quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3527: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (1): Lançamento do livro, 13/12/08, 17h, na Academia Militar, Amadora



Convite > "A Academia Militar e a DG - Edições têm o prazer de convidar V.Ex* para o lançamento do livro A Retirada de Guileje, do Coronel Coutinho e Lima. O livro será apresentado pelos jornalista Eduardo Dâmaso e General Loureiro dos Santos. 13 de Dezembro de 2008 - 17h00. Auditório da Academia Militar. Amadora. Será servido um Alvarinho de Honra, oferta especial das Câmara Municipal de Melgaço e Câmara Mnuicipal de Monção"

O blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (*) associa-se a esta iniciativa, dá os parabéns ao autor, membro da nossa Tabanca Grande, e espera poder encontrar muitos amigos e camaradas da Guiné, no dia 13 de Dezembro de 2008, às 17h, no auditório da Academia Militar, na Amadora.

A RETIRADA DE GUILEJE

Brevíssimo Resumo:

(i) Em 4 SET 72, com o Posto de Major, iniciei a 3ª. Comissão por imposição, na GUINÉ.

(ii Em 8 JAN 73 fui nomeado, pelo Sr. Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, Sr. General ANTÓNIO DE SPÍNOLA, Comandante do Comando Operacional nº. 5 (COP 5), com sede em GUILEJE. Na Zona de Acção do COP 5 passava o “ Corredor de GUILEJE”, através do qual o PAIGC introduzia 70 a 80% dos abastecimentos (armas, munições e outros), para todo o território da GUINÉ.

(iii) Em 25 MAR73, foi abatido na região de GUILEJE, o 1º. Avião a jacto FIAT G – 91, atingido por um míssil terra-ar STRELA; o Piloto foi recuperado, com um pé partido. O aparecimento destes mísseis provocou grandes alterações e limitações no emprego da nossa Força Aérea.

(iv) Em 18 MAI73 pelas 7:00 horas, 2 Grupos de Combate e 1 Pelotão de Milícia, saídos de GUILEJE, foram emboscados por um grupo Inimigo (IN) estimado em 100 elementos; as Nossas Tropas (NT) sofreram 1 Morto, 7 Feridos graves (um dos quais veio a falecer 4 horas mais tarde por falta de evacuação) e 4 Feridos ligeiros.

(v) Em 11 MAI 73, o Sr. General SPÍNOLA, na sua última visita a GUILEJE, afirmara, perante formatura geral de todos os militares que, não obstante os condicionamentos de actuação da Força Aérea, esta faria a evacuação dos feridos graves; esta promessa não foi cumprida.

(vi) Face à situação, solicitei a ida a GUILEJE de Delegados da Repartição de Operações e da Força Aérea; porque estes não apareceram, desloquei-me no dia seguinte (19 MAI) a CACINE, comandando a evacuação das baixas da emboscada, através do rio; esperava lá encontrar os Delegados referidos.

(vii) No dia 20 MAI, ao fim da tarde, fui transportado de helicóptero a BISSAU, onde apresentei ao Sr. General SPÍNOLA a necessidade de reforços, já solicitada antes por mensagem; respondeu-me que não me dava qualquer reforço, que devia regressar na manhã seguinte a GUILEJE e que ia mandar para lá o Sr. Coronel Paraquedista RAFAEL DURÃO, passando eu a 2º. Comandante.

(viii) Cheguei a GUILEJE ao fim do dia 21 MAI, depois me ter deslocado de sintex (barco com motor fora de borda) de CACINE (onde a Força Aérea me deixou) para GADAMAEL; o percurso de GADAMAEL para GUILEJE foi feito em coluna apeada, utilizando um trilho da população; durante o trajecto, ouvimos a flagelação que GUILEJE estava a sofrer, a mais violenta de todas, que provocou a morte de um Furriel Miliciano e vários estragos materiais, entre os quais a destruição total do Centro de Comunicações, incluindo as antenas, o que impedia a ligação rádio com qualquer entidade.

(ix) Face à forte pressão do IN, à não atribuição de reforços e a outros factores (falta de água no quartel, escassez de munições de Artilharia, não evacuação de feridos, etc), decidi retirar para GADAMAEL, no dia seguinte ao romper do dia, todos os militares (cerca de 200) e toda a população (cerca de 500 elementos), por considerar a posição insustentável.

(x) A alternativa era aguardar a chegada do Sr. Coronel DURÃO, que eu não sabia quando se iria verificar e que, em minha opinião, não resolveria a situação, porque, seguramente, não viria acompanhado de reforços, nem tão pouco tinha condições para solucionar vários problemas, tais como: a falta de água, a evacuação de feridos, o reabastecimento de munições de Artilharia e das Armas Pesadas e, principalmente, a forte pressão do IN, que cada vez era mais acentuada.

(xi) Desde as 20:00 horas do dia 18 MAI até às 4:00 horas do dia 22MAI (80 horas), GUILEJE sofreu 37 flagelações. A retirada efectuou-se, em coluna apeada, com pleno êxito, tendo surpreendido totalmente o IN, que continuou a bombardear GUILEJE, onde só entrou em 25 MAI 73.

(xii) O Sr. General SPÍNOLA não sancionou a decisão, ordenando a minha prisão preventiva e a instauração de um Auto de Corpo de Delito; estive preso, em BISSAU, desde 27 MAI 73 até 12 MAI 74.

(xiii) Como consequência do 25 ABR 74, os “crimes” que supostamente me eram imputados, foram amnistiados por Decreto-Lei da Junta de Salvação Nacional e o processo foi arquivado.

Os factos descritos são relatados, no livro que agora publico; o processo é, também, analisado e criticado, com pormenor.

O livro A RETIRADA DE GUILEJE não estará à venda nas livrarias; estou disponível para o enviar, pelo correio, para qualquer parte do Mundo. Os meus contactos são:

- Rua TOMÁS FIGUEIREDO, nº. 2 - 2º. Esq. 1500 – 599 LISBOA
- Telefone: 217608243
- Telemóvel: 917931226
- Email: icoutinholima@gmail.com

O Autor
Alexandre da Costa Coutinho e Lima
(Coronel de Art)

__________

Nota de L.G.:

(*) Vd. alguns dos nossos muitos postes relacionados com Guileje e a retirada de Guileje:

7 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3277: Memórias literárias da guerra colonial (4): A retirada de Guileje - 22 de Maio de 1973 (Coutinho e Lima, Cor Art Ref)

10 de Abril de 2008 > 10 de Abril de 2008 >Guiné 63/74 - P2744: Fórum Guileje (14): Folclore (Cap Inf José Belo) ou Gratidão (Cor Art Coutinho e Lima) ? A homenagem da população local

16 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2650: Uma semana involvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (6): No coração do mítico corredor de Guiledje

17 de Março de 2008 > Guine 63/74 - P2655: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (7): No corredor de Guiledje, com o Dauda Cassamá (I)

17 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2656: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (8): No corredor de Guiledje, com Dauda Cassamá (II)

19 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2667: Uma semana memorável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (9): O grande ronco de Guiledje

23 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2673: Uma semana memorável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (10): Guiledje: Homenagem ao Coronel Coutinho e Lima

3 comentários:

Anónimo disse...

Vou estar na Academia Militar, para assistir a esta apresentação.
A retirada de Guiledje é um dos episódios desta guerra, que mais me intriga.
Por isso espero ter oportunidade de esclarecer as minhas dúvidas.

Manuel Amaro
ex-Fur Mil Enf
CCaç 2615

Luís Graça disse...

Espero que o José Martins não considere abusivo, da minha parte, a divulgação, por este meio, da mensagem que ele dirigiu ao Coutinho e Lima, Cor Art Ref, membro da nossa Tabanca Grande, um militar com três comissões na Guiné e que, tanto quanto sei, tem sido muito maltratado estes anos todos, por ter tomado a decisão que tomou no dia 22 de Maio de 1973, à revelia da cadeia hierárquica... Spínola (e muitos camaradas seus desse tempo, no CTIG) não lhe perdoaram. Ele tem agora a oportunidade de apresentar a sua "verdade dos factos"... Devemos-lhe, no mínimo, conceder-lhe o direito a falar e o direito de ser escutado..

Diz o Zé Martins, Gato Preto da CCAÇ 5 (Canjadude, 1968/70):

Boa tarde meu Coronel e meu amigo:

Quero felicitar-te, também como bloguista de Luis Graça & Camaradas da Guiné, pelo lançamento próximo do livro sobre Guilege.

Tudo farei para estar presente, para que se não deixe cair no esquecimento, ou pior, na boca de Velhos do Restelo, o que se passou naquela que eu considero uma segunda Pátria, cujo povo continua a sofrer, em vez de ter paz, que é aquilo que merece.
Um abraço

José Martins
Fur Mil Trms Inf
CCaç 5 - CTIG
Nova Lamego e Camjadude
Junho 68 a Junho70

Amilcar Ventura, Furri. Mecân. 1ª Comp. 8323 disse...

Herói de guerra não é só aquele que dá a vida pela defesa da Pátria é também aquele que salva vidas no teatro de guerra foi o que fez o Coronel COUTINHO E LIMA então Major em Guilege, depois de analisar a situação, sem mantimentos,com poucas munições e com o mais GRAVE depois de falar com o Spinola e este ter recusado enviar reforços fez o que qualquer comandante com bom senso faria salvar os seus Homens e a população
abandonando Guileje quem deveria ser preso eram os seus superiores, porque não lhe deram as condições para que ele pudesse defender-se das tropas IN e quem está de fora,quem nunca esteve em tal situação nunca deve criticar, como se costuma dizer no Algarve que me desculpem a expressão (quem está de fora mija dentro do penico ).O Coronel COUTINHO E LIMA é um Homem com um H maior do mundo e não um cobarde como meia dúzia de ex militares que o criticam, se calhar quando estiveram no teatro de guerra se calhar estavam no ar condicionado de Bissau,teria muito mais coisas para dizer desta más línguas que querem difamar o COUTINHO,mas fico-me por aqui para não ferir algumas cabecinhas mal pensadoras.