1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a sua 26ª estória:
Camaradas,
Ao rever as minhas memórias, encontrei este texto no meu baú, que pretende ser uma homenagem às Mães deste país, que tiveram os seus filhos na Guerra do Ultramar.
LÁGRIMAS DE UMA MÃE
Nunca julguei que era tão difícil separar-me de minha mãe.
Na hora da despedida, senti as suas lágrimas e pensei: “Sente uma mãe, um filho na sua barriga, seu corpo mudar de forma e esperar a boa hora.”
Para quê?
Ver o seu filho crescer e ser a razão do seu viver.
Por mim chorou, sorriu, sofreu e lutou.
Quantas vezes me levou á escola, me viu jogar á bola, me levou ao médico e me amparou na doença.
Noites sem dormir, com febres e cólicas, quantos sustos lhe dei.
Então cresci e um dia fui-me embora, não para estudar ou trabalhar, não para constituir família. Mas sim, para o serviço militar.
Fiz as sortes, fui incorporado, mobilizado e parti para a guerra… na Guiné.
Vi as lágrimas de minha mãe derramadas na hora da partida!
Minha mãe pediu a Deus, que voltasse são e salvo, para o seu regaço.
Lembrou-se de uma amiga que enterrou seu filho morto em África, tinha vinte e dois anos e morreu vítima da guerra.
Chorou lágrimas de desespero quando seu filho foi ferido.
Toda a mãe chora quando vê partir um filho e só volta a ter alegria, quando o torna a ver, a ter perto de si outra vez.
Com lágrimas nos olhos recebeu-me quando regressei e agradeceu a Deus, pelo seu filho estar de volta com vida.
Foram muitas as lágrimas de… minha Mãe.
Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
12 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 – P5098: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (25): As armas proibidas que nós utilizámos
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