quinta-feira, 24 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23106: (De) Caras (187): Ainda a cantora Isabel Amora, no espectáculo no Cine Gabu, em março ou abril de 1970 (Tino Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


Foto nº 1


Foto nº 2
  

Foto nº 1A > Isabel Amora (pormenor)

Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  CCS BCAÇ 2893 (1969/71) > Março ou abril de 1970 > Espectáculo no Cine Gabu com a cantiora Isabel Amora.

Fotos (e legendas): © Tino Neves (2022). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Tino Neves, foto atual

 

O Constantimno Neves, à direita, nesse dia do espectáculo 
no Cine Gabu esteve de serviço como 1.º cabo PU - Polícia de Unidade.


1. Mensagem de Constantino Neves, mais conhecido por "Tino" Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de sessenta referências no nosso blogue):

Data - 21/03/2022, 16:06

Assunto - Espectáculo no Cine Gabu, com a Isabel Amora


Luís Graça, tudo bem?

Desculpa, só agora responder ao teu pedido.(*)

O fotógrafo que tirou estas fotos, as do poste P23080 (*), chamava-se Joaquim Rodrigues, era soldado maqueiro. Viria a falecer uns meses mais tarde, no ataque a Nova Lamego, na noite de 15/11/1970.(**)

Consegui mais uma foto doutro camarada, mas diz não saber a data exata em que foi o espectáculo: deve ter sido logo no início da nossa comissão, talvez em março ou abril de 1970, pelo que se encaixa nas datas por ti sugeridas.
 
Nesta foto mostra muito bem a face da cantora e o modo que se veste (minissaia) (Fotos nºs 1 e 2).

E também mostra, de costas, o Capitão Gaspar Borges, que ainda era o Comandante da CCS, e que depois de alguns meses foi transferido para Canjadude (CCaç 5) (Foto nº 2).

Como já informei, não era usual haver PU na Vila, mas como havia esse espetáculo, o Capitão resolveu criar a PU para sair do quartel. Como o Furriel que estava de  Sargento de Dia se baldou,  eu como Cabo de Dia fui destacado para fazer esse serviço. Mais informo, que eu era o Cabo Escriturário ao seu serviço.

Abraços.
Tino Neves

2. Comentário do editor LG:

A minissaia foi criada em Londres, em 1966, pela estilista Mary Quant. Tornou-se um elemento icónico da emergente cultura pop.  Foi uma revolução na moda, no vestuário e nos costumes, tal como o biquíni. 

Eram 30 cm de saia, em comprimento, que se usavam com bota alta e t-shirts ou camisetas apertadas. Teve um grande impacto, a par da recusa do sutiã, no desenvolvimento da revolução sexual e feminista, depois da aparecimento da pílula anticoncecional, surgida nos EUA logo início da década de 1960. 

Numa sociedade conservadora como a portuguesa  do Estado Novo, a introdução da minissaia causou algum furor, mas acabou por ser aceite. Ou melhor: foi rapidamente adotada pelas nossas jovens, em meio urbano e a música ié-ié ajudou a levar a minissaia à província, ao "Portugal profundo", juntamente com as festas de verão, as visitas dos emigrantes e o regresso dos sodlados da "guerra do ultramar"... 

Na Guiné, em 1970, já não era novidade. Algumas esposas, sobretudo mais novas, de  camaradas nossos vestiam minissaia, nomeadamente em Bissau. De resto, estava-se em África, e o clima pedia roupas leves. Até a tropa usava camisa curta e calções...

Mas no meio militar, no mato, uma mulher branca, de minissaia, ainda não  era muito habitual ver-se. Era uma raridade... Daí talvez a ideia peregrina  do capitão de infantaria Gaspar Borges (que não era SGE, e tinha a esposa consigo em Nova Lamego), nessa noite improvisar uma PU - Polícia de Unidade... Mais valia prevenir do que remediar, deve ter pensado o capitão... 

Na realidade, também não me lembro de ver PU em lado nenhum, no mato, no interior da Guiné, nomeadamente em Bambadinca e em Bafatá, no meu tempo (1969/71).
__________

Notas do editor:

9 comentários:

Valdemar Silva disse...

Tino Neves
Julgo que é a primeira vez que aparece no blogue a informação do ataque em Nov/70 à cidade de Nova Lamego.
A minha CART11 já tinha sido transferida para Paúnca e não sei se haveria alguém nas nossas antigas instalações do Quartel de Baixo.
Em Paúnda já estávamos a preparar o regresso a casa, mas nesse dia um Pelotão ou outra tropa veio a Nova Lamego. O meu caro amigo e saudoso ex-fur. Aurélio Duarte foi nessa coluna e contou-nos ter visto a pouca distância vários IN que vinham nas calmas da Ponte do lado do Piche. Não me recordo doutra conversa sobre o que se passou e como acabou depois.
Essa morte do maqueiro é novidade para mim, ou não me recordo, e se tiveres pachorra conta aqui no blogue como é que se passou esse ataque.
Nós em Paúnca comentámos que com a CART11 no Quartel de Baixo aquele ataque não teria acontecido.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já que falamos do biquíni, leia-se este artigo da Vogue, de 12/7/2019

A evolução do biquíni
by Rosalind Jana

https://www.vogue.pt/biquini-historia

Valdemar Silva disse...

Tino Neves, afinal o ataque a Nova lamego de Nov/70 já tinha sido referenciado aqui no blogue.
No P16305, de Julho/2016, podemos ler um resumo do acontecimento.
Agora seria interessante, se tiveres pachorra, uma explicação mais detalhada, até para perceber o que é que o meu saudoso amigo Aurélio Duarte andava a fazer às 11,30 da noite na rua.
Evidentemente, tivesse a minha CART11 no Quartel de Baixo com o nosso morteiro 122 e os nossos soldados de serviço ou espalhados pela tabanca, haveria melhor resposta ao ataque.
A razão de não estar recordado desde poste P16305 foi por nessa data estar internado no Hospital devido ao meu problema de saúde.
Envia mais fotos de Nova Lamego

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Espantoso o nosso blogue...Falamos de tudo aqui, de minissaia, biquíni, pílula, música ié -ié, cantoras da margem sul do Tejo contratadas pela Cilinha para entreter os pobres soldado do Império e e aumentar-lhes a vontade de continuar a fazer a guerra dos 100 anos....Afinal, anda tudo ligado.

Abilio Duarte disse...

Olá Valdemar
Noto que estás um pouco esquecido, o que é normal.
Então a minha versão, sobre a estadia do Aurélio em Nova Lamego é a seguinte;
Segundo constou em Paunca, e foi ele " Aurélio" que relatou, estava emboscado no alto da Nova Lamego, na estrada para Piche, no cruzamento que ia para Canjadude, de onde o PAIGC, anteriormente, tinha atacado Gabu com foguetes 120 mm.
Não sei como ele foi parar ali, mas penso que era o Pelotão dele. Eles viram aproximar-se a coluna do PAIGC, e era muita gente, para ele enfrentar, e deixou-os passar.
Depois do ataque efetuado, o inimigo fez o mesmo trajeto, e foi confrontado com o fogo, das nossas tropas, e perseguido.
Talvez agora te recordes, pois o Aurélio, teve um processo de investigação em cima, o que levou ao seu atraso no regresso á Metrópole.
Segundo o seu relato, foi que disse que não viu passar a coluna inimiga, e a sua safa, foi que na investigação, havia resíduos de munições nossas, no local da emboscada.
Talvez o Macias ou o Cunha, tenham melhor memória. Mas é esta versão, que eu recordo.
As tuas melhoras. Abração
Abílio Duarte

Valdemar Silva disse...

Olá Duarte
Não me recordo de nada disso, só me lembro dele dizer que viu os gajos passar muito próximo e que tenho ideia de ter sido dentro de Nova Lamego.
Mas, o que é que ele e o seu Pelotão foram fazer de Paúnca a Nova Lamego para ficar de emboscada/segurança nocturna?
E já passaram mais de 50 anos e naquele dia de Nov/70 já todos nós estávamos a preparar as malas para a peluda.
O Aurélio ficou mais uns tempos em Paúnca por, julgo eu, fazer parte com o alf. Pinheiro e mais não sei quem, da Secção de Quarteis. Tal como foram os primeiros a chegar seriam os últimos a partir.

Abraço e saúde, que estou muito à rasca
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Duarte
Lendo, agora, a História da Unidade verifico não ter havido nenhuma Operação da nossa CART11 em Nova Lamego, no mês de Novembro/70.
Julgo que o Aurélio estaria em Nova Lamego, no dia do ataque, a aguardar coluna para Paunca, talvez de regresso do tratamento do problema que tinha no braço em gesso.
Pois, o Aurélio ficou em Paunca a ver a rapaziada sair para a peluda, e ele em cima do telhado da caserna* dos soldados a transmitir muito alto, do gravador a pilhas, música do Zeca Afonso.
Grande maluco e bom companheiro, coitado bem merecia estar, ainda, por cá entre nós.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

*a caserna dos soldados, antigo armazém/depósito de mancarra, passados alguns anos passou a Discoteca, conf. P17028, foto de 2015 de Patrício Ribeiro.

Anónimo disse...

Não prestei muita atenção ao tema debatido sobre as actuações de artistas na Guiné, mas hoje, ocorreu-me ao passar por aqui, que julgo ter escrito em algum dos meus postados que, também em Mansoa houve uma actuação, onde aliás conheci o já falecido e então Capitão Otelo. Procurei na velha e já muito "fanada" agendinha e lá está.
DIA 16ABR70, PFA/MANSOA - LEÓNIDA, ISABEL AMARO, FERNANDO CORREIA (?). Actuaram no palco do Cinema dos Balantas e houve comes e bebes na messe dos oficiais antes de regressarem a Bissau.
Será que o César Dias tem fotos?

Abraços
JPicado.

Unknown disse...

Amigo Jorge Picado, lamento não ter fotos como não me lembrar desse evento, só me recordo duma noite de fados organizada pelo cabo Raimundo enfermeiro da CCS.
Um abraço
César Dias