1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Outubro de 2009:
Malta,
Fui à exposição e o Amílcar Cabral apanhou-me de surpresa.
De acordo com o catálogo, já fora exposto na exposição “Retratos de Amílcar Cabral”, Ar.Co, Lisboa 1977.
Para quem quiser ir recordar o antes e depois do período revolucionário, não há melhor.
Um abraço do Mário
Amílcar Cabral numa exposição da Gulbenkian
Por Beja Santos
Decorre no CAM – Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, na Gulbenkian, uma exposição intitulada “Anos 70 atravessar fronteiras”, comissariada pela investigadora Raquel Henriques da Silva. Visitei a exposição à procura de mais informação sobre o reflexo da sociedade de consumo nas artes plásticas, cujas primeiras expressões datam dos anos 60. Se é verdade que a generalidade dos artistas entrou em oposição ao regime, no final dos anos 50, importa realçar o papel dos novos mecenas, do aparecimento da Fundação Gulbenkian, de coleccionadores e de tecnologias que vieram a permitir a acessibilidade da arte (caso da gravura e da serigrafia e das novas ousadias do desenho gráfico). A arte dos anos 60 para os anos 70 projecta esses múltiplos sonhos: a arte pop, a desconstrução do objecto de consumo, a proliferação das galerias de arte para satisfazer novas clientelas ávidas dos novos sinais de uma arte que tratava a fotografia, a colagem, os tecidos, os novos materiais como o spray, que punha em código desafios como os direitos humanos, as expressões afectivas, a sátira consumista, por exemplo. Os anos 70 são decisivamente marcados pelo 25 de Abril, e as novas profissões de fé políticas, mas tolheram experiências inerentes ao novo mundo do consumo e respectivos valores de civilização. Ia, pois, à procura de temas da minha profissão, revisitar artistas admirados como Lurdes Castro, Carlos Calvet, Eduardo Nery e Sá Nogueira, entre outros.
É nesta deambulação que fui confrontado com o retrato de Amílcar Cabral, datado de 1977, em tinta celulósica, de Noronha da Costa. Luís Noronha da Costa é considerado um dos mais originais artistas do século XX e seguramente um dos mais prolíficos. Tudo experimentou: fotografia e cinema; o acasalamento dos objectos com e sem a tela; a tensão permanente entre a luz que jorra e ilumina vários pontos do quadro no meio da neblina e dos esfumados. Um verdadeiro artífice, impaciente, atrevido, jogador das formas e das cores, manipulando as técnicas da performance e as evocações da arte multiplicada, reprodutível, tipo Andy Warhol.
Aqui fica pois um convite para ir ver uma fotografia de culto de Amílcar Cabral reinventada em tela fotossensível por Luís Noronha da Costa. Faz parte do nosso património, temos que ter orgulho nesta intenção de um grande artista português.
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Notas de CV:
Vd. poste de 21 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5139: Notas de leitura (30): Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, de Saturnino Monteiro (Beja Santos)
Vd. último poste da série de 16 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5114: Agenda Cultural (34): A China de Ontem e de Hoje. Conferência proferida por António Graça de Abreu no dia 13OUT09 (Carlos Silva)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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