1. O nosso camarada Luís Dias*, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74, completa hoje, dia 12 de Dezembro de 2009, mais um ano de uma vida que ainda tem muito caminho pela frente. Vamos acompanhá-lo nesta jornada, marcando desde já encontro para o próximo ano neste mesmo lugar para o felicitarmos de novo.
Para já, em 2009, vimos desejar-lhe tudo de bom na sua vida, a começar por amor, dinheiro e saúde (pela ordem que mais lhe convier) junto dos seus familiares e amigos, entre os quais nos queremos incluir.
2. Luís Dias está connosco desde Maio de 2008, quando se nos dirigiu assim:
Caro Luís Graça & Camaradas da Guiné:
Dou-lhe os meu parabéns pelo vosso excelente blogue e pela oportunidade que dão aos ex-combatentes da Guiné de poderem confraternizar, trocar ideias e informações sobre momentos tão importantes da sua vida e que passados tantos anos ainda hoje os revivemos com uma certa paixão.
Gostaria de lhe pedir que dessem publicidade ao Blogue da CCAÇ 3491, que esteve no Dulombi e Galomaro, entre Dezembro de 1971 e 9 de Março de 1974 e que é o seguinte: HISTÓRIAS DA GUINÉ 71-74 - A C.CAC 3491-DULOMBI.
Caso o entendam, podem publicar uma das histórias ali contadas e que reproduzo abaixo.
Com os melhores cumprimentos
Luís Dias
Ex-Alf Mil Inf
3. Daí para cá enviou vários trabalhos para publicação na nossa página, o último dos quais já este mês de Dezembro.
Fotografias, só temos a que reproduzimos
O heróico chefe do Pel Mil de Campata - Semba Embaló (aqui com o Alf Mil L. Dias da CCAÇ 3491), que soube organizar as suas forças de forma a repelir com grande sucesso o ataque de um grupo IN fortemente armado. Campata 1973.
Foto e legenda: © Luís Dias (2009). Direitos reservados
__________
Notas de CV:
(*) Da colaboração de Luís Dias no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné encontramos estes postes:
30 de Maio de 2008> Guiné 63/74 - P2901: O Nosso Livro de Visitas (15): Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491 (Dulombi e Galomaro, 1971/74)
16 de Junho de 2008> Guiné 63/74 - P2952: In memoriam (4): O meu amigo Alferes Farinha dos Santos (Luís Dias)
19 de Junho de 2008> Guiné 63/74 - P2967: O caso do embaixador português em Bissau (1): Protestos (Luís Dias)
5 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3022: Tabanca Grande (78): Luís Dias, ex-All Mil da CCAÇ 3491, Dulombi e Galomaro (1971/74)
8 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3037: Os nossos regressos (8): E vieram todos (Luís Dias)
18 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3650: O meu Natal no Mato (16): Os meus Natais na Guiné (Luís Dias)
20 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3763: Cancioneiro de Dulombi / Galomaro (1): Adeus, Guiné / É o fim do castigo, / Terminou a comissão... (Luís Dias)
21 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3772: Cancioneiro de Dulombi / Galomaro (2): Tecnil, Tecnil / Eu passei lá muitas noites / Certamente mais de mil (Luís Dias)
23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3780: Fauna & flora (16): Avistamento de macaco-cão na zona de Dulombi/Galomaro (Luís Dias)
3 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3969: Sr. Jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assassinos (11): Jorge Picado, Manuel Reis, Luís Dias
11 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4012: Efemérides (18): Faz hoje 37 anos que tivémos o primeiro contacto com o IN (Luís Dias, CCAÇ 3491, Dulombi, 1971/74)
22 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4068: Recordando a tragédia do Quirafo, ocorrida no dia 17 de Abril de 1972 (Luís Dias)
20 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4219: Convívios (113): Pessoal da CCAÇ 3491, no dia 16 de Maio, em São Martinho de Antas, Sabrosa, Vila Real (Luís Dias)
25 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4249: Blogpoesia (41): "Para quê, Soldado?" (Luís Dias)
14 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4346: Os bu...rakos em que vivemos (10): Também havia um em Nova Lamego (Luís Dias)
21 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4390: Convívios (132): CCAÇ 3491 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), Conviveu em Vila Real, no dia 16 de Maio p.p. (Luís Dias)
5 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4466: O Grupo Especial do Marcelino da Mata em Galomaro (Luís Dias)
1 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4616: Ainda sobre a ataque a Campata (Luís Dias)
4 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5405: Estórias avulsas (62): O Cavalo de Ferro de visita ao Dulombi (Luís Dias)
Vd. último poste da série de 9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5430: Parabéns a você (50): Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV do BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74 (Editores)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 12 de dezembro de 2009
Guiné 63/74 - P5450: Dossiê Guileje / Gadamael (18): Estive 18 horas em escuta nesse dia fatídico para o Sr.Tenente Pessoa e a FAP, em 25 e 26 de Março de 1973 (Victor Affaiate)
1. Comentário do Victor Alfaiate, com data de 11 de Dezembro, ao poste P5444 (*):
Desculpa Luís, mas como disse ontem, e só tenho uma palavra, a minha participação no Blogue terminou. Como disse, saio antes de ter entrado. Não quero polémicas, quero manter-me sossegado.
Bom Natal e novo ano de 2010 próspero para todos.
Um abraço,
Victor Alfaiate
PS - Já agora e a talhe de foice, e para acabar de vez com qualquer ideia que ainda subsista de que algo me move contra os elementos da Força Aérea, agradeço-te que, se possível publiques o útimo mail que te enviei em 20 de Novembro.
2. Mensagem, de 20 de Novembro de 2009, do Victor Alfaiate (ex- Fur Mil, CCAV 8350, Guileje, 1972//3):
Olá, Luís
Cheguei ontem de Portugal, onde por motivos profissionais tive que me deslocar, e ao analisar o meu correio electrónico, deparei-me com o teu mail de 9 de Novembro (*) e sinceramente fico um pouco estupefacto pela tempestade que se parece ter criado sobre uma simples opinião pessoal sobre a actuação da Força Aérea no apoio a Guileje, isto porque ou eu não sei ler ou vocês vêem lá coisas que eu não escrevi.
Como já referi por mais de uma vez nunca foi minha intenção ofender (???) o Sr. Tenente Pessoa ou O Sr. Tenente Martins de Matos ou quem quer que seja. Aliás, não personalizei qualquer crítica à actuação dos referidos Srs. Oficiais, limitando-me a comentar a actuação da Força Aérea de uma forma global, e não a dos seus elementos em particular.
Não procuro culpados, nem faço peditórios, poderei ser um pouco bruto na maneira de me expressar, mas sou Ribatejano e no Ribatejo um toiro é um toiro e pega-se pelos cornos, não se pega um animal com chavelhos ou chifres, não sou de dourar a pílula para ser tomada mais facilmente, se tem que se tomar toma-se independentemente da côr que tiver, e o Blogue não pode, no meu entender, ser uma espécie de cultura indiana onde existam vacas sagradas que tem que permanecer intocáveis.
Conheci o Sr. Tenente Pessoa numa situação muito adversa para ele, fui talvez a última pessoa a falar com ele antes do seu avião ter sido abatido. Depois disso e enquanto não foi recuperado [vd. foto, à esquerda], não mais abandonei o Posto de Rádio, mantendo-me em escuta permanente com mais dois operadores de rádio durante cerca de 18 horas. Estava ao lado da maca em que se encontrava quando no heliporto de Guileje disse ao seu Comandante Sr. Tenente Coronel Brito que o avião não respondia as manobras e ele decidira ejectar-se. (Tenho fotografias desse dia em Guileje).
Reafirmo mais uma vez que nada me move contra qualquer elemento da Força Aérea, limitando-me a constatar que alguém, quem não sei, não tomou as medidas que se impunham no apoio a Guileje e à sua guarnição, isso é indesmentivel.
Porque:
- É ou não verdade que o Sr. General Spínola nos havia prometido apoio aéreo e evacuações?
- É ou não verdade que os aviões não levantaram de Bissau quando foi pedido apoio aéreo no decorrer da emboscada de 18 de Maio?
- É ou não verdade que o Cabo Rabaço faleceu na enfermaria de Guileje 4 horas depois de ter sido pedida a necessária evacuação que não foi efectuada?
- É ou não verdade que na tarde de 21 de Maio dois Srs. Pilotos que se deslocaram a Guileje, quando viram o estado em que tudo se encontrava comentaram um para o outro " É pá isto afinal era a sério" ?
- É ou não verdade que nessa mesma tarde, como não tinhamos transmissões nos foi prometida a realização de vôos de reconhecimento que posteriormente não foram efectuados.
- É ou não verdade que com a Força Aérea a sobrevoar Guileje, o PAIGC continuava a flagelar-nos ao mesmo tempo?
São factos indesmentíveis, que me levaram a fazer os comentários que fiz, e que mantenho, sobre a actuação da Força Aérea no seu global, não personalizando nem particularizando de modo nenhum a acção dos seus elementos. Se se sentem ofendidos nada mais me resta fazer que apresentar-lhes as minhas dersculpas, mas é a minha opinião e dela não abdico.
É evidente que estou convicto de que se alguém, quem não sei, tivesse ordenado ao Sr. Tenente Pessoa e à Srª. Enfª. Para-quedista Giselda que se metessem num Helicóptero e ao Sr. Tenente Martins de Matos que pegasse no Heli-Canhão para lhes fazer protecção e fossem a Guileje efectuar as evacuações, eles certamente teriam ido. O problema é que ninguém deu essa ordem, antes pelo contrário tê-la-ão proibido, e o Cabo Rabaço faleceu sem assistência.
Não posso, agora sim personalizando, deixar de perguntar:
- O que pensaria o Sr. Tenente Pessoa, se quando o seu avião foi abatido, nada tivesse sido feito para o proteger e recuperar? Se o deixassem abandonado à sua sorte? Possivelmente pensaria o mesmo que eu penso, mas do lado contrário.
Posto isto e para acabar em difinitivo com a discórdia, esquece os mails que trocámos, não publiques nada. Por mim o assunto está encerrado, não penso de modo nenhum participar em mais discussões, aliás tenho-me mantido calado todos estes anos e era como deveria ter continuado, lendo o que outros vão escrevendo, concordando ou não, sorrindo por vezes, emocionando-me por outras, mas é assim a vida, só é pena não se poder passar uma esponja sobre o que se passou naquela altura, mas tal é impossível.
Por último não posso deixar de te fazer um reparo, lamento que quando publicaste o mail do Sr. Tenente Martins de Matos, esse sim ofensivo para quem sofreu Guileje e mais propriamente o seu Comandante Sr. Major Coutinho e Lima, não tenhas tido o cuidado de previamente teres dado conhecimento do seu teor, aos que já faziam parte da Tabanca, os meus camaradas (Sr. Major Coutinho e Lima; Sr. Alferes Reis; Sr. Alferes Seabra e o meu amigo - TRRRAN - Zé Carvalho)
Um abraço
Victor Alfaiate
[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]
3. Comentário de L.G.:
Meu caro Victor:
Foi ingenuidade minha pensar que os meus camaradas da Guiné já tinham chegado à idade da Sabedoria, da Paz e da Tolerância, sendo capazes de se sentar à volta do poilão da Tabanca Grande, tabaquear o caso (da guerra), tomar um trago de cachaça (ou um simples uísque com uma pedrinha de gelo e água de Perrier), contar as suas histórias, piscar o olho às travessuras do destino, abrir-se aos outros (que nunca ouviram falar da guerra) num sorriso amarelo mas ternurento, dar um abraço ao inimigo de ontem, minimizar as diferenças (sociais, económicas, políticas, ideológicas, etc.) que hoje ainda os podem separar, gozar estes belos dias de outono que temos pela frente, escrever as nossas memórias, partilhá-las com os demais camaradas, amigos e familiares, etc.
Mas, não, a guerra ainda acabou, para eles, para mim, para nós, sobretudo dentro das nossas almas inquietas. De facto, ainda não fizemos o luto das nossas perdas nem a contabilidade do nosso deve-e-haver... Se calhar, nenhum de nós ainda conseguir fazer as pazes consigo próprio...
Tenho pena, e fico triste, meu caro Victor, para mais num dia em que foi a enterrar ma minha terra um amigo meu, por quem tinha muita ternura, o Luís Venâncio Rei, médico, natural do Seixal, Lourinhã, e eu nem sequer pude estar com ele, na hora do adeus derradeiro, nessa hora em que o coveiro (por sinal, a coveira!) te lança um pazada de terra por cima do teu caixão, como quem te diz: Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris (Lembra-te, ó homem, que és pó e que em pó te hás-de tornar)...
A última palavra que ele me disse, há dias, no Hospital Pulido Valente, quando o fui visitar e vim de lá com a morte na alma, devastado, acabrunhado com a força brutal da doença e do sofrimento de um amigo, foi:
- Luisinho - tratava-me sempre por Luisinho, com ternura, sem qualquer laivo de paternalismo - só tenho pena de já poder levar a minha filha, de braço dado, até ao altar! (A belíssima e amorosa Zé, a filha dele e da minha amiga Benedita, tinha casamento marcado para esse fim-de-semana!)...
O Luís Rei, mais velho do que eu uns cinco ou seis anos, não sei se fez tropa, acho que não. E se fez, não foi parar ao Utramar, contrariamente aos cerca de 40 seixalenses da sua/nossa geração... Contudo, a sua morte, embora anunciada, foi para mim como um murro no estômago, foi como se tivesse perdido um amigo e camarada da Guiné, há 40 anos atrás, quando eu tinha os meus verdes vinte anos!
Victor, desculpa-me esta fraqueza emocional, mas hoje é um mau dia para te dizer quanto lamento a tua decisão de "sair mesmo ainda de entrar na nossa Tabanca Grande"... Noutras circunstâncias, faria tudo para te demover dessa intenção e lutaria pela tua permanências... Preferes a morte social, o exílio, a separação... Não contesto o teu direito... Deixa-me, ao menos, desejar que o teu auto-sacrifício não seja em vão... Vou dormir, estou exausto... Até sempre, amigo Luís Rei, até sempre camarada Victor Alfaiate... Luís Graça
________________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 11 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5444: Dossiê Guileje / Gadamael (17): Depois do que ouvimos da boca do Sr. Cor Pára Durão, tudo o que vier a ser dito, soa a elogio (Victor Alfaiate)
Desculpa Luís, mas como disse ontem, e só tenho uma palavra, a minha participação no Blogue terminou. Como disse, saio antes de ter entrado. Não quero polémicas, quero manter-me sossegado.
Bom Natal e novo ano de 2010 próspero para todos.
Um abraço,
Victor Alfaiate
PS - Já agora e a talhe de foice, e para acabar de vez com qualquer ideia que ainda subsista de que algo me move contra os elementos da Força Aérea, agradeço-te que, se possível publiques o útimo mail que te enviei em 20 de Novembro.
2. Mensagem, de 20 de Novembro de 2009, do Victor Alfaiate (ex- Fur Mil, CCAV 8350, Guileje, 1972//3):
Olá, Luís
Cheguei ontem de Portugal, onde por motivos profissionais tive que me deslocar, e ao analisar o meu correio electrónico, deparei-me com o teu mail de 9 de Novembro (*) e sinceramente fico um pouco estupefacto pela tempestade que se parece ter criado sobre uma simples opinião pessoal sobre a actuação da Força Aérea no apoio a Guileje, isto porque ou eu não sei ler ou vocês vêem lá coisas que eu não escrevi.
Como já referi por mais de uma vez nunca foi minha intenção ofender (???) o Sr. Tenente Pessoa ou O Sr. Tenente Martins de Matos ou quem quer que seja. Aliás, não personalizei qualquer crítica à actuação dos referidos Srs. Oficiais, limitando-me a comentar a actuação da Força Aérea de uma forma global, e não a dos seus elementos em particular.
Não procuro culpados, nem faço peditórios, poderei ser um pouco bruto na maneira de me expressar, mas sou Ribatejano e no Ribatejo um toiro é um toiro e pega-se pelos cornos, não se pega um animal com chavelhos ou chifres, não sou de dourar a pílula para ser tomada mais facilmente, se tem que se tomar toma-se independentemente da côr que tiver, e o Blogue não pode, no meu entender, ser uma espécie de cultura indiana onde existam vacas sagradas que tem que permanecer intocáveis.
Conheci o Sr. Tenente Pessoa numa situação muito adversa para ele, fui talvez a última pessoa a falar com ele antes do seu avião ter sido abatido. Depois disso e enquanto não foi recuperado [vd. foto, à esquerda], não mais abandonei o Posto de Rádio, mantendo-me em escuta permanente com mais dois operadores de rádio durante cerca de 18 horas. Estava ao lado da maca em que se encontrava quando no heliporto de Guileje disse ao seu Comandante Sr. Tenente Coronel Brito que o avião não respondia as manobras e ele decidira ejectar-se. (Tenho fotografias desse dia em Guileje).
Reafirmo mais uma vez que nada me move contra qualquer elemento da Força Aérea, limitando-me a constatar que alguém, quem não sei, não tomou as medidas que se impunham no apoio a Guileje e à sua guarnição, isso é indesmentivel.
Porque:
- É ou não verdade que o Sr. General Spínola nos havia prometido apoio aéreo e evacuações?
- É ou não verdade que os aviões não levantaram de Bissau quando foi pedido apoio aéreo no decorrer da emboscada de 18 de Maio?
- É ou não verdade que o Cabo Rabaço faleceu na enfermaria de Guileje 4 horas depois de ter sido pedida a necessária evacuação que não foi efectuada?
- É ou não verdade que na tarde de 21 de Maio dois Srs. Pilotos que se deslocaram a Guileje, quando viram o estado em que tudo se encontrava comentaram um para o outro " É pá isto afinal era a sério" ?
- É ou não verdade que nessa mesma tarde, como não tinhamos transmissões nos foi prometida a realização de vôos de reconhecimento que posteriormente não foram efectuados.
- É ou não verdade que com a Força Aérea a sobrevoar Guileje, o PAIGC continuava a flagelar-nos ao mesmo tempo?
São factos indesmentíveis, que me levaram a fazer os comentários que fiz, e que mantenho, sobre a actuação da Força Aérea no seu global, não personalizando nem particularizando de modo nenhum a acção dos seus elementos. Se se sentem ofendidos nada mais me resta fazer que apresentar-lhes as minhas dersculpas, mas é a minha opinião e dela não abdico.
É evidente que estou convicto de que se alguém, quem não sei, tivesse ordenado ao Sr. Tenente Pessoa e à Srª. Enfª. Para-quedista Giselda que se metessem num Helicóptero e ao Sr. Tenente Martins de Matos que pegasse no Heli-Canhão para lhes fazer protecção e fossem a Guileje efectuar as evacuações, eles certamente teriam ido. O problema é que ninguém deu essa ordem, antes pelo contrário tê-la-ão proibido, e o Cabo Rabaço faleceu sem assistência.
Não posso, agora sim personalizando, deixar de perguntar:
- O que pensaria o Sr. Tenente Pessoa, se quando o seu avião foi abatido, nada tivesse sido feito para o proteger e recuperar? Se o deixassem abandonado à sua sorte? Possivelmente pensaria o mesmo que eu penso, mas do lado contrário.
Posto isto e para acabar em difinitivo com a discórdia, esquece os mails que trocámos, não publiques nada. Por mim o assunto está encerrado, não penso de modo nenhum participar em mais discussões, aliás tenho-me mantido calado todos estes anos e era como deveria ter continuado, lendo o que outros vão escrevendo, concordando ou não, sorrindo por vezes, emocionando-me por outras, mas é assim a vida, só é pena não se poder passar uma esponja sobre o que se passou naquela altura, mas tal é impossível.
Por último não posso deixar de te fazer um reparo, lamento que quando publicaste o mail do Sr. Tenente Martins de Matos, esse sim ofensivo para quem sofreu Guileje e mais propriamente o seu Comandante Sr. Major Coutinho e Lima, não tenhas tido o cuidado de previamente teres dado conhecimento do seu teor, aos que já faziam parte da Tabanca, os meus camaradas (Sr. Major Coutinho e Lima; Sr. Alferes Reis; Sr. Alferes Seabra e o meu amigo - TRRRAN - Zé Carvalho)
Um abraço
Victor Alfaiate
[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]
3. Comentário de L.G.:
Meu caro Victor:
Foi ingenuidade minha pensar que os meus camaradas da Guiné já tinham chegado à idade da Sabedoria, da Paz e da Tolerância, sendo capazes de se sentar à volta do poilão da Tabanca Grande, tabaquear o caso (da guerra), tomar um trago de cachaça (ou um simples uísque com uma pedrinha de gelo e água de Perrier), contar as suas histórias, piscar o olho às travessuras do destino, abrir-se aos outros (que nunca ouviram falar da guerra) num sorriso amarelo mas ternurento, dar um abraço ao inimigo de ontem, minimizar as diferenças (sociais, económicas, políticas, ideológicas, etc.) que hoje ainda os podem separar, gozar estes belos dias de outono que temos pela frente, escrever as nossas memórias, partilhá-las com os demais camaradas, amigos e familiares, etc.
Mas, não, a guerra ainda acabou, para eles, para mim, para nós, sobretudo dentro das nossas almas inquietas. De facto, ainda não fizemos o luto das nossas perdas nem a contabilidade do nosso deve-e-haver... Se calhar, nenhum de nós ainda conseguir fazer as pazes consigo próprio...
Tenho pena, e fico triste, meu caro Victor, para mais num dia em que foi a enterrar ma minha terra um amigo meu, por quem tinha muita ternura, o Luís Venâncio Rei, médico, natural do Seixal, Lourinhã, e eu nem sequer pude estar com ele, na hora do adeus derradeiro, nessa hora em que o coveiro (por sinal, a coveira!) te lança um pazada de terra por cima do teu caixão, como quem te diz: Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris (Lembra-te, ó homem, que és pó e que em pó te hás-de tornar)...
A última palavra que ele me disse, há dias, no Hospital Pulido Valente, quando o fui visitar e vim de lá com a morte na alma, devastado, acabrunhado com a força brutal da doença e do sofrimento de um amigo, foi:
- Luisinho - tratava-me sempre por Luisinho, com ternura, sem qualquer laivo de paternalismo - só tenho pena de já poder levar a minha filha, de braço dado, até ao altar! (A belíssima e amorosa Zé, a filha dele e da minha amiga Benedita, tinha casamento marcado para esse fim-de-semana!)...
O Luís Rei, mais velho do que eu uns cinco ou seis anos, não sei se fez tropa, acho que não. E se fez, não foi parar ao Utramar, contrariamente aos cerca de 40 seixalenses da sua/nossa geração... Contudo, a sua morte, embora anunciada, foi para mim como um murro no estômago, foi como se tivesse perdido um amigo e camarada da Guiné, há 40 anos atrás, quando eu tinha os meus verdes vinte anos!
Victor, desculpa-me esta fraqueza emocional, mas hoje é um mau dia para te dizer quanto lamento a tua decisão de "sair mesmo ainda de entrar na nossa Tabanca Grande"... Noutras circunstâncias, faria tudo para te demover dessa intenção e lutaria pela tua permanências... Preferes a morte social, o exílio, a separação... Não contesto o teu direito... Deixa-me, ao menos, desejar que o teu auto-sacrifício não seja em vão... Vou dormir, estou exausto... Até sempre, amigo Luís Rei, até sempre camarada Victor Alfaiate... Luís Graça
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 11 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5444: Dossiê Guileje / Gadamael (17): Depois do que ouvimos da boca do Sr. Cor Pára Durão, tudo o que vier a ser dito, soa a elogio (Victor Alfaiate)
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Guiné 63/74 - P5449: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (3): De Alcobaça, o Jero enviou-nos um Postal de Natal (José Eduardo R. Oliveira)
1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66), enviou-nos um divertido e provocador postal de Natal, com data de 11 de Dezembro de 2009:
Camaradas,
Correspondendo ao desafio lançado hoje, no nosso blogue, em relação a cartões de "Boas Festas" remeto-vos um postal, escrito pelo raio de uma velha.
Não sei como é que é que a velhadas se lembrou de uma coisa destas, eu não tenho nada a ver com a coisa, palavra de... bom malandro:
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
11 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5446: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (2): Na terra dos Vikings, com um cheirinho do nosso querido Portugal (José Belo)
Guiné 63/74 - P5448: Viva o Porto - Futebol Clube, breve estória de Torcato Mendonça
1. Mensagem de Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69), com data de hoje, 11 de Dezembro de 2009:
Camarada Vinhal
Li e brincando comentei o "escrito" do Alberto Branquinho**. Mas fiquei a matutar. Depois voltei a sair, regresso, jantar e blogue. Li o comentário do Vasco da Gama e o teu. Os pensamentos breves e o matutar desta tarde, trouxeram-me agora ao presente um velho escrito. Onde andará o amontoado de letras... busca e zás. É sobre um antigo militar do meu grupo.
Faz dele o que entenderes camarada... faz dele o que entenderes... mas a nossa geração... fica para depois.
Gostei de ver a alegria da Tabanca de Matosinhos e da festa do Manuel Maia. Força!
Um abraço para ti e para todos os que directa ou indirectamente sofreram naquela guerra estúpida. De ambos lados, logicamente
Abração;
Torcato
VIVA O PORTO – FUTEBOL CLUBE!
Sentado confortavelmente no palanque da sentinela, o olhar a vaguear pela mata ali perto ou, quem sabe, a ir para o local muito longe dali onde estava a acção, por ele ora relatada: o confronto entre o seu Futebol Clube do Porto e algum dos seus mais directos adversários.
Parece-me valer a pena contar esta breve “estória”, como um conto de menino.
Talvez o efeito terrível do isolamento, da brutalidade da guerra. De tudo.
Assim:
Era uma vez um soldado que foi mobilizado para a Guiné. Antes foi à inspecção e deram-no como apto para todo o serviço militar. A Pátria precisava de todos os jovens. Tinha três frentes onde se combatia e outros lugares, por esse mundo fora, onde era necessário a tropa estar. Assim se mantinha una a Pátria do Minho a Timor.
Passado tempo, pouco, foi chamado, entrou num quartel e fez a recruta. Mais tarde foi mobilizado e tirou a especialidade de atirador de artilharia. Foi nesta altura que nos conhecemos. Confesso que não notei qualquer quebra no militar, física ou psicológica. Estava eu preparado para tal avaliação? Claro que não. Na parte física talvez e a mais não era obrigado. Lembro-me das dificuldades de um militar, a tirar também a especialidade, em fazer certos exercícios. Má coordenação motora ou, mais simplesmente, não brincara em criança. Tirou a especialidade e na Guiné foi excelente combatente.
Este, que agora invoco passou desapercebido. Fez a especialidade e foi para a Guiné também. Mas não devia ter ido.
Na primeira operação, com contacto com o IN, o comportamento não foi o melhor. Teve uma primeira conversa com o Furriel e, posteriormente na conversa entre os três concluímos estar, por agora, tudo bem. O medo vai e vem… talvez fosse isso. Só que não era bem isso. Noutras acções ele foi-se indo abaixo psicologicamente. Ainda falei ao médico do Batalhão sobre o estado de saúde daquele militar. Creio mesmo que ele lá foi. Tudo ficou na mesma. Foi regredindo, digamos mesmo que, cada vez mais, estávamos em presença de uma criança. Haviam militares em quebra o que, nas condições em que vivíamos era natural. Ele era diferente e teríamos que ser nós a resolver o problema. Antes deviam ter constatado o estado psicológico do homem. Nunca tal foi feito. Depois devia ter sido devidamente tratado. Não foi assim. Só se algo de grave acontecesse. Mas a bestialidade de certa gente, dita responsável, a mais não chegava.
Passou assim aquele militar à condição de não operacional. Fazia sentinelas diurnas, outros serviços de apoio ao grupo, nas nossas ausências mantinha os abrigos funcionais, os nossos pertences acautelados e era tratado com respeito e amizade por todos. Não tenho a certeza, creio que aprendeu a ler e escrever, tirando a 3.ª ou 4.ª classe.
O que mais gostava, era saltar para o palanque da sentinela e fazer relatos de futebol. Tudo bem. Aí estava ele a relatar as vitórias do seu Porto. Os nomes dos jogadores das várias equipas, estavam correctos. Passava de um campo a outro, voltava rapidamente para relatar mais um golo do Porto. Grandes vitórias. No intervalo havia cantoria. Assim se foi passando a comissão de um homem/criança de excelente trato. Havia camaradas que o conheciam na vida civil. Era mais fácil assim para ele e para nós. Eu entregava-lhe as minhas “coisas”. Ele tomava-as religiosamente a seu cuidado. De quando em vez, vinha junto a mim falar de vários assuntos, por vezes pedia para lhe pagar uma Fanta, outras na brincadeira, puxava-me as barbas. Barbichas… paga uma Fanta…paga?
Passou à disponibilidade e certamente foi esquecido, como tantos, por quem o mandou um dia defender uma terra que não era dele.
Penitencio-me, por nunca ter procurado saber dele e de outros… um dia… um dia!
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5435: Os nossos regressos (19): Dia 4 de Dezembro de 1969, já lá vão 40 anos (Torcato Mendonça)
(**) Vd. poste de hoje > Guiné 63/74 - P5445: Contraponto (Alberto Branquinho) (3): Fugas... na hora da morte
Camarada Vinhal
Li e brincando comentei o "escrito" do Alberto Branquinho**. Mas fiquei a matutar. Depois voltei a sair, regresso, jantar e blogue. Li o comentário do Vasco da Gama e o teu. Os pensamentos breves e o matutar desta tarde, trouxeram-me agora ao presente um velho escrito. Onde andará o amontoado de letras... busca e zás. É sobre um antigo militar do meu grupo.
Faz dele o que entenderes camarada... faz dele o que entenderes... mas a nossa geração... fica para depois.
Gostei de ver a alegria da Tabanca de Matosinhos e da festa do Manuel Maia. Força!
Um abraço para ti e para todos os que directa ou indirectamente sofreram naquela guerra estúpida. De ambos lados, logicamente
Abração;
Torcato
VIVA O PORTO – FUTEBOL CLUBE!
Sentado confortavelmente no palanque da sentinela, o olhar a vaguear pela mata ali perto ou, quem sabe, a ir para o local muito longe dali onde estava a acção, por ele ora relatada: o confronto entre o seu Futebol Clube do Porto e algum dos seus mais directos adversários.
Parece-me valer a pena contar esta breve “estória”, como um conto de menino.
Talvez o efeito terrível do isolamento, da brutalidade da guerra. De tudo.
Assim:
Era uma vez um soldado que foi mobilizado para a Guiné. Antes foi à inspecção e deram-no como apto para todo o serviço militar. A Pátria precisava de todos os jovens. Tinha três frentes onde se combatia e outros lugares, por esse mundo fora, onde era necessário a tropa estar. Assim se mantinha una a Pátria do Minho a Timor.
Passado tempo, pouco, foi chamado, entrou num quartel e fez a recruta. Mais tarde foi mobilizado e tirou a especialidade de atirador de artilharia. Foi nesta altura que nos conhecemos. Confesso que não notei qualquer quebra no militar, física ou psicológica. Estava eu preparado para tal avaliação? Claro que não. Na parte física talvez e a mais não era obrigado. Lembro-me das dificuldades de um militar, a tirar também a especialidade, em fazer certos exercícios. Má coordenação motora ou, mais simplesmente, não brincara em criança. Tirou a especialidade e na Guiné foi excelente combatente.
Este, que agora invoco passou desapercebido. Fez a especialidade e foi para a Guiné também. Mas não devia ter ido.
Na primeira operação, com contacto com o IN, o comportamento não foi o melhor. Teve uma primeira conversa com o Furriel e, posteriormente na conversa entre os três concluímos estar, por agora, tudo bem. O medo vai e vem… talvez fosse isso. Só que não era bem isso. Noutras acções ele foi-se indo abaixo psicologicamente. Ainda falei ao médico do Batalhão sobre o estado de saúde daquele militar. Creio mesmo que ele lá foi. Tudo ficou na mesma. Foi regredindo, digamos mesmo que, cada vez mais, estávamos em presença de uma criança. Haviam militares em quebra o que, nas condições em que vivíamos era natural. Ele era diferente e teríamos que ser nós a resolver o problema. Antes deviam ter constatado o estado psicológico do homem. Nunca tal foi feito. Depois devia ter sido devidamente tratado. Não foi assim. Só se algo de grave acontecesse. Mas a bestialidade de certa gente, dita responsável, a mais não chegava.
Passou assim aquele militar à condição de não operacional. Fazia sentinelas diurnas, outros serviços de apoio ao grupo, nas nossas ausências mantinha os abrigos funcionais, os nossos pertences acautelados e era tratado com respeito e amizade por todos. Não tenho a certeza, creio que aprendeu a ler e escrever, tirando a 3.ª ou 4.ª classe.
O que mais gostava, era saltar para o palanque da sentinela e fazer relatos de futebol. Tudo bem. Aí estava ele a relatar as vitórias do seu Porto. Os nomes dos jogadores das várias equipas, estavam correctos. Passava de um campo a outro, voltava rapidamente para relatar mais um golo do Porto. Grandes vitórias. No intervalo havia cantoria. Assim se foi passando a comissão de um homem/criança de excelente trato. Havia camaradas que o conheciam na vida civil. Era mais fácil assim para ele e para nós. Eu entregava-lhe as minhas “coisas”. Ele tomava-as religiosamente a seu cuidado. De quando em vez, vinha junto a mim falar de vários assuntos, por vezes pedia para lhe pagar uma Fanta, outras na brincadeira, puxava-me as barbas. Barbichas… paga uma Fanta…paga?
Passou à disponibilidade e certamente foi esquecido, como tantos, por quem o mandou um dia defender uma terra que não era dele.
Penitencio-me, por nunca ter procurado saber dele e de outros… um dia… um dia!
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5435: Os nossos regressos (19): Dia 4 de Dezembro de 1969, já lá vão 40 anos (Torcato Mendonça)
(**) Vd. poste de hoje > Guiné 63/74 - P5445: Contraponto (Alberto Branquinho) (3): Fugas... na hora da morte
Guiné 63/74 - P5447: Controvérsias (59): Deixem que cada um tenha a liberdade de criar a sua versão... (António Matos)
1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem:
Deixem que cada um tenha a liberdade de criar a sua versão sem que isso seja motivo de confrontação!
Jorge Luís Borges dizia: “Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve", porém, e parafraseando alguém que escreveu no blogue, corroboro a confrangedora nulidade de muitos comentários nele publicados que não ajudam em nada a esta tão humilde posição pessoal de esforço de engrandecimento lendo as opiniões proferidas.
São, na sua maioria, eivadas de protagonismos exacerbados que nos toldam a visão e nos põem de pé atrás à cata dos proveitos que possam estar escondidos em tão díspares apreciações publicadas à saciedade.
Ciclicamente, a questão "Guileje" renasce das cinzas com os sobreviventes de tudo quanto aquilo possa ter sido, a reclamarem de sua justiça.
Esgotados os argumentos de que Coutinho e Lima foi um covarde ou um herói, retoma-se a lenga-lenga que, a meu ver, massacra psicologicamente quem lá esteve e enfada quem já leu dezenas de vezes a mesma coisa.
Conclusões, obviamente, nenhuma, o que me parece lógico na medida em que cada um viveu a situação dum ponto de vista, quer emocional quer geográfico diferente e isso dá diferentes percepções.
Calculo que todos e cada um dos intervenientes neste blogue terão já feito na sua cabeça o filme dos acontecimentos.
À sua medida, claro.
Com a sua verdade, com certeza.
Estarão certos? Estarão errados?
Já se percebeu que permanecerão as duas teorias, e daí?
Deixem que cada um tenha a liberdade de criar a sua versão sem que isso seja motivo de confrontação!
Ou alguém consegue ser eloquente suficiente que "venda" um discurso que se "compre"? Se sim, já o deveria ter feito!
Entretanto já existe uma segunda polémica: a FAP e a sua acção / inacção em (onde havia de ser?) Guileje!
Parece terem-se tornado hábito (pouco saudável, diga-se) as conversas de escárnio e mal dizer mas estas, (algumas) já são desabridamente insultuosas o que, de acordo com os credos do blogue já deviam ter sido pura e simplesmente eliminadas!
Liminarmente!
Vou continuar a ler querendo crer que Borges tinha razão.
António Matos
_________
Nota de MR:
Vd. poste anterior desta série em:
10 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5438: Controvérsias (58): Do revisionismo da história e da memória ao branqueamento do papel da PIDE/DGS (João Tunes)
Guiné 63/74 - P5446: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (2): Na terra dos Vikings, com um cheirinho do nosso querido Portugal (José Belo)
A magia da floresta escandinava... ameaçada, como o resto do planeta, com as alterações climáticas. Foto: Autor desconhecido. Cortesia de José Belo
1. Mensagem de Joseph Belo [ joseph.josephsson.belo@telia.com ], com data de 8 do corrente:
Com votos de um Feliz Natal e Bom Ano Novo (*) para todos os Camaradas e Amigos da Tabanca Grande.
Obrigado por terem feito chegar até aqui um bocadinho do nosso querido Portugal.
Obrigado por terem feito chegar até aqui um bocadinho do nosso querido Portugal.
Um abraço sincero do José Belo.
2. Comentário de L.G.:
O José Belo (foto actual, à esquerda) foi Alf Mil Inf da CCAÇ 2381 (Buba, Quebo, Mampatá e Empada , 1968/70). Foi camarada de outros Maiorais como o nosso Zé Teixeira, da Tabanca de Matosinhos. Está hoje reformado como Capitão Inf e vive, na Suécia, há mais de trinta anos. É autor da série Da Suécia com Saudade. Quem, como ele vive da diáspora, longe da Pátria - e são tantos os nossos caamaradas, nomeadamente os das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores - é que sabe dar o valor à palavra Saudade...
Reputado zoológo, foi ele quem identificou e deu a conhecer ao mundo uma nova espécie animal, os Ui!Ui!, animais nocturnos do tarrafo do Rio Grande do Sul. Zé Belo, não sei do que precisas mais, no novo ano que se avizinha... Desejo-te, no mínimo, continuação da boa saude e boa disposição na alegre companhia entre os Ui!Ui!...
P'la nossa equipa editorial, Luís Graça
______________
2. Comentário de L.G.:
O José Belo (foto actual, à esquerda) foi Alf Mil Inf da CCAÇ 2381 (Buba, Quebo, Mampatá e Empada , 1968/70). Foi camarada de outros Maiorais como o nosso Zé Teixeira, da Tabanca de Matosinhos. Está hoje reformado como Capitão Inf e vive, na Suécia, há mais de trinta anos. É autor da série Da Suécia com Saudade. Quem, como ele vive da diáspora, longe da Pátria - e são tantos os nossos caamaradas, nomeadamente os das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores - é que sabe dar o valor à palavra Saudade...
Reputado zoológo, foi ele quem identificou e deu a conhecer ao mundo uma nova espécie animal, os Ui!Ui!, animais nocturnos do tarrafo do Rio Grande do Sul. Zé Belo, não sei do que precisas mais, no novo ano que se avizinha... Desejo-te, no mínimo, continuação da boa saude e boa disposição na alegre companhia entre os Ui!Ui!...
P'la nossa equipa editorial, Luís Graça
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 10 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5439: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (1): Com amor & humor (Miguel e Giselda Pessoa)
Guiné 63/74 - P5445: Contraponto (Alberto Branquinho) (3): Fugas... na hora da morte
1. Mensagem de Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689 (Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 7 de Dezembro de 2009:
Carlos Vinhal
Junto vai um texto sobre morte e vida ou sobre vida e morte sobre tempos que estavam pela... "hora da morte".
Um abraço bem vivo do
Alberto Branquinho
C O N T R A P O N T O (3)
FUGAS…
Antes de chegar à Guiné, eu era eterno. Morte? Não havia (para mim). Ela estava longe… no tempo e no espaço.
Mesmo o suicídio do rapaz, que se pendurou do ferro mais alto do beliche durante um fim-de-semana algum tempo antes do nosso embarque, não aproximou de mim a ideia da morte. Deu, até, para aprender uma coisa – que o suicida, antes de executar o acto contra si mesmo, descalça ou, pelo menos, desaperta as botas.
Na Guiné, não demorou muito tempo a concluir que… não regressaria. E um homem, quando atinge o ponto que julga ser de não retorno, começava a baloiçar entre dois comportamentos: ou provocar o embrutecimento, a caminho da autodestruição (não, não pelo suicídio!) ou, quando a realidade espremia os miolos, causando angústias, insónias, irritações - a afogar-se em relaxantes, calmantes e outros. Era nessa altura que se começava o dia a beber duas “bazucas” em jejum. (Mesmo quentes, quando o frigorífico a petróleo estava avariado)
Não havia carta da família, por mais próxima que fosse, nem madrinhas de guerra que, por escrito, pudessem ajudar. Os mais fracos (e conhecedores…) movimentavam-se para irem à consulta de psiquiatria, em Bissau.
A saída era, muitas vezes, a dedicação a um macaco, a um periquito, a um cão. Assumiam-se atitudes extravagantes e bizarras, habitualmente nos cortes do cabelo, da barba e bigodes muito “criativos”.
Havia, também, quem, nas horas vagas, passeasse, cuidadosamente, latas de conserva puxadas por um fio, de modo a que não caíssem as “pedrinhas” que tinham colocado lá dentro.
Ou quem, em noite de insónia, agravada pelas picadas e zumbidos dos mosquitos, tentasse matá-los com rajadas de G-3.
Ou quem, no início das chuvas e debaixo de chuva, saísse de noite, de lanterna eléctrica na mão esquerda e vassoura na direita, matando os sapos e rãs que, num ápice, surgiam de não-sei-onde às centenas, num coaxar infernal, como um coro maluco e desafinado de tenores, barítonos e contraltos.
Coisas… Coisas que ainda hoje se recordam, com a diferença de que, agora, nos fazem sorrir (embora sentindo, ainda, um grão de angústia lá bem no fundo, bem fundo da alma).
Alberto Branquinho
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 10 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5247: Ser solidário (44): A propósito do Dia dos Veteranos em Stoughton - Estados Unidos da América (Alberto Branquinho)
Vd. último poste da série de 30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4612: Contraponto (Alberto Branquinho) (2): Não vale a pena chorar
Carlos Vinhal
Junto vai um texto sobre morte e vida ou sobre vida e morte sobre tempos que estavam pela... "hora da morte".
Um abraço bem vivo do
Alberto Branquinho
C O N T R A P O N T O (3)
FUGAS…
Antes de chegar à Guiné, eu era eterno. Morte? Não havia (para mim). Ela estava longe… no tempo e no espaço.
Mesmo o suicídio do rapaz, que se pendurou do ferro mais alto do beliche durante um fim-de-semana algum tempo antes do nosso embarque, não aproximou de mim a ideia da morte. Deu, até, para aprender uma coisa – que o suicida, antes de executar o acto contra si mesmo, descalça ou, pelo menos, desaperta as botas.
Na Guiné, não demorou muito tempo a concluir que… não regressaria. E um homem, quando atinge o ponto que julga ser de não retorno, começava a baloiçar entre dois comportamentos: ou provocar o embrutecimento, a caminho da autodestruição (não, não pelo suicídio!) ou, quando a realidade espremia os miolos, causando angústias, insónias, irritações - a afogar-se em relaxantes, calmantes e outros. Era nessa altura que se começava o dia a beber duas “bazucas” em jejum. (Mesmo quentes, quando o frigorífico a petróleo estava avariado)
Não havia carta da família, por mais próxima que fosse, nem madrinhas de guerra que, por escrito, pudessem ajudar. Os mais fracos (e conhecedores…) movimentavam-se para irem à consulta de psiquiatria, em Bissau.
A saída era, muitas vezes, a dedicação a um macaco, a um periquito, a um cão. Assumiam-se atitudes extravagantes e bizarras, habitualmente nos cortes do cabelo, da barba e bigodes muito “criativos”.
Havia, também, quem, nas horas vagas, passeasse, cuidadosamente, latas de conserva puxadas por um fio, de modo a que não caíssem as “pedrinhas” que tinham colocado lá dentro.
Ou quem, em noite de insónia, agravada pelas picadas e zumbidos dos mosquitos, tentasse matá-los com rajadas de G-3.
Ou quem, no início das chuvas e debaixo de chuva, saísse de noite, de lanterna eléctrica na mão esquerda e vassoura na direita, matando os sapos e rãs que, num ápice, surgiam de não-sei-onde às centenas, num coaxar infernal, como um coro maluco e desafinado de tenores, barítonos e contraltos.
Coisas… Coisas que ainda hoje se recordam, com a diferença de que, agora, nos fazem sorrir (embora sentindo, ainda, um grão de angústia lá bem no fundo, bem fundo da alma).
Alberto Branquinho
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 10 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5247: Ser solidário (44): A propósito do Dia dos Veteranos em Stoughton - Estados Unidos da América (Alberto Branquinho)
Vd. último poste da série de 30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4612: Contraponto (Alberto Branquinho) (2): Não vale a pena chorar
Guiné 63/74 - P5444: Dossiê Guileje / Gadamael (17): Depois do que ouvimos da boca do Sr. Cor Pára Durão, tudo o que vier a ser dito, soa a elogio (Victor Alfaiate)
1. Mensagem do Victor Alfaiate, com data de 30 de Outubro, e em princípio privada, mas que entendi dever divulgar como complemento do poste P5415 (*) e como contributo para um melhor conhecimento do seu autor, que foi Fur Mil Trms, CCAV 8350 (Guileje, 1972/73), e é um dos novos membros da nossa Tabanca Grande. Permitam-me apelar, mais uma vez, para a elevação, intelectual e ética, que devemos manter na discussão, franca e aberta, deste dossiê difícil, fracturante, doloroso... (LG)
Olá, Luís, Boa Noite
Li com a máxima atenção o mail que me remeteste e antes de mais quero esclarecer que não é nem foi nunca minha intenção melindrar ou ofender quem quer que seja.
Aliás se contactares os meus camaradas Reis, Seabra, Zé Carvalho ou Major Coutinho e Lima, eles confirmarão certamente que sou incapaz de ofender quem quer que seja, mais que não seja porque me considero suficientemente educado para o não fazer.
No entanto e relendo o meu mail, confesso não ter encontrado nada que possa ofender os Srs. Tenentes Pessoa e Martins de Matos, salvo a alusão às loirinhas e ao ar condicionado, mas se analisares com atenção é o Sr. tenente Martins de Matos que, no P3737, diz que dormia todas as noites no ar condicionado, as palavras são dele não minhas.
Quanto a utilização do tratamento por Senhores, dou-te a minha palavra de honra que não há no mesmo qualquer sentido depreciativo, antes uma questão de respeito. Se reparares, trato todos por Senhores (Sr. Major; Sr. General; Sr. Alferes), aliás na Força Aérea todos se tratavam por Senhores, enquanto no exército era (Meu Capitão; Meu Alferes; Nosso Cabo), na Força Aérea era (Sr. Capitão; Sr. Alferes).
Quanto ao termo "desculpa esfarrapada", não vejo qualquer mal, trata-se de uma desculpa que todos vêem ser falsa (Ex. Empresta-me o teu carro - Não posso porque acabei de o pintar e ainda não secou). Não vejo em que tal termo possa ser ofensivo.
No que diz respeito à ineficácia da Força Aérea no que toca ao apoio a Guileje, tive o cuidado de referir no início que era a minha opinião pessoal, correndo até o risco de poder ser injusto, mas sinceramente é e continua a ser a minha opinião pessoal, e aliás deixo bem explícitos os motivos conducentes a tal opinião.
No que respeita ao diálogo com o Sr. Tenente Martins de Matos, penso não poder fazer qualquer alteração uma vez que o mesmo reproduz na verdade o que realmente se passou.
Entendo perfeitamente que tentes evitar picardias, mas sinceramente não foi meu intuito provocá-las, aliás se vires bem no meu mail digo claramente que não era minha intenção participar numa discussão que, julgo, nunca conduzirá a qualquer conclusão, pelo que se achares que não deves publicar o meu mail, estás à vontade para o fazer, considera-o se assim o entenderes sem efeito mas não me peças para fazer alterações porque isso seria desvirtuar o que sinto e penso na realidade, e já me basta viver num país onde os que fugiram a cumprir um dever que bem ou mal era servir a pátria, são considerados patriotas e democratas e nós, que andamos lá a bater com os costados, somos tratados nalguns casos abaixo de cão.
Este mail é pessoal, pelo que só para ti e, confirmando o que atrás deixo referido, se quisesse provocar picardias, o P3737 do Sr. Tenente Martins de Matos dava pano para mangas, a saber:
- Sr. Major Coutinho e Lima sem perfil para comandar o Cop 5;
- O Homem do rádio, isto sim dito com sentido depreciativo;
- Guileje para os corrécios;
- B-52 - Resposta com raiva;
- Terem fugido 600 pessoas;
- Transformar o Sr. Major Coutinho e Lima num herói, que não foi.
Como vês, a haver alguém que se deveria sentir melindrado e ofendido eramos nós, mas como já estamos habituados, nem ligamos, são bocas que esbarram na couraça da nossa indiferença. Depois do que ouvimos da boca do Sr. Coronel Durão quando chegámos a Gadamael, tudo o que vier a ser dito nos soa quase como elogios.
Não te vou chatear mais, como disse estás a vontade para dares ao mail o destino que quiseres.
Quanto a fazer parte do Blogue, como já disse terei muito gosto nisso, mas as fotografias só as poderei enviar quando for a Portugal.
Um Abraço.
Victor Alfaiate
_____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. postes de :
7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5417: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (15): Ainda e Sempre Guileje (Victor Alfaiate, ex-Fur Mil Trms, CCAV 8350, 1972/74)
Vd. também: 9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5432: FAP (39): Guileje, outra vez?!... (António Martins de Matos)
(**) Vd. poste de 14 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3737: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (11): Um erro de 'casting', o comandante do COP 5 (António Martins de Matos)
Olá, Luís, Boa Noite
Li com a máxima atenção o mail que me remeteste e antes de mais quero esclarecer que não é nem foi nunca minha intenção melindrar ou ofender quem quer que seja.
Aliás se contactares os meus camaradas Reis, Seabra, Zé Carvalho ou Major Coutinho e Lima, eles confirmarão certamente que sou incapaz de ofender quem quer que seja, mais que não seja porque me considero suficientemente educado para o não fazer.
No entanto e relendo o meu mail, confesso não ter encontrado nada que possa ofender os Srs. Tenentes Pessoa e Martins de Matos, salvo a alusão às loirinhas e ao ar condicionado, mas se analisares com atenção é o Sr. tenente Martins de Matos que, no P3737, diz que dormia todas as noites no ar condicionado, as palavras são dele não minhas.
Quanto a utilização do tratamento por Senhores, dou-te a minha palavra de honra que não há no mesmo qualquer sentido depreciativo, antes uma questão de respeito. Se reparares, trato todos por Senhores (Sr. Major; Sr. General; Sr. Alferes), aliás na Força Aérea todos se tratavam por Senhores, enquanto no exército era (Meu Capitão; Meu Alferes; Nosso Cabo), na Força Aérea era (Sr. Capitão; Sr. Alferes).
Quanto ao termo "desculpa esfarrapada", não vejo qualquer mal, trata-se de uma desculpa que todos vêem ser falsa (Ex. Empresta-me o teu carro - Não posso porque acabei de o pintar e ainda não secou). Não vejo em que tal termo possa ser ofensivo.
No que diz respeito à ineficácia da Força Aérea no que toca ao apoio a Guileje, tive o cuidado de referir no início que era a minha opinião pessoal, correndo até o risco de poder ser injusto, mas sinceramente é e continua a ser a minha opinião pessoal, e aliás deixo bem explícitos os motivos conducentes a tal opinião.
No que respeita ao diálogo com o Sr. Tenente Martins de Matos, penso não poder fazer qualquer alteração uma vez que o mesmo reproduz na verdade o que realmente se passou.
Entendo perfeitamente que tentes evitar picardias, mas sinceramente não foi meu intuito provocá-las, aliás se vires bem no meu mail digo claramente que não era minha intenção participar numa discussão que, julgo, nunca conduzirá a qualquer conclusão, pelo que se achares que não deves publicar o meu mail, estás à vontade para o fazer, considera-o se assim o entenderes sem efeito mas não me peças para fazer alterações porque isso seria desvirtuar o que sinto e penso na realidade, e já me basta viver num país onde os que fugiram a cumprir um dever que bem ou mal era servir a pátria, são considerados patriotas e democratas e nós, que andamos lá a bater com os costados, somos tratados nalguns casos abaixo de cão.
Este mail é pessoal, pelo que só para ti e, confirmando o que atrás deixo referido, se quisesse provocar picardias, o P3737 do Sr. Tenente Martins de Matos dava pano para mangas, a saber:
- Sr. Major Coutinho e Lima sem perfil para comandar o Cop 5;
- O Homem do rádio, isto sim dito com sentido depreciativo;
- Guileje para os corrécios;
- B-52 - Resposta com raiva;
- Terem fugido 600 pessoas;
- Transformar o Sr. Major Coutinho e Lima num herói, que não foi.
Como vês, a haver alguém que se deveria sentir melindrado e ofendido eramos nós, mas como já estamos habituados, nem ligamos, são bocas que esbarram na couraça da nossa indiferença. Depois do que ouvimos da boca do Sr. Coronel Durão quando chegámos a Gadamael, tudo o que vier a ser dito nos soa quase como elogios.
Não te vou chatear mais, como disse estás a vontade para dares ao mail o destino que quiseres.
Quanto a fazer parte do Blogue, como já disse terei muito gosto nisso, mas as fotografias só as poderei enviar quando for a Portugal.
Um Abraço.
Victor Alfaiate
_____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. postes de :
7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5417: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (15): Ainda e Sempre Guileje (Victor Alfaiate, ex-Fur Mil Trms, CCAV 8350, 1972/74)
Vd. também: 9 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5432: FAP (39): Guileje, outra vez?!... (António Martins de Matos)
(**) Vd. poste de 14 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3737: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (11): Um erro de 'casting', o comandante do COP 5 (António Martins de Matos)
Guiné 63/74 - P5443: Memória dos lugares (59): Fotos de Catió, Ilha de Como e Cufar III (Benito Neves)
1. O nosso Camarada Victor Condeço solicitou ao Benito Neves, que foi Fur Mil Atirador da CCAV 1484 (1965/67) (Nhacra e intervenção ao Sector de Catió de 08JUN66 a finais de JUL67), que nos permitisse publicar uma série de 28 fotografias do seu álbum de memórias, belíssimas e que detêm excelente qualidade e interesse pelos motivos retratados.
2. Nos postes P5366 e P5411, publicamos duas séries dessas estimadas e bem conservadas fotos, num total de 19 peças, e hoje, com os nossos melhores agradecimentos e cumprimentos ao Condeço e ao Benito, completamos com as restantes 9 dessas invulgares fotografias:
Catió, 1967- Material capturado em Cabolol na operação “Penetrante”, em 27JUN67. Fotos 14 e 16.
Cachil > 1965 > Ilha do Como. Foto 24: Um abrigo onde se albergavam-se 3 ou 4 militares e Foto 25: Interior do aquartelamento.
Foto 1: Catió 1967 - Casa do então Tenente João Bacar Djalo, em Priame.
Catió 1967 > Foto-026: Sargento Baldé ajudando a ataviar o Ten João Bacar Djalo. (O velho Sargento tinha por alcunha o “Furadinho”, tal a quantidade de cicatrizes de ferimentos que tinha sofrido em combate, como já não ia para o mato, era uma espécie de impedido do João Bacar e de 1º da Companhia); e Foto-027: O Tenente João Bacar Djalo comandante da Companhia de Milícia 13 à porta da sua casa em Priame. (Pela presença da viatura, provavelmente ia deslocar-se ao Comando do Batalhão para participar em mais um planeamento de uma operação, era normal pedirem a sua presença e atenderem as suas recomendações. Com o seu saber e a sua experiência no terreno, a ele se deveram por certo o êxito de muitas operações e o reduzido número de baixas sofridas. Nesta altura já lhe tinham sido atribuídas 2 Cruzes de Guerra, 1 em 1964 e 1 em 1965, em 1970 já ao serviço dos Comandos é-lhe atribuída a Torre Espada.)
Foto-028: Cufar 1966- Artilharia no quartel de Cufar, Obus 8,8 cm.
Benito Neves
Fur Mil At CCAV 1484
Fotos e legendas: Benito Neves (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de MR:
Vd. poste anterior desta série em:
5 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5411: Memória dos lugares (59): Fotos de Catió e Priame II (Benito Neves)
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Guiné 63/74 - P5442: Agradecimento de Jorge Teixeira (Portojo)
1. Mensagem de Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70, com data de 10 de Dezembro de 2009:
Amigo Carlos
Não sei se é abuso pedir um poste de agradecimento às mensagens que recebi no blogue.
Mas na realidade senti-me sensibilizado pelo escritos dos camaradas.
Claro que se escreveram exageros. O teu e o do Luís por exemplo. Mas também de outros mânfios que estarão a pensar que lhes consigo um complemento de reforma mais chorudo se mexer os meus cordelinhos na A.R.
Camaradas, desenganem-se. Isso ainda não consigo. Mas para o caso não interessa nada.
Interessa que não sei como agradecer-vos. Mas interessa também saber que encontrei um camarada velhinho, o Ribeiro, (meu Deus, que pira eu era à beira dele quando cheguei a Catió) mas pois claro, através do Victor Condeço.
Foi com alegria que hoje encontrei camaradas, a maior parte dos quais através desta casa. E recebi mais abraços e txins. Mas a felicidade maior é podermo-nos encontrar fisicamente ou através da net e dar aquele ar de SEXestins até que o corpo nos doia.
Um abraço para a Tabanca.
Jorge/Portojo
__________
Nota de CV:
Vd. poste de 8 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5421: Parabéns a você (48): Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pel Canhões S/R 2054 (Editores)
Amigo Carlos
Não sei se é abuso pedir um poste de agradecimento às mensagens que recebi no blogue.
Mas na realidade senti-me sensibilizado pelo escritos dos camaradas.
Claro que se escreveram exageros. O teu e o do Luís por exemplo. Mas também de outros mânfios que estarão a pensar que lhes consigo um complemento de reforma mais chorudo se mexer os meus cordelinhos na A.R.
Camaradas, desenganem-se. Isso ainda não consigo. Mas para o caso não interessa nada.
Interessa que não sei como agradecer-vos. Mas interessa também saber que encontrei um camarada velhinho, o Ribeiro, (meu Deus, que pira eu era à beira dele quando cheguei a Catió) mas pois claro, através do Victor Condeço.
Foi com alegria que hoje encontrei camaradas, a maior parte dos quais através desta casa. E recebi mais abraços e txins. Mas a felicidade maior é podermo-nos encontrar fisicamente ou através da net e dar aquele ar de SEXestins até que o corpo nos doia.
Um abraço para a Tabanca.
Jorge/Portojo
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Nota de CV:
Vd. poste de 8 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5421: Parabéns a você (48): Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pel Canhões S/R 2054 (Editores)
Guiné 63/74 - P5441: Agenda cultural (50): Apresentação do livro História de Portugal em Sextilhas, de Manuel Maia, na Tabanca de Matosinhos
No dia 9 de Dezembro de 2009, houve manga de ronco na Tabanca de Matosinhos com o lançamento do Livro do nosso camarada Manuel Maia "História de Portugal em Sextilhas".
A sala de jantar da Tabanca de Matosinhos no restaurante Milho Rei estava cheia, contando com a presença dos habituais frequentadores das quartas-feiras e mais uns quantos camaradas que ali se deslocaram a propósito do evento.
Falemos então da festa, já que a Tabanca de Matosinhos dispensa quaisquer particularidades.
Acompanhavam o nosso Manel, a sua esposa e filho que assim se associaram a este momento tão marcante.
Foram muitos os camaradas que se deslocaram de fora do grande Porto, embora para alguns deles não fosse propriamente a primeira vez que se deslocavam ao Milho Rei.
Vamos no entanto destacar, pedindo desde já desculpa a alguém que possa ficar no esquecimento: o padrinho/irmão Vasco da Gama, Belarmino Sardinha e esposa, Hélder Sousa, José Manuel Matos Dinis, Juvenal Amado, Jorge Picado que se fez acompanhar de um amigo e nosso camarada também, Luís Faria (a quem tive o prazer de conhecer e abraçar), o nosso Mexia Alves sempre bem disposto e o Manuel Reis.
Por aqui me fico quanto aos forasteiros. Da casa são tantos que enumerá-los sem esquecer alguém é muito difícil. Notei porém duas presenças das redondezas que ao Milho Rei se deslocaram pela primeira vez, o Carlos Azevedo, nosso tertuliano e o Fernando Alves da Silva, amigo e vizinho do Manuel Maia, meu companheiro na organização dos almoços anuais dos ex-combatentes da Guiné de Matosinhos.
O repasto meteu sopa de legumes, as indispensáveis e sempre bem recebidas sardinhas assadas na brasa, bacalhau à Braga, tripas à moda do Porto e lulas grelhadas. A pomada era da produção do Zé Manel que lá estava mais a sua simpatiquíssima esposa.
Barriguinhas confortadas, procedeu-se então à cerimónia, singela mas tocante, de abertura do pacote onde estavam os esperados exemplares do livro.
Discursou em primeiro lugar o pai/padrinho (nas palavras do Manel) Vasco da Gama, que embora muitas vezes interrompido, conseguiu levar o seu discurso até ao fim.
Nestas coisas às vezes um homem não se consegue levar a sério. Pudera, tudo bem comido e melhor bebido...
Falou seguidamente o autor, que muito comovido agradeceu ao chamado Grupo do Cadaval a iniciativa de promoverem a publicação do seu livro. Seguiram-se os abraços e quase beijos (o escândalo esteve iminente).
Porque o seu discurso de agradecimento foi feito e lido em... sextilhas, aqui fica na íntegra:
AGRADECIMENTO
Na guerra combatente, um dia achado,
dos p`rigos nunca ausente ou alheado,
dobrei marés e ventos de amargura...
Escolhos mil tomados de vencida,
são marcos conquistados nesta vida,
levada tal qual fora uma aventura...
Mau grado, irreverente, inveterado,
tomei por ponto assente o lema usado
p`la tribo dos "Terríveis", nessa altura.
"Perante a adversidade estabelecida,
solidariedade é arma/vida
para evitar precoce sepultura"...
Num mundo estranhamente povoado,
de vida, humanamente desfalcado,
na sociedade espúria e sem lisura.
Calor desta amizade em nós sentido,
é fruto, que em verdade, foi devido,
aos tempos de Guiné e vida dura...
Perante o desafio desta escrita
na forma algo incomum, mesmo inaudita,
de narração da Lusitana História.
Ao combatente, as forças fui catar
num esforço,`inda mais um, p`ra mergulhar,
nos livros, documentos e memória...
A emoção cerceia o raciocínio,
à verbe rouba até o seu domínio,
amordaçando a voz dentro do peito...
Palavras que brotavam em torrente,
transformam-se em silêncios, de repente,
deixando-me ante vós, assim sem jeito...
Belarmino Sardinha, Zé Dinis,
Valério, tantos outros e Luis,
aqui vos manifesto gratidão.
Se ao mar encapelado desta vida
ousei enfrentamento na partida,
a ti o devo, Vasco "meu irmão"...
Postado ao leme, firme ante editora,
"dobrando" rotativas, impressora...
acicatou vontades, gerou chama...
Neste ancorar seguro onde descansa,
trabalho de poeta feito `sp`rança,
está o grande "capitão" Vasco da Gama.
Para ti Vasco, com um grande abraço.
Aqui, no "MILHO-REI", morança activa
senti, e em vós achei, `sp`rança emotiva,
dum tempo solidário co`a Guiné.
À paz e crescimento, apetecível,
subjaz entendimento, imprescindível,
no leque partidário, hoje de pé...
Torna-se portanto necessário que os partidos políticos guinéus se entendam, se decidam a dar as mãos, de forma definitiva, por forma a permitirem ajuda externa.
Seguiu-se a sessão de autógrafos, os cumprimentos ao autor e o são convívio até ao fim de tarde.
Não podemos deixar passar um outro momento festivo que foi o cantar de parabéns ao Portojo que tinha feito anos no dia 8.
Mais uma tarde passada em convívio com daqueles camaradas da Tabanca de Matosinhos, amigos, generosos, solidários, que tão bem sabem receber. Muito obrigado, bem hajam.
Seguem-se umas quantas fotos de centenas que por lá se tiraram.
A sala de jantar estava praticamente lotada.
Foto de MC.
Belarmino Sardinha e a esposa Antonieta assinam o quadro de honra da Tabanca de Matosinhos.
Foto de JT.
Fernando Silva, Manuel Maia e filho preparam-se para assinar o quadro de honra da Tabanca de Matosinhos.
Foto de JT.
Hélder Sousa, Manuel Maia e José Manuel Matos Dinis no momento em que se cantavam os parabéns ao Jorge Teixeira.
Foto de BS
Manuel Maia, esposa e filho. Em primeiro plano Fernando Silva, amigo do autor, em conversa com o nosso Zé Teixeira.
Foto de BS
Nesta foto, uma das três senhoras presentes, Luísa, esposa do Zé Manel. Este casal é um caso especial de simpatia.
Foto de JT.
A esposa do Manuel Maia, assina o quadro de honra da Tabanca de Matosinhos.
Foto de JT
Os volumes da História de Portugal em Sextilhas, expostos na sala.
Foto JT
Bolo comemorativo com uma História de Portugal em Sextilhas comestível.
Foto JT
Vasco da Gama tentando usar da palavra.
Foto JT
Manuel Maia agradecendo emocionado a manifestação de amizade de que estava a ser alvo.
Foto JT
Aqui o povo gritava, beija... beija... beija...
Foto BS
Álvaro Basto, um dos nossos anfitriões da Tabanca de Matosinhos.
Foto MC
Fotos de:
Jorge Teixeira - Portojo (JT)
Belarmino Sardinha (BS)
Manuel Carmelita (MC)
__________
Notas de CV:
Título: História de Portugal em Sextilhas
Autor: Manuel de Oliveira Maia
Capa e composição: A. Godinho Fernandes
Editor: Erres e Esses, Lda.
128 páginas
Preço: 12,50 €uros
Prefácio de Luís Graça
Vd. último poste de 29 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5372: Agenda cultural: (49): Síntese da minha comunicação no Colóquio Internacional na Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)
A sala de jantar da Tabanca de Matosinhos no restaurante Milho Rei estava cheia, contando com a presença dos habituais frequentadores das quartas-feiras e mais uns quantos camaradas que ali se deslocaram a propósito do evento.
Falemos então da festa, já que a Tabanca de Matosinhos dispensa quaisquer particularidades.
Acompanhavam o nosso Manel, a sua esposa e filho que assim se associaram a este momento tão marcante.
Foram muitos os camaradas que se deslocaram de fora do grande Porto, embora para alguns deles não fosse propriamente a primeira vez que se deslocavam ao Milho Rei.
Vamos no entanto destacar, pedindo desde já desculpa a alguém que possa ficar no esquecimento: o padrinho/irmão Vasco da Gama, Belarmino Sardinha e esposa, Hélder Sousa, José Manuel Matos Dinis, Juvenal Amado, Jorge Picado que se fez acompanhar de um amigo e nosso camarada também, Luís Faria (a quem tive o prazer de conhecer e abraçar), o nosso Mexia Alves sempre bem disposto e o Manuel Reis.
Por aqui me fico quanto aos forasteiros. Da casa são tantos que enumerá-los sem esquecer alguém é muito difícil. Notei porém duas presenças das redondezas que ao Milho Rei se deslocaram pela primeira vez, o Carlos Azevedo, nosso tertuliano e o Fernando Alves da Silva, amigo e vizinho do Manuel Maia, meu companheiro na organização dos almoços anuais dos ex-combatentes da Guiné de Matosinhos.
O repasto meteu sopa de legumes, as indispensáveis e sempre bem recebidas sardinhas assadas na brasa, bacalhau à Braga, tripas à moda do Porto e lulas grelhadas. A pomada era da produção do Zé Manel que lá estava mais a sua simpatiquíssima esposa.
Barriguinhas confortadas, procedeu-se então à cerimónia, singela mas tocante, de abertura do pacote onde estavam os esperados exemplares do livro.
Discursou em primeiro lugar o pai/padrinho (nas palavras do Manel) Vasco da Gama, que embora muitas vezes interrompido, conseguiu levar o seu discurso até ao fim.
Nestas coisas às vezes um homem não se consegue levar a sério. Pudera, tudo bem comido e melhor bebido...
Falou seguidamente o autor, que muito comovido agradeceu ao chamado Grupo do Cadaval a iniciativa de promoverem a publicação do seu livro. Seguiram-se os abraços e quase beijos (o escândalo esteve iminente).
Porque o seu discurso de agradecimento foi feito e lido em... sextilhas, aqui fica na íntegra:
AGRADECIMENTO
Na guerra combatente, um dia achado,
dos p`rigos nunca ausente ou alheado,
dobrei marés e ventos de amargura...
Escolhos mil tomados de vencida,
são marcos conquistados nesta vida,
levada tal qual fora uma aventura...
Mau grado, irreverente, inveterado,
tomei por ponto assente o lema usado
p`la tribo dos "Terríveis", nessa altura.
"Perante a adversidade estabelecida,
solidariedade é arma/vida
para evitar precoce sepultura"...
Num mundo estranhamente povoado,
de vida, humanamente desfalcado,
na sociedade espúria e sem lisura.
Calor desta amizade em nós sentido,
é fruto, que em verdade, foi devido,
aos tempos de Guiné e vida dura...
Perante o desafio desta escrita
na forma algo incomum, mesmo inaudita,
de narração da Lusitana História.
Ao combatente, as forças fui catar
num esforço,`inda mais um, p`ra mergulhar,
nos livros, documentos e memória...
A emoção cerceia o raciocínio,
à verbe rouba até o seu domínio,
amordaçando a voz dentro do peito...
Palavras que brotavam em torrente,
transformam-se em silêncios, de repente,
deixando-me ante vós, assim sem jeito...
Belarmino Sardinha, Zé Dinis,
Valério, tantos outros e Luis,
aqui vos manifesto gratidão.
Se ao mar encapelado desta vida
ousei enfrentamento na partida,
a ti o devo, Vasco "meu irmão"...
Postado ao leme, firme ante editora,
"dobrando" rotativas, impressora...
acicatou vontades, gerou chama...
Neste ancorar seguro onde descansa,
trabalho de poeta feito `sp`rança,
está o grande "capitão" Vasco da Gama.
Para ti Vasco, com um grande abraço.
Aqui, no "MILHO-REI", morança activa
senti, e em vós achei, `sp`rança emotiva,
dum tempo solidário co`a Guiné.
À paz e crescimento, apetecível,
subjaz entendimento, imprescindível,
no leque partidário, hoje de pé...
Torna-se portanto necessário que os partidos políticos guinéus se entendam, se decidam a dar as mãos, de forma definitiva, por forma a permitirem ajuda externa.
Seguiu-se a sessão de autógrafos, os cumprimentos ao autor e o são convívio até ao fim de tarde.
Não podemos deixar passar um outro momento festivo que foi o cantar de parabéns ao Portojo que tinha feito anos no dia 8.
Mais uma tarde passada em convívio com daqueles camaradas da Tabanca de Matosinhos, amigos, generosos, solidários, que tão bem sabem receber. Muito obrigado, bem hajam.
Seguem-se umas quantas fotos de centenas que por lá se tiraram.
A sala de jantar estava praticamente lotada.
Foto de MC.
Belarmino Sardinha e a esposa Antonieta assinam o quadro de honra da Tabanca de Matosinhos.
Foto de JT.
Fernando Silva, Manuel Maia e filho preparam-se para assinar o quadro de honra da Tabanca de Matosinhos.
Foto de JT.
Hélder Sousa, Manuel Maia e José Manuel Matos Dinis no momento em que se cantavam os parabéns ao Jorge Teixeira.
Foto de BS
Manuel Maia, esposa e filho. Em primeiro plano Fernando Silva, amigo do autor, em conversa com o nosso Zé Teixeira.
Foto de BS
Nesta foto, uma das três senhoras presentes, Luísa, esposa do Zé Manel. Este casal é um caso especial de simpatia.
Foto de JT.
A esposa do Manuel Maia, assina o quadro de honra da Tabanca de Matosinhos.
Foto de JT
Os volumes da História de Portugal em Sextilhas, expostos na sala.
Foto JT
Bolo comemorativo com uma História de Portugal em Sextilhas comestível.
Foto JT
Vasco da Gama tentando usar da palavra.
Foto JT
Manuel Maia agradecendo emocionado a manifestação de amizade de que estava a ser alvo.
Foto JT
Aqui o povo gritava, beija... beija... beija...
Foto BS
Álvaro Basto, um dos nossos anfitriões da Tabanca de Matosinhos.
Foto MC
Fotos de:
Jorge Teixeira - Portojo (JT)
Belarmino Sardinha (BS)
Manuel Carmelita (MC)
__________
Notas de CV:
Título: História de Portugal em Sextilhas
Autor: Manuel de Oliveira Maia
Capa e composição: A. Godinho Fernandes
Editor: Erres e Esses, Lda.
128 páginas
Preço: 12,50 €uros
Prefácio de Luís Graça
Vd. último poste de 29 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5372: Agenda cultural: (49): Síntese da minha comunicação no Colóquio Internacional na Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)
Guiné 63/74 - P5440: Ser solidário (48): “Ciência para meninos em poemas pequeninos” (Regina Gouveia)
1. A Regina Gouveia, esposa do nosso Camarada Fernando Gouveia (Alf Mil Pel Rec Inf - Comando de Agrupamento 2957 -, Bafatá, 1968/70), enviou-nos um convite que passamos a publicar, extensível a todos os Camaradas tertulianos, familiares e amigos, bem como a todos os nosso Amigos que acompanham a vida do blogue, para o lançamento do seu mais recente livro:
CONVITE
Lançamento do Livro "Ciência para meninos em poemas pequeninos" da escritora Regina Gouveia
No próximo dia 16 vai ter lugar o lançamento do meu novo livro, onde estará presente o Coronel Marques Lopes, representando a Ajuda Amiga.
Um abraço,
Regina Gouveia
A Vivacidade tem a honra de convidar V. Exa. para o Lançamento do Livro “Ciência para meninos em poemas pequeninos” da autoria de Regina Gouveia, que terá lugar no dia 16 do corrente mês pelas 18h na Vivacidade - Espaço Criativo no Porto.
Serão momentos de cultura e de diversão numa acção de solidariedade para com as crianças da Guiné-Bissau. A sessão tem entrada livre.
Envio o convite e anexo o folheto informativo onde encontrará um resumo do currículo das pessoas que irão participar no lançamento.
A Autora Regina Gouveia e o Ilustrador Nuno Gouveia darão uma sessão de autógrafos.
Muito apreciaríamos poder contar com a sua presença neste evento. Agradecemos confirmação.
Direcção,
Mª Adelaide Pereira
Vivacidade – Espaço Criativo
Rua Alves Redol, 364 - B
4050-042 Porto
Tel.: 220937093
Fax: 220937092
Mob: 913263302
Mail: : adelaidepereira@vivacidade.pt
www.vivacidade.pt___________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
Guiné 63/74 - P5439: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (1): Com amor & humor (Miguel e Giselda Pessoa)
1. Who is Who, quem é quem ?...
Para quem só agora aterrou, desembarcou, amarou, borregou ou até entrou por engano na nossa Tabanca Grande, eles são, simplesmente, um casal de camaradas da Guiné, o mais mediático casal de camaradas da Guiné, o mais amoroso, o mais simpático, o mais encantador, o mais glamouroso, o mais tudo... Por mérito próprio, mas também porque são... o único casal de camaradas da Guiné com licença de residência na Tabanca Grande!... Dão-se alvíssaras, a quem encontrar e nos trazer outro, porque eles, coitadinhos, estão sozinhos no Paraíso...
Ele é o Miguel Pessoa (ex-Ten Pilav, Bissalanca, BA12, 1972/74, hoje Cor Pilav Ref). Ela é a Srgt Pára-quedista Giselda Antunes... Seguramente o único casal do mundo que foi atingido - cada um deles, separadamente, em ocasiões diferentes, e em areonaves diferentes - , por um míssil SAM 7 Strela... A Guiné e o Strela os juntou, sob a benção da FAP... Por mim já estavam no Guiness Book of Records se isso ajudasse a aumentar o PIB do nosso país e a contribuir para tornar ainda maior a nossa Tabanca Grande, além de ainda mais felizes... Ele & Ela.
Ele é um camarada de peso... Ela é a nossa única camarada de verdade... As outras bajudas e mulheres grandes só podem ser amigas... Obrigado, Miguel e Giselda pelos votos de pesar pela morte do perú... Mas a verdade é que, tal como na tropa, alguém tem que se sacrificar pelo bem-estar e pelo moral do pessoal da Tabanca Grande. Como não há voluntários (nem básicos!), sacrifique-se o perú!..
2. O Miguel e a Giselda dão a dica e o tom: o Natal (mesmo para os não-cristãos, para os outros monoteistas, para os politeistas, para os animistas, para os ateus, para os agnósticos...) é, na aldeia global, uma quadra festiva...em que os homens humanizam os seus deuses, ou climatizam os seus pesadelos ou, muito simplesmente, confraternizam entre si... (Para os que não tiverem programa nenhum, na noite de Consoada, ainda há a alternativa, a nossa alternativa, que é blogar, blogar até que... o rato nos doa!).
Ficamos a aguardar que outros camaradas e amigos/as da Guiné nos escrevam neste período... Publicaremos as mensagens mais originais, mais loucas, mais provocatórias, mais inovadoras, mais inspiradoras, mais criativas, mais solidárias, mais picarescas, mais ternurentas, mais bem-humoradas, mais divinamente humanas, mais natalícias, mais artísticas, mais comestíveis, mais bebíveis, mais pimbas, mais.. mais ...mente incorrectas". Manga de mantenhas natalícias!
A equipa editorial
Para quem só agora aterrou, desembarcou, amarou, borregou ou até entrou por engano na nossa Tabanca Grande, eles são, simplesmente, um casal de camaradas da Guiné, o mais mediático casal de camaradas da Guiné, o mais amoroso, o mais simpático, o mais encantador, o mais glamouroso, o mais tudo... Por mérito próprio, mas também porque são... o único casal de camaradas da Guiné com licença de residência na Tabanca Grande!... Dão-se alvíssaras, a quem encontrar e nos trazer outro, porque eles, coitadinhos, estão sozinhos no Paraíso...
Ele é o Miguel Pessoa (ex-Ten Pilav, Bissalanca, BA12, 1972/74, hoje Cor Pilav Ref). Ela é a Srgt Pára-quedista Giselda Antunes... Seguramente o único casal do mundo que foi atingido - cada um deles, separadamente, em ocasiões diferentes, e em areonaves diferentes - , por um míssil SAM 7 Strela... A Guiné e o Strela os juntou, sob a benção da FAP... Por mim já estavam no Guiness Book of Records se isso ajudasse a aumentar o PIB do nosso país e a contribuir para tornar ainda maior a nossa Tabanca Grande, além de ainda mais felizes... Ele & Ela.
Ele é um camarada de peso... Ela é a nossa única camarada de verdade... As outras bajudas e mulheres grandes só podem ser amigas... Obrigado, Miguel e Giselda pelos votos de pesar pela morte do perú... Mas a verdade é que, tal como na tropa, alguém tem que se sacrificar pelo bem-estar e pelo moral do pessoal da Tabanca Grande. Como não há voluntários (nem básicos!), sacrifique-se o perú!..
2. O Miguel e a Giselda dão a dica e o tom: o Natal (mesmo para os não-cristãos, para os outros monoteistas, para os politeistas, para os animistas, para os ateus, para os agnósticos...) é, na aldeia global, uma quadra festiva...em que os homens humanizam os seus deuses, ou climatizam os seus pesadelos ou, muito simplesmente, confraternizam entre si... (Para os que não tiverem programa nenhum, na noite de Consoada, ainda há a alternativa, a nossa alternativa, que é blogar, blogar até que... o rato nos doa!).
Ficamos a aguardar que outros camaradas e amigos/as da Guiné nos escrevam neste período... Publicaremos as mensagens mais originais, mais loucas, mais provocatórias, mais inovadoras, mais inspiradoras, mais criativas, mais solidárias, mais picarescas, mais ternurentas, mais bem-humoradas, mais divinamente humanas, mais natalícias, mais artísticas, mais comestíveis, mais bebíveis, mais pimbas, mais.. mais ...mente incorrectas". Manga de mantenhas natalícias!
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