Guiné > Região de Quínara > Jabadá > 26 de fevereiro de 1968 > O Comando e CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) façam a viagem de regresso a Bissau, atravessando as Regiões de Gabu e de Bafatá, em coluna militar, e depois de barco, a partir de Bambadinca. Até ao Xime, Ponta Varela e foz do rio Corubal ainda era região de Bafatá. Mato Cão ficava a seguir a Bambadinca, ainda no Geba Estreito (que ia até ao Xime). A caminho de Bissau. na margem esquerda do rio Geba, no estuário do Geba, já muito depois da Foz do Rio Corubal, ficava Jabadá... Não era sítio onde a malta parasse, via-se apenas, de perfil, ao longe, escondida sob enormes poilões... (Foto tirada na maré vazia, as canoas estão fora de água...)
Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Quínara > Carta de Tite (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa da Ponta de Jabadá, na margem esquerda do Rio Geba, a meia distância entre Bissau e Porto Gole (situados na margem direita).
A população de Jabadá vivia da cultura do arroz, produzido na grande bolanha. O aquartelamento das NT nunca foi em Jabadá (tabanca, mais a sul) mas na Ponta, que até ao início da guerra (1963) era um florescente entreposto comercial. Por exemplo, o comerciante e colono libanês Jamil Heneni, com sede em Bafatá, tinha "grandes plantações de arroz" em Jabadá.
A sentinela do Geba foi reconquistada ao PAIGC há 60 anos em 29 de janeiro de 1965.
Rui A. Ferreira (1943-2022). Aqui com um "boné turra"...
1. Mais um delicioso microconto do nosso saudoso Rui Alexandrino Ferreira. É sobre o temível aquartelamento de Jabadá, ao tempo em que ele era alf mil inf, CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67). (Fará depois outra comissão no CTIG, como capitão mil, cmdt da CCAÇ 18, Aldeia Formosa, jan 71 / set 72).
Esta história (no original, "O Alferes da Administração Militar") deve-se ter passado no tempo do BCAÇ 1860 (TIte, 1965/67). O autor não identifica a unidade.
O Alferes SAM que por nada deste mundo queria ir ver as contas a Jabadá...
por Rui A. Ferreira (1943-2022)
Dependendo organicamente do batalhão sediado em Tite, um belo dia, o alferes responsável pelo controlo das contas, do rancho geral, bares e similares, foi chamado à presença do comandante do batalhão, que o informou que no dia seguinte, aproveitando a avioneta destinada ao sector nesse dia, devia tomar nela o lugar e ir inspecionar as contas de Jabadá a ver se estava tudo conforme,
Aí o bom do alferes, que queria tudo menos ir a Jabadá, respondeu:
− Saiba, senhor meu comandante, que os indivíduos de Jabadá são extremamente rigorosos na apresentação das contas.
Fez uma pausa, como que a medir a reação do comandante e, não querendo de forma nenhuma ter de ir a Jabadá, concluiu:
− E se faltar alguma coisa, eu mesmo pago do meu bolso.
Ir a Jabadá é que nem pensar!...
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Último poste da série > 20 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26403: Humor de caserna (98): Quando o IN... jabadava!... Até que o goês e pacato alferes Basílio dos morteiros quis saber porquê... (Rui A. Ferreira, Sá da Bandeira, 1943 - Viseu, 2022)
5 comentários:
As funções do meu colega do CA do tal batalhão não são as que estão aqui reproduzidas.
As contas do rancho geral são da competência do vago mestre, as contas de bares e assimilado eram da conta do gerente do bar que era substituído mensalmente, etc. Tudo e muito mais era supervisionado pelo CA do batalhão.
Enviei um grande resumo ontem ao nosso comandante do blogue, sobre as funções dos CA.
O Luís deve estar à Nora para desembrulhar um artigo com 15 páginas e 15 fotografias.
Mas ele com a sua invulgar capacidade vai fazer um bom trabalho mas demorado. Eu levei um mês para o fazer.
A foto de JABADÁ é minha e lembro perfeitamente de a tirar do barco turra que me levou para Bissau no dia 26fev68.
Abraço
Virgílio Teixeira
Virgílio, tens de admitir e aceitar (?) a ignorância que todos tínhamos em relação ao papel uns dos outros, operacionais e não operacionais. Por isso te pedi o texto sobre os CA dos batalhões que vou publicar com todo o gosto.
Quem queria ir a Jabadá? Quem queria ia para a Guiné ? Eu, não...
Não há mais "jabadenses" por aí ? Precisamos de mais fotos, histórias, memórias, de malta que tenha passado por Jabadá, a sentinela do Geba!
Claro que aceito, só tive de esclarecer, sem ferir ninguém.
Há uma total ignorância (no bom sentido) sobre a nossa missão e função.
É bom que tenha escrito este relatório, que irá esclarecer tanta coisa.
(Também lá e com Oficiais do quadro outros milicianos era difícil fazer compreender a nossa missão) . Sei disso.
VT.
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