1. Mensagem de Jorge Picado (*), ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72, Engenheiro Agrónomo, com data de 22 de Maio de 2009:
Caros amigos, Luís, Carlos, Briote e MRibeiro
Na continuação da transcrição de papeis dos tempos de Teixeira Pinto, envio mais um para apreciarem e darem o encaminhamento que julgarem melhor (*).
Abraços para todos vós para todo o pessoal da Tabanca.
Jorge Picado
PS: Vai seguir dentro em pouco uma nota sobre a "Ponte" e as "estradas", prometo.
2. Na continuação da minha comunicação anterior segue agora a transcrição duma cópia, duma reunião, que fiz à mão intitulado “Agricultura”, reunião essa realizada no final de 1970 ou nos primeiros dias de 71, provavelmente em TEIXEIRA PINTO, portanto, quando ainda me encontrava algures por terras de MANSOA.
Agricultura
1. Cultura do Arroz.
Bolanha de Churobrique: Aproveitaram-se só 72kg. (Só a sementeira). Num Ano Bom poderia dar 6.000kg.
Arroz filipino – Foi dado à POP em todos os Reordenamentos
Vai começar a recolha da sementeira em Bajope – Capol a partir da 2.ª quinzena de Janeiro de 71. (reaver as sementes que o SAF deu para a sementeira). Depois seguir-se-ão os outros Reordenamentos.
2. Palmeiras.
Em Dezembro havia 170 sementes germinadas para irem para o viveiro. Depois sai para o lugar definitivo. Pretende-se com estas sementes aumentar os Palmares dos Reordenamentos
3. Árvores de Fruto e Outras Árvores.
Daqui a 2 meses já há novas Plantas para distribuir à população.
4. Granja de Teixeira Pinto.
A ideia do Regente Agrícola é que a Granja de Teixeira Pinto ficasse só com o Palmar. Abrir uma nova Granja, talvez em Calequisse ou Cajegute (depois de Bugulha->Fancate). Primeiro era preciso abrir uma estrada (eram precisos 1 D7 + 3 motosserras). O problema foi levantado em Fev70.
5. Granja de Calequisse.
Desenvolver ou a Granja de Fancate ou de Calequisse. Para desenvolver a de Calequisse, é o mesmo problema -> maquinaria (D7 + 3 motosserras).
6. Granja de Caió.
Só reservada a árvores de fruto. Desde que tivessem 1 tractor já poderiam começar os trabalhos.
7. Ensino à população de novas técnicas.
8. A verba para o ensino na Granja de Teixeira Pinto foi posta ao SAF. Já foi accionada?
9. Recuperação de Bolanhas.
Dar pelo menos 1 Ha.
A divisão ser feita de acordo com o escoamento das águas (-> obriga a que o Sr. Dias faça um estudo).
10. Reparação das cercas dos Reordenamentos (dizem que a população não colabora).
11. Palmar de Balombi. São precisas 3 motosserras + tractor.
Perguntar ao SAF:
verba para alimentação na Granja de Teixeira Pinto
3 motosserras
1 tractor
1 debulhadora-enfardadeira
1 autotanque
Pedir o maior número possível de novas Britadeiras
Pedir o maior número possível de Prensas para o óleo (a prensa pode ser acopulada à Britadeira)
12. Britadeira.
Para quebrar o quenoque. Falar com o Soldado José Carlos (do CAOP).
A população de BARÁ +
13. Palmar de PELUNDO.
O Palmar foi feito pelo Estado, pelos SAF. A exploração feita através dos SAF e em proveito da população do Pelundo.
Ressalta do rascunho, pois era escrito a lápis e esferográfica, que se tratou duma reunião para balanço da actividade desenvolvida no sector da actividade agrícola e no esboço duma programação para novas etapas a desenvolver, na zona de acção do BCaç 2905, pois todas aquelas povoações mencionadas pertenciam à área do Posto Administrativo cuja sede era TEIXEIRA PINTO e aos Regulados de: CHURO; COSTA DE BAIXO; CALEQUISSE; CAJEGUTE; BUGULHA; CAIÓ e PELUNDO.
Pelos vistos a cultura do arroz em CHUROBRIQUE (ponto 1) falhou. Teria sido bom procurar as causas, mas nada se diz.
Tinham sido criadas várias unidades para adaptação e demonstração de novas variedades de árvores de fruto e outras designadas por “GRANJA” e tentava-se criar ainda outras, para as quais seriam necessárias mais máquinas, incluindo Prensas para extracção do óleo de palma, e o que designavam por Britadeiras, para quebrar o quenoque. Note-se que para esta finalidade referem um soldado do CAOP, José Carlos. Seria o encarregado de trabalhar com as Britadeiras?
No ponto 11 refere-se o Palmar de BALOMBI, mas a grafia deve estar incorrecta, uma vez que julgo não existisse este nome, mas sim BALOMBE, a Sul da estrada TEIXEIRA PINTO – CALEQUISSE, mais próximo desta última e no Regulado de CATI.
Quando se fala num Sr. Dias, para fazer um estudo tendo em vista a divisão das bolanhas recuperadas, de acordo com o escoamento das águas, só se podem referir ao Regente Agrícola que, salvo erro, era o responsável pelo sector das bolanhas dos SAF (Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné), que conheci depois no decorrer da minha actividade no CAOP 1.
Aproveito para juntar duas fotografias obtidas numa das muitas visitas que efectuei às Granjas.
Numa sobressaem várias Papaieiras, num dos talhões, que eram de variedade melhorada, para comparação e divulgação, tendo em vista a sua aceitação pela população. Na outra o pormenor do fruto duma palmeira de variedade melhorada em cultura numa das Granjas, para adaptação e demonstração da diferença, para melhor, relativamente às variedades nativas.
Todos as povoações mencionadas e as Granjas visitei-as mais do que uma vez, durante aqueles 8 meses em que percorri a região.
Jorge Picado
Papaieiras
Cacho de palmeira
__________
Nota de CV:
Vd. poste de 20 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4385: Estórias de Jorge Picado (5): A minha passagem pelo CAOP 1 - Teixeira Pinto (I Parte)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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3 comentários:
Caro Jorge
Lendo o teu escrito, parece que estivemos num território - hoje País - totalmente diferente. Nunca imaginei que o que descreves exisitisse.
Será que passei por um outro mundo lá no sul da Guiné ?
Um abraço especial para ti.
Olá Jorge,
Foi bom ler o teu artigo sobre as sementes, plantas, máquinas, etc.
Uma das coisas que eu mais aprecio nos teus artigos é a oportunidade que dás a muitos "guerreiros" do nosso tempo (porque desconhecem), de verem que a guerra da Guiné não era apenas feita de tiros, minas, armadilhas, mortes e o mais que todos conhecemos.
De facto, mãos dadas com a guerra bélica, havia uma outra guerra, não menos extenuante e não menos importante: a "PSICO"! Do programa poderíamos destacar a ajuda humanitária às populações com a assistência na saúde, na distribuição de melhores sementes, de árvores, arranjo de bolanhas, casas, escolas, depósitos de água potável, etc. Nesse aspecto há casos fantásticos de heroísmo que nunca foram devidamente divulgados.
Um dia serão, tenho a certeza.
Essa estratégia era, em minha opinião, a base essencial do pensamento sócial, político e militar do General Spínola: "Uma Guiné Melhor". Por outras palavras, sem a participação e comparticipação activa dos militares e populações na melhoria das condições de vida nas suas zonas de ação e vivência, não era possíval ganhar a guerra no campo militar.
Infelizmente, o programa foi muito mal compreendido por alguns militares que viam nele um protecionista desmesurado ao nativo e detrimental para o soldado que, bem sabemos, foi bastante sacrificado na sua implementação. Para outros o programa foi uma forma justa , equilibrada e dignificante de tratamento e auxílio àquelas populações que em nada contribuíram para o estado de guerra que então se vivia, e que apenas queriam que os deixassem viver a sua vida em paz.
A minha companhia viveu parte da implementação do programa em Bassarel e Bissássema. Estou convencido que o programa trouxe alguma estabilidade militar nas zonas onde foram implementados com inteligência. Teixeira Pinto e Tite são casos que exemplificam isso mesmo.
Um abraço do
J Câmara
ola sou deste tempo 69 71 em t.pinto c.cac 2637 tive muito contato com o admistrador local o sr FRANCISCO A.F.SALGUEIRO fui um dos elememtos indespemcaveis na contrucao do cine canchugo
como carpinteiro deixei la aminha marca como tambem nas ecolas que foam constuidas caio chulame aoende estava o meu pelotao bajope belequise calequisse e ate par o cacheu foram contuidas por mim em comjunto com o vitrino ocarpinteiro local do qual muitas vezes me reordo
boa pessoa da minha actividade operacional nada ou pouco tenho a contar a nao ser a terrivel donenca que fui vitima que me valereram 6 meses internado no hosptpital nopais aonde vivo o CANADA ha 43 anos um abraco daquele que tabem se chama JOSE.F.C.CAMARA
DEZ.07.15
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