Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > c. 1961/62 > Destacamento deBuruntuma ( 1 Gr Com reforçado, 3ª CCAÇ e CCAV 252) > Uma ação de nomadização... À frente o alf mil Jorge Ferreira, de calões e FPB!... Atrás duas praças guineenses, com a velha mauser e capacete!...
Guiné > Região de Gabu > Buruntuma > c. 1961/62 >A escola de Buruntuma > O alf mil Jorge Ferreira e um dos seus dois gradudos, de chapéu colonial, que dava aulas aos militares... Não há nenhuma foto fo professor cabo-verdiano. O Jorge Ferreira comandava uma guarnição miliatre de cerca de 40/45 homens, composta por ums seção do Esquadrão ou Companhia de Cavalaria 252 e por uma seção da 3ª CCAÇ. A seção de cavalaria era comandada pelo fur mil cav Mário Magalhães; a seçõa da 3ª CCAÇ era comandadapelo 2º sargento Moreira, depois substituido pelo 2º sargento Afonso (que aparece aqui nas duas fotos).
Fonte: vd. sítio do fotógrafo Jorge da Silva Ferreira e o seu livro "Buruntuma: algum, dia serás grande!... Guine, Gabu, 1961-63 (Lisboa, Programa Fim do Império, Liga dos Combatentes, 2016, p. 25).
Fotos: © Jorge Ferreira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. No último trimestre de 1961, quando chegou a Buruntuma para comandar o destacamento, guarnecido por uma força cojunta (cerca de 40/45 homens) da 3ª CCAÇ e da CCAV 252, o alf mil Jorge Ferreira, esta povoação fronteiriça era rua uma por onde passava a "estrada internacional" Bissau-República da Guiné (Conacri)...
A fronteira (uma linha imaginária!) era a escassas centenas de metros... De um lado e do outro da rua, alinhavam-se "algumas casas de alvenaria", a saber:
(i) do lado direito, a casa do régulo Sene Sane, tenente de 2ª linha; o armazém de mancarra (que servia de aquartelamento); duas casas comerciais (uma da família Coelhoso, natural de Mirandea (?);
(ii) do lado esquerdo, a escola primária; as instalações da PIDE; duas casas comerciais, a Casa Gouveia e a Sociedade Ultramarina; e a enfermaria...
Por destrás da Buruntuma colonial, ficavam as moranças da população local (fulas e mandingas), estimada em um milhar de habitantes.
Fonte: FERREIRA, Jorge - Buruntuma: algum dia serás grande!.. Guiné, Gabú, 1961-63. Lisboa: Programa Fim do Império [, Liga dos Combatentes,], 2016, p. 8.
Na página 25, há uma fotografia da escola de Buruntuma. O Jorge Ferreira aparece ao lado de uma figura que pode muito bem ser o professor. O autor da publicação citada diz-nos que em Buruntuma havia "!uam escola e uma enfermaria, aliás infraestruturas de qualidade que não era vulgar encontrar em povoações de igual dimensão na Metrópole" (p. 10)
E o Timóteo Costa termina dizendo, "cá me encontro como professor em Buruntuma, portanto podes contar comigo em todos os momentos"...
O que lhes terá acontecido, a um e a outro ? Não há mais rasto deles,,, no Arquivo Amílcar Cabral
Referindo-se ao "apoio social" prestado pela tropa, no seu tempo, acrescenta:
(...) " Em termos de escola, propôs-se ao professor de origem cabo-verdiana cujpo português muitas vezes era mescalado com termos de crioulo, dar-lhe apoio destacando para a escola militares habilitados" (p. 10). A proposta foi aceite, sendo "essa colaboração extremamente benéfica em termos de aproveitamento escolar"... A adesão foi "entusiástica" por parte dos nulitares, ajudando-os a ocupar os seus tempos libres e sair da rotina,
Quanto à "enfermaria". o comandante do destacamento propôs ao comando da companahia (a 3ª CCaç , sediada em Nova Lamego) que o médico se disponibilizasse para atender também a população local. Em geral, ele visitava regularmente o destacamento, ou seja, de quinze em quinze dias. O médico [, julgo que o ten mil médico António Sancho, mais tarde conhecido cirurgião plástico...] acolheu a ideia de bom grado e a extensão da cobertua médica à população contribuiu também para "o ótimo clima de relacionamento que a breve trecho se estabeleceu entre a população e os militares" (p. 10).
Jorge Ferreira não nos diz quem era o enfermeiro nem identifica o professor, que só sabemos que era, no final de 1961 / princípios de 1962, de origem cabo-verdiana. (Em Bambadinca, era uma professora, também de origem cabo-verdiana, a dona Violete da Silva Aires).
Pergunta: o enfermeiro não deveria ser guineense, Cirilo de seu nome ? E o professor não seria o Timóteo Costa, autor da carta que a seguir se reproduz ?
De acordo com o tratamento do documento, que faz parte do Arquivo Amílcar Cabral, Timóteo Costa, acabado de colocar em Buruntuma como professor [do ensino primário], escreve a um seu contacto [Marcelo de Almeida, membro do PAIGC, cabo-verdiano, próximo de Amílcar Cabral nesta época, 1961; era delegado do PAIGC em Koundara ], a quem trata afetuosamente por "amigo e irmão africano", e dando-lhe a seguinte informação:
(i) acaba de chegar a Buruntuma, vindo de Bissau, há 12 dias;
(ii) dá notícias do seu "ilustre amigo Cirilo", enfermeiro;
(iii) incentiva [, o destinatário,] a "trabalha[r] que nós também estamos a fazer o mesmo para um bom futuro e feliz progresso do filho africano";
(iv) dá um recado do Cirilo, transmitido em linguagem algo hermética [, tudo indicando que o Cirilo faz trabalho político em Buruntuma, sendo por isso um militante do PAIGC];
O que lhes terá acontecido, a um e a outro ? Não há mais rasto deles,,, no Arquivo Amílcar Cabral
e o Jorge Ferreira ceghou a conhecê-los e lideou com eles ? Trata-se de um documento interessante, que ilustra o trabalho de sapa que Amílcar Cabral e o seu partido estavam a fazer, a partir de Conacri, apesar da forte repressão exercida pela PIDE e demais autoridades portuguesas.
Não encontramos rasto deste Timóteo Costa. Ao telefone, o Jorge Ferreira diz que se lembra bem do enfemeiro Cirilo mas que o professor Timóteo Costa pode já não ser do seu tempo... Em todo o caso, prometeu tirar dúvidascom o ex-fur mil cav Mário Magalhães.
De acordo com as regras editoriais do nosso blogue, estas referências ao Cirilo e ao Timóteo Costa, pessoas que podem estar vivas, não implicam qualquer juízo de valor. Tanto a escola primária como o posto de enfermaria de Buruntuma eram mantidos pela administração da província. Os factos aqui relatados são hoje públicos. Mas a nossa interpretação pode estra enviesada por falta de "contraditório". O documento que reproduzidos, do Arquivo Amílcar Cabral, é único, não há mais mensagens eventualmente trocadas por Timóteo Costa com Marcelo de Almeida, representante do PAIGC em Koundara, envolvendo o nome do enfermeiro Ciriilo. Também sabemos que havia, no TO da Guiné, "agentes duplos", gente que tanto passava informações para a PIDE como para os movimentos nacionalistas, e em especail para o PAIGC (fundado em 1956, e até 1962, usando a sigla PAI - Partido Africano para a Independência).
2. Transcrição, revisão e fixação de texto (LG):
Amigo e irmão africano Marcelo:
Tomo hoje a liberdade de lhe fazer [sic] duas linhas, informando que cheguei de Bissau, há já 12 dias, onde tenho notícias cujo termo lhe vou informar quando estiver [? ] dentro da minha normalidade. Isto é, quando tiver quem a levará. Pode ser dentro de já. Cá encontramos dia de eu e seu islustre [sic] amigo Cirilo, enfermeiro, com muito prazer de encontrar. Trabalha que nós também estamos a fazer o mesmo para um bom futuro e feliz progresso do filho africano,
Mudando de assunto, junto lhe dou o recado do senhor Cirilo:
Segue:
- Enquanto a informação, isto do nosso combinado está correndo na medida do costume. Por hora (sic) não [há] nada de anormal, mas no entanto farei o possível de lhe enviar qualquer motivo dentro de breve. Pode estar sossegado que no sábado lhe enviarei algumas considerações sobre esta política africana.
Cá me encontro como professor em Buruntuma, portanto podes contar comigo em todos os momentos. Sou, Timóteo Costa.
Portal Casa Comum / Instituição:Fundação Mário Soares
Pasta: 04608.052.187
Assunto: Transmite um recado do enfermeiro Cirilo, que se encontra em Buruntuma como professor, sobre o trabalho em prol da luta de libertação.
Remetente: Timóteo Costa
Destinatário: Marcelo [de Almeida]
Data: 1961
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência recebida 1961 (PAIGC, MPLA, FRELIMO, CONCP, UGEAN)
.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondencia
Arquivo Amílcar Cabral > Correspondência > 1961
Citação:(1961), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_38633 (2017-3-5)
(Transcrito com a devida vénia)
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Não encontramos rasto deste Timóteo Costa. Ao telefone, o Jorge Ferreira diz que se lembra bem do enfemeiro Cirilo mas que o professor Timóteo Costa pode já não ser do seu tempo... Em todo o caso, prometeu tirar dúvidascom o ex-fur mil cav Mário Magalhães.
De acordo com as regras editoriais do nosso blogue, estas referências ao Cirilo e ao Timóteo Costa, pessoas que podem estar vivas, não implicam qualquer juízo de valor. Tanto a escola primária como o posto de enfermaria de Buruntuma eram mantidos pela administração da província. Os factos aqui relatados são hoje públicos. Mas a nossa interpretação pode estra enviesada por falta de "contraditório". O documento que reproduzidos, do Arquivo Amílcar Cabral, é único, não há mais mensagens eventualmente trocadas por Timóteo Costa com Marcelo de Almeida, representante do PAIGC em Koundara, envolvendo o nome do enfermeiro Ciriilo. Também sabemos que havia, no TO da Guiné, "agentes duplos", gente que tanto passava informações para a PIDE como para os movimentos nacionalistas, e em especail para o PAIGC (fundado em 1956, e até 1962, usando a sigla PAI - Partido Africano para a Independência).
2. Transcrição, revisão e fixação de texto (LG):
Amigo e irmão africano Marcelo:
Tomo hoje a liberdade de lhe fazer [sic] duas linhas, informando que cheguei de Bissau, há já 12 dias, onde tenho notícias cujo termo lhe vou informar quando estiver [? ] dentro da minha normalidade. Isto é, quando tiver quem a levará. Pode ser dentro de já. Cá encontramos dia de eu e seu islustre [sic] amigo Cirilo, enfermeiro, com muito prazer de encontrar. Trabalha que nós também estamos a fazer o mesmo para um bom futuro e feliz progresso do filho africano,
Mudando de assunto, junto lhe dou o recado do senhor Cirilo:
Segue:
- Enquanto a informação, isto do nosso combinado está correndo na medida do costume. Por hora (sic) não [há] nada de anormal, mas no entanto farei o possível de lhe enviar qualquer motivo dentro de breve. Pode estar sossegado que no sábado lhe enviarei algumas considerações sobre esta política africana.
Cá me encontro como professor em Buruntuma, portanto podes contar comigo em todos os momentos. Sou, Timóteo Costa.
Documento, manuscrito, de 2 páginas. Transcrição, revisão e fixação de texto: LG
Portal Casa Comum / Instituição:Fundação Mário Soares
Pasta: 04608.052.187
Assunto: Transmite um recado do enfermeiro Cirilo, que se encontra em Buruntuma como professor, sobre o trabalho em prol da luta de libertação.
Remetente: Timóteo Costa
Destinatário: Marcelo [de Almeida]
Data: 1961
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência recebida 1961 (PAIGC, MPLA, FRELIMO, CONCP, UGEAN)
.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondencia
Arquivo Amílcar Cabral > Correspondência > 1961
Citação:(1961), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_38633 (2017-3-5)
(Transcrito com a devida vénia)
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16409: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral e outros / Casa Comum (20): A fábula do lobo, do boi e do elefante, contada aos pioneiros do PAIGC (Blufo, nº 7, jun-dez 1966, p. 3)
Último poste da série > 21 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16409: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral e outros / Casa Comum (20): A fábula do lobo, do boi e do elefante, contada aos pioneiros do PAIGC (Blufo, nº 7, jun-dez 1966, p. 3)