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domingo, 13 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26682: S(C)em Comentários (63): Era o que faltava um miliciano, como o Rui Alexandrino Ferreira, com uma Torre e Espada! (Antº Rosinha)


Rui Alexandrino Ferreira (Sá da  Bandeira, hoje Lobango,  1943- Viseu, 2022), ten cor inf ref,
que fez três comissões em África, duas comissões no CTIG, como alf mil inf, CCAÇ 1420, (Fulacunda, 1965/67), e depois como cap inf , cmdt dt da CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, jan 71 / set 72). 


1. O Antº Rosinha disse em comentário ao poste P26678 (*):

"Era o que faltava um miliciano com a mais alta condecoração das Forças Armadas."

Esta observação de Beja Santos, que eu leio bastante, esta observação tem "porras".

De notar que havia muito poucos oficiais de carreira, jovens durante a guerra do Ultramar.

Salazar não obedecia àquele ditado antigo "se queres a paz, prepara a guerra".

Em 1961, início da guerra do Ultramar, para Angola e em força, nem militares nem armas, nem quarteis, nada estava preparado para qualquer tipo de guerra.

Se este oficial miliciano, Rui Alexandre Ferreira, recebesse a Torre e Espada, não haveria produção industrial para tantas Torres e Espadas.

Em 1961, os oficiais e sargentos de carreira, portugueses, nem pensavam desde 1920 (40 anos de paz, podre, mas era paz), em qualquer tipo de guerra.

Como tal não eram psicologicamente, nem mais nem menos que qualquer funcionário público, encostados ao orçamento à espera da sua aposentadoria, privilégio que não abrangia todos os portugueses.

E, a partir de 1961, os velhos sargentos e oficiais muitos teriam desistido de encarreirar os seus filhos para a carreira militar.

Só me atrevo a falar de um militar da Guiné, raramente o faço aqui, porque me chamou a atenção ele ser natural de Sá da Bandeira, Angola, e ter sido contemporâneo de Pepetela nos estudos no liceu daquela cidade.

Como os dois são angolanos, um seguiu para um lado, o outro seguiu outro caminho.



O António Rosinha é um dos 111 (históricos do blogue).  Tem 150 referências. Foi fur mil inf em Angola /1961/62. E trabalhou, como civil, tópógrafo na TECNIL, na Guiné-Bissau, de 1978 a 1993, ao tempo do Luís Cabral e do 'Nino' Vieira.

__________________

Notas do editor:


(**) Último poste da série > 25 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26613: S(C)em Comentários (62): As mulheres que foram à guerra, nossas camaradas (Luís Graça)

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Maurício Saraiva também era miliciano e angolano, e "ganhou" a Torre e Espada... Por sinal, o Maurício e o Rui conheciam-se, creio até que andaram no mesmo colégio ou liceu...

Anónimo disse...

Escreveu aqui, em vida, o Rui A. Ferreira:

(...) A Atenção de: Luciana Saraiva Guerra

Chamo-mo Rui Alexandrino Ferreira, sou Tenente Coronel do exército, reformado, cumpri duas comissões de serviço na Guiné de 1965 a 1967 e de 1970 a 1972.

Nasci em Sá da Bandeira [, hoje cidade do Lubango, capital da província da Huíla, em Angola, ] e fiz todo o curso liceal, no Liceu Diogo Cão.

Aí, fui companheiro de teu pai, que presumo ser o Gustavo Saraiva, pois não conheci mais nenhum irmão do Leonel Saraiva.

A minha idade, está entre a do teu tio e do teu pai.

Se falares ao teu pai, no Rui Alexandrino, no Rui Gordo ou no Rui da Académica, ele te dirá quem sou.

Hesitei em entrar em contacto contigo, não por ser um tanto critico de algumas acções do teu tio, de algumas faltas de rigor, de uma certa vaidade que ele ostentava e de que nada precisava, pois foi efectivamente um grande combatente.

Como já te deves ter apercebido, sobre o teu tio se contavam mil e uma histórias.

A memória que merecem os mortos e o facto extraordinário de nós, portugueses, exagerarmos sempre no que contamos, normalmente acrescentando um ponto da nossa laia, por vezes não ajudam.

Se estiveres interessada, estou na disposição de te enviar o livro que escrevi, "Rumo a Fulacunda", onde retrata as experiências da primeira comissão na Guiné.

Tem um capitulo, totalmente dedicado a Sá da Bandeira, que presumo que te poderá ser útil, espero pois que me digas alguma coisa." (...)

Morais Silva disse...

Fico a saber pelo António Rosinha .... "De notar que havia muito poucos oficiais de carreira, jovens durante a guerra do Ultramar". Lá fui eu aos meus registos e constatei ter havido 1394 Capitães QP de Inf, Art e Cav a comandar companhias de combate desde o 1º embarque em 12/8/59 até ao último em 10/09/75. Por "acaso" a grande maioria deles també tinha iniciado s lides numa 1ª comissão como Alferes também em companhias de combate. Como o António Rosinha esteve em Angola em 61/62 dou-lhe conta de que em 1961 embarcaram para Angola 110 companhias de combate comandadas por jovens Capitães QP e em 1962 embarcaram ainda mais 29 companhias. Convenhamos que considerar poucos, mais de um milhar, é usar uma métrica pouco comum!

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Estamos de acordo: nada como falar com números... Ou melhor, "saber falar" com números...

Antº Rosinha disse...

1394 Capitães QP de Inf, Art e Cav a comandar companhias de combate desde o 1º embarque em 12/8/59 até ao último em 10/09/75.

Morais Silva, para Angola e em força, foi em 1961, Abril, e concordo que nessa altura houvesse bastantes alferes, tenentes e capitães, até porque para chegar aí era uma grande ambição muito generalizada de muitos jovens portugueses, principalmente do imenso mundo rural daqueles tempos.

Mas já em 1962 já estive na minha última companhia, com 3 únicos militares do quadro.

O capitão, que à três anos ainda vivia, o 1ºsargento e o vago-mestre.

O vago-mestre apanhado a surripiar, foi substituido por mim, armas pesadas, ficou só o 1º e o capitão do quadro.

Pois mesmo o capitão, foi substituido por motivo de carreira, e veio um capitão miliciano, que surripiou instantaneamente o saco azul com 100 contos.

Ficou só o 1º sargento do QP.

Mas outra experiência que tive foi ter sido requisitado com outro colega das Estradas, para um Batalhão em São Salvador do Congo em 1966.

A função era com uns oficiais subalternos, estudar uns caminhos estratégicos junto aquela fronteira com o Zaire.

O assunto nem interessa para aqui, mas só o trago para dizer que isso em 1966, dos muitos alferes de todo o batalhão que não sei quantos eram, , apenas lidei com um tenente do quadro, que foi ele aliás, que salvou um pouco o programa, pois ninguém queria saber da "guerra" para nada.

Morais Silva, aquilo eram territórios imensos, e os alferes faziam as férias dos capitães e os furrieis as férias dos alferes.

O melhor comandante que eu tive foi um cabo numa patrulha em que era eu que mandava.

Sim, porque em 1961 e 1962, era à base de secção que se faziam patrulhas, e às vezes secção incompleta.

Mas se éramos tão poucos, principalmente os capitães que foi preciso recorrer aos milicianos, porque foi que durou 13 anos aquela guerra?

Morais Silva, honra a quem lá andou, e mesmo quando vejo muitos reformados da França, alguns parentes, honra para eles também.

Cumprimentos