domingo, 15 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5275: Controvérsias (53): Polémica M. Rebocho / V.Lourenço: Por mor da verdade e respeito por TODOS os camaradas (A. Graça de Abreu)

1. Texto do António Graça de Abreu (na foto, à esquerda, na apresentação, na Biblioteca-Museu República e Resistência / Espaço Grandella, Memórias Literárias da Guerra Colonial, 2 de Outubro de 2008, do seu Diário a Guiné: Lama, Sangue e Água Pura, Guerra e Paz Editores, 2007) (*)

O coronel Vasco Lourenço em caso polémico, quer reacção do Exército
por António Graça de Abreu


“Com as descolonizações, os povos criaram uma memória nacional por oposição aos colonizadores. Criou-se a ideia de que a expansão fora algo infamante, exigindo-se mesmo assunções de culpa. Ora, em meu entender, isso é tão disparatado como a glorificação desses colonizadores.”

Vitorino Magalhães Godinho, em Jornal de Letras nº 984, de 18 de Junho de 2008, pag. 13

A notícia vem no Diário de Notícias, há já mais de um ano, a 21 de Junho de 2008, pág. 16, da autoria do jornalista Manuel Carlos Freire. Agora, Novembro de 2009, quando o nosso Manuel Godinho Rebocho edita a sua tese em livro (**), talvez valha a pena recordá-la.

O coronel Vasco Lourenço (***), por quem não tenho especial simpatia, critica a ofensa feita aos oficiais do quadro permanente de “fugir à guerra colonial (1961-1974)”, sobretudo nas terras da Guiné, que surge aparentemente fundamentada na tese de doutoramento, “aprovada com distinção”, defendida pelo sargento-mor pára-quedista Manuel Godinho Rebocho, na Universidade de Évora e agora, Novembro de 2009, publicada em livro.

O Manuel Rebocho é um dos nossos, ainda há uns bons tempos atrás o tivemos no blogue a explicar que os restos mortais, as ossadas dos três pára-quedistas mortos e enterrados em Guidage, provavelmente ficariam na Guiné e jamais regressariam a Portugal, à Pátria, boa ou má, onde nasceram. Felizmente tal não veio a acontecer. O Manuel Rebocho também explicou, creio que muito bem, que o tenente-coronel pára-quedista Araújo e Sá era “um grande comandante” de homens, um militar que honrou as tropas pára-quedistas.

No nosso blogue, temos tido alguns defensores da tese da derrota militar na Guiné, da incapacidade das nossas tropas, não só os oficiais do QP, mas também os oficiais milicianos, sargentos e soldados, “sem meios”, vítimas do “colapso militar”,
“irremediavelmente batidos”, incapazes de responder à “supremacia militar” dos guerrilheiros do PAIGC.

Ora, segundo a tese de Manuel Rebocho, se os oficiais do exército do QP “fugiam à guerra colonial (1961-1974)”, imagine-se o que sucedeu na Guiné nos anos 1973/74, com os oficiais do QP a “fugir” e “os oficiais milicianos e os sargentos do QP a aguentar”. Em tão estranha situação, que não conheci, era inevitável a derrota militar.

Ou será que, como diz o coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril e antigo combatente na Guiné, o sargento Manuel Rebocho “deturpa (de forma malévola) o que então se passou na Guiné”? São palavras do Vasco Lourenço.

Vamos ao texto publicado a 21 de Junho de 2008 no Diário de Notícias.

“A tese de doutoramento aprovada com distinção (2005) na Universidade de Évora, acusando a generalidade dos oficias do quadro permanente (QP) do Exército de fugir à guerra colonial (1961-1974), está a gerar uma onda de indignação em diversos círculos castrenses. Dois factos ocorridos este mês tiraram a tese da penumbra: no passado dia 4, o tribunal de Évora absolveu o presidente da Associação 25 de Abril (Vasco Lourenço) num processo movido pelo autor da tese Manuel Godinho Rebocho (sargento-mor pára-quedista na reforma) por causa de críticas feitas pelo coronel Vasco Lourenço. A 10 de Junho, o coronel Morais da Silva terminou a análise da tese, concluindo que, pelos “erros e conclusões sem fundamento bastante, não dignifica a Universidade de Évora.”

Na origem da polémica está a tese de doutoramento sobre a “A Formação das Elites Militares em Portugal de 1900 a 1975”. O autor sustenta que os oficiais do quadro permanente fugiram da guerra, a qual se aguentou devido aos oficiais milicianos e aos sargentos do quadro permanente.[1]

Entre outras afirmações polémicas, diz: “Porque os oficiais dos anos 60 fugiram da guerra, não reuniram as características das elites. (…) Em função disso, o Exército desmoronou-se; a cadeia de comando partiu-se; o Exército venceu-se a si próprio, a Academia Militar falhou na selecção e na formação psicológica das futuras elites militares, as quais não desempenharam as suas funções aos valores próprios e exigíveis a um Exército.” (pág 488).

Vasco Lourenço, referido directamente na tese, insurgiu-se quando Manuel Rebocho o convida para a defesa da tese (19 de Setembro de 2005):

“Não me ouviu, deturpa o que então se passou na Guiné, e convida-me?”, contou ontem ao Diário de Notícias o presidente da Associação 25 de Abril. Além de escrever ao autor, Vasco Lourenço transmitiu também o seu protesto à Universidade de Évora e ao júri[2], observando que “talvez não tivesse sido ouvido previamente por o doutorando (Manuel Godinho Rebocho) ter noção da malévola deturpação do que se passou na Guiné.”

Manuel Rebocho que o DN não conseguiu contactar, considerou-se ofendido e apresentou queixa em tribunal contra Vasco Lourenço, que foi absolvido, O presidente da Associação 25 de Abril vai agora pedir ao Exército e à Academia Militar que condena “por uma tese destas, sem suporte científico, seja aprovada.”

Este ponto surge como pilar central da crítica do coronel Morais da Silva cujo passado militar o fez sentir-se “enlameado” com a tese, que leu para “desmontar” os argumentos do autor. “Caracterizar um universo de centenas de capitães do QP (…) a partir do desempenho de dois elementos desse universo, mostra que o autor nada conhece da teoria da amostragem e, portanto, as conclusões a que chegou não têm a menor validade científica”, escreveu aquele oficial.


Este o artigo do Diário Notícias. O jornalista conclui lembrando que “Vasco Lourenço foi o comandante das forças que anularam a sublevação do 25 de Novembro, iniciada pelas tropas pára-quedistas e em que Manuel Rebocho participou”.

Repito, o que é que isto tem hoje a ver connosco, estarei a misturar alhos com bugalhos?

Vamos apenas para recordar que Vitorino Magalhães Godinho que cito no início deste texto, o coronel Vasco Lourenço, e já agora eu próprio, não são gente da direita nostálgica de qualquer passado colonialista.

No que a mim diz respeito, - e porque de direitista a esquerdista, já me colaram éne rótulos -, está tudo no meu Diário da Guiné, 1972/74, inclusive a referência ao meu processo na PIDE/DGS, com a cota dos documentos sobre mim elaborados pela PIDE, a partir de 1967. Quem quiser pode ir à Torre do Tombo consultá-los.

O que é que me tem levado a alinhar tantas páginas, às vezes um tanto magoadas, no blogue?

(i) O gosto pela verdade histórica;

(ii) O respeito imenso pelos meus camaradas de armas, meus irmãos na Guiné, agora também pelos oficiais do quadro permanente que conheci em Teixeira Pinto, em Mansoa, em Cufar, não propriamente no ar condicionado de Bissau, com quem convivi muito de perto durante 22 meses;

(iii) O respeito também pelo “inimigo”, os guerrilheiros do PAIGC.


Aprendi a respeitar o rigor da informação e a seriedade na análise histórica. Cometo naturalmente alguns erros, já escrevi, e não estou a ser original ao afirmar que cada homem é um mundo. Mas procuro olhar e entender a História (e estamos a falar da História Contemporânea de Portugal e da História da Guiné–Bissau), a nossa História, a partir de “uma investigação séria e rigorosa, como uma construção científica capaz de nos ajudar a compreender quem fomos e quem somos”. Estou outra vez a citar Vitorino Magalhães Godinho

Um abraço a todos os tertulianos, a todos os camaradas e amigos.

António Graça de Abreu

11 de Novembro de 2009

Ano do Búfalo

António


2. Comentário de L.G.:

"Sério, sereno, justo mas não justiceiro, tomando partido pela busca da verdade e do rigor historiográfico, sem deixar de ser caloroso e fraterno" - é um elogio que eu gostaria de poder fazer a todos os que escrevem no nosso blogue. Eu sei que há divergências de leitura, análise e interpretação, entre nós, no que diz respeito à guerra colonial e ao seu contexto histórico - nos planos estratégico, político, militar, social, económico e cultural... Não quero nem posso escamotear essas diferenças... Nem sempre é fácil sermos "calorosos e fraternos" quando não concordamos... Mas podemos ser "sérios, serenos e justos" na crítica...

Este contributo do António (que, tal como eu, ainda não leu o livro) é também um convite para olharmos, de vez, para o nosso passado, sem falsos saudosismos nem miserabilismos, mas também com frontalidade, verdade, orgulho... E sobretudo continuarmos a 'fazer pontes' com os outros povos (às vezes, parece que continuamos a 'fazer a guerra'... Ora o PAIGC foi, objectivamente, o 'nosso IN', no passado; mas war is over, a guerra acabou)...

No própximo dia 17, na ADFA, em Lisboa, o nosso camarada Manuel Rebocho vai apresentar o seu livro e nós vamos lá estar para o ouvir, a ele e aos seus convidados, com a mesma abertura de espírito com que estamos, estivemos e estaremos em eventos semelhantes (por exemplo, na apresentação do livro do Coutinho e Lima sobre a retirada de Guileje em 22 de Maio de 1973). São dois camaradas nossos, membros da nossa Tabanca Grande, que divergem na apreciação de muitas coisas, directa ou indirectamente relacionadas com a guerra colonial da Guiné.

O Manuel Rebocho é hoje doutorado em sociologia dos conflitos, por uma universidade pública portuguesa, a Universidade de Évora, e a sua tese, agora em livro, deve ser conhecida e lida, antes de alguém vir para a praça pública utilizá-la como se fora uma G3.

Não ignoro que o tema (as elites militares e a guerra colonial) é, em si, polémico, como o são, aliás, todos os temas de história contemporânea: não temos ainda a distância efectiva e afectiva para julgar o "nosso tempo"...

Eu ainda não conheço a tese (não está acessível, 'on line') nem ainda comprei nem li o livro. Não tenho por hábito e formação usar a G3 para impôr os meus pontos de vista. Na nossa Tabanca Grande a G3 é hoje, de resto, uma peça de museu. Quem a trouxer, se há quem ainda ande com ela, deve deixá-la lá fora. (Obviamente, isto é uma metáfora).

Todos os pontos de vista, devidamente fundamentados, sobre o livro do Manuel Rebocho - incluindo os aspectos mais académicos, teórico-metodológicos, de investigação científica - serão bem vindos e terão lugar no nosso espaço, que é livre, plural e aberto. Mas, desde já devo dizê-lo, não aceito que se diabolize ninguém. Controvérsias, sim, duscussão livre, franca e aberta, sim. Se possível, serena, calorosa e até fraterna, melhor ainda. Mas transformar o nosso blogue numa tribuna panfletária, não. Decididamente não.

[Revisão / fixação do texto / bold a cores / título: L.G:]

________________

Notas do A.G.A.:

[1] Será que Manuel Godinho Rebocho se esqueceu dos furriéis milicianos e dos nossos cabos e soldados?

[2] O júri era constituído pelo prof. Adriano Moreira, Joaquim Serrão (será o prof. Joaquim Veríssimo Serrão, antigo presidente da Academia Portuguesa da História. Se é, não posso acreditar!), Maria José Stock, antiga presidente do Instituto Camões, e que vai apresentar agora o livro do Manuel Rebocho, Maria Colaço Baltazar e o professor da Academia Militar coronel Nuno Mira Vaz, autor de um interessante livro Guiné 1968 a 1973, soldados uma vez, soldados sempre, Lisboa, Tribuna da História, 2003.

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 7 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3276: Memórias literárias da guerra colonial (3): O poder na ponta das espingardas, segundo A. Graça de Abreu (Luís Graça)

(**) Vd. postes de:

10 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5243: Controvérsias (52): Elites militares, estratégia e... tropas especiais (L. Graça / A. Mendes / M. Rebocho / S. Nogueira)

29 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5180: Agenda Cultural (39): “Elites Militares e a Guerra de África”, de Manuel Rebocho: 17 de Novembro, às 18h00, sede da ADFA - Lisboa


Sobre o Manuel Rebocho, vd. postes dele ou sobre ele:

27 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3095: Tabanca Grande (81): Manuel Peredo, Fur Mil Pára-quedista, CCP122/BCP 12 (Guiné, 1972/74)

14 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P877: Nós, os que não fazemos parte da história oficial desta guerra (Manuel Rebocho)

28 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P919: Vamos trasladar os restos mortais dos nossos camaradas, enterrados em Guidage, em Maio de 1973 (Manuel Rebocho)

21 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1099: O cemitério militar de Guidaje (Manuel Rebocho, paraquedista)

4 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1150: Carta a Pedro Lauret: A actuação do NRP Orion na evacuação das NT e da população de Guileje, em 1973 (Manuel Rebocho)

5 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1151: Resposta ao Manuel Rebocho: O papel do Orion na batalha de Guileje/Gadamael (Pedro Lauret)

17 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1187: Guidaje: soldado paraquedista Lourenço... deixado para trás (Manuel Rebocho)

22 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1453: Ninguém fica para trás: uma nobre missão do nosso camarada ex-paraquedista Manuel Rebocho

27 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3095: Tabanca Grande (81): Manuel Peredo, Fur Mil Pára-quedista, CCP122/BCP 12 (Guiné, 1972/74)

28 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3674: Em busca de... (59): Ex-combatentes do BCAÇ 4616/73 (Manuel Rebocho)

16 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4694: Meu pai, meu velho, meu camarada (6): Ex-Cap Pára João Costa Cordeiro, CCP 123/ BCP 12 (Pedro M. P. Cordeiro / Manuel Rebocho)


(***) Sobre Vasco Lourenço:

Vasco Lourenço (à esquerda, em foto da capa do livro Vasco Lourenço do Interior da Revolução, entrevista de Maria Manuela Cruzeiro, Lisboa, Âncora, 2009):

" Nasceu em Castelo Branco em 1942. Ingressou na Academia Militar em 1960. Pertenceu à Arma de Infantaria. Combateu na Guerra Colonial, tendo cumprido uma comissão militar na Guiné de 1969 a 71. No dia 25 de Abril de 1974 era capitão nos Açores. Membro activo do Movimento dos Capitães, pertenceu à Comissão política do MFA. Nesta condição foi nomeado para o Conselho de Estado (24 de Julho de 74), passando mais tarde a integrar a estrutura informal do Conselho dos Vinte e a partir de 14 de Março de 75 tornou-se membro do Conselho da Revolução, funções que manteve até à extinção (1982). Passou à Reserva no posto de tenente-coronel a 20 de Abril de 88. Pertence desde a sua fundação aos corpos gerentes da Associação 25 de Abril" (Fonte: Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra).

24 comentários:

Anónimo disse...

Descontemos a questão da recuperação de restos mortais que me parece acessória e despicienda face ao tema - não me parece ter ficado demonstrado que os oficiais de QP tenham fugido à guerra devido à presença, temporal ou localizada, de uma maioria de oficiais milicianos, do mesmo modo que não me parece que a guerra se apoiasse nos sargentos do QP pela inversa da mesma razão - haveria, ocasionalmente, uma maioria de sargentos milicianos, nos três teatros de acção.(Estas referências devem ser ponderadas, em termos estatísticos e em termos de especificidade da missão daqueles oficiais e sergentos)

S.Nogueira

Anónimo disse...

Não se trata, de facto, do Prof. Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, mas do Prof. Doutor Amilcar Joaquim da Conceição Serrão, da área da Economia. É (ou foi) vice-reitor da Universidade de Évora e, portanto, deve ter integrado o júri como presidente, em representação do reitor.
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

A recensão da autoria do cor. Morais da Silva pode ser consultada em


http://alvarohfernandes.blogspot.com/2008_06_01_archive.html


Carlos Cordeiro

Carlos Vinhal disse...

Para a generalidade dos combatentes milicianos que andaram pelos TO, foi notória, mais nos anos 70, alguma dificuldade em manter os militares profissionais nas frentes de combate.
Um caso exemplar foi o da minha Companhia (CART 2732) que viu logo o seu primeiro CMDT dar baixa ao HMP mesmo antes do embarque no Funchal. Tivemos um outro Capitão, que já na Guiné se fez de maluco para ser evacuado para Lisboa (HMP). Um outro, com uma notória doença de pele, também foi evacuado para o HMP. Ao todo conhecemos 6 (seis) Capitães, 2 (dois) dos quais milicianos, os Cap Mil Jorge Picado e Santos Caeiro . Nos intervalos era o Alf Mil Manuel Casal que ia levando a cruz ao Calvário, como quem diz, fazia o que podia.
Conclusão: dos 4 (quatro) Capitães do Quadro indigitados para comandar a CART 2732, 3 (três) foram evacuados. Sintomático.
Um abraço
Vinhal

Colaço disse...

Não comento o poste.
Mas o comentário do C. Vinhal,que tiro, mesmo ao centro do alvo.
Um abraço Colaço.

Unknown disse...

Por vezes torna-se confuso navegar e ler os postes. Acabei por não entender se o post do Graça Abreu vem defender a tese do M. Rebocho ou criticar o V.Lourenço. Ou as duas coisas. Posteriormente o escrito do L.G. ainda vem complicar mais as coisas. Acho que está a haver demasiadas posições para um lado e para o outro sem haver a objectividade e imparcialidade que os escritos deveriam ter neste espaço. E que a mim pessoalmente me confundem.
Mas quem sou eu, inculto leitor, para analisar estes escritos. Mas uma coisa sei: Então os furrieis mil e os cabos e soldados não estiveram naquelas guerras ? E não foi verdade que os oficiais dos QP se desenfiaram tanto quanto poderam ? Que querra fizeram Vasco Lourenço - conhecido nas Caldas como militarista dos 4 costados que nenhum soldado instruendo do CSM do 2ºturno de 67 guarda boas recordações - e Otelo e o Bruno e tantos outros que depois viraram tudo a favor deles ? Porquê a tropa foi buscar à reserva (?)e formar capitães como o Jorge Picado e o Joaquim Neto ? - Desculpem-me camaradas por estar a falar nos vossos nomes -. Um dia destes um camarada ficou admirado comigo por eu lhe dizer que não lia todos os postes que se publicavam. Respondi-lhe apenas: Aquele espaço está a tornar-se numa assembleia onde se trata de tudo menos daquilo para que foi criada. Um abraço para toda a Tabanca Grande

Anónimo disse...

António Graça de Abreu:
Não cabe aqui neste espaço o que escrevi. A síntese foi infrutífera.
Por isso quero dar-te um abraço e um agradecimento por, durante bastante tempo, me teres posto a pensar sobre o Tema, melhor sobre os temas, tratados no teu escrito. Pode ser que escreva mais tarde. Prefiro ter mais elementos. Contudo talvez se compreenda porque nunca digo "tropa macaca". A minha Companhia teve seis Comandantes.Durante metade da Comissão foi Comandada por um Capitão do QP (salvo erro 28 anos e estava na 3ª Comissão)E NUNCA POR VENCIDO SE DEU. O ultimo,um mês,era eu um alferes que, ao entregar a Companhia não entregou todos. No fim não vinham todos! Se a memória me atraiçoar perdoem-me: entre mortos(8)feridos, doentes e um "desaparecido" sofremos mais de cinquenta baixas. Mas nunca nos sentimos derrotados.
Termino meu Caro António, não entro em polémicas castrenses mas o que escreves vou guardar para tratamento futuro.
Abraço-te e com fraternidade a toda esta Tertúlia, Toda.
Torcato Mendonça
Ex- Alferes Mil

Anónimo disse...

Caro Graca de Abreu. É uma polémica sobre a qual muito se pode escrever.Irei tentar "alinhavar"algumas ideias sobre um assunto tao...sensível.Creio,no meu caso por rasoes ùnicamente políticas ter compartilhado o mesmo pavilhao de presídio militar no Norte do País com o entao Sarg.Para.Rebocho.Depois destas experiencias comuns,imparcialidades de análise sempre necessárias,tornam-se um pouco mais dificeis.Daí,necessitar tempo para voltar ao assunto. Quanto ao Exc.Sr.Coronel Vasco Lourenco só posso comentar que:-Nao é um Cap.Varela da revolta de Beja!Nao é um "Lourenco Amigo o Povo está contigo!"-Nao é o tal da "muralha de aco!"-Nao é um Jaime Neves!Nao é um Ramalho Eanes!-Nao é,nem de longe,um Melo Antunes!Nao foi o tal candidato ás Presidenciais!E,nao é....defenitivamente...Salgueiro Maia! O Exc.sr.Cor.Vasco Lourenco é o Exc.Sr.Cor.Vasco Lourenco! Segundo alguns,a ele,entre outros,se deve o facto de o golpe militar de 25 de Nov.75,do qual foi elemento muito activo,nao tivesse descambado na "pinochada" que alguns,entao,tanto desejavam.Mas,e como escrevi,voltarei ao assunto da polémica. Um Abraco do José Belo.

Luís Graça disse...

Meu caro Jorge: Se bem percebi o poste do António Graça de Abreu, ele limitou-se a "reavivar" uma polémica que envolveu, há mais de um ano atrás, o Manuel Rebocho e o Vasco Lourenço, a propósito da tese de doutoramento do primeiro... Nada mais. Ele não tomou partido por ninguém, até por que ainda não leu o livro que vai ser lançado, em Lisboa, na próxima terça-feira.

Quanto ao meu paleio, lamento se não fui "claro, conciso e preciso"... Em síntese, o que quis dizer é que o nosso blogue (o blogue dos que o escrevem e dos que o lêem) não serve para cultivar ódios de estimação... Trata-se de fazer a prevenção de um mais um conflito que se avizinha, à volta do livro "Elites militares e a guerra de África"...

Quanto à tua crítica à orientação do blogue (que estaria a "tornar-se numa assembleia onde se trata de tudo menos daquilo para que foi criada"), tomei boa nota e vou agir em conformidade. Obrigado. Luís

Anónimo disse...

Caros Amigos.Com o devido respeito,creio haver fundamental diferenca entre o que é "oficialmente"(!) publicado na Tabanca Grande-Postes Numerados-e os comentários dos que vao ,interessados,acompanhando os assuntos.Os valores de fundo e a rasao de ser do Blogue,sao,quanto a mim,bem reguardados pelos editores ao publicarem o que por bem decidem.As opinioes mais ou menos inteligentes,estúpidas,pretensiosas ou simplesmente irritantes dos comentadores é algo que os mesmos se devem sentir responsáveis e agir de acordo. José Belo.

Antonio Graça de Abreu disse...

Repito o comentário que coloquei há pouco no post de hoje do Jero.

Registo as palavras do José Eduardo Oliveira sobre os seus dois comandantes, oficiais do Quadro Permanente "dois grandes chefes sempre presentes quando era preciso junto dos seus homens".
Outras companhias e batalhões tiveram certamente oficiais do quadro permanente com outro comportamento.
Dos oficiais do QP que conheci na Guiné, com quem lidei no meu CAOP 1, o mesmo dos três majores barbaramente assassinados no mato, entre Pelundo e Jolmete, em 1970,desses oficiais, digo, em Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, posso assegurar que quase todos foram militares
que honraram a sua opção e escolha de vida. Eis alguns nomes:
Coronel pára-quedista Rafael Ferreira Durão, coronel pára-quedista João Curado Leitão, ten. cor, Herdade, majores Barroco, João Pimentel da Fonseca, Mário Malaquias , Nelson de Matos, capitão Borges. Todos do
quadro permanente. Não estavam no ar condicionado em Bissau, nem fujiam às suas responsabilidades.
Também trabalhei em Cufar com um ten.coronel que pertencia ao grupo, extremamente minoritário, creio, de que o nosso Manuel
Rebocho não gosta. É o ten.cor.B., no meu Diário da Guiné.
Não me interessam polémicas, mas temos de ser justos. Apenas isto.
Um abraço,
António Graça de Abreu

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caros camaradas

As controvérsias da controvérsia, controvérsias são.

Se formos aqui descutir entre QP e Milicianos ou quem ganhou ou perdeu a Guerra, estaremos sempre em desacordo porque cada um viveu os factos em ZA disperças, épocas e unidades diferentes.

Todos nós vimos e vivemos o lado mau e bom deste conflito e queiramos ou não cada um contará o sua Estória e visão da Guerra segundo a sua consciencia.

Quanto mais criarmos divisão entre quem lá esteve, seja do QP ou Milicianos, mais contribuimos para desunião de todos os ex-combatentes.

Não queiramos perder a única coisa que nos resta deste conflito que é a amizade e unidade valores que sempre caracterizaram os militares ex-combatentes.

Um abraço

Mário Pinto

Unknown disse...

Caro Luís,
Não gosto que achem que crítico. Para isso teria de ter conhecimentos e estar sempre em dois lados. O que normalmente não me acontece. São apenas as minhas opiniões. Elas saem porque eu sou assim mesmo. Talvez não pareça, não se saberá sequer, mas este blogue é muito falado para além do semi-anonimato da net. Imagina, imaginem camaradas, o que é haver um convívio semanal de gentes que viveu o que todos, uns mais outros menos, vivemos.Muitos de nós não escrevemos aqui opiniões por varíadímas razões. Mas discutimos em outros "espaços" o que aqui se passa. Quando um poste é colocado se não dá para entender ou não se concorda ou se concorda, discute-se. Nem imaginas o bem que fizeste a muita malta que não saía da sua "casca". Ainda hoje, muitos de nós não saímos dela. Por isso sente-se uma liberdade no falar (escrever) que talvez muitos não entenderão. (que me desculpe o Belo, mas não o entendi no comentário que publicou). Mas é preciso entender que alguns de nós somos incultos na arte de escrever e expressar. Mas foram esses(muitos desses)que estiveram lá. Alguns tiveram a sorte de sair doutores à postiori. Outros ficaram no seu pequeno mundo "inculto" quanto a letras. Mas provàvelmente muito grande em termos de humanismo e amor. A esses, solta-se a língua sem olhar a quem e por quem.
Abraço para toda a Tabanca

Luís Graça disse...

Meu caro Jorge:

É muito reconfortante ler palavras, tão sinceras quanto inesperadas, como as tuas: "Nem imaginas, caro Luís, o bem que fizeste a muita malta que não saía da sua 'casca'. Ainda hoje, muitos de nós não saímos dela. Por isso sente-se uma liberdade no falar (escrever)"...

Blogoterapia: eis o que fazemos... O termo veio para ficar. Se há alguma coisa de que me devo orgulhar, foi ter consigo pôr tantos camaradas e amigos a falar da guerra de que fomos vítimas e protagonistas, actores e testemunhas... A pôr a falar, a escrever, a inquirir, a perguntar, a partilhar...

Mas, como deves imaginar, às vezes também já me cansa o caminho, me canso de caminhar, neste caso blogar, e dar a voz a quem a não tem ou não tinha... Estou a terminar a 3ª comissão, o blogue já vem de Abril de 2004 (I série)... E os meus editores (o Vinhal e o Briote) para lá caminham)...

Às vezes também tenho dúvidas, e vontade de partir para outra. De desistir. De calçar as pantufas e escrever as outras merdas que tenho de escrever. As minhas outras merdas de obrigação (e também de estimação).

Às vezes, também precisamos de um "ombro amigo"...E por isso é bom ouvir palavras amigas como as tuas. Mesmo que a gente as use... e deite fora. Que nem sempre os amigos são gratos aos que lhe oferecem um "ombro amigo"... Claro, não há qualquer semelhança ou coincidênca com o nosso blogue, que já não é meu, é nosso...

Deixa-me que cite um velho poema meu, de que gosto, e que foi escrito a pensar numa amiga que estava na fossa... Data de 2004. Um Alfa Bravo para ti. Luís

PS - Usa-o também, sempre que te apeteceer. Usa-o e deita-o fora. É poesia descartável. POr ultrpassar os 4 mil caracteres, vou ter que o inserir no próximo comentário...

Luís Graça disse...

Para o Jorge (o Portojo) e para os demais os amigos e camaradas da Guiné que possam estar agora a precisar de um "ombro amigo"... Poesia descartável, para usar e deitar fora. LG

______________

Poemombro ou um ombro amigo
por Luís Graça


Às vezes a gente pensa
que o mundo vai desabar.
Às vezes a gente julga
que o céu vai cair
em cima das nossas cabeças.

Às vezes a gente deixa de ver.
E de sentir. E até de pensar.
Às vezes a gente vê que não há luz.
Que estamos num túnel.
Que não há luz ao fundo do túnel.
Que há alguém que te diz:
- É o fim! Acabou-se!
Ou então:
- É bom que esqueças,
Desiste,
Parte para outra!

Às vezes a gente tem dúvidas.
E pergunta se vale a pena.
Se valeu a pena.
Às vezes a gente até duvida
do amor e da amizade
dos que nos amam e gostam de nós.
Às vezes a coisa parece que está feia.
Às vezes parece que tudo é feio.
Que a coisa está preta e feia.
A vida, o país, o mundo à nossa volta.
Os outros.
O marido ou a mulher.
Os filhos
Os amigos.
Os colegas de trabalho.
Os vizinhos.
Os concidadãos.
Os homens e as mulheres do meu país.
A humanidade,
por fim globalizada.

Às vezes dá-te uma enorme vontade de chorar.
E de parar no caminho.
E de chorar numa pedra do caminho.
Às vezes a gente quer desistir de caminhar.
A gente sente que lhe faltam as forças.
E que já que foi longe de mais.
Que não nascemos para caminhantes.
Que já fizemos a nossa parte.
Que já cumprimos o nosso papel.
Que as pernas estão cansadas.
As pernas. O corpo. A alma.
Os músculos. Os ossos.
Que andamos a caminhar há muito tempo.
Que já demos a volta ao mundo
não sei quantas vezes.

Às vezes a gente apercebe-se
Que tem uma enorme vontade de chorar.
Mas que não tem lágrimas para o fazer.
Não tem sequer forças para o fazer.

E é então que nos dá uma raiva danada.
Telúrica. Fulminante. Brutal.
Uma raiva de vulcão.
E descobrimos o terrível vulcão que há em nós.
E a gente, de repente,
dá de novo à chave de ignição.
... E retoma o caminho.

Querid@ amig@:
Eu sei que não podemos competir com os vulcões.
Que só explodem de mil em mil anos.
Ou de cem mil em cem mil, tanto faz.
E que são uma força bruta da natureza.
Brutal. Fulminante. Telúrica.
Mas temos o direito de explodir.
De dizer o que nos vai na alma.
Temos o direito ao nosso vulcão.
Tu tens direito ao teu vulcão.
Tens direito mesmo ao teu vulcãozinho.
O direito de mostrar o que te dói
no corpo e na alma.
De chorar. De chorar de raiva.
Ou mesmo baixinho.

A única diferença,
além da escala de tempo,
é que os vulcões não têm uma ombro amigo.
Para chorar.
Para encostar a cabeça e chorar.
No dia dos teus anos, como hoje,
Ou em qualquer outro dia da semana.
Em qualquer outro dia do ano.
Sempre que te apetecer.
Sempre que te der raiva de chorar.

Se @s amig@s têm algum préstimo
É justamente para saber ouvir.
Ouvir, escutar, entender
Mais do que falar, analisar ou compreender.
Para estar contigo.
Simplesmente para estar ao pé de ti.
Ou para te segredar ao ouvido
Qualquer coisa que te faça sorrir.
Ao ouvido, baixinho.
E sobretudo para te oferecer
o ombro amigo.
Pode até ter pouco préstimo
Mas sempre é mais macio e quente
Do que a pedra do caminho.


http://blogueforanadaevaodois.blogspot.com/2005/09/blogantologias-ii-2-poemombro-ou-um.html

Anónimo disse...

Palavras para quê?
Fechei livros e papéis.
Apago computador e, com as palavras, as que mais soaram, vou calmamente dar o dia por terminado...

Cuida-te Camarada Amigo

Um abração José

António Matos disse...

Camaradas,
Que maravilhosa é a força que nos impõe a controvérsia ao enfrentarmos as ideias dos outros que, por qualquer motivo, por muito pequeno que o seja, nos catapulta para o confronto onde só as grandezas moral e ética de cada um conseguirão dar o sentido superior e até mesmo metafísico nas relações humanas que tentamos dinamizar.
A par de temas de menor impacto pelas repercussões que possam ter em nós, outros haverá que, pela sua intrínseca conexão com as nossas vivências quer físicas, quer intelectuais, quer individuais, quer colectivas, nos provocam sentimentos de atracção ou de repulsa que nos colocam em rotas de harmonia ou de colisão de consequências inimagináveis.
Dentro destes últimos, a guerra toma uma particular dimensão pelos antagonismos criados, pela destruturação e destruição de alguns dos nossos paradigmas culturais devendo nós, então, inteligentemente, debruçarmo-nos na sequência lógica dos seus considerandos de modo a torná-los de contornos mais compreensíveis e de desgraças mais aceitáveis.
Difícil, bem difícil este objectivo de aceitar as desgraças ! ...
A natureza humana vai gerindo uma certa "demografia de competências" com o aparecimento dos líderes e, atrás desses, todo um exército de seguidores e/ou detractores se perfila ...
No caso concreto da "nossa guerra", a profusão de arautos da desgraça após a sua finalização, não tem ajudado em nada a reconciliação, já não tanto dos antagonistas, mas agora sim, dos antigos camaradas de trincheira.
Sejamos capazes de apoiar aqueles que conseguiram dinamizar espaços onde as intelectualidades individuais se possam manifestar e contribuamos com as nossas participações humildes, honestas, respeitosas e agradecidas no aplauso que homens como o Luís Graça merecem nesta labuta diária de manter o blog com a dignidade que atingiu.
Luís Graça, não te conheço ao ponto de concluir se estás necessitado de um ombro amigo e, ao estares, de que forma eu o teria para to oferecer.
Calculo sim que será reconfortante que nos digam que a nossa missão vai no bom caminho e que temos apoiantes a atestá-lo ainda que igualmente intransigentes na procura da ( sua ) verdade e viris na sua afirmação.
A winner never quites !
A quiter never wins !
portanto, caro Luís, em frente é que é o caminho !
Um abraço,
António Matos

Anónimo disse...

Muito bem, Matos!


É um comentário muito elaborado e muito edificante - subscrevo.
(fora a inglesice, que bem podia ter sido posta em português)

S.Nogueira

António Matos disse...

Bom dia S.Nogueira, ainda bem que subscreves o meu comentário.
Quanto às inglesices, sou muito adepto d'"0 seu a seu dono" e este dito não é português mas condescendo que, de facto, devia ter acompanhado a citação com a respectiva tradução.
Penitenciando-me da falta, aqui vai :
Um ganhador nunca desiste ;
Um desistente nunca ganha.
Fica a informação.
Um abraço,
António Matos

MANUEL MAIA disse...

NO PRINCÍPIO, ERA O VERBO...

DE COMO UM TEXTO SOBRE A PROBLEMÁTICA QP VERSUS MILICIANOS,
SE PODE CHEGAR A UM ESTADIUM DE
DE DIVAGAÇÃO SAUDÁVEL ONDE A POESIA MARCA PRESENÇA E A INCURSÃO FILOSÓFICA É MARCO ASSENTE.

FRANCAMENTE GOSTEI E ANTES QUE ME PERCA EM CONSIDERANDOS PASSÍVEIS DE CONFLITUALIDADE( EMBORA ENTENDA A PERTINÊNCIA DESTA COMO ALGO EXTREMAMENTE POSITIVO E CONDUCENTE A PICOS DE EXPLOSÃO DO VULCÃO QUE TODOS TEMOS INTERIORIZADO E QUE QUANDO LIBERTADO NOS CRIA UMA SENSAÇÃO DE ALÍVIO GRANDE...)VOU BATER NA TECLA QUE OUTROS JÁ PREMIRAM E QUE SE PRENDE COM A OMISSÃO, NÃO INTENCIONAL, DO MANUEL REBOCHO RELATIVAMENTE AOS SARGENTOS MILICIANOS(FURRIEIS) EM NÚMERO SUBSTANCIALMENTE SUPERIOR AO DE QUAISQUER OUTROS GRADUADOS,(AFINAL MAL PARECIA QUE NÃO SAISSE A TERREIRO A DEFENDER A "CLASSE MAIS IMPORTANTE" DO CONFLITO BÉLICO AFRO/LUSITANO DE QUE FUI UM BRIOSO DEFENSOR,PESE EMBORA A MINHA CONHECIDA DIFICULDADE DE RELACIONAMENTO COM FARDAS. CÁ ESTÁ A PICARDIA...) E FUNDAMENTALMENTE A DE TODOS OS SOLDADOS E CABOS,AFINAL AS MAIORES VÍTIMAS DE TODO O PROCESSO,ESSES SIM, NA GENERALIDADE DOS CASOS,OS VERDADEIROS MERECEDORES DAS MEDALHAS QUE HOJE,DE FORMA INDEVIDA, OCUPAM OS PEITOS DOS QP( EMBORA, OBVIAMENTE, MUITOS DESTES FOSSEM -COMO TANTOS NOMES JÁ AQUI CITADOS- MILITARES NA VERDADEIRA ACEPÇÃO DA PALAVRA E NÃO MEROS TRAIDORES COMO OUTROS TANTOS, DE QUE TODOS TAMBÉM TEMOS CONHECIMENTO...)
"FUGITIVOS DA GUERRA" A QUE O MANUEL REBOCHO ALUDE...

SOBRE VASCO LOURENÇO,ACHO QUE O REBOCHO JÁ DISSE TUDO,OU SERÁ QUE NÃO?

PARABÉNS AO GRAÇA DE ABREU,E A TODA A TERTÚLIA.
UM GRANDE ABRAÇO
MANUEL MAIA

Anónimo disse...

Carlos Silva
CCaç 2548/Bat Caç 2879

Amigos

Post 5275 e respectivos comentários adjacentes.
Livro “Elites Miitares e a Guerra de África” de Manuel Godinho Rebocho.

1 – Desde já vos digo que até ontem não tinha dado muita atenção a este tema.

2 - Não vou tecer comentários sobre o Post 5275 da autoria do nosso camarada A. Graça Abreu, que apenas se limita a transcrever partes de uma entrevista que foi publicada no DN de 21-06-2008, que não li e que me dispenso de repetir o que o António transcreve.

3 - Não vou tecer comentários, sobre os comentários adjacentes, sobre matérias que não conheço, e que aliás, alguns camaradas também não conhecem, como eles próprios dizem, embora esteja de acordo com algumas afirmações produzidas, que não comentarei, mas que em tempo oportuno, se necessário, após a sua dissecação, me prenunciarei, o que conduzirá a escrever n páginas.

4 – Também não vou comentar o livro, nem vou fazer dele uma recensão, porquanto apenas o adquiri ontem na ADFA e por esse motivo não me atrevo a tal, apesar de ler aqui alguns comentários de camaradas que eles próprios dizem não ter o lido.

5 – No entanto, recebi ontem um texto do Cor Vasco Lourenço que foi enviado ao nosso camarada Luis Graça com pedido expresso de publicação, no qual é referenciado o meu nome.
A seu tempo, me pronunciarei sobre o mesmo, caso o Luís o publique como espero.

6 – Devo informar, que embora não lesse o livro, desde ontem que já li muitos textos relacionados com o mesmo e estive na sua apresentação e ouvi o que ali se disse, adquirindo assim umas pistas e orientação sobre o que vou encontrar aquando da sua leitura.

7 – Face ao atrás exposto, apenas abro uma excepção para os camaradas reflectirem, porque nesse sentido somos todos atingidos.
No Post 5275 consta:

[Na origem da polémica está a tese de doutoramento sobre a “A Formação das Elites Militares em Portugal de 1900 a 1975”.
“O autor sustenta que os oficiais do quadro permanente fugiram da guerra, a qual se aguentou devido aos oficiais milicianos e aos sargentos do quadro permanente”.]

Meus amigos, a ser verdade esta afirmação do autor, fico perplexo, porquanto, então a guerra foi feita ou defendida, só por oficiais milicianos [ presumo que o autor se refira aos capitães e alferes] e sargentos do quadro permanente?
Então o que andaram a fazer os milhares e milhares de soldados e milhares de cabos e furriéis?
Esses eram “Bandos” como diz o outro, que ficavam dentro do arame farpado?
Que eu saiba, os sargentos do quadro permanente é que ficavam nos quartéis em desempenho de funções de serviços e nunca operacionais, assim aconteceu no meu Batalhão e creio que em todas as Unidades, salvo raras excepções que possam ter existido no exército e nas tropas especiais, como no caso dos pára-quedistas.

Por aqui me fico aguardando a publicação do texto enviado pelo Cor Vasco Lourenço.
Carlos Silva
Ex-Fur Mil Caç 2548/Bat Caç 2879

Anónimo disse...

Pois é caros camaradas, esta eterna maneira de ser portuguesa e nâo gostar de ouvir ou ler verdades, sobretudo se mexe com ideologias.E aí é que a porca torce o rabo.Uns puxam para o Lourenço e outros que o assunto do Rebocho não é para este blogue.Não quero entrar em polémica e não sei se V.Lourenço é democrata ou não.Lá por se intitular dono do 25 de abril.Mas o que está aqui em causa é a verdade nua e crua do Dr. Rebocho que até foi combatente e passou as "passas do algarve" sendo embora alentejano.E não vi que os verdadeiros oficiais do QP se amofinaçam com a tese dele.Porque esses tb deram o litro enquanto combatentes.Pois eu li o livro todo e está lá preto no branco a verdade toda quer a operacional quer a "Limpida madrugada de abril".Que verdade seja dita só serviu para acabar com a guerra e bem.Quanto ás trapalhadas que se seguiram não há OMO nem Tide que as limpem.E para além de conspurcarem uma das unidades de Elite que foram os páras ainda se deram ao luxo de "julgarem" homens de quem se serviram e descartaram a seguir.Isso diz muito da sua(Des)liderança.Os tais que são os "donos do 25 de abril" e que se mostram muito susceptiveis com as "elites militares".Enfim nada mudou neste país.Só as moscas.CGaspar

Anónimo disse...

Meus caros camaradas, perdoem-me o seguinte:há que contextualizar o livro do Rebocho.Claro que um sargento não faz a guerra sem soldados.Claro que tb houve os furriéis e os cabos.Claro que tb houve os do QP.Mas os verdadeiros não se zangaram com a tese do Rebocho.Portanto não disparem contra o homem e leiam o livro e releiam com calma.Eu não conheço o Rebocho pessoalmente, mas considero-o um homem integro e de uma coragem tremenda.A prova é que assestaram as baterias na direcçao dele e tenho a certeza que os novos "inquisitores" já teriam queimado o homem e a obra se pudessem.No fim fazem-no de outra maneira.E camaradas tenham cuidado com as "Máscaras de alguns denominados democratas".Ficariam surpreendidos se lhes vissem os rostos sem máscaras.Não esqueçam que demos o melhor das nossas vidas e que alguns continuam a dar, homenagem seja feita ao Luis Graça nesse sentido, que continua a ser "prior numa freguesia destas"Eu até me atreveria a dizer "Papa" uma vez que ao blogue ocorrem "crentes" a nível internacional.Um bem haja para todos e façam o favor de pensar com a cabeça fria.Ou quente se algum disgestivo ajudar,CGASPAR

Anónimo disse...

Caro Luis Graça, num seu desabafo, creio que para outro Luis, entre outras coisa dizia; que por vezes tb já lhe apetecia desistir.Mas parece-me que quem chegou até aqui já não lhe é permitido desistir,E quanto a valer a pena.Ocorre-me Fernando Pessoa,"Tudo vale a pena se a alma não é pequena.E embora eu a brincar tenha escrito atrás que é difícil ser padre numa freguesia destas.Perdoe-me o sentido figurado.Terá que fazer como o antigo samurai, continuar a luta embora substituindo a espada pela caneta ou o teclado.Um abraço pela sua coragem e determinação, pese por vezes o cansaço e o desânimo.CGASPAR