente, de tudo quanto se passava em território guineense.

(Continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 1 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18032: Notas de leitura (1019): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (11) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 4 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18042: Notas de leitura (1020): “Cartas de Amílcar Cabral a Maria Helena”, organização de Iva Cabral, Márcia Souto e Filinto Elísio, Editora Rosa de Porcelana, 2016 (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18505: Notas de leitura (1056): Colóquio Internacional "Bolama Caminho Longe" (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Na década de 1990, no âmbito de uma iniciativa destinada a revitalizar a cidade de Bolama, realizou-se um colóquio internacional onde houve intervenções de muitíssima boa qualidade, tem todo o cabimento dar-lhes aqui guarida.
Neste texto dá-se voz a um belíssimo trabalho do investigador francês sobre testemunhos de viajantes em torno de Bolama. A ilha sempre fascinou navegadores, comerciantes e aventureiros, convém recordar que os primeiros relatos de ocupação do arquipélago apontam para o período quatrocentista, cresceu depois a importância dos negócios ao longo do rio Grande de Buba, no continente, os Beafadas, que habitavam na zona costeira fizeram frente ao povo Bijagó. Temos descrições sobre os Bijagós com data de 1457, registos cartográficos a partir de 1468 e relatos de André Alvares de Almada e Duarte Pacheco Pereira de grande importância. E o processo de crescimento de Bolama ficou indissociavelmente ligado à região de Quínara e rio Grande de Buba. Pela sua posição geográfica, atraía a navegação marítima estrangeira e daí a aura de grande beleza com que irá ser descrita em documentos nacionais e estrangeiros.

Um abraço do
Mário


À procura da identidade de Bolama: 
Imagens da capital segundo relatos de viajantes europeus (2)

Beja Santos

Na obra dedicada ao colóquio internacional “Bolama Caminho Longe, Bolama entre a generosidade da natureza e a cobiça dos homens”, coordenada por Carlos Cardoso, edição do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Bissau, 1996, há um curioso texto assinado por Jean-Michel Massa, da Universidade da Bretanha, Rennes, França, dedicado às razões porque se escolheu Bolama como capital, em 1879.

O autor intenta proceder a uma reflexão sobre factos convergentes, decisivos, que levaram a que, contra toda a expetativa que existia quanto a duas aglomerações urbanas importantes, Cacheu e Bissau, a escolha recaiu sobre Bolama. Mais do que simbolicamente, esta escolha era interpretada como um corte com o cordão umbilical, depois de vários séculos de uma extensa mas vaga referência aos Rios de Guiné do Cabo Verde surgia a Guiné Portuguesa com uma capital de praticamente de raiz. Bolama não surgiu de repente. Navegadores e viajantes referem o Rio Grande, os Bijagós, a Ilha das Galinhas, a ponta de Bolama no Sul da ilha. E o autor exemplifica com a Descrição da Serra Leoa e dos Rios da Guiné e de Cabo Verde, de André Donelha, 1625, fala-se da ponta de Bolama que é terra dos Beafares (Beafadas) que está diante do Rio Grande de Guinala e Biguba (Buba) e acrescenta Donelha: “Indo correndo da Ponta da Bolama para ir ao chamado Rio Grande, sendo pequeno, ficando a terra de Bolama já nos Beafares, à nossa mão esquerda”. Lemos Coelho (1669) dirá que Bolama e a Ilha das Galinhas estavam desabitadas. O holandês Olfert Dapper (1668) referirá o Rio Grande mas não fará qualquer referência a Bolama. O senhor de La Courbe na sua primeira viagem à costa de África, 1685, fará referência expressa à ilha de Bolama e tecerá um comentário edénico, falando mesmo de elefantes e da existência de muitas fontes.

Jean-Michel Massa chama a atenção para outros testemunhos, procurando dissociar os viajantes que relatam o que viram e os viajantes que se limitam a dizer o que leram de outros viajantes. Para o investigador é em finais do século XVII, princípios do século XVIII que se irá definir o lugar de Bolama. O relato de Labat, Relação da África Ocidental, 1728, em sete volumes revela que o autor nunca esteve m Bolama mas construiu uma imagem bastante favorável da ilha. Galberry, que escreveu Fragmentos de uma viagem a África, 1802, também não conheceu Bolama, mas não deixa de fazer uma exaltação quase apoteótica às belezas da ilha. Estamos já numa época em que diferentes viajantes franceses incitam os seus compatriotas a instalarem-se no paraíso bolamense.

Monumento aos aviadores italianos falecidos em Bolama, imagem retirada do blogue Cadernos da Libânia, com a devida vénia

Antes de falar de Philip Beaver que irá estabelecer em Bolama, em 1792, uma importante colónia inglesa que redundará num completo fracasso, refere com muitos pormenores Duas Descrições Seiscentistas da Guiné, de Francisco Lemos Coelho, como se segue:
“Não terá mais do que quatro léguas de circuito mas é formosa e tem logo à entrada mui bons portos; a terra é fertilíssima, mui cheia de palmeirais e de árvores fruteiras, mui abundante de madeiras para fazer grandes fábricas de navios; tem um rio que a costa da terra de Guinala o qual tem um boca no Rio Grande, e a outra sai fora de fronte da ilha de Bissau, aqui é que o capitão Cristóvão de Melo foi de parecer que havendo de se mudar a povoação de Cacheu fosse para aqui, sendo forçoso ficar como no meio da Costa da Guiné, a viagem da Serra Leoa fica muito mais perto, a povoação de Geba para o negócio da cola dentro de casa, os Bijagós em frente; sobretudo livre de tantos perigos com tem a barra de Cacheu e serem aqui logo os brancos senhores da terra em que moram e podem fazer logo fazendas e em Cacheu não serem senhores nem da água que bebem; quando Sua Majestade que Deus guarde puser os olhos neste império então se fará o que parecer mais acertado”.

Noutra descrição, Lemos Coelho dar-nos-á uma versão muito semelhante ao que vimos atrás:
“Nesta ilha de Bolama foi de parecer o capitão Cristóvão de Melo (homem muito prático e antigo da Guiné quando se falava em mudar a povoação de Cacheu, que em nenhuma parte convinha que fosse a principal povoação e assistência do capitão-mor senão nesta ilha. Esta ilha fica no meio de toda a Costa da Guiné: a viagem de Serra Leoa mais perto, mais perto a povoação de Geba para o negócio da cola; os Bijagós de frente, a viagem da Costa e Gâmbia a mesma viagem, e menos riscos de baixios; os vizinhos caseiros o melhor gentio, que são os Beafadas”.

Está finalmente esclarecida a escolha de Bolama: a situação geográfica, a abundância da água, a vegetação, a terra fértil. Também o capitão Philip Beaver irá escrever um relato de 500 páginas sobre Bolama e os seus predicados. Como se disse atrás, Beaver irá instalar 275 colonos ingleses, o fracasso foi total. Na sua sequência, começará a disputa entre Inglaterra e Portugal, a Inglaterra irá alegar os direitos adquiridos pelas terras compradas e Portugal irá destacar a antiguidade dos seus direitos na região. A arbitragem do presidente norte-americano Ulysses Grant será favorável a Lisboa. Os oito anos que irão decorrer entre 1871 e 1879 permitirão a organização da infraestrutura administrativa: o distrito de Bolama a par dos distritos de Cacheu e Bissau, será instalada uma comissão municipal e criada uma paróquia. A criação de uma alfândega tornou-se o símbolo da presença colonial. E a cidade cresce. Entretanto, a França estende os seus tentáculos em toda a região de que é hoje o Senegal, iremos perder Ziguinchor.

Imagem da estátua hoje desaparecida do presidente Ulysses Grant, inaugurada em 1955, retirada com a devida vénia do blogue Bolama Minha Terra

Data de 1834 a descrição de Bolama pelo naturalista alemão Richard Greef. Ele desembarcou aqui em 17 de Novembro de 1879 e descreve a ilha luxuriante, as ruas da cidade em fase de pavimentação e pormenoriza informação sobre os insetos. Por essa época surge o Almanaque de Lembranças Luso-brasileiro. Veja-se Gaudêncio da Silva Gonçalves a descrever Bolama:
“Situada na embocadura do Rio Grande, tem um óptimo ancoradouro abrigado pela terra-firme, que lhe fica fronteira. O comércio é ali mantido por quatro ou cinco fortes casas francesas, cujas ramificações se estendem até Bissássema e Cacheu. O solo é feracíssimo de uma vegetação espontânea e maravilhosa e o clima é o mais salubre da Senegâmbia. Pelos esforços do governo da metrópole que, com tanta solicitude procurou promover nestes últimos tempos o engrandecimento das colónias, a Guiné Portuguesa acaba de ser levada à categoria de província ultramarina”.

No termo da sua comunicação, e seguramente olhando à volta a desolação de uma cidade em abandono, Jean-Michel Massa faz a exaltação da Imprensa Nacional, para ele um raio de luz para o renascimento da cidade, um renascimento sobre a égide da cultura.

Em anexo ao seu texto dá à estampa a carta de Claude Trouillet, datada de 26 de Maio de 1882 em que diz que a ilha é um porto natural magnífico, todo o comércio está nas mãos dos franceses, a nação francesa é muito amada aqui a tal ponto que certas tribos dos Bijagós arvoram nas suas pirogas o pavilhão da França. E acrescenta:
“A ilha tem de ponta a ponta 27 ou 28 quilómetros e a sua largura é de 10 a 11. Os rios que servem para o transporte de mercadorias são: Geba, Rio Grande, o Tombali e o Cacine, mais ao Sul, nas possessões francesas, o Compony, os rios Nuno e Pongo. Bolama é sobretudo frequentada pelos Nalus, Bijagós, Papéis, Brames e Fulas”. E descreve depois as riquezas e as potencialidades da colónia portuguesa, dizendo que em Bolama havia um governador com o posto de coronel, alfândega, hospício militar e igreja católica e que na cidade se publicava o Boletim Oficial do Governo-Geral da Província de Cabo Verde. E conclui: “Consideramos que é dever dos franceses fazer tudo o que estiver ao seu alcance para colonizar um país que em breve será cobiçado pelos nossos vizinhos da Europa”.
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Nota do editor

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6942: Memória dos lugares (97): Bolama, a antiga capital colonial, um património em ruínas (Patrício Ribeiro)


Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Antigo Palácio de Bolama, vai cair brevemente. [Sede da antiga Câmara Municipal, onde Carlos Domingos Gomes, Cadogo Pai,  foi vereador em 1957; em Bolama, em 1949, nasceu o actual 1º Ministro, Carlos Gomes Jr.; aqui também viveu na infância o nosso amigo Prof Leopoldo Amado, cujo pai era chefe dos correios...].



Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Antigo Banco de Bolama, já caiu.



Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Futura Sede da AMI em Bolama, em recuperação.



Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Antiga fonte com minas, casa de bombagem de água de Bolama, em recuperação. “Muitos antigos combatentes, por aqui namoraram as lavadeiras”.


Fotos (e legendas): ©  Patrício Ribeiro (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1.Mensagem do nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro (antigo grumete fuzileiro especial, em Angola, 1969/72; cooperante, primeiro, empresário, depois, na Guiné, há mais de um quarto de século; "pai dos tugas": o nosso agente em Bissau, secretíssimo...) (*)

Olá, Luís:

Junto algumas fotos recentes dos edifícios de Bolama, feitas no meu último passeio por estas bandas, em Agosto de 2010. Destinadas aos que por lá passaram, para poderem recordar. Os morcegos, esses, ainda lá estão…

Alguns destes edifícios são Monumentos Coloniais Portuguese, que se vão perdendo (*)…

Para lá chegar, o mais prático é utilizar as canoas públicas, ou de aluguer.

Há lugar para dormir e comer, no Projecto de Pesca Artesanal PRODEPA, com água corrente e com energia solar 24 horas.

Patrício Ribeiro

2. Comentário de L.G.:

Mano Patrício, e não se pode fazer nada ? Muita malta nossa passou por Bolama (a antiga capital da colónia da Guiné, até 1941, se não me engano). Chegou a ser uma centro de instrução militar importante. Sobre Bolama temos mais de meia centena de referências no nosso blogue. O património edificado pelos povos é pertença da humanidade. Muitos destes edifícios, de traça colonial, falam de uma época, que não pode ser, pura e simplesmente apagada da memória de todos nós, guineenses e portugueses... Não sei se iremos a tempo de os salvar da ruína... Felicitemos, ao menos, o exemplo da AMI que recuperou um destes edifícios... 

Há mais fotos (antigas) de Bolama, do tempo dos portugueses, no blogue Rumo a Fulacunda, do nosso camarada Henrique Cabral. Veja-se também a página de Medeiros Franke. E, naturalmente, a nossa carta militar de Bolama (temos as restantes, do arquipélago dos Bijagós, e demais ilhas, à espera de melhores dias para aparecerem na Internet)...

Obrigado, Patrício, pelo teu cuidado e sensibilidade. Vai mandando as "chapas" e "apontamentos" das tuas andanças por aquela terra verde e vermelha que nos ficou no coração. A terra e as suas gentes.  Um abraço. Luís (PS - Apita, quando voltares a Lisboa: o João Graça e eu  devemos-te um almoço ou jantar).

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Nota de L.G.:

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20152: Jorge Araújo: memórias de Bolama: a imprensa e o comércio locais há oito décadas atrás.



Bolama (1964) – Fonte: Arquivo Digital > Foto de   Manuel da Silva Pereira Bóia, com a devida vénia).


Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Ruína do antigo Palácio de Bolama, que foi sede da administração colonial

Foto: © Patrício Ribeiro (2010)Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Guiné-Bissau > Bolama (2017) >  Fonte: Jornal "O Democrata", Bissau, edição de 12 de Abril de 2017, com a devida vénia).





O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, indigitado régulo da Tabanca de Almada; tem c. 225 registos no nosso blogue.


MEMÓRIAS DE BOLAM: A IMPRENSA E O COMÉRCIO LOCAIS HÁ OITO DÉCADAS ATRÁS 



1. INTRODUÇÃO

Emerge esta narrativa do facto de terem surgido no Fórum, nas últimas quatro semanas, vários subsídios históricos alusivos à Ilha de Bolama. Uns, os mais antigos, relacionados com a sua descoberta e a presença portuguesa em África [P20104]. Outros, do princípio do Século XX, através de testemunhos do 2.º Sargento António dos Anjos, onde descreve ao pormenor a sua comissão de dois anos na Guiné, iniciada em 29 de Março de 1911, a primeira, com vivências em Bolama [P20041 e P20059]. Os últimos, recuperando uma efeméride de terror, pela quantidade de sangue derramado, respeitante aos trágicos acontecimentos de Morocunda, em Farim, nos dias 1 e 2 de Novembro de 1965, em que se presume ter sido o ex-presidente da Câmara Municipal de Bolama, Júlio Lopes Pereira, o seu "autor moral", e de que resultaram mais de três dezenas de mortos e cerca de uma centena de feridos [P20130, P 20135, P20140 e P20144].

Corolário da conjugação desses diferentes factos e análises historiográficas e sociológicas dadas à estampa pelos seus autores, permitiu adicionar-lhe uma outra abordagem, ainda pouco aprofundada, e que acabaria por corresponder ao tema em título. E esse aprofundamento, ou questão de partida, nasceu, inicialmente, da consulta ao trabalho de investigação do historiador guineense, Leopoldo Amado, publicado no seu livro «Guineidade e Africanidade», das Edições Vieira da Silva, 2013.


2. A IMPRENSA E O COMÉRCIO LOCAL HÁ OITO DÉCADAS ATRÁS

De forma sucinta e como antecedente histórico, Leopoldo Amado defende que Portugal, ao sair vitorioso da disputa por Bolama em que se vira envolvido com os Ingleses, ainda que com a sentença arbitral do Presidente norte-americano, Ulisses Grant, ficou obrigado a proceder à implantação de uma administração que garantisse a soberania sobre o território, bem como a criação de um mínimo de infraestruturas, que até então tinham estado sob a tutela do Governo-geral de Cabo Verde.

E é em 1879 que a Guiné ganha o estatuto de Província, passando Bolama a ser a sua capital, onde oito anos antes (1871) havia ganho o estatuto de Concelho [hoje, Município]. Desde então o Governo da Guiné passou a preocupar-se mais com as guerras de pacificação, e a prosseguir com a intervenção na estruturação da sua administração, processo que decorreu aproximadamente até aos finais da década de 30 do século XX.

Quanto à Imprensa, e na sequência do processo de pacificação, Leopoldo Amado acrescenta: "os colonos entregaram-se às tarefas mais prementes como, por exemplo, a instalação da tipografia em 1879 e a criação do Boletim Oficial da Guiné em 1880 que, não obstante alguns pequenos hiatos, foi publicado ininterruptamente até 1974" [P11804]

2.1. A IMPRENSA COLONIAL

De acordo com a narrativa de Leopoldo Amado, é no ano de 1879, com a instalação de uma tipografia em Bolama e com a constituição do primeiro grupo de tipógrafos guineenses que, no ano seguinte (1880), começa a ser editado o Boletim Oficial da Guiné. Acrescenta ainda que "a década de 30 [do século passado] nem por isso foi fértil."

Entretanto, em consulta à obra do jornalista guineense António Soares Lopes Jr. (Tony Tcheka), em «Os media na Guiné-Bissau», publicado pelas Edições Corubal, em Agosto de 2015 (capa ao lado, da 1.ª edição), aí se aprofunda um pouco mais sobre as origens da tipografia e, concomitantemente, a sua importância para a evolução da imprensa escrita.

António Lopes refere que "o surgimento da imprensa na Guiné-Bissau está intimamente ligado à instalação de uma tipografia em Bolama, em 1879, que seria mais tarde designada por Imprensa Nacional da Guiné Bissau. Nesta unidade se constituiu o primeiro grupo de tipógrafos guineenses, a maior parte deles, já com instrução primária feita. Depois, em 31 de Outubro de 1883, foi em Bolama editada a primeira publicação,  'Fraternidade', dedicada à sensibilização e recolha de fundos para socorrer as vítimas da estiagem que tinha ocorrido, nesse mesmo ano, em Cabo-Verde.

Em 1920, quarenta anos depois da criação da Tipografia em Bolama, surge na banca a terceira publicação, 'Ecos da Guiné'. Seguiram-se em 1922, a 'Voz da Guiné', um quinzenário republicano independente, e em 1924 o 'Pró-Guiné', órgão do Partido Democrático Republicano. Estas publicações pertenciam a portugueses radicados na Guiné." (op. cit. p35)

Por outro lado, o primeiro periódico editado e dirigido por um guineense, o advogado Armando António Pereira, foi 'O Comércio da Guiné', em 1930, tendo tido, contudo, uma curta duração, com encerramento no ano seguinte. No entanto, congregou à sua volta figuras de relevo da sociedade guineense, como o poeta Fausto Duarte (coordenador de um dos Anuários da Guiné-1946), Alberto Pimentel, Álvaro Coelho Mendonça, Juvenal Cabral (pai de Amílcar Cabral), João Augusto Silva e Fernando Pais de Figueiredo." (op. cit. p36).

Após o encerramento de 'O Comércio da Guiné', surgem três outros jornais, todos de número único e por isso, como afirma Leopoldo Amado,  "sem qualquer importância para o sujeito em estudo". Foram eles, respectivamente, o '15 de Agosto', em 1932, o 'Sport Lisboa e Bolama', em 1938, e 'A Guiné Agradecida', em 1939." [P11804].

"Entretanto, a década de 40 do século XX inicia-se com um acontecimento importante: a capital da Guiné é transferida de Bolama para Bissau, e dela resulta que Bissau cresce a olhos vistos, enquanto Bolama perde a sua vitalidade. Na verdade, a transferência da capital para Bissau foi um duro golpe para a elite africana de cariz pequeno-burguesa de Bolama, dispersando-se por imperativos de força maior. Por isso, a actividade literária e cultural em geral foi o primeiro sector a apresentar sinais palpáveis de um retraimento significativo, a ponto de se paralisar qualquer actividade editorial na Guiné, exceptuando as publicações do Boletim Oficial da Guiné." (Leopoldo Amado; P5147].


Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Cabeçalho do jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, 12 pp. (com a devida vénia).

2.2. O 'SPORT LISBOA E BOLAMA', EM 1938

Partindo da referência supra, mas procedendo em sentido contrário ao de Leopoldo Amado, entendemos que se justificaria tudo fazer para encontrar este número do jornal do Sport Lisboa e Bolama, que, por ser único, era de primordial importância localizá-lo.

E assim aconteceu.

Este jornal único do Sport Lisboa e Bolama é editado a propósito das comemorações do 5.º Aniversário da sua fundação em Bolama, em Novembro de 1933, inspirado no Sport Lisboa e Benfica (fundado em  28.02.1904), como se prova na figura acima. Com a transferência da capital de Bolama para Bissau, nasce o Sport Bissau e Benfica, em 27.05.1944, sendo a vigésima nona filial do Sport Lisboa e Benfica.

O seu estádio é considerado como sendo a mais antiga instalação desportiva da Guiné-Bissau, tendo sido inaugurado com a designação de «Estádio de Bissau», em 10 de Junho de 1948, pelo então governador da Província da Guiné, Manuel Maria Sarmento Rodrigues (1899-1979), quatro anos depois da inauguração do «Estádio Nacional», no Jamor. 

Mais tarde o «Estádio de Bissau» passou a designar-se por «Estádio Sarmento Rodrigues», em homenagem àquele governador. Na sequência da independência da Guiné-Bissau, em 1974, a designação anterior foi, de novo, alterada, passando a designar-se por «Estádio Lino Correia», em homenagem ao antigo jogador da União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB), e guerrilheiro do PAIGC, morto em 1962.

 Eis o programa das Festas: entre 26Nov1938 (sábado) e 04Dez1938 (domingo)



2.3. O COMÉRCIO LOCAL QUE CONTRIBUIU PARA OS FESTEJOS

Como elemento historiográfico relacionado com o comércio existente em Bolama, naquela época, e para memória futura, apresentamos o nome das empresas que patrocinaram o 5.º Aniversário do Sport Lisboa e Bolama. De entre os comerciantes e industriais , destaque para os nossos já conhecidos  Fausto [da Silva] Teixeira (, "Serração Eléctro-Mecânica") e Júlio Lopes Pereira (representante na Guiné da máquina de escrever Royal).

[Recorde-se que o Fausto Teixeira foi um dos primeiros militantes comunistas [, segundo reivindicação do PCP,] a ser deportado para a Guiné, logo em 1925, com 25 anos, ainda no tempo da I República; era dono, em novembro de 1938,   segundo o anúncio, que abaixo se reproduz, de "a mais apetrechada de todas as Serrações existente nesta Colónia". E o anúncio acrescenta: "Em 'stock' sempre as mais raras madeiras. Preços especiais a revendedores. Agentes em Bolama, Bissau e nos principais centros comerciais da Guiné"... Na altura a sede ou o estabelecimento principal era no Xitole... Foi expandindo a sua rede de serrações pelo território: Fá Mandinga,  Bafatá,  Banjara...  Era exportador de madeiras tropicais, colono próspero e figura respeitável na colónia em 1947, um dos primeiros a ter telefone em Bafatá, amigo de Amílcar Cabral, tendo inclusive ajudado o Luís Cabral a fugir para o Senegal, em 1960... Naturalmente, sempre vigiado pela PIDE...Nota do editor, LG]



Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital >  Jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, p. 7  (com a devida vénia).




















Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

13SET2019
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