Guiné > Região de Tombali > Guileje >Outubro de 1968 > "Guileje, Colónia Penal, Terra Ingrata, de Mau Signo, Terra de Bandidos, Terra da Fome"... Nesta altura, a unidade de quadrícula de Guileje era a CCAÇ 2316 (Mai 1968/Jun 1969) (contacto: Cap Vasconcelos).
Foto : © Gabriel Chasse / Nuno Rubim (2008). Direitos reservados.
1. Texto do Nuno Rubim, Coronel de Artilharia na situação de Reforma, especialista em história militar e especialmente em história da artilharia, e sobretudo nosso querido amigo e camarada:
Caro Luís:
Continuando com a saga de Guileje, Colónia Penal (1)...
Pois parece-me que nos tempos modernos fui eu quem deu continuidade a essa triste fama..
De facto, no final de 1965, enquanto Cmdt da Companhia de Comandos da Guiné e em virtude de um contencioso que se abriu com o Cmdt do CTIG ( relacionado, a meu ver, com a indevida utilização que estava a ser dada aos Grupos de Comandos da Companhia ), tive um dia uma acesa discussão com o referido senhor.
O resultado não se fez esperar ! Mandou-me sair imediatamente do seu gabinete e disse-me que no dia seguinte receberia guia de marcha para seguir imediatamente para Guileje !
Lá fui ,pois ... substituir o Cmdt da CCAÇ 726, Companhia que na altura já tinha cerca de 16 meses de comissão, em finais de Janeiro de 1966 (2).
Mas isto não ficou por aqui ! Ainda durante a permanência desta companhia em Guileje, chegou a CCAÇ 1424, que a ia render. Pois retiraram-na do comando do seu Capitão, que a tinha formado em Portugal e que o pessoal muito estimava e puseram-na sob as minhas ordens ! Incrível, mas assim aconteceu !
Depois há um vácuo temporal ... ou possívelmente não, mas não me foi dado saber se até 1973 houve mais casos de corrécios despachados para lá ... O que é certo é que me deparei, no AHM [ Arquivo Histórico Militar,] com mais dois casos, já em 1973.
Segundo notas da 1ª Rep / CTIG, a 22 de Janeiro é transferido do GA 7 para o COP 5, o Alf Mil Art José A. C. Branco da Costa, por motivo disciplinar. E logo a seguir, a 9 de Fevereiro, o Fur Mil Op Esp Delfim J. Marques dos Santos, é transferido da CCAÇ 3373 para a CCAV 8350 (2), pelo mesmo motivo !
Realmente a inscrição que amavelmente o nosso camarada Gabriel Chasse, que esteve em Guileje, me enviou (ver foto acima ), sintetiza melhor do que quaisquer palavras o que foi o inferno naquele local.
Um abraço
Nuno Rubim
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Notas de L.G.:
(1) Vd. poste de 8 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2734: Guileje, colónia penal (1): Em 1897 havia um posto militar fronteiriço, português, em Sare Morsô (Nuno Rubim)
(2) Vd. postes de:
14 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1173: A fortificação de Guileje (Nuno Rubim, Teco e Guedes, CCAÇ 726) ...
27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2137: Antologia (62): Guileje, 22 de Maio de 1973: Coutinho e Lima, herói ou traidor ? (Eduardo Dâmaso / Luís Graça)
28 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2487: Guileje, 22 de Maio de 1973 (2): Por mor da verdade dos factos (Nuno Rubim)
26 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2584: Guileje: Simpósio Internacional (1 a 7 de Março de 2008) (23): O diorama está pronto e é uma obra-prima (Pepito / Luís Graça)
25 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2681: CCAÇ 2617, Os Magriços do Guileje (Guileje, Mar 1970 / Fev 1971) (José Crisóstomo Lucas / Abílio Pimentel)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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