1. Mais uma estória do nosso alfero, Jorge Cabral, que não precisa de apresentações (Cabral só há um... o de Missirá e mais nenhum, dizia-se no seu tempo):
Amigos!
Aí vai uma estória deste 'Chico-Cafre' (Tunes dixit)
Abraços Grandes
Jorge Cabral
2. Estórias cabralianas (53) > A Doença do Soldado Duá
por Jorge Cabral
Quando uma noite, em Missirá [, o último destacamento de Bambadinca, a norte do Rio Geba, no Cuor,] o Alfero passava ronda, ficou estupefacto, ao constatar que todos os Soldados de Sentinela se encontravam acompanhados das respectivas Mulheres.
- Mas que se passa? – indagou…
- É por causa da doença! O Duá apanhou a doença do Victor!
- Doença do Victor?...
Tornou-se necessário ao Alfero recuar no tempo e a Fá, para perceber. Sim, aí existira um Soldado Victor que, parecendo inconsciente, deambulava a altas horas por todo Quartel. O próprio Alfero o vira e logo diagnosticara: sonambulismo...
Depois, reunira o Pelotão, alertara o Pessoal e, crente na sabedoria popular, avisara:
- Atenção! Que ninguém o tente acordar! É perigoso. Até pode morrer. Trata-se de uma doença e grave.
O Duá, Soldado Fula e dos poucos solteiros do Pelotão, deve ter ficado impressionado. Tanto, que voluntariamente um ano depois, contraíra em benefício próprio a tal doença. E assim, todas as noites, em pose sonâmbula, entrava nas moranças dos Soldados que estavam de Sentinela e procurava as Mulheres…
Claro que não ousavam acordá-lo… pois se lembravam bem das palavras do Alfero.
Levá-las a fazer Sentinela foi a única solução...
Jorge Cabral
____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. último poste da série Estórias cabralianas > 22 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4723: Estórias cabralianas (52): Em 20 de Julho de 1969, também eu poisei na Lua... (Jorge Cabral)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
CARO JORGE CABRAL,
A TUA CAPACIDADE DE SÍNTESE É EXTRAORDINÁRIA.DIZES TUDO NUMA MEIA DÚZIA DE LINHAS.
SÓ QUE FICO AQUI COM O MOSQUITO ATRÁS DA ORELHA...
SERÁ QUE ESTE SONAMBULISMO, TÃO RAPIDAMENTE ABSORVIDO PELO DUÁ,
NÃO TERÁ NA SUA GÉNESE ALGO DE CABRALIANO?
ALI COM O MESTRE A DOIS PASSOS,
A TECNICA DO VAI P´RA ESTEIRA QUE EU ESTOU INDO,MUITO PROVAVELMENTE FOI HERDADA,NÃO DO VICTOR MAS DO
ALFERO...
UM ABRAÇO
MANUEL MAIA
Fãs das estórias cabralianas:
Vamos ter notícias, dentro em breve, do livro do Jorge Cabral, que andam em contactos com editoras... O prefácio já me foi encomendado... O Jorge quer um livrinho, com meia centenas das suas deliciosas 'short stories'...
O lançamento irá ser dia de ronco, pois claro... LG
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