Eu e o Furriel do pelotão de nativos , o madeirense Gomes, um grande amigo que nunca mais vi até hoje. Me disseram na Madeira que imigrou para o Canadá.
Eu a reler o que havia escrito, numa pausa durante a protecção a uma coluna de Bula para Aldeia Formoso.
Fotos e legendas: © José Manuel (2008). Direitos reservados.
1. Poemas da semana de 29 de Março a 3 de Abril... Ássinados pelo Josema, pseudónimo de José Manuel Lopes, da Quinta da Senhora Graça, no Douro, ex-Fur Mil Op Esp, da CART 6250 (Mampatá, 1972/74). Finalmente, vieram três fotografias do nosso camarada-poeta... Já lhe podemos tirar a pinta: a avaliar pelas chapas, parece ser bom rapaz... Mas ele, hoje, estava particularmente feliz por dois motivos. Vejamos porquê... O melhor é reproduzir o seu mail:
"Bom dia camaradas. Tenho duas boas notícias. O encontro da Minha Companhia, em que até 1986 nunca participei, mas de depois de uma 'lavagem' do amigo Carvalho, Furriel Enfermeiro, ou melhor Furrié Dotô, nunca mais perdi até hoje.
"É um encontro muito original, sempre em casa de um dos Unidos, se tiver condições para tal, ou na sede daFreguesia da sua terra. Cada um leva o seu merendeiro com as especialidades da sua região. O País gastronómico está lá. Quem nada levar, basta levar o apetite e vai visitando os vários farnéis. Todos são benvindos, pois todos vão por bem e por vezes o Gastão, o nosso 'Zeca Afonso', leva o violão. Depois de bem comer e melhor beber, cantamos o nosso hino 'Mampapa pata pata pata'.
"Eu levo o meu vinho que é o motivo da segunda boa notícia. Ganhou uma medalha de prata no WINE MASTERS CHALLENGE, este ano realizado em Portugal no Estoril, entre cerca de 4000 vinhos de todo o mundo.
"Até breve camaradas.
"Nota: 2 inscrições no convívio da Tertulia eu e a Luisa, minha mulher".
Já agora os camaradas e amigos da Guiné ficam a saber que o nosso Josema, ou melhor, o José Manuel Lopes, é produtor de dois excelentes vinhos, tintos, DOC, da Região do Douro... na sua quinta de 3 hectares, a Quinta Sr.ª da Graça, S. João de Lobrigos, 5030 - 429 Santa Marta de Penaguião, Telef 254 811609 / Fax 254 811609. Ele e a esposa, Luisa Valente.
As suas criações vinícolas são o Penedo do Barco (produzido desde 1999) e o Pedro Milanos (desde 2003), à base das seguintes castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinta Amarela (Penedo do Barco, colheita de 2004; produção: 3400 garrafas); Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca (Pedro Milanos, colheita de 2005; produção: 7000 garrafas).
Aqui fica a informação, sem intuitos publicitários, já que a nossa filosofia bloguística é também a de valorizar o que os nossos camaradas fazem... sobretudo se fazem bem.
Parabéns ao José e à Luísa. Espero poder conhecê-los e provar os seus nectares em Monte Real, no dia do nosso III Encontro Nacional. E agora vamos ao poema, nosso, de cada dia... (LG)
Recuso dizer uma oração
ao Deus que te abandonou
não sei se é do nó
que me aperta a garganta
ou da revolta que brota do meu peito
só sei que não consigo
desculpa...
sinto ganas de arrancar
o fio preso ao teu pescoço
e atirar dentro da mata essa cruz
no local...
onde encontraste a tua
onde perdeste a vida
e eu a minha fé entorpecida
recuso deixar de pensar
no que aqui nos trouxe
para onde nos levam
quero encontrar respostas
a todas as perguntas
que se soltam em turbilhão
dentro de mim
quero encontrar
algo que justifique
achar uma razão
por pequena que seja
irmão
para acalmar esta dor
e não encontro
e não encontro...não.
Bolama 1972
josema
Escuta mãe
espero como nunca um conselho
mas não consigo ouvir a tua voz
aguardo um aviso
um sussurro de alguém
e só me responde o silêncio
como é duro estar só
espreito por cima do ombro
e não vejo nada além da névoa
só sinto o peso da arma
e das ideias que me assaltam
de novo aprendiz da morte
ideias que correm p’ra longe
que fogem do pensamento
logo ao primeiro tiro
mas... na verdade
o que eu quero
é tão simples
eu...
eu só quero
um dia voltar
encostar-me no teu colo
ver-te estender a roupa
ver meus irmãos a brincar
a bola no largo a saltar
ver o Benfica vencer
ao Guto e ao Minota gritar
saborear a comida gostosa
ver o Douro a correr
e sei...
e sei que não quero morrer.
Nhácuba 1973
josema
Este pó que nos seca a garganta
este calor húmido que sufoca
esta terra vermelha
que se cola ao corpo
estes estranhos odores
tão diferentes dos nossos
mas também com os seus encantos
não têm
é o cheiro a rosmaninho
a mosto e a alecrim
são coisas novas também belas
de estranhas sensações
que temos de desvendar
e aprender a conhecer
as mangas as papaias
as castanhas de caju
os sons diferentes da mata
o brilho intenso da luz
a filosofia de Amadu
os pensamentos de Seidi
os sorrisos de africanas
o corpo esguio da mulata
há que lutar pela vida
longe da casa de xisto
entre o barro da cubata.
Mampatá 1972
Josema
Não quero os dias todos iguais
nem águas da mesma cor
pois a vida não é só
alegrias e beleza
e ainda muito menos
só a dor e a tristeza
não quero os dias todos iguais
já que a vida
é o espanto da surpresa
é a descoberta do amor
é o gozar da solidão
é o abraço da multidão
é confiar num amigo
é enfrentar um inimigo
é estar quente
é conforto
é estar frio
é o perigo
é a coragem
é o medo
é pisar a terra amada
é ver novos horizontes
pode ser um lar
ou um imenso navegar
por tudo isso
não quero os dias todos iguais.
Bissau 1974
josema
Como eram belasas miúdas que conheci
as amigas as amantes
as de amores realizados
as de amores imaginados
as que ficavam distantes
todas todas
todas sem excepção
quero beijá-las quero amá-las
para matar a solidão
não há raparigas más
não existem rostos feios
só vejo corpos esbeltos
só vejo pernas e seios
Bissau 1974
josema
Ao Santos de Leça (*)
Um dia nunca passava
sem que escrevesse uma carta
à mulher que tanto amava
como se fosse promessa
todas elas numeradas
como a que testemunharem
a grande paixão do Leça.
Mampata 1974
(*) Leça foi um Furriel da Cart 6250
que escreveu tantas cartas como dias esteve na Guiné,
todas elas numeradas,
a nº1 no dia 24 de Junho de 1972,
dia da nossa chegada
ao aeroporto de Bissau.
________________
Notas de L.G.:
(1) Vd. postes anteriores:
27 de Fevereiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2585: Blogpoesia (8): Viagem sem regresso (José Manuel, Fur Mil Op Esp, CART 6250, Mampatá, 1972/74)
3 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2608: Poemário do José Manuel (1): Salancaur, 1973: Pior que o inimigo é a rotina...
9 de Março de 2008 >Guiné 63/74 - P2619: Poemário do José Manuel (2): Que anjo me protegeu ? E o teu, adormeceu ?
13 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2630: Poemário do José Manuel (3): Pica na mão à procura delas..., tac, tac, tac, tac, tac, TOC!!!
19 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2665: Poemário do José Manuel (4): No carreiro de Uane... todos os sentidos / são poucos / escaparão com vida ? / não ficarão loucos ?
28 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2694: Poemário do José Manuel (5): Não é o Douro, nem o Tejo, é o Corubal... Nem tudo é mau afinal.... Há o Carvalho, há o Rosa...
5 de Abril de 2008 Guiné 63/74 - P2723: Poemário do José Manuel (6): Napalm, que pões branca a negra pele, quem te inventou ?
esta terra vermelha
que se cola ao corpo
estes estranhos odores
tão diferentes dos nossos
mas também com os seus encantos
não têm
é o cheiro a rosmaninho
a mosto e a alecrim
são coisas novas também belas
de estranhas sensações
que temos de desvendar
e aprender a conhecer
as mangas as papaias
as castanhas de caju
os sons diferentes da mata
o brilho intenso da luz
a filosofia de Amadu
os pensamentos de Seidi
os sorrisos de africanas
o corpo esguio da mulata
há que lutar pela vida
longe da casa de xisto
entre o barro da cubata.
Mampatá 1972
Josema
Não quero os dias todos iguais
nem águas da mesma cor
pois a vida não é só
alegrias e beleza
e ainda muito menos
só a dor e a tristeza
não quero os dias todos iguais
já que a vida
é o espanto da surpresa
é a descoberta do amor
é o gozar da solidão
é o abraço da multidão
é confiar num amigo
é enfrentar um inimigo
é estar quente
é conforto
é estar frio
é o perigo
é a coragem
é o medo
é pisar a terra amada
é ver novos horizontes
pode ser um lar
ou um imenso navegar
por tudo isso
não quero os dias todos iguais.
Bissau 1974
josema
Como eram belasas miúdas que conheci
as amigas as amantes
as de amores realizados
as de amores imaginados
as que ficavam distantes
todas todas
todas sem excepção
quero beijá-las quero amá-las
para matar a solidão
não há raparigas más
não existem rostos feios
só vejo corpos esbeltos
só vejo pernas e seios
Bissau 1974
josema
Ao Santos de Leça (*)
Um dia nunca passava
sem que escrevesse uma carta
à mulher que tanto amava
como se fosse promessa
todas elas numeradas
como a que testemunharem
a grande paixão do Leça.
Mampata 1974
(*) Leça foi um Furriel da Cart 6250
que escreveu tantas cartas como dias esteve na Guiné,
todas elas numeradas,
a nº1 no dia 24 de Junho de 1972,
dia da nossa chegada
ao aeroporto de Bissau.
________________
Notas de L.G.:
(1) Vd. postes anteriores:
27 de Fevereiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2585: Blogpoesia (8): Viagem sem regresso (José Manuel, Fur Mil Op Esp, CART 6250, Mampatá, 1972/74)
3 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2608: Poemário do José Manuel (1): Salancaur, 1973: Pior que o inimigo é a rotina...
9 de Março de 2008 >Guiné 63/74 - P2619: Poemário do José Manuel (2): Que anjo me protegeu ? E o teu, adormeceu ?
13 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2630: Poemário do José Manuel (3): Pica na mão à procura delas..., tac, tac, tac, tac, tac, TOC!!!
19 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2665: Poemário do José Manuel (4): No carreiro de Uane... todos os sentidos / são poucos / escaparão com vida ? / não ficarão loucos ?
28 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2694: Poemário do José Manuel (5): Não é o Douro, nem o Tejo, é o Corubal... Nem tudo é mau afinal.... Há o Carvalho, há o Rosa...
5 de Abril de 2008 Guiné 63/74 - P2723: Poemário do José Manuel (6): Napalm, que pões branca a negra pele, quem te inventou ?
Sem comentários:
Enviar um comentário