sábado, 2 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22589: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (16): Mais algumas fotos dos meus passeios: Bolama, junho de 2021


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, "ao luar"...



Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, vista de dia...


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 >  Guarita de um antigo quartel militar português, em ruinas  (possivelmente o do CIM - Centro de Instrução Militar)



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Outra  guarita de um antigo quartel militar portuguê, em ruínas  (possivelmente o do CIM - Centro de Instrução Militar)



Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Antigo edifício da Câmara Municipal. Em completa ruina.


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Outra vista do antigo edifício da Câmara Municipal. Em completa ruína.



Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 >  Antigo quartel, agora refeitório,  pertencente à escola da Formação de Pescadores do Ministério das Pescas.



Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Escola Superior de Educação (ESE), Unidade de Ensino Amílcar Cabral 



Foto nº 8A> > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > 
Escola Superior de Educação (ESE), Unidade de Ensino Amílcar Cabral. Aqui formam-se professores.



Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Depósito de água



Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 >  Porto de Bolama.


Foto nº  11 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Cais do porto de Bolama, cheio de sacos de caju.
 

Foto nº  12 > Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > Praia de Bolama de Baixo.


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Patrício Ribeiro (português, natural de Águeda, da colheita de 1947, criado e casado em Nova Lisboa, hoje Huambo, Angola, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. XX, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda; membro da nossa Tabanca Grande, com 107 referências no blogue):


Data - quinta, 30/09, 18:31

Assunto - Fotos de Bolama, junho 2021

Luís, envio mais algumas fotos, dos meus passeios.


Bolama, junho de 2021

Numa noite, no final de junho 21, em que a lua estava muito ativa, era a maior lua do ano, tirei esta foto ao Presidente Ulisses. (Foto nº 1).

A estátua tinha voltado para cima do pedestal “e com a sua cabeça” (Foto nº 2). Fiquei surpreendido… 

O busto esteve deitado durante décadas no quintal da casa do governador (perto da estátua
dos aviadores Italianos) e de lá desapareceu a cabeça. O seu desaparecimento, originou diversos problemas a algumas pessoas.

Esta questão foi muito comentada em Bolama e Bissau, no meio da comunidade portuguesa (Na última foto que tinha eu enviado de Bolama para o blog, não havia estátua, só o pedestal).


A estátua em 1964. Cortesia do blogue
Bolama Minha Terra  e do ACTD - Arquivo
Científico Tropical Digiatl
Seguem fotos da porta de armas e guaritas, de alguns antigos quarteis portugueses (Fotos nºs 3, 4 e 7).  Construídos provavelmente depois da Reunião na Presidência do Concelho em Maio de 1969, onde se passou a dar formação militar. Aqui se deu instrução ao DFZ 21 e 22 (Operação Mar Verde, António Luís Marinho)

Junto mais algumas fotos, do que era a Bela Bolama. Por onde alguns, os últimos os amantes do Império se passearam, criando emprego aos antigos subordinados, até ao fim das sua vidas. Eram os “doidos do império” (Angoche, Carlos Vaz Marques)

Como podem ver nas fotos do Palácio (Camara Municipal), já só restam as colunas, os morcegos, perderam a casa grande. Junto foto (Fotos nº 5 e 6).

A escola de formação de professores, Escola Superior da Educação, Unidade de Ensino Amílcar Cabral.  (Fotos nº 8 e 8A), continua a funcionar em pleno, mesmo com as greves de diversos meses dos funcionários públicos. Também é uma agradável surpresa, que os professores e alunos estejam tão intTeressados. A escola tem o apoio da ONG Portuguesa FEC (Fundação Fé e Cooperação). Tem aulas diurnas e noturnas.

Junto ainda fotos do depósito de água (Foto nº 9). bem como do porto de Bolama de Baixo, por onde desta vez desembarcamos em Bolama (Fotos nºs 10 e 11).

Saímos de Bissau de bote para Bolama de Baixo, foram 3,5 h de viagem, mesmo com os fatos para a chuva, tomamos banho de água salgada, chegamos à bonita praia que também é o porto (Foto nº 12). Depois seguimos de viatura até à cidade, pelo meio dos cajueiros.

A Ilha de Bolama transformou-se num grande produtor de caju. Teve influência a instalação da fábrica de descasque de caju, que o Comandante Alpoim Galvão instalou na ilha, a partir da qual exportava para todo o mundo o caju já descascado e biológico, em vácuo. Era transportado em canoas, até Bissau.

Fotos do porto de Bolama, por onde saíram milhares de toneladas de caju, que era transportado em canoas para Bissau. Este ano a Guiné, já exportou 200.000 toneladas.

Atualmente não há barco de carreira para Bolama, só para Enchudé, depois há que apanhar um camião e muito pó, até S. João,  e dali a travessia é feita de bote de madeira, para Bolama.

No regresso a Bissau, mais uma vez na canoa de transporte, 2,5h, pelo canal da Coroa de Bolama, que fica seco, com a maré baixa.

Fotos para recordar, a quem por aqui andou há 50 Anos.

Abraço,

Patrício Ribeiro
impar_bissau@hotmail.com

___________

Notas do editor:

11 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Patrício, não conheci Bolama, fui direitinho para o CIM de Contuboel em 2/6/1969,mas há camaradas nossos que vão reconhecer estes sítios, com alguma saudade. Estou-te grato por te ires lembrando do nosso blogue, tu que és o veterano dos veteranos, o "pai dos tugas", como te chamam os "djubis" em Bissau. Mantenhas. Luís

Valdemar Silva disse...

Com a nossa CART2479, mais tarde CART11, criou-se o CIM de Contuboel em Fev/Março1969, para onde todos fomos, directamente, chegados a Bissau.
É interessante o Patrício aproveitar para viajar por toda a Guiné, que muitos de nós conhecemos à cinquenta anos.
Pelas fotos ainda lá está a estátua do Ulisses Grant, não fosse ele, provavelmente, aquela gente teria criado palavras em crioulo de origem inglesa, e que julgo ser de bronze não foi vendida a "colecionadores". Outra coisa não aconteceu a um dos canhões na porta de entrada do antigo CIM, e sendo as colunas da antiga Câmara em pedra deverão aguentar, pelos tempos, em pé até ficar como o "Templo dos Tugas".

Abraço e saúde
Valdemar Queiroz

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

A estátua que se encontra na pedestal já não é a original. A original foi danificada e abandonada. Um jovem artista amador de Bolama resolveu devolver a imagem com material local. Quem conhecia a estátua original poderá notar algumas diferenças.

Estive ontem em Bolama, numa missão de serviço ao Hospital local.

Com um abraço,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Cherno, sempre amável e oportuno. Mantenhas.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Divulgando blogues da nossa blogosfera lusófona:


BOLAMA MINHA TERRA, de MaryBolama. Criado em 2011. Infelizmente só tem 2 postes.

http://bolamaminhaterra.blogspot.com/2011/04/patrimonio-estatua-ulisses-grant.html

Valdemar Silva disse...

Caro Cherno Balé
Realmente, esqueci-me do "esquartejamento" da estátua, a memória está a fraquejar.
Pois, em 2007, o Governador e o Administrador de Bolama foram detidos por alegado envolvimento do desaparecimento dos "bocados" da estátua e, também, Alpoim Galvão foi interrogado pela Judiciária Guineense sobre o mesmo assunto.
Por ter grandes semelhanças, vendo a imagem da nova estátua faz confusão.
Tenho pena de não ter ido conhecer Bolama, ou às Bijagós em geral.

Abraço e boa saúde
Valdemar Queiroz Embaló

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Excerto do blogue
BOLAMA MINHA TERRA, de Mary Bolama, criado em 2011


sexta-feira, 8 de abril de 2011
Património - Estátua Ulisses Grant

http://bolamaminhaterra.blogspot.com/2011/04/patrimonio-estatua-ulisses-grant.html


(...) O que me levou a escolher este bem patrimonial.

Muito embora já não exista, esta estátua marcou muito a minha infância devido ao local onde se encontrava, um jardim público com bancos para sentar, canteiros de flores e espaço para as crianças brincarem. Eu ia frequentemente para lá porque ficava mesmo ao lado da casa onde fui educada. Gostava de correr à volta da estátua e falávamos com a estátua. Coisas de crianças…

Em minha casa falávamos o crioulo da Guiné e o crioulo de Cabo-verde, também falavam comigo português, pois a minha madrinha era professora na Escola da Missão Católica, e o Sr. Padre, apesar de falar crioulo, falava em português connosco pois era obrigatório na escola falar o português. Esse Padre ainda está vivo e já o fui visitar no Colégio da Luz, em carnide.

Foi pena tudo o que aconteceu, pois logo após o 25 de 1974, quando se deu a independência das ex-colónias, a mentalidade que surgiu no país independente e soberano obrigou a que tudo o que os “colonialistas” deixaram devia desaparecer, mas isso foi uma ideia errada porque faz parte da história, embeleza o espaço onde foi feito e pertence a todos.
Na altura deste acontecimento eu tinha 10 anos. Eu e as outras crianças ficámos tristes e algumas até choraram por causa do vazio que ficou. O derrube da estátua, igual a tantos outros, deu-se por se tratar de uma estátua feita em bronze. Os restos foram cortados e, por ambição desmedida de algumas pessoas, fizeram a comercialização desses pedaços de bronze.

O Governador e o Administrador de Bolama foram detidos por alegado envolvimento na venda de restos do bronze da estátua que o Sr. comandante português Alpoim Galvão comprou. Este foi até sujeito a termo de identidade e residência e impedido de sair da Guiné-Bissau pelas autoridades que alegavam o seu envolvimento no desaparecimento de partes de uma estátua em bronze.

O alegado envolvimento do empresário português, levou as autoridades Guineense a impedirem-no de sair da Guiné-Bissau, quando já se encontrava no aeroporto com destino a Lisboa, a viagem que só conseguiu fazer mediante o pagamento de uma caução de cinco milhões de francos CFA.

Foi pena tudo o que aconteceu com a estátua de Ulisses Grant, um património histórico para a cidade de Bolama.

Há pessoas que estão a providenciar e fazer tudo juntamente com as autoridades americana da cidade do Ex-Presidente General Ulisses Grant, se haverá possibilidade de levar uma outra réplica da estátua para ser colocada no mesmo sítio. Eu farei também tudo o que estiver ao meu alcance com essas pessoas, para que isto se torne uma realidade, porque esta estátua marcou muito a minha infância. (...)

Eduardo Estrela disse...

Bolama bonita e harmoniosa.
Quem te viu em 1969 e quem te vê agora.
Junto ao cais e encostado á piscina havia a tasca do cabo Augusto, onde no final do dia nos reuniamos para beber cerveja e comer ostras.
Obrigado Patrício pelo envio das imagens memórias.
Grande abraço.
Eduardo Estrela.

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Volto a recordar que o Hino, a Bandeira, o Sistema Político etc, são outros e nós não temos nada a ver com o que lá se passa. Neste caso particular, acho que os guineenses não existiram como tal se Ulysses Grant tivesse arbitrado ao contrário. Provavelmente a Guiné estaria dividida entre o Senegal e a Rep. Guiné e, por isso, se há estátua que se justifica esta é uma delas. Faz-me pena ver os estado lastimoso quem que se encontram algumas infraestruturas que os portugueses por lá deixaram, exemp. o ex-CIM e o palácio que chegou a ser residência do governador quando Bolama era a capital. Claro que muitas outras estruturas: abrigos, espaldões, vedações dos aquartelamentos não servem para nada e podem ser destruídos, mas alguns edifícios: escolas, edifícios sanitários e administrativos de tantos tipos etc. degradados fazem-me pensar se a Guiné será um país assim tão rico que se possa dar ao luxo de os deixar cair. Que se passará com o monumento aos aviadores italianos ou o do descobridor? Os factos que evocam fazem parte da história do País e não contêm nada de desprestigiante.
Podemos aceitar com facilidade que o monumento a Mudzanty ou Teixeira Pinto possam ser apeados, mas relativamente ao de Honório Barreto já tenho muitas dúvidas. A sua acção foi bastante construtiva, especialmente no contexto histórico em que viveu. Mas isto "não são contas do meu rosário".

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Ainda a linda Bolama!
Faro e Bolama são cidades geminadas. Na década de 80, um amigo meu apresentou-me em Faro, onde se tinha deslocado em visita, o comandante Manuel Nandingna, que na época era Governador de Bolama. Quando lhe disse que tinha feito a comissão integrado na CCaç 14, em Cuntima junto á fronteira do Senegal, o. Comandante levantou-se e pediu para eu fazer o mesmo dizendo. " Dê-me um abraço. A guerra felizmente já acabou e já não somos inimigos". Confessou-me que durante 1970, integrou forças do PAIGC que bombardearam Cuntima várias vezes. Convidou-me a visitar Bolama, mas teve o cuidado de me alertar para o facto da cidade estar mais degradada do que a que eu tinha conhecido. Com muita pena minha nunca tive oportunidade de voltar á Bolama do meu coração. Mas o comandante Nandingna teve o cuidado, cumprindo a promessa que me fez, de me enviar da Guiné uma lembrança.
Em Bolama estive desde o início de Junho de 1969 a 03 de Novembro do mesmo ano, dando e recebendo instrução, integrado na C Caça 14. Alguns dos homens que a compunham, já tinham 4 anos de guerra, integrados em forças das milícias.
Eduardo Estrela

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

O meu amigo António Júlio Emerenciano Estácio publicou (03MAI2016) o livro cuja capa e contracapa vão anexas. Dep Legal 408310/16. (Enviei e gmail)
São 488 páginas com a descrição de Bolama em vários momentos da sua vida.
Poderá ser contactado por 21 922 9058; 96 269 61 55; citassi@yahoo.com.
Já lhe dei boleia para uma reunião do blog.
Se for contactado pode ser que se encontre muita coisa "gira" sobre a cidade, nomeadamente imagens da cidade e das gentes.

Um abraço
TZ