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Luís,
Depois de ler este teu poste (*), recordei-me de um E-Mail que o Puim me enviou em 31de Maio de 2007 pelas 22,25 horas, e que passo a transcrever:
Amigo Durães
Na impossibilidade de estar presente, este ano, no encontro da Companhia[, em Setúbal] (**), envio-lhe uma pequena mensagem, como lhe havia dito, que gostaria fosse apresentada na reunião em Setúbal.
Cumprimentos sinceros – Arsénio Puim
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QUINTA-FEIRA, 31 DE MAIO DE 2007 - 22:25:04
Ainda não é neste 36.º ano depois da minha saída da Guiné, [em Maio de 1971,] que tenho a alegria de voltar a encontrar-me com os soldados da minha CCS. Será num próximo ano, se Deus quiser.
Não quero, porém, deixar de estar presente no vosso encontro, enviando-vos uma saudação especial e dando-vos também algumas notícias da minha parte.
Desde [Maio de] 1970, Bambadinca passou a ser, sem dúvida para nós todos, uma referência geográfica e vivencial inapagável e, em certa medida, determinante. Recordo-a com agrado:
o quartel,
a igreja da Missão,
a tabanca,
o Geba,
o macaréu,
os tornados e as trovoadas,
alguns nativos, etc.
Conservo, porém, muitas recordações boas da nossa vivência em comum no dia a dia, a vossa alegria, lembro as nossas festas, os nossos convívios e serões musicais, estou mesmo a ouvir ainda o Povo que lavas no rio, admiravelmente cantado pelo então grande sargento Brito [, o 1º sargento da CCS, hoje major reformado] (***) .
Entre as memórias gratificantes relacionadas com a minha estadia na Guiné, destaco também uma cena que se passou numa altura em que algumas mulheres nativas, com os seus meninos, foram capturadas e estiveram retidas no quartel, junto da Administração (*).
Eu aparecia por lá ás vezes e levava leite e bolachas aos miúdos - o mais novo tinha apenas cinco dias.
Sem dúvida, foi mais uma bênção que me tem acompanhado no meu trajecto de vida até hoje.
Pós Bambadinca e pós breve estadia em Bissau e em Lisboa, voltei à paz da minha pequena ilha de Santa Maria e exerci ainda o sacerdócio por algum tempo. Tirei, entretanto, o curso de enfermagem, com a intenção de ser padre profissionalizado.
Acabei, porém, por requerer a redução ao estado laical e casar, em 1979, com Maria Leonor, também enfermeira.
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Há mais de vinte anos vivemos na ilha de São Miguel, na localidade de Vila Franca do Campo, estando eu já aposentado, com o bonito rol de 71 anos de idade.
Daqui, quero expressar, neste momento, a minha homenagem respeitosa a todos os nossos companheiros do Batalhão que encontraram a morte tanto no exercício da sua comissão de serviço na Guiné, como já depois do regresso a Portugal.
Finalmente, para a nossa CCS um grande abraço, com amizade, com os melhores votos, com a minha gratidão! (****)
Arsénio Chaves Puim
___________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 25 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4412: Dando a mão à palmatória (20): O Arsénio Puim, capelão do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), só foi expulso em Maio de 1971
(**) Vd. poste de 13 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1843: Convívios (16): O 1º encontro da CCS do BART 2917, em Setúbal, 9 de Junho de 2007 (Jorge Cabral)
(***) Vd. poste de 7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3582: Cancioneiro de Bambadinca (2): Brito, que és militar... (Gabriel Gonçalves, ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 12, 1969/71)
(****) Vd. último poste da série > 20 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4387: Memória dos lugares (25): Bafatá (Fernando Gouveia)
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