segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3507: Historiografia da presença portuguesa em África (10): Bolama, 1930: a nova igreja e o proselitismo católico (Beja Santos)


Boletim O Missionário Católico, 1930, p. 30 > A notícia da construção, em 1930, da nova igreja de Bolama. Era então governador o Major Leite de Magalhães. Mandam-se recados para Lisboa, para o Governo da Ditadura Nacional (que abrirá o caminho ao Estado Novo): Não obstante o extraordinário desenvolvimento da Guiné, "mercê da ocupação total efectiva [sic] do seu território, e da criteriosa administração que tem tido", um duplo e "gravíssimo perigo" ameaça os seus povos: a propaganda do maometismo e do protestantismo... E cita-se o ponto de vista de um alto funcionário da colónia francesa vizinha: "Desde o dia em que a Guiné seja conquistada pelo maometismo, deixará de ser portuguesa"... (LG)
Imagens: © Beja Santos / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados

1. Apontamento, com interesse historiográfico para o conhecimento da presença portuguesa na Guiné-Bissau, na época colonial (*), enviado em 29 de Setembro último, pelo nosso camarada Beja Santos:

Para conhecer alguns ínfimos (mas preciosos) pormenores da nossa Guiné, vale a pena percorrer «O Missionário Católico - Boletim Mensal dos Colégios das Missões Religiosas Ultramarinas dos Padres Seculares Portugueses».

Acabo de adquirir na Feira da Ladra um volume com boletins de "O Missionário Católico" referente a 1930 a 1931. Há imagens de edifícios, documentos, relatos de viagens, análises de missionários, por exemplo, que só podemos encontrar nesta publicação que apareceu com a Ditadura Nacional e procurar entender o novo surto de estímulo missionário.

Fala-se numa Guiné como terra prometedora para a missão de novas almas. Escreve-se:
(...) "Apenas sobe o ponto de vista religioso se encontra ainda pouco menos do que abandonada. Até há pouco tempo tinha somente um missionário em Bissau; hoje em, Bolama, conta com mais outro... a população da Guiné é dócil e em grande parte cristã (!!!). A tradição dos antigos missionários (que muitos houve outrora por lá, sobretudo na região de Cacheu) ainda perdura. A Guiné é terreno preparado para a evangelização cristã... o governo estabeleceu já vários postos agrícolas em diversos pontos da Guiné, mas isso não basta. É preciso estimular o indígena ao trabalho e levá-lo a procurar o seu próprio bem-estar e interessá-lo pelo desenvolvimento da riqueza pública. Certamente que uma larga rede de missões espalhadas pela província viria auxiliar o desenvolvimento progressivo da daquela nossa importante colónia." (...).
A Guiné estava sem uma igreja desde 1908. Graças a subscrições entre fiéis foi inaugurada em 1930 uma igreja em Bolama, tendo ao lado uma casa paroquial.

Em 1991, assisti aqui a uma missa falada em crioulo, é um interior singelo, tem um corpo com cerca de 11 metros, estava cheia e o batuque vibrou em momentos de grande significado. A igreja de Bolama perdeu importância com a mudança da capital para Bissau, em 1941, e com o aparecimento da Catedral, na Avenida da República.

Beja Santos

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 14 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3454: Historiografia da presença portuguesa (9): Carta da Guiné, 1843

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