segunda-feira, 21 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23097: Notas de leitura (1430): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (5) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Julho de 2019:

Queridos amigos,
Aqui se põe termo a um conjunto de súmulas referentes às intervenções de Amílcar Cabral num seminário de quadros que foi um facto importante na história do PAIGC. A Direção do Partido entendera chegar a hora de convocar os quadros mais antigos e mais novos, fazer notificar a história da luta armada, fazer o seu balanço, proceder a críticas, rever processos organizacionais, discutir a ideologia, a democracia revolucionária, traçar as perspetivas para a luta que esperava o Partido tanto na Guiné como em Cabo Verde. É um documento único, várias centenas de páginas em que o líder de forma esquematizada fala com todos os seus quadros e responde às suas questões. Como nota curiosa, observe-se que os livros que hoje se podem comprar de Amílcar Cabral em alfarrabistas são coletâneas de discursos e documentos avulsos, neste livro está a prova comprovada da organização mental de Amílcar Cabral, da sua lucidez, o peso das suas convicções. Dou este livro como obra de leitura obrigatória para quem quer aprofundar o papel de Cabral na vida do PAIGC.

Um abraço do
Mário



Um guia prático para conhecer o pensamento do revolucionário Amílcar Cabral (5/5)

Beja Santos

A obra intitula-se “Pensar para Melhor Agir”, comporta o teor integral das intervenções de Amílcar Cabral no Seminário de Quadros do PAIGC, que se realizou em Conacri, de 19 a 24 de novembro de 1969. A edição é da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014, e tem organização de Luís Fonseca, Olívio Pires e Rolando Martins. De há muito que só é possível ler Amílcar Cabral entre nós nas bibliotecas ou adquirir as suas obras em alfarrabistas. As intervenções do líder do PAIGC foram revistas a partir das bobinas que então recolheram integralmente a sua comunicação, mais uma razão para encarar este trabalho como uma boa oportunidade de revisitar a essência do seu pensamento.

Amílcar Cabral manterá sempre uma narrativa ambígua sobre o que entende por socialismo, a luta anti-imperialista, o quadro fixo dos seus aliados. Reconheça-se no entanto que sempre exprimiu a vontade de que o partido-Estado contemplasse as suas obrigações de solidariedade com as outras colónias portuguesas e neste seminário, em que fala do futuro, lembra aos quadros do PAIGC que há que estreitar as alianças no continente africano. Falando das forças armadas, volta à tónica da crítica, aqui não há ambiguidades: 

“Não devemos esquecer que há erros, faltas e atrasos nas nossas Forças Armadas: muitas emboscadas mal feitas, muito atraso em chegar ao ponto onde se deve chegar, muita falta de vigilância nos rios, apesar de terem boas armas nas mãos para atirar contra os barcos, falta de coragem para atirar contra os aviões, apesar de sabermos que quantos mais tiros der contra os aviões mais medo têm os aviadores. Não temos feito reconhecimento como deve ser, antes dos ataques. O resultado é que muitas vezes vamos fazer ataques e caímos nas minas. Não temos sabido fazer planos corretos, na prática concreta de um ataque, porque o dirigente pode fazer um plano geral para um ataque, mas na situação real de colocar os homens no terreno, no momento do ataque, alguns comandantes não o têm sabido fazer. Devemos, por exemplo, reconhecer que, até hoje, só em dois ataques a quartéis inimigos é que prendemos tugas, em Catancunda e em Bissássema. Ora isso é muito pouco com tantos ataques a quartéis”

E desvia o raciocínio para as melhorias que são necessárias introduzir na logística, e volta a falar em erros: 

“Há pouco tempo, por causa de um erro do nosso camarada José da Silva, na frente norte, mas erro também de todos os camaradas que lá estavam, os tugas apanharam-nos uma quantidade importante de material. O José da Silva e outros cometeram erros tão grandes que os tugas vieram apanhar esse material e talvez tenha havido conluio entre eles. Não podemos permitir que, com tanta canseira para levar material de guerra da fronteira para o norte da nossa terra, venham os tugas apanhar material em Faquina, Biambi, Bula, no chão dos Manjacos, etc. Isso não pode ser”.

 As observações seguintes são sobre a disciplina, o trabalho político nos centros urbanos, insiste que as forças armadas devem dar golpes mais duros e decisivos aos colonialistas.

Agora a conversa muda de azimute, é preciso elevar a consciência política dos estudantes do Partido, levanta a questão delicada de relações familiares com elementos de outros países e não se escusa a afrontar a questão dos quadros técnicos ao nível da meritocracia: 

“Numa terra pobre como a Guiné e Cabo Verde, os quadros técnicos, científicos, etc., por mais que não queiramos, vão viver melhor que a maioria do povo em geral, porque não é possível que um doutor de leis faça devidamente o seu trabalho morando numa palhota cheia de mosquitos, com lama no chão, etc. Não faz sentido um arquiteto, um engenheiro, um médico, ou mesmo um especialista de mecânica ou eletricidade ter, de manhã, de encher a boca de água para borrifar o chão da sua palhota para este ficar duro, como faz normalmente o nosso povo. Queiramos ou não, no começo da nossa vida, os quadros que se estão a formar vão ter algumas vantagens em relação ao povo em geral”.

Finda esta sucessão de intervenções que se prolongaram de 19 a 24 de novembro, o último dia foi reservado a debate e a conclusões. Como seria de prever, Cabral respondeu a questões muito dispersas como a situação da luta na região de Nhacra e nos centros urbanos, focou a situação dos camponeses na Guiné e em Cabo Verde, procurou clarificar o que era uma direção coletiva e o centralismo democrático, como se estava a processar a justiça militar e como funciona a democracia revolucionária; puseram-se questões como o uso de algemas, o tratamento a dar aos ladrões de vacas, o abastecimento dos internatos, como agir se os colonialistas vierem a dar independência à Guiné sem Cabo Verde, como responderá o PAIGC. Aqui é categórico: 

“Não paramos enquanto não libertarmos os dois. Isto tem de ser, esse é o nosso caminho e o nosso juramento. Podemos usar todas as táticas que quisermos com o inimigo, mas não deixemos o inimigo desviar-nos para questões que nos lança apenas como diversão, para afastar a nossa atenção das coisas importantes. Importante é o seguinte: lutar cada dia com mais força na Guiné, com mais tiros contra a tropa tuga; em Cabo Verde, fazer o máximo para o mais depressa possível começarmos a dar tiros. Entretanto, faça-se barulho político por todo o lado, mesmo que vá muita gente para a prisão”.

Não se escusa de abordar questões delicadas como a posição do PAIGC face às declarações de Rafael Barbosa, desvia a conversa para a assistência sanitária à população e ao funcionamento dos tribunais populares, como receber as populações que vêm às áreas libertadas, como e porque se deve fazer a cobrança de impostos, o que constitui a crítica e a autocrítica e alertou os presentes para os falsos amigos e as infiltrações, exemplificando: 

“Há camaradas da segurança do Partido que passam a vida com um indivíduo de origem libanesa que reside em Zinguinchor. Os camaradas apresentaram-me esse libanês como sendo um grande amigo do Partido. Cheguei a realizar uma reunião em Zinguinchor com os camaradas e convidei-o a sentar-se ao meu lado, acreditando que era um amigo do Partido. Pois, certo dia, agentes nossos informaram-nos de que o tal libanês trabalhava para os portugueses e alertei o Luís Cabral. O Luís nunca o visitou, mas havia elementos da nossa segurança que passavam a vida em casa dele. Certo dia, fomos informados da chegada de uma pessoa com correspondência da PIDE para esse libanês. Como não o podíamos deter no Senegal, os nossos camaradas fizeram um bom trabalho, combinando com a polícia para parar e revistar o carro. Mandaram parar o automóvel, revistaram o passageiro e encontraram a correspondência destinada ao libanês, provando que ele é, efetivamente, um agente dos colonialistas”.

Nas conclusões, ele recorda: 

“Elogiei a nossa luta como jamais alguém poderá elogiá-la, mostrei as nossas vitórias com a maior clareza possível, as vantagens, a coragem da nossa gente. Mas também vos falei com toda a franqueza das nossas misérias, das muitas sujidades que ainda temos no nosso seio e temos de limpar depressa, se queremos de facto estar à altura do nosso valor”

E despede-se assim: 

“Durante seis dias, como vosso dirigente, trabalhei, cumpri o meu dever como tenho cumprido chefiando a luta no plano militar, no plano político e em todos os planos. Estas são as minhas palavras, com um grande agradecimento pelo triunfo que representou este nosso seminário. Tenho a certeza de que, se cada filho da nossa terra, homem ou mulher, mantiver esse interesse em saber sempre mais e em pôr em prática, concretamente, aquilo que sabe, nada nos pode parar no caminho certo da vitória na nossa luta, no caminho do progresso, da paz e da felicidade da nossa gente”.
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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23089: Notas de leitura (1429): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (4) (Mário Beja Santos)

16 comentários:

Antº Rosinha disse...

É formidável o trabalho de Beja Santos.

Seria um abuso exigir mais dele, mas eu fico sempre insatisfeito.

Por exemplo seria para mim um regalo ele ter explanado como Cabral explicou em pormenor ...questões como o uso de algemas, o tratamento a dar aos ladrões de vacas..., isto só para ver se os presidentes de comité e a polícia seguiam as regras que ele preconizava.

É que "furtar vaca" era uma tradição dificílimo de combater por determinada etnia, e, como eu cheguei a presenciar um tratamento a um ladrão de vaca, gostava de comparar com as determinações de Cabral.

Mas pronto, Beja Santos já desenvolveu bastante, e isto não é bem assunto da "nossa" guerra do ultramar, mas como para mim a luta continua!

Agora aquele pormenor como agir se os colonialistas vierem a dar independência à Guiné sem Cabo Verde, como responderá o PAIGC. Aqui é categórico:

“Não paramos enquanto não libertarmos os dois. Isto tem de ser, esse é o nosso caminho e o nosso juramento..."

É que teria sido aqui a primeira traição do PAIGC à memória de Cabral, ao declararem a independência da Guiné em 24 de Setembro de 1973, e Caboverde apenas em 5 de Julho de 1975.

Valdemar Silva disse...

Rosinha
Sabia-se, foi muito badalado na altura, que a independência do arquipélago de Cabo Verde seria mais complicado.
Quando os portugueses descobriram aquelas ilhas elas estavam desertas e por não ter havido guerra pela independência era o argumento apresentado, e "apareceu" a localização estratégica a nível da guerra fria para complicar.
Agora vou transcrever parte do que sobre o assunto aparece num artigo da RTP

"Porque é que Portugal hesitava em entregar o poder ao PAIGC?
Havia uma perceção (defendia por Spínola, mas também por Mário Soares) de que, do ponto de vista cultural, Cabo Verde estava mais próximo de Portugal que da Guiné.
Não existia um consenso por parte da comunidade cabo-verdiana, local e emigrada, em relação ao PAIGC.
A posição geoestratégica do arquipélago levava a que os interesses americanos, no contexto da Guerra Fria, obstassem a uma transferência de poderes para o PAIGC, antigo aliado da União Soviética."

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

antonio graça de abreu disse...

Tanta traição, não é Rosinha?
Mário Beja Santos, já, a caminho da Ucrânia, ou da Bielorússia... Acho que precisam dele, suprema inteligência tuga neste blogue, debruçado sobre as bandas de Moscovo.

Pois,as teses do Amílcar Cabral, o "génio africano" segundo as palavras e o entendimento de Mário Beja Santos. Sabemos hoje que tais teses resultaram em coisa nenhuma, nada funcionou. A África esqueceu-se da luminosidade do pensamento de Amílcar Cabral, as boas intenções não deram resultado em nenhum centímetro quadrado da nossa querida África. Que nos valha o Mário Beja Santos para, com Amílcar Cabral, nos explicar, depois do colonialismo, as maravilhas que iam acontecer e que nunca aconteceram. Depois da independência, foram milhares de mortos em lutas fratricidas. Onde estava o pensamento de Amílcar Cabral?
O Mário Santos continua a vender-nos a banha da cobra. Tristeza...

Abraço,

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

O que a BBC se havia de lembrar.

(Transcrição TSF-Lusa)
Amílcar Cabral entre os 20 maiores líderes da História para a BBC
Um painel de historiadores colocou o histórico líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) entre os maiores líderes mundiais ao lado de personalidades como Winston Churchill.
O ideólogo das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, integra a lista dos 20 maiores líderes mundiais de todos os tempos elaborada para a BBC por um painel de historiadores.
Amílcar Cabral surge na lista elaborada para a History Extra, o site oficial do BBC History Magazine, BBC History Revealed e BBC World Histories Magazine, ao lado de nomes como o faraó Amenhotep III, do Egito, a rainha Isabel de Castela, a imperatriz Catarina, a Grande da Rússia, a líder militar francesa Joana D'Arc, o primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill ou o Presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln.
A HistoryExtra desafiou vários historiadores a nomearem aquele que consideram o maior líder da História, alguém que tenha exercido o poder e provocado um impacto positivo na humanidade, bem como a explorarem o seu legado e as características distintivas da sua liderança.

E prontus, nem todos podemos gostar de Caneja de Infundice ou conhecer a Sinfonia Nº. 3 em Fá Maior, de Johannes Brahms.

Saúde da Boa
Valdemar Queiroz

Carlos Vinhal disse...

Amigo Valdemar, queres dizer tu na tua, penso eu de que, que tanto o MBS como a BBC são cá umas peças... Só para aborrecer o nosso AGA, continuo a ser eu a pensar.
Mais a sério, este Seminário de Quadros do PAIGC, em 1969, decorreu na zona libertada da... Guiné-Conacri, já que na Guiné (Bissau) havia muitos mosquitos (por cordas).
Também a ideia de chamar luta de libertação da Guiné e de Cabo Verde foi um bocado esquisita porque quem dava o corpo às balas eram os guineenses na Guiné. Esta Província estava a ferro e fogo enquanto o território de Cabo Verde continuava a viver em paz. Pior ainda, haver cabo-verdianos que iam de Cabo Verde para a Guiné, combater ao lado dos portugueses.
Penso que os guineenses consideravam Amílcar Cabral um cabo-verdiano nascido na Guiné, não o reconhecendo como um deles. Como escrevia há dias o nosso amigo Rosinha, a estátua do Cabral foi para bem longe do centro de Bissau, para a rotunda do aeroporto.
Acho ainda que serão precisos muitos anos até que os guineenses façam as pazes com eles mesmos... e a culpa não foi nem é dos antigos colonialistas.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Antº Rosinha disse...

Não há dúvidas que Amilcar Cabral arregimentou meio mundo à volta da sua personalidade na sua luta para a descolonização das colónias portuguesas.

Mas Valdemar era interessantíssimo ver em que lugar nessa lista de 20 teria ficado Amílcar Cabral, e se for por votos, ver quantos jornalistas africanos votaram nele.

É que em África, mesmo na lusófona, todos o estudam, mas não sei se é por ciúmes, batem-lhe poucas vezes palmas.

Valdemar Silva disse...

Meu caro amigo Carlos Vinhal
Bem, vamos lá ver uma coisa, como diria o outro.
Eu não tenho nenhuma simpatia pelo herói/comandante Amílcar Cabral.
Heróis fomos todos nós com vinte anos, podendo muito bem ter ficado quase quatro anos por cá a evoluir profissionalmente e ajudar no desenvolvimento do nosso País, em vez de obrigados a ir para guerra para manter o status colonial que se desmoronava por toda a África.
Outra coisa é ter admiração por Amílcar Cabral na sua acção para a revolta do povo africano frente ao colonialismo europeu.
Afinal já tinha havido por cá heróis contra o colonialismo do Império Romano.
Quantos anos passaram, séculos melhor dizendo, sobre a queda do Império Romano do ocidente e as convulsões em várias regiões da Europa com a formação de nações.
Parece que as convulsões, do fim do colonialismo em África, têm de ser resolvidas dentro do nosso período de tempo de vida.
O Viriato e mais uns tantos bacanos correram à paulada com os colonialista romanos e depois o Afonsinho à espadeirada os árabes do nosso território e só passados dez séculos se formou o nosso País. (de Viriato 100 e tal a.c. até 1140)
Agora não posso entrar numa de derrubar estátuas do Padre Vieira por ele só gostar dos índios.

Rosinha, não sei qual o critério de usado pela BBC, sabe-se que não foram jornalistas mas sim catedráticos de prestígio.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

Tantas voltas dei que encontrei no jornal Caboverdeano "SANTIAGO" a classificação que fala o Valdemar e a parte da noticia vem assim:

"O ideólogo das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, foi considerado o segundo maior líder mundial de todos os tempos, numa lista elaborada por historiadores para a BBC. A lista é da “BBC World Histories Magazine” e foi feita por historiadores, que nomearam aquele que consideraram o maior líder, alguém que exerceu poder e teve um impacto positivo na humanidade.

Num trabalho que começou no início do ano, a revista contou com a colaboração dos mais destacados historiadores e a votação de leitores, que escolheram como o maior líder de sempre Maharaja Ranjit Singh, líder do império sikh do início do século XIX.

Maharaja Ranjit Singh foi considerado um modernizador e unificador, com um reinado que marcou uma era muito positiva para o Punjab e o noroeste da Índia. Teve mais de 38% dos votos.

E logo a seguir, com 25% dos votos, aparece Amílcar Cabral, descrito como o “combatente pela independência africana”, que reuniu mais de um milhão de guineenses para se libertarem da ocupação portuguesa, uma ação que levou outros países africanos colonizados a lutarem pela independência.

Depois de Amílcar Cabral, surge na lista o britânico Winston Churchill, com 07% dos votos, e em quarto lugar o Presidente americano Abraham Lincoln, seguindo-se na quinta posição a monarca britânica Elisabeth I. A lista incluía o faraó AmenhotepIII, o rei inglês William III, o imperador da China Wu Zetian, a combatente francesa Joana d´Arc, o imperador do Mali Mansa Musa, a imperatriz russa Catarina, a Grande, ou o Papa Inocêncio III, entre uma vintena de nomes.

Amílcar Cabral foi escolhido pelo historiador britânico Hakim Adi, especialista em assuntos africanos, e para quem a luta de Cabral pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde também transformou Portugal. Professor de História de África e de Diáspora Africana na Universidade britânica de Chichester, Hakim Adi lembra, ao justificar a escolha de Amílcar Cabral, que grande parte dos países africanos alcançou a independência no início dos anos 1960, o que não aconteceu com as então colónias portuguesas.

E diz depois que “o grande Amílcar Cabral” além da luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde também teve um papel de liderança na libertação de outras colónias portuguesas. E essas lutas armadas acabaram por resultar numa revolução em Portugal “e no início de uma nova era democrática” na netão metrópole. “Muitos africanos continuam a ser inspirados pela grande liderança de Cabral. A sua vida e trabalho mostram que, quaisquer que sejam os obstáculos, as pessoas são capazes de ser os seus próprios libertadores”, diz o historiador..."e o jornal continua mas o essencial está aqui.

Ora bem, pelo que parece foi uma escolha semelhante ao concurso que cá em Portugal Salazar ficou em primeiro à frente de Camões etc.

Agora à frente de Churchil e Lincoln e do nosso estimado Hamenhotep III o grande Faraó, neto do velho Hamenhotep I, pai do II, e o nosso Beja Santos não viu isto!

Jornal "Santiago" penso que é jornal, já é tardote amanhã vou ler com mais atenção.

antonio graça de abreu disse...

Curiosa a lista dos grandes líderes, elaborada por historiadores anti-colonialistas primários como Hakim Adi. Até conseguem falar num milhão de guineenses reunidos por Amilcar Cabral quando em 1973 a população total da Guiné não chegava aos 600 mil habitantes.
Curiosa também a referência a Wu Zutian (624-705) que aparece na lista da BBC como imperador da China quando na realidade foi imperatriz, do sexo feminino. Antiga concubina,serviu dois imperadores e para usurpar o poder envenenou vários candidatos ao trono. Viúva, tinha o gosto de mandar matar os homens que com ela dormiam e utilizava para o seu prazer sexual. Em algumas audiências na corte, vestia um longo casaco de brocado. Nua da cintura para baixo, fazia ajoelhar os ministros, entreabria o casaco e obrigava-os a beijar o seu exercitado clitóris. Mulher hábil, forte e determinada, ficou na História da China também por algumas medidas que tomou e que deram mais força ao império chinês. Era a figura preferida de Jiang Qing (1914-1991), a quarta esposa de Mao Zedong, a mais proeminente criatura do famoso "bando dos quatro" que se suicidou aos 77 anos.

António J. P. Costa disse...

Kum karakas, Camaradas!

Ukeles sabem, çanto deus!
Eles até sabem que a Jiang Qing (1914-1991), a quarta esposa (as outras pulverizaram-se) do enorme Mao Zedong (com o número de partido Nove - Sete - Um) foi suicidada na prisão, aos 77 ânus...
Esta Jiang Qing até era a mais proeminente criatura do famoso "bando dos quatro" o qual foi sempre inferior ao bando do Ali-Bábá!...

Num granel daqueles imaginem o que será quando o mundo for governado pelos Xinas...
Deliro com estes duelos entre o AGA e o MBS!...

Mas o Amílcar é que deve estar a rir-se lá no "céu dos revolucionários" marxistas, leninistas, trotskistas, stalinistas, mauistas, basketbolistas e outras coisas em ista que não me ocorrem, com o granel que está provocar entre as hostes dos salazaristas, fascistas e lacaios do imperialismo e ainda por cima com efeito retardado (50 anos).
E a Wu Zutian (624-705) que usava, mas só em algumas audiências na corte, (não em todas) um longo casaco de brocado e ainda por cima nua da cintura para baixo (o casaco devia ser por causa do frio) e fazia ajoelhar os ministros e entreabria o casaco (praquê? se levantasse o casaco era mais prático) e obrigava-os a beijar o seu "muito" exercitado e excitado clirótis. Ah malvada!

Um bom dia para todos, em especial para o Amílcar!
António J. P. Costa

António J. P. Costa disse...

Desculpem, rectifico: a tal imperatriz do tão exercitado clirótis, era Wu Sutian ou Soutien e não como escrevi. É daí que vem o nome daquela peça de lingéry que as mulheres usam hoje...
Mais uma chinesice!
Além disso é necessário não esquecer que "o uso faz o órgão", daí que ela tivesse que o exercitar frequentemente até que ficasse como uma cenoura. Em tamanho? Não! Talvez em sabor...
Mas isto só os cortezões ék çabem...

Saudações bastante revolucionárias

Um Ab.
António J. P. Costa

Valdemar Silva disse...

E foi como eu dizia, o que a BBC se havia de lembrar.
Foi mesmo para chatear que arranjaram aquelas pessoas para dizer coisas sobre o Amílcar.
E logo o anti-colonialista, primário, Hakim Adi. Foram mesmo tendenciosos, bem podiam convidar um esquimó, mesmo secundário, que haveria sempre um aborígene da Tasmânia que traduziria da língua inuite o ponto de vista dele sobre o assunto.
Mas não, convidaram também Rana Mitter, Margeret MacMillan e Gus CaselY-Hayford que ninguém conhecia.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ainda bem que aqui se aprende e se brinca ou se brinca e se aprende... Eu que, em breve, vou pôr uma prótese no joelho, bem preciso de me animar antes de ir para o "matadouro"... Ab, Luis.

António J. P. Costa disse...

É verdade Camaradas!
Os tipos da BBC são mesmo beras e rufias. Do que eles se haviam de lembrar!...
Mas o pior de tudo é facto dos participantes de um blog de ex-combatentes (gente séria a cordata, em princípio) vir degladiar-se acerca deste tema verdadeiramente bizantino.
Como se costuma dizer no mais puro estilo british: - Kum karássas! There is no paxôra!

Um Ab e divulguem os contactos da tal rapariga/imperatriz Vu Sutian para a malta se divertir... e ela também.
António J. P. Costa

Eduardo Estrela disse...

Há silêncios ensurdecedores e eu pessoalmente compreendo-os.

Abraço e como diz o Valdemar

Saúde da boa

António J. P. Costa disse...

Pois é Camaradas

Começámos com um tema - o Amílcar - e chegámos à China, Imagine-se!
Propunha que fizéssemos um esforço para nos mantermos no tem inicial do post que foi publicado. De outra forma, falamos de algo que não vem a propósito e foi isso que demonstrei nas minhas intervenções.
No tema em análise é evidente que já gastámos demasiada cera com um ruim defunto. Não acham.
Abraço e como diz o Valdemar

Saúde da boa, porque da outra não interessa.
António Costa