segunda-feira, 28 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23121: Notas de leitura (1431): "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa; Chiado Books, Agosto de 2021 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Março de 2022:

Queridos amigos,
É mesmo uma surpresa, um cultor do classicismo andou por Guileje e paragens limítrofes, entre 1968 e 1970, creio que se disfarça no primeiro-cabo Martins, das Transmissões, são memórias onde não faltam referências a Horácio, Virgílio, Dante, Camões, há a preocupação de resistir à tentação de passar ao crivo a história da Guiné ou martelar as vias sinuosas da luta pela independência, é um livro cheiro de olhares, alguém que reza o terço, que se comove com a inocência das crianças, vê partir colunas de abastecimento e sente um remorso por nelas não participar. Já chegou a hora da primeira flagelação, muito mais se seguirá, o tomo memorial ultrapassa as quinhentas páginas, foi editado pela Chiado Books recentemente, faz hoje parte do Grupo Atlântico Editorial.

Um abraço do
Mário



Uma invulgaridade da literatura da Guerra da Guiné (1/4):
O Silvo da Granada, por José Maria Martins da Costa


Mário Beja Santos

Uma surpresa, e com aspetos bem curiosos, este "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", por José Maria Martins da Costa, Chiado Books, agosto de 2021. O leitor é colhido por uma prosa onde primam citações de clássicos, a começar pelo latim, tudo passa a ser entendível quando se lê o currículo que o autor apresenta:

“Natural de Roriz, concelho de Santo Tirso, aí frequentei a escola primária, finda a qual entrei no seminário, mais precisamente no Mosteiro da Ordem Beneditina. Saí no sétimo ano, talvez para voltar daí a trezentos anos como o monge de Bernardes. Como trezentos anos demoram a passar, para não estar ocioso entretive-me a tirar o curso de Filosofia na Universidade do Porto, e ainda o de Latim, Grego e Português, e respetivas literaturas, na Universidade de Coimbra. 

"Entretanto, assentei praça no Exército, indo para a Guiné como combatente da Guerra do Ultramar e assentei arraiais civis no Porto, onde casei, fui professor e jornalista. Nesta cidade, tenho levado vida plácida e remansosa, dentro dos parâmetros da Aurea Mediocritas de Horácio. Por falar em Horácio, ia-me esquecendo de dizer que publiquei há anos um livro de poemas intitulado Libellus, palavra latina que tanto pode significar pequeno livro como libelo acusatório. Fora das partes líricas, acusava realmente e castigava alguns dos costumes e vícios da sociedade contemporânea. Queria endireitar o mundo. Mas o mundo ignorou o livro e continuou cada vez mais torto”.
Guiné > Região de Tombali - © Infografia Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


Coube-lhe na rifa Guileje e algo mais, entre maio de 1968 e julho de 1970, apresenta-se como Martins, primeiro-cabo de Transmissões, especialidade que tirou em Lisboa, andou pelo Algarve e embarcou num Niassa em rendição individual. Mal chegou, puseram-no a levar corpos ao cemitério de Bissau, depois percorre a cidade, recorda a família e amigos, vem-lhe à memória um soneto de Gonçalves Crespo e a poesia camoniana, no quartel dos Adidos assiste a uma arenga de Spínola às tropas recém-vindas. 

“Ao Martins, por vício de formação, que o faz apreciar arroubos de retórica, ainda quando empolada, só lhe ficou o enfático da arenga”

Percorre o cais de Pijiquiti, um relojoeiro no Bissau Velho fala-lhe dos incidentes de 3 de agosto de 1959. E chegou a hora de partir num batelão, primeira etapa Bolama, adormece rezando, a passagem pela antiga capital é muito rápida, dirigem-se agora para Cacine, lembra-se do poeta Dante. O Martins vai a terra.

“Procede do cais uma alameda de palmeiras, poeirenta, em terra batida, ladeada, mais adiante, das dependências do aquartelamento. Um simulacro de porta de armas separa a área militar da povoação. Aliviados das provisões destinadas à tropa daqui e também à de Cameconde, destacamento a meio para a fronteira, rumam a Gadamael”

O resto do percurso será por terra, haverá camiões escoltados por camiões de combate. Alguém procura sossegar o Martins. Contempla Gadamael, recolhe cedo ao decrépito cardenho à laia de abrigo.

Já o trataram por Periquito, o mesmo que novato, vem com uma farda enorme, em Guileje um antigo alfaiate irá pôr-lhe a indumentária ajustada. Vai bisbilhotar o posto de rádio, há um camarada a expedir mensagens. No bar, alguém lhe fala do cruzamento de Guileje, relata uma tragédia que ocorreu a 28 de março desse ano de 1968, um encontro com gente armada, ao princípio um equívoco, vinha à frente um homem de tez clara, um cubano, seguiu-se forte tiroteio, seguiu-se um ataque de abelhas, houve ações de autêntico heroísmo para recolher os corpos de dois soldados abatidos. 

Essa companhia estava agora em Gandembel, ali a uns 10 km de Guileje, a escavar abrigos e a levantar paredes, a viver num inferno, a flagelar da fronteira, a emboscar e a minar a picada. E lá vai o Martins para Guileje, passa-se pelo tal nefasto cruzamento, manda a propriedade do termo que se fala em entroncamento, onde convergem sem se cruzarem duas picadas: a que procede de Cacine e Gadamael e sem desvio continua para Gandembel, tendo mais adiante Aldeia Formosa; e estoutra que nela entronca e a Guileje vai dar.

Dá-nos a primeira impressão desse aquartelamento que lhe parece inexpugnável, logo é atraído pela questão da falta de água, todos os dias há que viajar para fora da cidadela 3 km. 

Ele faz parte do Pelotão de Caçadores Nativos n.º 51, já desceu ao seu abrigo e tem cama, nada a registar de flagelações ou atos inoportunos. Vai espreitar a tabanca, conhecerá um pequenito com quem saboreará uma refeição. Apercebe-se que isto de almoçar ou jantar não é de estar abancado com os outros, dá-se o sinal de que a cozinha está pronta, recebe-se a provisão e come-se no abrigo, para evitar nefastos acontecimentos de um estoiro em cima de um refeitório. Alguém lhe pergunta de onde ele é, responde impante que é de S. Pedro de Roriz, que tem igreja românica, calçadas pré-romanas de enormes lájeas, e uma paisagem rural de encher o olho… e há a rivalidade entre o Desportivo das Aves e o Tirsense.

E começam as colunas de abastecimento, aquelas que são um calvário, as que levam a Gandembel, alguém faz o relato de fornilhos que desmembram os corpos, ele tudo regista o que ouve do sofrimento dos outros. A sua vida é no posto de rádio, que ele descreve: 

“É um pequeno edifício térreo, com dois compartimentos: uma sala ao rés-do-chão e uma cave abrigo. Na sala, a um lado da entrada, fica a mesa do operador; do outro, um alçapão sinistro a modo de escotilha em porão de navio, sendo ocupado o restante espaço por camas. O alçapão abre para o abrigo, que subjaz ao pavimento da sala e ao qual se desce por íngreme escada de madeira ou agarrado a um varão de ferro liso e redondo”

Ali se trabalha por turnos, quase sentimos o operador a martelar mensagem.

Chegou a hora do Martins se iniciar em flagelações, parecia que à volta de Guileje reinava a placidez de um lago adormecido, os militares iam passando pela cozinha, e nisto um estampido lá ao longe, salta-se para as escadas, desce-se às profundezas, “em toda a Guileje, militares e civis, brancos e pretos, mulheres com crianças enfaixadas nas costas, enfiam desabaladamente, como flechas, para o refúgio mais próximo”

Ouvem-se as explosões, os tímpanos parece que estouram, aquela criancinha com quem ele está a acamaradar agita-se-lhe a cabeça num estremecimento brusco, está de olhos esbugalhados. A artilharia de Guileje responde e mais adiante o fogo do PAIGC, procura-se a normalidade, uma deceção, o gato comeu os carapaus, estava-se nas tintas para a infernal fuzilaria, não pode resistir ao cheiro a peixe frito, cabe ao Martins uma pratada de arroz e uns carapauzinhos frios.

E temos agora uma coluna que vai picando e ao encontro da tropa de Gadamael, pela mesma picada em que o Martins veio, a escolta é uma enorme serpente de militares que vão avançando espaçados, roncam surdamente os camiões, pela cabeça do Martins aquela imagem da serpente lembra-lhe o poeta Virgílio, como mais adiante lhe ocorre um sermão do Padre António Vieira, dá-se espaço para falar das armas do PAIGC, segue-se uma descrição de uma boa chuvada, é nisto que rompendo os ares se aproximam três helicópteros, vem aí Spínola.

(continua)

José Casimiro Pereira de Carvalho, Furriel de Operações Especiais, colocado na CCAV 8350 (‘Os Piratas de Guileje’) (Foto: José Casimiro Carvalho)
Na foto, do Pel Caç Nat 51, da esquerda para a direita: Furriel Castro, Furriel Azevedo, Alferes João Perneco, Furriel Carvalho e Cabo Raul. (Foto: José António Viegas)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23097: Notas de leitura (1430): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (5) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23120: Recortes de imprensa (122): Na Série Especial "A minha Guerra", do Correio da Manhã, de sábado 26 de Março, foi publicado um pequeno texto sobre a nossa camarada Giselda Pessoa, que aqui reproduzimos com a devida vénia e à sua autora, Manuela Guerreiro

Inserido na sua Série Especial "A minha Guerra", o Correio da Manhã publicou na sua edição de sábado 26 de Março um pequeno texto sobre a nossa camarada Giselda Pessoa, texto que aqui reproduzimos com a devida vénia ao Correio da Manhã e à sua autora, Manuela Guerreiro.


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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23083: Recortes de imprensa (121): Debate sobre a Guiné-Bissau na Assembleia Geral da ONU em plena crise petrolífera (Diário de Lisboa, 23 de outubro de 1973)

Guiné 61/74 - P23119: Bibliografia (50): Movimento Nacional Feminino: Área de apoio material: secção de aerogramas (Sílvia Espírito-Santo, excerto de artigo em preparação, cortesia da autora)


Um exemplar do aerograma amarelo, gratuito para os militares. O aerograma azul era vendido a familiares e madrinhas de guerra, ao preço unitário de 20 centavos (até 1971), e depois 30 centavos (a partir de 1971) (a preços de hoje, e na moeda em vigor, seriam 9 e 8 cêntimos, respetivamente).

"Este Aerograma foi-me devolvido tal como está, traçado de balas ou estilhaços na emboscada de 26/10/1971, efectuada à coluna Piche-Nova Lamego, em que faleceram o Alf Mil Soares, o 1º. Cabo Cruz, o Sold Cond Ferreira e o Sold Manuel Pereira, todos da CART 3332. Guardo-o religiosamente comigo..." (Carlos Carvalho).

Documento que nos foi enviado pelo nosso grã-tabanqueiro Carlos [Alberto Rodrigues] Carvalho, ex-fur mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche e Ponte Caium, 1970/72, irmão da nossa amiga Júlia Neto e, portanto, cunhado do nosso saudoso capitão Zé Neto. Muito provavelmente o aerograma ia no saco do correio... Pelo que se depreende, o destinatário do aerograma era um seu familiar, possivelmente a sua mãe (Rosa Maria Silva Simão Melo Rodrigues de Carvalho), que vivia em Lamego. Não temos tido notícias deste camarada. Página no facebook: Carlos Alberto Carvalho. (*)


1. Mensagem, com data de sexta, 25/03/2022, 21h51, de Sílvia Espírito-Santo, investigadora, que tem estudado o Movimento Nacional Feminino, autora de “Cecília Supico Pinto: o rosto do movimento nacional feminino” (Lisboa: A Esfera do Livro, 2008, 222 pp.):

Caro Luís Graça,

Espero que esteja tudo bem consigo. Peço desculpa pelo meu longo silêncio.
 
Não me esqueci que tinha ficado de enviar um texto sobre os aerogramas. Aqui vai agora. Não sei se terá interesse para o vosso blog,  o Luís dirá! São apenas algumas linhas de um artigo mais vasto sobre o MNF que, espero, talvez venha a ser publicado lá para o fim do ano!

Agradeço a informação sobre a cançonetista Isabel Amora (que não conhecia) nos espectáculos para militares. Até agora, nas minhas pesquisas sobre o MNF ainda não vi qualquer referência a este nome, mas vou estar atenta.

Um cordial abraço
Sílvia
 
2. Movimento Nacional Feminino (MNF): Área de apoio material: secção de aerogramas

por Sílvia Espírito-Santos (excerto de artigo em preparação, cortesia da autora) (**)

A secção dos aerogramas foi a primeira iniciativa do MNF e foi das que alcançou maior notoriedade dado que os «bate-estradas», assim designados na gíria militar, constituíram sempre o principal elo de ligação entre militares e famílias (1). 

 Uma secção cuja dimensão e complexidade, levaram, a partir dos últimos anos da década de 60, à colaboração do Major Pinto Enes, um militar cuja trabalho e «dedicação» seriam reconhecidos pelo MNF como de grande importância para «um controlo perfeito deste serviço e uma administração equilibrada»(2).

Com pouco mais de um mês de existência, o MNF já tinha percebido a importância que um serviço postal gratuito podia ter para os militares, pelo que solicita ao governo a isenção de franquia postal para a correspondência entre estes e seus familiares; a resposta seria dada pela Portaria nº18 545 de 23 de Junho de 1961 – e revista pela de 513/71 – que atribuía à comissão central do MNF a exclusividade na edição de impressos próprios para esse fim.

Surgem por esta via dois tipos de aerogramas: 

(i) os amarelos, gratuitos para militares;

(ii)  e os azuis vendidos a familiares e madrinhas de guerra pelo preço unitário de $20 (vinte centavos).

Determinava ainda a Portaria que a entrega destes devia ser feita em mão nos CTT a fim de garantir a sua utilização apenas pelos autorizados.

Até 1971, o MNF editou 200 milhões de aerogramas (até 1974 o número ascenderia aos 376 milhões), sendo distribuídos, nesse ano, 26 058 010 amarelos e vendidos apenas 15 900 145 azuis – apesar da Portaria 513/71 ter feito cessar as restrições estabelecidas à aquisição apenas por familiares e madrinhas de guerra –, num total de 41 958 155; números que decrescem em relação ao ano anterior, registando-se uma quebra de 1 700 000 na venda dos azuis, embora a distribuição dos amarelos tivesse aumentado para 5 800 00 (3),

A circunstância é justificada com o uso dos amarelos «na correspondência da Metrópole para o Ultramar […] enviados pelos militares às suas famílias […] ou usados pelos próprios militares quando regressam […] chegando mesmo a vendê-los» visto terem sido aumentadas as «dotações de todas as Províncias para os quantitativos usados para Angola (12 aerogramas/homem/mês)  (4); mas também, como atestam as reclamações chegadas ao MNF e os protestos publicados na imprensa nacional e regional, pelo descontentamento da população com a obrigatoriedade da sua entrega em mão nos postos dos CTT e não em marcos ou caixas de correio como era pretendido (5).


Aerograma azul recebido pelo João Crisóstomo, SPM 2918


Embora a despesa de emissão dos aerogramas gratuitos fosse coberta pelo aumento do preço dos azuis para $30, para tentar sanar os protestos que chegavam à organização e aos jornais, a presidente do MNF solicita ao ministro da Defesa Nacional, general Horácio Sá Viana Rebelo (1910-1995), e ao ministro das Comunicações, Engenheiro Rui Sanches (1919-2009) a alteração desta disposição (6).  Solicitação que foi recusada já que, segundo o ministro Horácio Sá Viana Rebelo, continuava a prevalecer a necessidade de «fiscalização sobre essas correspondências, quer quanto à qualidade dos seus destinatários, quer quanto à inclusão nos aerogramas (única forma de correspondência adoptada) de papéis ou objectos, o que, na prática, não raras vezes se verifica[va]» (7). 


Um aerograma azul... remetido pelo Beja Santos, SPM 3778


 Por outras palavras, se por um lado a  disposição ministerial tentava evitar que os aerogramas fossem utilizados por quem não tinha direito a eles ou transportassem, o que não era raro, notas, medalhas e fios de ouro ou prata, por outro, e mais plausível  dado o clima de crescente contestação  à guerra, o seu aproveitamento como meio de transporte de «propaganda subversiva» para o Ultramar.

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Notas da autora:

[1] Sobre aerogramas: Eduardo Barreiros e Luís Barreiros, História do serviço postal (Lisboa: Edição dos autores, 2004).

[2] MNF, Memorial 1971, Arquivo de Ministério da Defesa Nacional, Forte de São Julião da Barra, caixa 2726.2.

[3] Relatório da Comissão Executiva do MNF período de 30-1 a 31-12 de 1971, Arquivo Cecília Supico Pinto… 

[4] MNF, Memorial 1971, Arquivo de Ministério da Defesa Nacional, Forte de S. Julião da Barra, caixa 2495.2.

[5] MNF, Parecer 1973, Arquivo de Ministério da Defesa Nacional, Forte de São Julião da Barra, caixa 2459.3.

[6] MNF, Memorial 1971, Arquivo de Ministério da Defesa Nacional, Forte de São Julião da Barra, caixa 2495.2.

[7] MNF, Memorial 1973, Arquivo de Ministério da Defesa Nacional, Forte de São Julião da Barra, ofício 1275, processo 2.15.1, 2, caixa 2495.2.

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Notas  do editor:

(*) Vd. poste de 24 de novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7327: Facebook...ando (1): O aerograma traçado de balas ou estilhaços na emboscada de 26/10/1971, na estrada Piche-Nova Lamego, e em que morreram 4 camaradas da CART 3332 (Carlos Carvalho)

domingo, 27 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23118: Ser solidário (244): Coro Municipal e população da Lourinhã, 27 de março de 2022, 11h00: Orar pela paz na Ucrânia



Vídeo (3' 36'') > You Tube > Luís Graça (2022)

Lourinhã, 27 de março de 2022: Coro Municipal da Lourinhã, dirigido pelo jovem, talentoso e polivalente maestro Carlos Pedro Alves, com a colaboração da população local, interpreta o cânone de W. Mozart "Dona Nobis Pacem" (Dai-nos a Paz).

A vila estremenha, "capital dos dinossauros", associou-se deste modo a outras vilas e cidades europeias que, neste dia, vieram às ruas com os seus coros orar pela paz na Ucrânia.

O coro interpretou também, entre outras, a famosa e sublime canção alpina “Signore delle cime”, composta em 1958 pelo italiano Giuseppe de Marzi. 



Vídeo (1' 24'') > You Tube > Luís Graça (2022)


Signore delle cime (1958) > Letra:

Dio del cielo, Signore delle cime,
Un nostro amico hai chiesto alla montagna.
Ma ti preghiamo, ma ti preghiamo:
Su nel Paradiso, sul nel Paradiso
lascialo andare per le tue montagne.

Santa Maria, Signora della neve,
Copri col bianco soffice mantello,
Il nostro amico, nostro fratello,
Su nel paradiso, su nel paradiso
Lascia lo andare per le tue montagne.

Dio del cielo, l’alpino chè caduto,
Ora riposa nel cuor della montagna.
Ma ti preghiamo, ma ti preghiamo.
Una stell’alpina, una stell’alpina
Lascia cadere dalle tue montagne.

Guiné 61/74 - P23117: (Ex)citações (404): Um célebre escritor sueco de finais do séc. XVIII afirmou: “Depois dos setenta anos as únicas verdadeiras surpresas que a vida nos traz são todas relacionadas com a saúde" - Teria de mudar de opinião se lesse alguns comentários do nosso blogue... (José Belo, EUA)


José Belo, jurista, o nosso luso-sueco, cidadão do mundo, membro da Tabanca Grande, reparte a sua vida entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e os EUA (Key West, Nova Orleans...); (ii) foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia, agora jubilado; (iii) na outra vida, foi alf mil inf, CCAÇ 2391, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); (iv) é cap inf ref do exército português; (v) durante anos alimentou, no nosso blogue, a série "Da Suécia com Saudade"; (vi) tem cerca de 220 referências no nosso blogue.


Aqui segue foto actualizada para quando é necessário.....Dar a Cara! Um abraco .....Luso / Sueco / Lapäo / Americano...o que é uma já boa colecäo de identidades difíceis de coordenar em momentos..."patrioteiros"!



1. Mensagem do Joseph Belo:

Data - quinta, 24/03/2022, 21:25 


Assunto -  O “tal” minuto antes das zero.


Célebre escritor sueco dos finais do século dezoito afirmou: “Depois dos setenta anos as únicas verdadeiras surpresas que a vida nos traz são todas relacionadas com a saúde".

Teria que mudar de opinião se tivesse tido a oportunidade de ler alguns dos comentários do nosso Amigo, Camarada e Poeta Graça de Abreu (*).

Estamos em 2022. São outros os parâmetros que enquadram as sociedades actuais. As “armas de arremesso“ que alguns continuam a utilizar,  estão já há muito ultrapassadas pelos novos contextos sociais. Cai-se numa agressividade contínua, pessoalizada, que acaba por raiar áreas de patologias várias.

A propósito de um texto sobre Amílcar Cabral, salta-se compulsivamente para afirmações como: “Mário Beja Santos a caminho da Ucrânia ou da Bielorrússia... suprema inteligência tuga neste blogue, debruçado sobre as bandas de Moscovo” (*).

Felizmente que este tipo de compulsividade analítica de áreas e situações já abrangidas pela paleontologia, se limita a um reduzido número de irredutíveis “passadistas”.

Só humoristas de gabarito se lembrariam hoje, tendo em conta o passado de activista maoísta do Sr. Dr. Durão Barroso aquando estudante, de sugerirem o seu abandono do alto cargo em renomado banco da alta finança internacional para ...ir beber chá com os seus camaradas de Xangai. Enfim, quase o tal... vomitar a gargalhar!

Quando activista nas lutas estudantis contra a ditadura,  não estive “debruçado sobre as bandas de Moscovo“, e muito menos fui leitor de um certo livro, fosse ele vermelho, castanho, ou furta-cores.
Não serão essas as razões deste meu despretensioso texto.

As razões que aqui me trazem foram criadas pela (feliz e oportuna) correção efectuada pelo Amigo e Camarada Graça de Abreu a uma lista valorativa de personagens apresentada pela BBC.(*).

Verifica-se que um aí citado imperador chinês mais não era que uma imperatriz. Correção feliz e oportuna (e aqui repito-me conscientemente!) por nos levar direitamente ao "clitoris" da dita senhora e a muitas das consequências político-históricas do mesmo na vida social da corte chinesa.

Tendo sido um homem de “casernas” durante mais de uma década, e, como tal, sempre com um profundo interesse por tudo que é a problemática deontológica clitoriana, quase me atrevo a perguntar ao camarada corretor se a vida da senhora imperatriz referida se encontra publicada em inocente vídeo do YouTube? (Ou talvez em alguns dos “sites” mais resguardados por explícitos?)

E já agora, algumas referências bibliográficas que venham a contribuir para uma penetração mais profunda (salvo seja!) em tudo o relacionado com a dita senhora.

Infelizmente, uma atenta e nova consulta ao Clássico português dos finais dos anos cinquenta, que circulava entre os “filhos maus de boas famílias", e que tinha por título histórico... ”A Marca dos Avelares",  não me levou a encontrar referências detalhadas à madame imperatriz e, muito menos, às suas partes, no caso não púdicas mas antes... públicas!

Espera-se bibliografia... detalhada, detalhada, detalhada!

Como se diz nos States… Another Day Another Dollar.

Um respeitoso abraço do J. Belo (**)
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Notas do editor:

21 de março de  2022 > Guiné 61/74 - P23097: Notas de leitura (1430): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (5) (Mário Beja Santos)

(...) antonio graça de abreu disse...

Tanta traição, não é Rosinha?

Mário Beja Santos, já, a caminho da Ucrânia, ou da Bielorússia... Acho que precisam dele, suprema inteligência tuga neste blogue, debruçado sobre as bandas de Moscovo.

Pois, as teses do Amílcar Cabral, o "génio africano" segundo as palavras e o entendimento de Mário Beja Santos. Sabemos hoje que tais teses resultaram em coisa nenhuma, nada funcionou. A África esqueceu-se da luminosidade do pensamento de Amílcar Cabral, as boas intenções não deram resultado em nenhum centímetro quadrado da nossa querida África. Que nos valha o Mário Beja Santos para, com Amílcar Cabral, nos explicar, depois do colonialismo, as maravilhas que iam acontecer e que nunca aconteceram. Depois da independência, foram milhares de mortos em lutas fratricidas. Onde estava o pensamento de Amílcar Cabral?

O Mário Santos continua a vender-nos a banha da cobra. Tristeza...

Abraço,

António Graça de Abreu21 de março de 2022 às 15:48 


(...) antonio graça de abreu disse...


Curiosa a lista dos grandes líderes, elaborada por historiadores anti-colonialistas primários como Hakim Adi. Até conseguem falar num milhão de guineenses reunidos por Amilcar Cabral quando em 1973 a população total da Guiné não chegava aos 600 mil habitantes.

Curiosa também a referência a Wu Zutian (624-705) que aparece na lista da BBC como imperador da China quando na realidade foi imperatriz, do sexo feminino. Antiga concubina, serviu dois imperadores e para usurpar o poder envenenou vários candidatos ao trono. Viúva, tinha o gosto de mandar matar os homens que com ela dormiam e utilizava para o seu prazer sexual. Em algumas audiências na corte, vestia um longo casaco de brocado. Nua da cintura para baixo, fazia ajoelhar os ministros, entreabria o casaco e obrigava-os a beijar o seu exercitado clitóris. Mulher hábil, forte e determinada, ficou na História da China também por algumas medidas que tomou e que deram mais força ao império chinês. Era a figura preferida de Jiang Qing (1914-1991), a quarta esposa de Mao Zedong, a mais proeminente criatura do famoso "bando dos quatro" que se suicidou aos 77 anos.


(**) Último poste da série > 5 de fevereiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22971: (Ex)citações (403): no país onde nascemos, nem as "iscas com elas" eram para todos (Eduardo Estrela, Cacela Velha, Vila Real de Stº António; ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)

Guiné 61/74 - P23116: Parabéns a você (2048): Armando Pires, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70); Carlos Vinhal, ex-Fur Mil At Art MA da CART 2732 (Mansabá, 1970/72) e Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Especiais da CCS/BCAÇ 4612/74 (Mansoa, 1974)



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Nota do editor

Último poste da série de 25 de Março de 2022 > Guiné 61/74 - P23109: Parabéns a você (2048): Rui Silva, ex-2.º Sarg Mil da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato e Mansoa, 1965/67)

sábado, 26 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23115: Agenda cultural (805): No âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril: lançamento de nova edição do livro "Salgueiro Maia - Um homem da liberdade", de António Sousa Duarte: Lisboa, Quartel do Carmo,1 de abril de 2022, 17h30





Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi “Fiel à palavra dada à ideia tida”
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse.

— Sophia de Mello Breyner Andressen


Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril


Lançamento da nova edição do livro 
“Salgueiro Maia – Um Homem da Liberdade”, 
de António Sousa Duarte



No âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Associação 25 de Abril e a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril convidam-no(a) para o lançamento da nova edição do livro “Salgueiro Maia – Um Homem da Liberdade” de António Sousa Duarte.

Esta sessão de homenagem a Fernando Salgueiro Maia contará com a presença de Adelino Gomes, António Sousa Duarte, Carlos Matos Gomes e Maria Inácia Rezola.

Local: Quartel do Car
mo, 27, 1200-092 Lisboa


Data e hora: 1 de abril de 2022, 17h30


Solicita-se confirmação de presença até dia 30 de março de 2022 
para os seguintes contactos:

(i) Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril

Sítio: www.50anos25abril.pt
Email: geral@50anos25abril.gov.pt
Telef +351 213 217 183

(2) Comando Geral da GNR

 Largo do Carmo 27, 1200-092 Lisboa | Telef  + 351 21 321 7000

[Esta informação chegou-nos pela mão do nosso camarada e amigo Mário Vitorino Gaspar, a quem agardecemos e desejamos as melhoras]

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23113: Agenda cultural (804): Dia Mundial da Poesia: Em Volta de Herbero Helder. CCB, Belém, Lisboa, hoje, sábado, dia 26, das 15h00 às 18h00. Entrada gratuita.

Guiné 61/74 - P23114: Os nossos seres, saberes e lazeres (498): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (43): Uma visita ao Museu de Setúbal/Convento de Jesus (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Dezembro de 2021:

Queridos amigos,
Depois da Igreja do Convento de Jesus, em Setúbal, é obrigatório visitar o Museu de Setúbal/Convento de Jesus, que foi Hospital até 1959, por quem vai deambular no esplendoroso Claustro não dá pelas alterações que sofreu esta área conventual, fruto das adaptações provocadas pela vida hospitalar. Esta reabilitação é cuidadosíssima, continua em curso, uma boa parte do acervo museológico pode ser visitada no antigo edifício do Banco de Portugal, na galeria municipal, estão lá as peças maravilhosas do políptico do altar-mor do Convento de Jesus, pinturas magníficas saídas do atelier do Jorge Afonso.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (43):
Uma visita ao Museu de Setúbal/Convento de Jesus


Mário Beja Santos

Finda a visita ao Convento de Jesus, é atração da maior importância visitar o museu que foi inagurado em fevereiro de 1961, nessa altura designado por Museu da Cidade, dependeu da Santa Casa da Misericórdia da cidade, tinha o apoio da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão e suporte financeiro da Comissão de Turismo da Serra da Arrábida, tudo isto se passou após o encerramento do Hospital do Espírito Santo que aqui estivera instalado desde 1893, e gerido pela Santa Casa. As coleções iniciais integraram bens originarios do edifício onde passou a estar instalado o museu (o Convento de Jesus), bens da Santa Casa e da autarquia, e mais tarde doações particulares. Acontecimento de vulto foi a chegade em 1983 do conservador Fernando Baptista Pereira, com ele iniciou-se um novo ciclo da existência do museu.
Com a atual reabertura, os visitantes podem apreciar a parte do trabalho de reabilitação e restauro do claustro e de espaços que mantêm o cunho conventual, aí é possível observar património artístico, é o caso das Salas do Capítulo e do Coro Alto. O visitante tem à sua disposição o património móvel artístico e arqueológico que vem da exposição temporária inaugurada em 2015. Findas as obras de reabilitação haverá uma nova exposição de longa duração que ocupará o edifício conventual na íntegra.

Pormenor do Claustro restaurado
Teto abobadado do lavabo do Claustro do Convento de Jesus, final do século XV
Pormenor do lavabo, não esquecer que a pedra é brecha da Arrábida

Convém recordar que este Convento foi fundado em 1490, é uma peça arquitetónica atribuída a Diogo Boitaca, autor de projetos imorredoiros como a igreja do Mosteiro dos Jerónimos. Este convento era um convento de freiras clarissas, freiras de uma ordem medicante, instalaram-se num edifício de estilo arquitetónico antigo com tecnologia de ponta, à época. Primeiro criou-se a igreja de salão, e depois o convento, com um vasto conjunto de edifícios na periferia do núcleo ramo. Os espaços conventuais estão distribuídos em torno do quadrado formado pelo Claustro. No piso térreo temos a receção, uma sala com diversos elementos arquitetónicos encontrados em obras de rebaixamento de pavimentos e mesmo nas escavações arqueológicas de 2013/2014. Ali perto há uma sala de exposições temporárias, foi-se bisbilhotar os preparativos de uma instalação intitulada A Vénus dos Trapos, do pintor Michelangelo Pistoletto, nome consagrado da chamada Arte Povera. O seu trabalho trata principalmente do tema da reflexão e da unificação da arte e da vida quotidiana.
Inaugurada a exposição, o resultado é este
Vale a pena o visitante deambular pelas Salas do Capítulo, percorrer demoradamente este belo trabalho de requalificação do Claustro, ver mesmo os azulejos na cafetaria, apreciar as escadarias de acesso ao piso superior, foi construída em meadas do século XVI. Recorde-se que houve um hospital aqui, que funcionou até 1959. Houve adaptações para transformar o edifício conventual em edifício hospitalar. Muitas das pequenas capelas existentes nas alas claustrais do piso térreo foram demolidas para dar lugar a salas maiores. O antigo dormitório e antiga enfermaria do convento foram transformadas em enfermarias hospitalares. Isto para dizer que fruto desta profunda adaptação o edifício conventual sofreu grandes transformações e os espaços conventuais ficaram descaracterizados, com exceção do Claustro, da Sala do Capítulo e da Sala do Coro Alto.
Predominam as obras de timbre religioso, algumas de excecional beleza, há pinturas da escola flamenga mas também de mestres oficinais portugueses, abundam bustos, como iremos ver no Coro Alto, aqui iremos encontrar portas de grade de comunicação com a igreja conventual, com pinturas do início do século XVII.
Este quadro é de um importante pintor naturalista, João Vaz, intitula-se Barcos em Lisboa. João Vaz adorava pintar marinhas, temas de praias, enriquecendo o colorido com imensa luz, pode-se dizer que é uma arte sem sombras, um omnipresente festim de luminosidade.
Um belo crucifixo
Um pormenor desta esplendorosa arte sacra que nos reserva este espaço conventual
Estamos agora na sala do Coro Alto, impossível não vir contemplar as novas portas para grade do Coro Alto, pagas por Filipe II de Portugal e sua mulher Margarida de Áustria. São revestidas por um conjunto de 12 pinturas, representado figuras de santos e santas, além da fundadora do Convento, Justa Rodrigues Pereira, ela está representada na ponta da direita da fileira inferior do conjunto.
Agora vê-se com mais clareza a pintura sobre a grade, intitulada Transfiguração de Jesus, pintura a óleo sobre tela de linho do século XVII, coroada por uma sanefa em talha dourada do século XVIII. Tema relatado no Novo Testamento, Jesus sofre uma transfiguração no alto de uma montanha, irradiando luz, perante a aparição dos profetas Moisés e Elias e a voz de Deus no céu. É uma pintura muito específica, difere da cronografia habitual.
Santo António
Abertura para o visitante conhecer o trabalho das escavações e o que se descobriu
Uma admirável escultura da Virgem no Coro Alto
O Coro Alto capricha também pelo seu relicário. A estrutura primitiva foi destruída pelo terramoto de 1755, salvando-se os bustos-relicários, e foi substituída em 1760 pela atual estrutura, a que vemos, ao estilo rococó. Os bustos-relicários apresentam um óculo, ou orifício no peito, rodeado por um género de moldura oval, onde são colocadas as relíquias dos santos, normalmente fragmentos de osso. Há também oratórios dignos da contemplação do visitante.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23093: Os nossos seres, saberes e lazeres (497): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (42): Em Cernache do Bonjardim e na Sertã, no dia em que aqui recebi a segunda dose da vacina (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23113: Agenda cultural (804): Dia Mundial da Poesia: Em Volta de Herbero Helder. CCB, Belém, Lisboa, hoje, sábado, dia 26, das 15h00 às 18h00. Entrada gratuita:



Imagem: Sítio da Fundação Centro Cultural de Belém (2022), com a devida vénia


Dia Mundial da Poesia: 

Em Volta de Herberto Helder


Centro Cultural de Belém, Lisboa, sábado, dia 26 de março de 2022, 
das 15h às 18h. Entrada gratuita.


Seleção de alguns eventos (*)


15:00 – 18:00 | Feira do Livro | Receção do Centro de Congressos e Reuniões – Piso 1

Realizar-se-á na Receção do CCB uma Feira do Livro com a presença de várias livrarias e editoras. Aqui poderá encontrar aquele livro que há muito quer ler, a obra do seu poeta preferido ou as mais recentes edições do mercado.

15:00 – 18:00 | Exposição Bibliográfica | Foyer da Sala Luís Freitas Branco – 
Piso 1

Estarão em exposição algumas das primeiras edições da obra de Herberto Helder. Esta exposição bibliográfica foi concebida em parceria com a Biblioteca Nacional Portuguesa.


15:00 – 18:00 | Maratona de Leitura | Sala Fernando Pessoa – Piso 2

Leitura dos poemas vencedores do concurso Faça lá um Poema e entrega de prémios aos mesmos. Este momento será intercalado com a leitura de poemas de Herberto Helder por diferentes convidados. Nesta Maratona de Leitura terá ainda lugar o lançamento de Postais da República com os poemas vencedores. A apresentação estará a cargo da atriz Ana Sofia Paiva.

Parceria com o Plano Nacional de Leitura. (...)


15:00 – 18:00 – Exposição | Foyer da Sala Sophia de Mello Breyner Andresen – Piso 2

Desenhos em Volta de os Passos de Herberto Helder

A obra poética e literária de Herberto Helder é o mote desta exposição de ilustração de Mariana Viana, que interpretou livremente os textos do livro Os Passos em Volta através de desenhos de figuras de animais (alguns explícitos no texto), ou antropomórficas, como se de um Bestiário se tratasse. Esta exposição é composta por formas que viajam de lugar em lugar, metamorfoseando-se ao longo de um fio condutor que se renova e que evoca um novo lugar.


15:00 – 18:00 | Diga Lá um Poema | Bengaleiro Norte – Piso 1

Espaço aberto ao público para leitura dos seus poemas em voz alta. Estas leituras são filmadas e reproduzidas no monitor que se localizará na receção do CCB. O alinhamento é feito mediante inscrição do público no local.


(...) 16:00 – 17:00 | Conversa | Sala Luís de Freitas Branco – Piso 1

Em Volta de Herberto Helder

Uma conversa informal sobre a vida e obra de Herberto Helder, com a presença de Rosa Martelo, Luís Quintais e moderação de Vasco Santos.

16:30 | Documentário | Sala Almada Negreiros – Piso 2

Meu Deus Faz Com Que Eu Seja Sempre Um Poeta Obscuro

Será exibido o documentário biográfico Meu Deus faz com que eu seja sempre um poeta obscuro, de António José de Almeida, sobre a obra de Herberto Helder (**). O documentário tem como base depoimentos de diversas personalidades, intercalados com a leitura de excertos de obras da sua autoria.

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Notas do editor:


(**) Sobre o poeta, Herberto Helder (Funchal, 1930 - Cascais, 2015) ver a entrada na Wikipedia.

Vd. também o poste de 29 de março de  2015 > Guiné 63/74 - P14416: (Ex)citações (269): O poeta Herberto Helder (1930-2015) que eu "conheci"... (António Graça de Abreu)

sexta-feira, 25 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23112: Bibliografia (49): Marcelino da Mata, o operacional valoroso, entre o mito e as investigações às três pancadas no livro "O Fenómeno Marcelino da Mata - O Herói, O Vilão e A História", de Nuno Gonçalves Poças; Casa das Letras, 2022 (Mário Beja Santos)


Publicamos um texto do nosso camarada Mário Beja Santos sobre o livro "O Fenómeno Marcelino da Mata - O Herói, O Vilão e A História", da autoria de Nuno Gonçalo Poças; Casa das Letras, 2022, desta vez não destinado ao nosso Blogue mas à comunicação social, já publicado em jornais.


Marcelino da Mata, o operacional valoroso, entre o mito e as investigações às três pancadas

Por Mário Beja Santos

É a narrativa mais recente sobre o mais condecorado militar português, intitula-se "O Fenómeno Marcelino da Mata, o Herói, o Vilão e a História", por Nuno Gonçalo Poças, Casa das Letras, 2022. Vindo na sequência de outras narrativas, e depois da controvérsia que acompanhou o desaparecimento do herói, era expectável uma investigação em contexto inovador, com questões pertinentes, abordagens facultadas por contemporâneos e camaradas operacionais do falecido herói, enfim, um trabalho que saísse da pura ruminação e do copy-paste. Nuno Poças promete e não cumpre. Diz ter como móbil do seu trabalho:

“Parti para este livro para tentar perceber quem era o homem por detrás do debate, e também para compreender quem nele teria mais razões. Mas rapidamente constatei que aquilo que era mesmo importante, na minha modesta e frágil opinião, não foi discutido. Marcelino tinha em si, no seu percurso, tudo aquilo que nos devia ter feito refletir e procurara acomodar todas as sensibilidades, num quadro de moderação e concórdia, relativamente a um passado recente que não deixa – ou não devia deixar – muita gente orgulhosa. Esse passado é por natureza controverso, na medida em que se trata, essencialmente, de dois períodos (guerra em ditadura e processo revolucionário) não devem ser olhados, em democracia, como se olha para um passado recente já construído em período democrático”.

E quando se despedir do leitor, o autor voltará à tónica de que é necessária uma perspetiva de apaziguamento e moderação, de que há muitas contradições e confrontos na historiografia da Guerra Colonial, é indispensável a busca do justo equilíbrio, ele diz que foi o que tentou fazer, concluindo que Marcelino carregava em si o peso das contradições de um passado comum a tantos portugueses ainda vivos. E finaliza com uma quase boutade: “Nestas contradições andará, como quase sempre, a verdade possível”.

O autor passa como cão por vinha vindimada em ouvir opinião ou comentários sobre as diferentes entrevistas dadas por Marcelino. Apresenta a Guiné de um modo grotesco, incorreto:

“O território da Guiné, descoberto pelos portugueses em 1446. Depois de povoado por meio de Cabo Verde, ocupado por holandeses, povoado por portugueses, abandonado, colonizado por ingleses, foi finalmente constituído como colónia portuguesa em 1879, depois da união de Bissau e Cacheu. Só em 1951 seria criada a Província Ultramarina da Guiné”. Brada aos céus!

Apresenta-nos Marcelino e procura contextualizar em que meio, o que escreve é mais do que consabido, vem em todos os relatos anteriores, mesmo aquela névoa de quem da sua família foi assassinado pelo PAIGC, o pai, a mãe, a irmã ou a mulher. 

Como a diacronia não é a principal preocupação de Nuno Poças, logo sobre a vingança em quadro psicanalítico de Marcelino temos o comentário de Manuel dos Santos, o Manecas, comandante do PAIGC, dizendo, em 2015, que o Marcelino da Mata era uma vergonha para o exército português. Mas o autor dá como demonstrado que a vingança e o sentimento de pertença à comunidade portuguesa marcaram a atuação de Marcelino.

Nada de novo nos traz no seu relato sobre os primórdios da guerra da Guiné, daqui parte para a apresentação de Amílcar Cabral e a criação do PAIGC, também não há elementos novos e assim chegamos ao quadro de atuação de Marcelino, já ganhara notoriedade quando participa na Operação Tridente, assim chegamos a 1986 e Marcelino fará parte de um grupo que ganhou fama, Os Roncos, combate ao lado de um outro bravo, Cherno Sissé, este também altamente condecorado, e que teve uma triste sina em Portugal. É aqui que Nuno Poças traz um contraditório face a uma bravata de Marcelino que afirmava uma operação de libertação de prisioneiros da CCaç 1546, coisa que nunca aconteceu, bravata e pura mentira. E o autor observa:

“Parece evidente que se foram inventando episódios acerca de Marcelino da Mata, e existem testemunhos que afiançam que várias dessas invenções tinham origem no próprio, mas o certo é que, indiferente à mitomania, a lenda crescia durante a guerra à medida que as medalhas e os louvores se sucediam e confirmavam todas as qualidades militares de Marcelino. E o PAIGC, por sua vez, ganhava a Marcelino da Mata um receio e uma raiva crescentes”
.

E, mais adiante: 

“Retratado como um herói pelo regime que o condecorava, era também visto como um sanguinário e criminoso de guerra pelo lado oposto, graças a episódios ocorridos no mato, factos de real selvajaria dos quais quem não conhece a guerra terá sempre uma distância inevitável”

Parece um comentário do Conselheiro Acácio.

Como a diacronia não é o forte de Nuno Poças, voltamos à Operação Tridente e passamos rapidamente para a Operação Mar Verde, e depois a Operação Ametista Real, também nada de novo, seguramente para justificar a presença e os atos de bravura de Marcelino. Nuno Poças vai repetir frases que se encontram em dezenas de livros sobre o período da governação Schulz, que tinha apostado exclusivamente numa estratégia militar de recuperação das áreas ocupadas pela guerrilha do PAIGC, mas sem produzir grandes resultados, que recebeu mais efetivos militares, aumentou os bombardeamentos e as operações por tropas helitransportadas; mas, coitado, chegara com a saúde fragilizada e uma visão burocratizada da guerrilha, acabou demitido (aqui não é o Marcelino a disparatar, é o autor). E chega Spínola, intensifica a africanização da guerra, etc. e tal, chega o 25 de abril, dias antes Marcelino acidentado é transferido para Lisboa, e aqui fica.

Anos depois, numa entrevista Marcelino virá dizer que só a tropa guineense chegava para controlar a Guiné. 

“Podia ter-se negociado com o PAIGC para formar um exército no qual eles se integrassem: porque nós éramos um exército formado e com largos anos de guerra, e eles era guerrilheiros sem formação militar e sem quadros – portanto, eles deviam integrar-se nesse exército e não nós no deles”

Fica bem claro neste comentário a visão irrealista de Marcelino da Mata face ao processo descolonizador, tal como ele aconteceu.

Nada se esclarece quanto às razões que levaram à detenção de Marcelino da Mata em 1975, foi espancado no RALIS, nunca aparece alguém, factualmente, a desmentir a ligação de Marcelino com spinolistas, o ELP, parece que foi o MRPP que o descobriu por ciência infusa, aproveita-se a oportunidade para novamente enxovalhar o nome de Leal de Almeida, comandante do RALIS, que teria aproveitado a oportunidade para exercer uma vingança pessoal sobre Marcelino. E depois vem a sua ligação às manifestações dos antigos comandos guineenses, em 1986, tudo é exposto sem nenhum contraditório, aliás está na moda, até em processos de doutoramento as calúnias andam impunemente à solta.

E depois o herói morre, e por muito que o autor diga que falar de Marcelino exige uma perspetiva de apaziguamento e moderação, há que reconhecer que é preciso ter muita desfaçatez para escrever esta narrativa completamente inútil.

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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18924: Bibliografia (48): "Portugal à Lei da Bala, Terrorismo e violência política no século XX", por António Luís Marinho e Mário Carneiro; Círculo de Leitores e Temas e Debates, 2018 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P23111: Ser solidário (243): Vamos ajudar a Ajuda Amiga a realizar agora o Projeto Água e Energia para a Escola de Nhenque, Bissorã




Guiné-Bissau > Região do Oio > Bissorã > Nhenque > 15 de agosto de 2021 >  Complexo Escolar de Nhenque: uma Sala Polivalente com uma pequena Arrecadação, duas Salas de Aulas, dois Depósitos em Cimento para fornecerem àgua às Latrinas, duas Latrinas, uma para os meninos outra para as meninas e um Contentor que serve de Armazém de ferramentas e materiais.

Terminado o projeto de construção das salas da Escola Ajuda Amiga de Nhenque e estando a escola já a funcionar no ano letivo de 2021/22, decorre agora o projeto de fornecimento de água e energia à escola, através de uma bomba eletrica a funcionar com painéis solares. É um projeto feita em parceria pela Ajuda Amiga e a Tabanca Pequena (de Matosinhos).

Fotos (e legenda): ONGD Ajuda Amiga (2022). Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.




23-01-2022 - Projeto Água e Energia para a Escola Ajuda Amiga de Nhenque

Este projeto tem por objetivo o fornecimento de água e de energia à Escola, o que implica uma zona vedada com rede, a abertura de um poço, a construção de uma base para colocar um depósito de 2.000 litros, o fornecimento do referido depósito, a construção de uma estrutura para colocar painéis solares, a instalação dos painéis solares, a criação de um espaço para os equipamentos (controlador, baterias, inversor, quadro elétrico, distribuidor, lâmpada e tomadas), a fim de suportarem o funcionamento de uma bomba submersível e o carregamento de telemóveis, eventualmente depois poderão ser ligados outros equipamentos.

O fornecimento de água irá permitir deitar nas latrinas e para as crianças se lavarem, o que é fundamental estar assegurada, assim como a água para beber. O poço vai ter 23 m, a água apenas aparece a 19 m de profundidade.

Não existe qualquer fonte de energia na zona, pelo que o carregamento de telemóveis será um serviço a prestar à comunidade local, deixando de terem que se deslocar a outra localidade para o fazerem. As receitas deste serviço revertem para a escola, ajudando à precária sustentabilidade da mesma, pois o valor do pagamento das propinas é quase simbólico e não existem quaiquer apoios do Estado. A Escola é uma escola comunitária, portanto pertence à comunidade e é a comunidade é que suporta as despesas da mesma.

Mais detalhes na nossa página de Noticias.

Todos os donativos feitos são integralmente utilizados nos projetos. Os membros da Ajuda Amiga que se deslocam para apoiar os nossos projetos suportam eles próprios as suas despesas, e as despesas de funcionamento da Ajuda Amiga são pagas com as quotas dos sócios.


2. Vamos ajudar a Ajuda Amiga: com pouco podemos ajudar muito

Donativos em Dinheiro

Conta da Ajuda Amiga

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Declaração de IRS Solidária

Caro/a leitor/a: O Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné é solidário com organizações não-governamentais para o desenvolvimento que trabalham na Guiné-Bissau,  como a Ajuda Amiga.

Podes fazer uma declaração de IRS solidária,  não tem quaisquer encargos para ti.

A Ajuda Amiga é uma Pessoa Coletiva de Utilidade Pública e são muitas pequenas ajudas que lhe permitem realizar a sua Missão.

Ajuda Amiga ONGD > NIF  > 508 617 910

 
Donativos em Espécie

Os bens em espécie que a Ajuda Amiga valoriza, prioritariamente, neste momento, são:
  • Dicionários de português;
  • Gramáticas básicas de português;
  • Material escolar;
  • Computador portátil;
  • Impressora laser;
  • Bolas de futebol.
3. Ajuda Amiga > Contactos:

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Presidente da Direção da ONGD Ajuda Amiga
E-mail jcfortunato2010@gmail.com | E-mail jcfortunato@yahoo.com
Telem. +351 935247306

Escritório > Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Rua do Alecrim, nº 8, 1º dtº
2740-007 Paço de Arcos

Sede > Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Rua Mário Lobo, nº 2, 2º Dtº.
2735 - 132 Agualva - Cacém

Armazém > Centro de Atendimento da União das Freguesias do Cacém e São Marcos
Rua Nova do Zambujal, 9-A, Cave
2735 - 302 - Cacém

NIPC 508617910
ONGD – Organização Não Governamental para o Desenvolvimento
Pessoa Coletiva de Utilidade Publica

Sítiohttp://www.ajudaamiga.com

Guiné 61/74 - P23110: Memória dos lugares (439): Safim e o edifício do posto administrativo (Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)



Guiné > Sector de Bissau > Safim > CCAÇ 4541/72 (Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar e Safim, 1972/74) > O Victor Costa à esquerda com outro camarada da companhia... Ao fundo, o edifício do posto administrativo... Curioso, tem dois telhados, um mais baixo acompanhando todo a varandim e um sobreelevado, correspondendo ao piso térreo, de pé direito alto... Uma solução da arquitetura colonial, certamente a pensar  na melhoria da ventilação do edifício.

Fotos (e legenda): © Viictor Costa (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Victor Costa, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974), natural da Figueira da Foz, e membro nº 855 da Tabanca Grande (*):

Data - domingo, 20/03/2022, 14:14 

Assunto - Fotografias do edifício da Administração de Safim


Amigos e Camaradas da Guiné,

Seguem duas fotografias minhas, tiradas no mesmo dia, com dois elementos da CCaç 4541/72, em frente à casa do Administrador de Safim (**), bem próximo do nosso Quartel e do desvio  para João Landim Porto. (***)

(...) Um abraço e em particular àqueles que, com o seu exemplo de coragem, continuam a resistir aos seus problemas de saúde. Aqui se vêem os guerreiros deste País.

Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 30 de novembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22765: Tabanca Grande (528): Victor Manuel Ferreira Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974). Senta-se no lugar n.º 855, à sombra do nosso poilão

(...) Mobilizado em 4 de Março de 1974 para a Guiné, beneficio de 10 dias de licença e no dia 16 de Março do mesmo ano, a bordo de um Boeing 727 da FAP, chego ao aeroporto de Bissalanca e daí em transporte rodoviário para Bissau, a fim de render um camarada Fur Mil, morto em combate na região de Bafatá.

Fico instalado no QG e aguardo ordens, que chegam uns dias depois. Fazer o espólio de guerra do camarada acima citado.

No final do mês de Março sou colocado na CCaç 4541/72 em Safim.

Nesta Unidade é-me atribuído o comando de uma Secção constituída por mim, 3 Cabos e 7 praças e dou início à minha actividade operacional realizando patrulhas e controlos em João Landim Sul, Impernal, arredores da BA 12 e Capunga. A Norte do Rio Mansoa no destacamento de João Landim Norte, segurança e patrulhas do Rio Mansoa até Bula.

Em Maio de 1974, fui eleito membro da Delegação do MFA na CCaç 4541/72.

Regresso à Metrópole a 3 de Outubro desse ano em avião da FAP. (...) 

(**) Deve tratar-se de chefe de posto, e não administrador.  Safim não era circunscrição ou concelho, mas posto administrativo.

Guiné 61/74 - P23109: Parabéns a você (2048): Rui Silva, ex-2.º Sarg Mil da CCAÇ 816 (Bissorã, Olossato e Mansoa, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23092: Parabéns a você (2047): José Carlos Silva, ex-Fur Mil Inf da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4518/73 (Dulombi e Nova Lamego, 1974)