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Malta,
Aqui vai algum interior da nossa Guiné. Evitei aquelas que falam de uma arquitectura degradada, sobretudo de Bafatá e Farim.
Preparem-se, na próxima edição junto os postais do nosso tempo, imagens tranquilas de folclore, mercados, tocadores de corá e fainas domésticas com que enganávamos as nossas famílias, procurando convencê-las que estávamos em pacífica aventura africana.
Um abraço do
Mário
Uma relíquia: Postais antigos da Guiné (3)
Por Beja Santos
As imagens que constituem a terceira parte da obra têm a ver com aspectos do interior da colónia e não são alheias à sua divulgação manifestações como a Exposição Colonial do Porto (1934) ou as celebrações do Quinto Centenário da Descoberta da Guiné (1946), surgindo depois firmas comerciais como a Foto Serra, a Casa Mendes, a Confeitaria Império, as Galerias Jotaeme e a Foto Iris, todas sediadas em Bissau, para além das edições da Agência-Geral do Ultramar e o Centro de Informação e Turismo da Guiné.
Muita da memória guineense está perdida ou desfalcada, sobretudo a guerra civil levou ao desaparecimento de documentos, à destruição de livros ou à inutilização de filmes e fotografias. Desapareceram computadores com preciosas bases de dados, tudo isto no apocalipse dos bombardeamentos e de actos de puro vandalismo. Felizmente que no tempo da guerra civil, e graças a um protocolo de cooperação entre o Governo da Guiné-Bissau, o PAIGC e a Fundação Mário Soares se conseguiu recolher documentação valiosa, a começar pelos manuscritos de Amílcar Cabral e o vasto leque de fotografias referentes a este líder político.
Pois estes velhos postais ilustrados proporcionam o registo de memórias como a vida na então capital, Bolama, à época detentora dos edifícios mais sumptuosos da colónia, mas também possuidora de monumentos bizarros como aqueles que Mussolini ofereceu à cidade como recordação da viagem de Italo Balbo de Roma até ao Atlântico Sul. São mostradas vistas de Bafatá, então a terceira povoação da colónia, os seus arruamentos, a ponte sobre o rio Geba, o edifício da Administração civil e a sua torre arabizante, mas também o porto de Farim e outras perspectivas, o imponente edifício da Administração de Nova Lamego (Gabu) e postais de pendor exótico, mostrando Felupes, Bijagós; convém recordar que a ilha de Bubaque e o arquipélago dos Bijagós se transformaram numa atracção turística, o próprio Governador possuía aqui uma residência de veraneio. A última série de postais vem na sequência destes aspectos de interior, mostrando o povo e os seus costumes entre 1905 e 1970. Estarão porventura aqui algumas das imagens mais importantes que nós mandámos às nossas famílias.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 3 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5399: Postais ilustrados (16): Postais Antigos da Guiné, de João Loureiro - Da Bissau nos anos 40 até à década de 70 (Beja Santos)
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