sábado, 24 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21478: Os nossos seres, saberes e lazeres (418): No Alto Minho, lancei âncora na Ribeira Lima (12) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Abril de 2020:

Queridos amigos,
Não há bem que não acabe, aqui fica o relatório do último dia em Ponte de Lima, já pairam no ar notícias inquietantes de um vírus, nos noticiários relevam-se termos como pandemia, confinamento, quarentena, é suposto que em breve seja anunciado um estado de emergência. Por aqui deambulo sem palpitações ou receios de me infetar, mas à cautela já nem a mão estendemos a amigos e conhecidos. Foi uma viagem surpreendente, como repetidamente se veio a afirmar, era um dever de amizade e a confirmação de tudo quanto se lia sobre estes pontos do Alto Minho que tanto emocionavam um amigo cego, que vibrava com a história de Ponte de Lima e Viana do Castelo, sobretudo, nestes locais viveu até à adolescência, e muitas vezes regressou, marcado pela paternidade minhota. Há um travo amargo, o que ficou por ver, os arrabaldes, a passagem por Viana do Castelo foi visita de médico, nunca se conseguiu entrar na Igreja da Misericórdia, nem se visitou o esplêndido barroco da Correlhã, mas outros exemplos podiam ser dados. Isto para acentuar que foi uma viagem memorável e que Deus permita que se possa repetir.

Um abraço do
Mário


No Alto Minho, lancei âncora na Ribeira Lima (12)

Mário Beja Santos

Esta inolvidável peregrinação caminha para o seu termo, hoje é dia reservado a Ponte de Lima, as notícias sobre o coronavírus são cada vez mais alarmantes, vêm aí restrições severas, fala-se em confinamento, logo de manhã, no próximo dia, ruma-se a Lisboa, há uma certa suspeita de que vale a pena passar por Pedrógão Pequeno e encher uma mala com livros, nos noticiários de rádio fala-se em quarentena, ao menos que haja leituras e boa música, o resto virá por acréscimo. Contempla-se este magnífico painel de azulejos, o tema é a Restauração, a aclamação de D. João IV, bate certo neste templo religioso que vem dos confins da Idade Média.
É uma deambulação sem itinerário, voltou-se a visitar alguns parques, estátuas, percorreu-se cuidadosamente a Rua do Arrabalde de S. João de Fora e também a Rua Lima Bezerra, não se esqueceu a Casa de Nossa Senhora de Aurora que se visitou com tanto gosto, com o seu jardim aprimorado, acolhimento de estalo da anfitriã que zela aquele património seja mantido com desvelo, uma casa destas exige restauro permanente, conservação permanente.
E os jardins? Sai-se deste ponto da Ribeira Lima assegurando ao leitor que se cumpriu à risca o guia turístico e o que confere a Ponte de Lima a Rota das Camélias: o passeio ribeirinho, o parque temático do Arnado, com os seus diversificados jardins, o jardim Sebastião Sanhudo, a inevitável Avenida dos Plátanos, o jardim dos Terceiros, e mesmo junto ao edifício da autarquia, o jardim Dr. Adelino Sampaio. Já se anda com os pés a escaldar, mas o dia está magnífico, e o maravilhamento é intenso.
Havia um encontro aprazado com um limiano que é personalidade conhecida da terra pelo denodo com que se bate para que seja respeitada a memória dos combatentes, carteamo-nos regularmente, ele reservara-me surpresa, visitar Ponte de Lima do alto. E que grande surpresa. Começou por me levar a uma elevação onde se desfruta do vale do rio Trovela, as águas que por ali correm vêm dos montes da Boalhosa, passando por Fornelas e pela Feitosa. O que é que há de especial nesta floresta? Uma floresta antiga, ali pontificam amieiros, carvalhos, castanheiros, sobreiros, salgueiros, ainda não entrou a praga do eucalipto, e não constam pinheiros. Antes porém, houve subida ao Monte da Madalena, na freguesia de Fornelos, estamos a 240 metros de altitude, há por ali até um parque em espaço arborizado e aprazível, e está aberto um restaurante, aqui se pode desfrutar uma panorâmica sobre o populoso concelho.
O Mário Leitão insistiu que fôssemos às Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos, ele foi um pioneiro para que ali houvesse uma reserva natural, expliquei-lhe que tentara por ali cirandar, quase impossível, os caminhos estavam praticamente alagados, só de galochas, que eu não trouxera. E tranquilizei-o, haverá regresso, iremos os dois a esse paraíso da biodiversidade. Insistiu numa fotografia a dois, e eu fiz questão de mostrar o livro das Lagoas de Bertiandos, um dos motivos do próximo regresso.
Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d’Arcos
No caminho de regresso encontrou-se este espigueiro em bom estado, tão importante património como as casas, pontes, jardins e lagos que me encheram os olhos. Há um lugar icónico, que é o Soajo, em que estes armazéns de cereais assentam na robustez da pedra, o que produz um efeito de ponto fortificado, que não é, terá sido impressão minha, depois de ter palmilhado aquele magnífico Castelo de Lindoso, de perpétua memória.
Procuro uma síntese de tudo quanto me foi dado observar, tanto em património natural como construído: o bucolismo genuíno da Ribeira Lima, as belas veigas e gândaras dos pequenos vales, o rio longo e plácido, aquela ponte histórica, nó viário fulcral desde tempos antigos e também da alvorada da nossa nacionalidade; a vila cuidada, o seu casario que assinala um passado dinâmico; as visitas a Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Viana do Castelo, por haver reporte, a diferentes níveis sentimentais com a pessoa que aqui se veio homenagear, uma vida que se extinguiu em janeiro de 2020, 90 anos há pouco feitos, e que continua a deixar-me inconsolável. Daí as imagens que se seguem, de tempos imemoriais, até uma lápide para mim indecifrável, mas que tanto me comoveu. São imagens de saudade, valem pelo que valem.
Os estudantes coimbrões falam da hora da despedida nas suas baladas, vai anoitecendo, daqui a pouco não me vou poupar ao meu último caldo verde, porque aqui a comida tem fama e proveito, primeiro o dia tem aquela luz ofuscante que anuncia a escuridão repleta; era inevitável que a última imagem fixasse um troço da Ribeira Lima, que associo sempre a todos aqueles jornais que lia regularmente a um cego ávido de informações da terra-mãe. Cumpri o meu voto, espero dobrá-lo e redobrá-lo, por definição toda a viagem é inacabada.
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Notas do editor:

Poste anterior de 17 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21458: Os nossos seres, saberes e lazeres (416): No Alto Minho, lancei âncora na Ribeira Lima (11) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21476: Os nossos seres, saberes e lazeres (417): O que é que isto tem a ver connosco e com a nossa 'guerra'?

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21477: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (24): A funda que arremessa para o fundo da memória

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Outubro de 2020:

Queridos amigos,
Estamos agora em plena sala de espelhos, é uma organização de romance com recurso a um expediente muito antigo, põe-se na boca de outro o que vai na nossa mente, o expediente utilizado é que aquele antigo combatente envia, numa certa sequência cronológica, acontecimentos que ele recorda da sua comissão na Guiné, envia-lhe textos, até cópias de documentos militares, fotografias da época e outras mais recentes, ela comprometeu-se a arquivar com método, mas o inesperado aconteceu, amam-se, ela passou a vibrar com esta recolha de memórias, memórias que ela averba à admiração que tem pelo seu amado.
É uma banalidade dizer-se que todo e qualquer romance fala de nós, é esse o fulgor da leitura, conseguir encenar a realidade no manto da ficção, pôr na carpintaria elementos do passado, coisas tremendamente incómodas para o presente, aquela guerra já caiu nas brumas da memória, é ressuscitada num ardor afetivo de dois cinquentões, o que ele guarda é que foi naquele teatro bélico que se fez homem, se moldou na pessoa que ainda é, o que ela capta são coisas que há um ano atrás eram impensáveis, amar um homem de um outro país numa historieta que começara exatamente por ele lhe pedir que ela fizesse parte de um romance. O estranho disto tudo é que Paulo Guilherme já disse a Annette Cantinaux que o título é definitivo, consagra o nome da rua onde ambos descobriram que queriam pugnar pelo seu futuro comum.
E se assim é, continuemos.

Um abraço do
Mário


Esboços para um romance – II (Mário Beja Santos):
Rua do Eclipse (24): A funda que arremessa para o fundo da memória


Mário Beja Santos

Mon amoureux, não te escondo a excitação da partida, só faltam três dias, mexo e remexo na mala, procuro no guarda-fato um casaco compatível com o vosso inverno, estão alinhadas em cima da mesa da sala de jantar as surpresas que levo para Lisboa, fizeste bem em referir-me os gostos e preferências dos teus filhos, encontrei os CDs do Jacques Brel, no frigorífico já pus os queijos malcheirosos de que gostas, sempre que não venho derreada das reuniões, arrumada a loiça e as panelas, faço uma tisana de maçã e canela e alinho toda a documentação que me envias durante a semana, ficarás seguramente bem impressionado com a quantidade de documentação organizada, desde que chegaste à Guiné, e estamos agora em finais de fevereiro de 1969. Não te posso esconder que li grande parte dos apontamentos que me enviaste em grande sofrimento.

Olho a imagem do Paulo Ribeiro Semedo e por muitas voltas que dê à imaginação não consigo supor o destroço em que ele ficou, depois daquele acidente de Chicri que tu contaste com tanto detalhe. Tenho esta fotografia e a anterior, a outra, é evidente, já ele teria feito muita cirurgia plástica, retirado todos aqueles estilhaços que em condições normais o teriam vitimado mortalmente. Gostei muito das fotografias desse tal fotógrafo José Henriques de Mello que acompanhou 60 anos antes de tu chegares à Guiné a operação do Cuor para sustar a rebelião de Infali Soncó. Li na carta que escreveste a propósito que ele foi deposto e mais tarde reintegrado, o tal herói de Teixeira Pinto, Abdulai Indjai, teria cometido tantas e tais torpezas que foi também deposto de régulo do Oio e do Cuor. E as imagens que tu mandas são de uma inefável beleza, não fosse o clima tão atroz e eu sugeriria que viajássemos os dois até lá, não só pelas belezas naturais que tu me mostras mas para sentir as amizades que tu ali deixaste e, estou segura, que acompanharão até ao resto dos teus dias.

Arrumei todo o dossier de janeiro e fevereiro. O que tu escreveste sobre a operação Anda Cá é uma imensa tragédia. Ser chamado em particular a um major do comando de Bambadinca e informado que irão 300 homens em duas colunas separadas, uma em direção a Madina, a outra em direção a Belel, com uma prevista mas sempre aleatória sincronização, tu concordaste, seguirias com os teus homens da coluna para Belel, um grupo escolhido por ti tendo Bacari Soncó e Fodé Dahaba à frente da coluna para Madina, com o reforço de soldados experimentados. Ficas a saber no decurso dessa conversa, que a 21 de fevereiro estarão reunidos os dois contingentes e que partirão separados. De repente, tudo se alterou. És de novo chamado ao major de Bambadinca que te dá a saber que afinal os dois destacamentos não têm condições para irem separados, nenhuma justificação te é dada. Atormentado com tal conversa, pedes no maior sigilo uma entrevista ao comandante e explicas-lhe todas as desvantagens por 300 homens uns atrás dos outros no pico da época seca, mesmo que se levassem carregadores a transportar água e munições, havia que contar com todos os imprevistos da floresta-galeria, além de que nunca se põem 300 homens a atacar um objetivo, seria importante fazerem fletir metade daquele contingente, a tempo e horas, para Madina, e outro para Belel, utilizando sempre os teus homens, conhecedores do interior do Cuor, que depois de alcançar os objetivos retirariam a corta-mato para evitar possíveis emboscadas. O comandante entendeu que não devia contrariar o major, os dados estavam lançados.

Enviaste-me o relatório da operação, comentando, e pressinto que com muita amargura, que ele não espelha a verdade dos factos. Uma das companhias, sabe-se lá porquê, chegou tarde e a más horas, atravessaram a bolanha de Finete aos tombos, já no lusco-fusco, isto na vazante do Geba, traziam as botas e as pernas carregadas de lama, chegaram a Missirá exaustos. A outra companhia veio um pouco melhor, puderam viajar naquele barco de fibra que tu chamas o Sintex, fizeram poucos quilómetros a pé desde Gã Gémeos a Missirá. Querias que partissem ainda sem a luz do dia, foi recusado, os militares precisavam de se retemperar. E os capitães nem aceitaram discutir a divisão de objetivos, ia tudo ao molhe e fé em Deus. Como supuseras, a marcha foi um verdadeiro inferno, no pino do calor, muita gente a rasgar as fardas na floresta-galeria. O resultado foi chegarem noite escura a escassos quilómetros de Madina. Tu não consegues dormir, apreensivo com aquele contingente onde vai tanta gente em mau estado. E de madrugada informam-te que fugiu o prisioneiro de Quebá Jilã, com os primeiros alvores vocês põem-se em marcha, e posso sentir, meu adorado Paulo, como tu viveste a catástrofe que se seguiu. Seguem ao lado de uma velha picada, Fodé Dahaba deteta um fornilho, tu dás-lhe instruções para ele ficar ali e ordenar que todos passem ao largo. Lanças-te em direção a Madina, já ouves a vozearia e os pilões a trabalhar, pões os teus homens em linha, chamas os dois homens que trabalham com bazucas e nisto ouve-se o fragor de uma explosão, um silêncio de trevas e sobe aos céus os gritos, sabe-se lá de quem. Com a morte na alma, aproximas-te do local da tragédia, irás apurar que um dos soldados se recusou a obedecer Fodé Dahaba, pisou o fornilho, grita desesperadamente pela parte do corpo que perdeu, dentro de um buracão vês pedaços de carne, um tronco chamuscado, a cara é a máscara do desespero; ali ao lado jaz Fodé Dahaba, parte de dedos de uma mão estão presos por um fio de pele, desapareceu-lhe um pedaço de perna, tu consegues ver uma bota ensanguentada.

Pedes instruções a quem manda, a ordem é recuar para evacuar os feridos, tu sugeres a retirada de um contingente e que o outro te acompanhe imediatamente até Madina, não, vamos retirar todos, e tu rapidamente sentes que aquela operação caiu na água, toda a retirada até Missirá será um martírio, não faltarão ataques de abelhas, o calor é implacável, não muito longe de Missirá desce um helicóptero com o comandante de Bambadinca, ele traz ordens categóricas de recomeçar a operação, mas não fica insensível ao estado deplorável em que estão aquelas centenas de homens. Na tua descrição, Missirá está em estado de sítio, aquelas centenas de homens espojam-se, gemem, pedem água, esgotam todos os mantimentos guardados no depósito, não ficará uma garrafa de água ou de cerveja, um enlatado de fruta ou chocolate, são bocas ávidas que tudo consomem.

Partem ao amanhecer, aos tombos, duas viaturas transportam os mais combalidos. Tu regressas às picadas da véspera para resgatar armamento que se largara nos ataques de abelhas, estás inconsolável, tens uma estima fraternal por Fodé Dahaba, trata-lo por irmão onde quer que seja, fora completamente desmotivadora a sequência de peripécias, tudo redundara em fracasso e sofrimento humano, não devia ter acontecido assim, mas tu não passavas de um mero operacional e estavas ali para obedecer.

Fiquemos por aqui, mon amoureux, estou a ceder ao sono, vou fechar esta carta, espero que ela chegue antes de mim, e por isso te beijo e te consolo, e te afago com a maior ternura, o que aqui contas sei que perfeitamente nunca mais vais esquecer, é também por isso que quero passar o resto da minha vida a teu lado, onde quer que seja que se venha a pôr a hipótese de vivermos, em Bruxelas ou Lisboa. Deste-me uma boa notícia a tempo, tens a tal reunião a 5 de janeiro, pedi mais um dia de férias, mais um dia junto de ti, a ver a cintilação dos teus olhos. Bien à toi, Annette.

(continua)
Nesta morança ao fundo, a minha casa entre agosto de 1968 e março de 1969, viveu algumas décadas antes o Eng. Armando Zuzarte Cortesão, um dos maiores cartógrafos mundiais, trabalhou num projeto de palmeirais para a Sociedade Agrícola do Gambiel. Quando vi os palmeirais de Gambiel senti-me ofuscado por tanta beleza, era o paraíso terreal
Paulo Ribeiro Semedo, o mártir de Chicri
Luís Casanova, meu braço direito em Missirá, fotografia de Luís Casanova
Fotografia de José Henriques de Mello tirada em 1908, durante a ofensiva das tropas portuguesas para sufocar a rebelião do régulo Infali Soncó, no Cuor
Arriba de Varela, extraída da Carta Geológica da Guiné-Bissau: de 1982 a 2011, de Paulo H. Alves e Vera Figueiredo, com a devida vénia
Rio Geba na maré baixa, perto do Enxalé, extraída da Carta Geológica da Guiné-Bissau: de 1982 a 2011, de Paulo H. Alves e Vera Figueiredo, com a devida vénia
Afloramentos de dolerito no rio Corubal, perto de Béli, extraída da Carta Geológica da Guiné-Bissau: de 1982 a 2011, de Paulo H. Alves e Vera Figueiredo, com a devida vénia
A majestade dos poilões guineenses
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21455: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (23): A funda que arremessa para o fundo da memória

Guiné 61/74 - P21476: Os nossos seres, saberes e lazeres (417): O que é que isto tem a ver connosco e com a nossa 'guerra'?


É uma "casa sami", com certeza, uma mix dos nossos espigueiros do Alto Minho  e das "lojas com a sua salgadeira e o lagar de fazer o vinho verde tinto" do Vale do Tâmega, situadas na cave das casas de granito...  Imagem cedida pelo José Belo (2020).


1. Falámos há dias de coisas, seres, saberes, sabores, técnicas de conservação dos alimentos e também de formas de sociabilidade, que remontam ao tempo das nossas infâncias... 

Tudo isto a pretexto das memórias de Brunhoso, Mogadouro, de há 50 anos, tão bem reconstituídas pelo nosso Francisco Baptista, autor do livro, de que falaremos, em breve, através de uma mais detalhada recensão: "Brunhoso, era o tempo das segadas. Na Guiné o capim ardia" (edição de autor, s/l, 2019, 385 pp.).

Num poste recente (*) ele descreva uma típica "adega-despensa" do nordeste transmontano, uma região, de resto,  mal conhecida dos portugueses (que deviam fazar mais "turismo cá dentro"=  e que é extremamente rica do ponto de vista geomorfológico, biológico, gastronómico, cultural e até linguístico": é aqui se que se fala por exemplo, o mirandês...

Em comentários ao poste do Francisco Baptista, fala-se também da "salgadeira" e da "loja" e do "lagar de fazer o vinho verde tinto",  no vale do Tâmega, e nomeadamente no Marco de Canaveses e Baião... E o José Belo, luso-lapão, régulo da Tabanca da Lapónia, não quis deixar de meter a sua colherada, falando de "exotismos lapões", que lhe são são caros... 

Afinal, como diz o nosso povo, “cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso ... 


Mas, pergunta o nosso leitor:  mas que  raio é que isto tem a ver com a Guiné, o "core business" deste blogue ? 

A resposta é mais ou menos  intuitiva: aquela guerra, a de 1961/74, foi feita, de um lado e do outro, por "camponeses", na sua maioria. Np nosso caso, por camponeses, ou  filhos de camponeses, lavradores, rendeiros, ganhões, cabaneiros, campinos, pescadores,  gente dos campos e do mar, mas também gente das cidades (que na altura contavam-se pelos dedos, dispostas no eixo atlântico litoral, de Setúbal a Braga=,  operários e filhos de operários, artesãos, comerciantes, empregados, mangas de alpaca, arraia-miúda das vilórias e pequenas cidades do Portugal dos anos 60... 

Não há estudos rigorosos sobre a sociodemografia dos combatentes portugueses na Guiné, dessa época, mas a realidade rural estava lá bem presente, do princípio ao fim daquela guerra, na composição do exército português, desde a construção dos aquartelamentos (, verdadeiros "bidonvilles")  aos "reordenamentos", passando pelo relacionamento com a população civil, mas também pelo cuktivo da "horta do quartel", sem esquecer a nossa extraordinária resiliência face às duras condições de vida no TO da Guiné. 

Quem é que aceitaria hoje as duras condições de "quartéis do mato" como Madina do Boé, Gadamael, Gandembel, Guileje, Guidaje, Mansambo, Ponte Caium, Ponte Udunduma, Ponta do Inglês, Banjara e tantos outros "bu...rakos"? 

Parafraseando o título do livro do Francisco Baptista [, foto da capa, à esquerda], "em Brunhoso era o tempo das segadas, das ceifas, enquanto na Guiné ardia o capim"...

Do ponto de vista socioantropólico, estava ainda lá muito de um certo Portugal antigo, que vai desaparecer na voragem / viragem das profundas mudanças ocorridas a partir a década de 60: gente que se alimentava mal, com um naco de broa  de milho e um malga de sopa e um copo de vinho tinto... 

Uma geração, a de 1961, por exemplo, que não sabia ainda o que era o leite de vaca pasteurizado, a manteiga ou o iogurte, ainda não se vacinava contra as doenças transmissíveis, andava descalça (sobretudo nas aldeias) e em que nem sempre se ia à escola para aprender a ler, escrever e contar... Uma geração cujos pais e avós só chamavam o médico para passar o estado de óbito. A geração do "bidonville", do "bairro da lata",  da "ilha", em Paris, Lisboa, Porto... A geração que nasceu no campo e foi viver (ou sobreviver) na cidade... Uma geração extraordinária, atenção, a nossa!... (Nada de miserabilismos, mas também não de saudosismo decadentistas!).

Essas são também  as nossas raízes telúricas e que nos dão identidade, carácter, modelando a nossA idiossinca«racia, mesmo que alguns de nós tenham dificukdade em falar desses tempos de pobreza dita "envergonhada", tão bem retratada neste poema irónico, escrito em Lourenço Marques, por Reinaldo Ferreira (que morreria, cedo, de csncro nos pulmões,  aos 37 anos, em 1958, na cidade que é hoje Maputo):

(...) Numa casa portuguesa fica bem
Pão e vinho sobre a mesa,
E, se à porta humildemente bate alguém,
Senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem esta franqueza, fica bem,
Que o povo nunca desmente,
A alegria da pobreza
Está nesta grande riqueza
De dar, e ficar contente. (...)

Poema que, de resto, a nossa grande, e única, mítica,  Amália, imortalizou!.. Tenhamos orgulho nessas raízes, ou pelo menos no nosso melhor... Infelizmente, muitos dos nossos filhos, netos e bisnetos, já não as (re)conhecerão, se não formos nós a recordá-las... E recordar é viver duas vezes... 

Em suma, há um Portugal do séc. XX ainda desconhecido, mesmo para aqueles de nós que nasceram na década de 1940, antes, durante ou após a II Guerra Mundial, e que fizeram a guerra do ultramar / guerra colonial... Coisas tão elementares como a eletricidade, a água potável, os esgostos, o frigorífico, a rádio e a televisão... chegaram tarde às nossas casas... e às nossas vidas. 

Não, não são "exotismos lusitanos"... Ainda me lembro de se desmantelar a "salgadeira", um imenso caixão de pinho onde cabiam dois porcos, na Quinta de Candoz, depois de ter provocado os AVC, com todas as  suas terríveis sequelas,  nos patriarcas da família... na década de 1990!... A luz e o frigorífico só chegaram depois do 25 de Abril, por volta de 1977/78... E a barragem do Carrapatelo ali mesmo ao lado,  com os cabos de alta tensão  levando o milagre da luz (e as suas miragens) para as cidades do litoral!... (***)

O que é que isto tem a ver a Guiné ?... Já não sei, já me perdi... LG 

2. Mensagem do José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:
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Data - 15 out 2020, 12h30
Assunto - Exotismos lapões

Aqui segue um típico frigorífico da Lapónia antiga que ainda hoje é usado.

Aqui se guardam carnes, peixes, fumados, salgados,etc. 

Tendo em conta a vasta fauna selvagem,  tem que ser alto e só acessível com uma escada.

As temperaturas interiores de um frigorífico moderno säo à volta dos 8 graus positivos. Uma boa arca frigorífica poderá ir aos 20 a 30 negativos.

As noites dos invernos locais têm temperaturas à volta dos 40 negativos!

Há que pensar-se duas vezes quanto ao que se coloca nestes congeladores tradicionais.

Abraço, J. Belo.
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P21475: Bombolom XXVII (Paulo Salgado): Drogas na Guerra Colonial - Um comentário e uma história

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), autor dos livros, "Milando ou Andanças por África", "Guiné, Crónicas de Guerra e Amor" e "7 Histórias para o Xavier", com data de 18 de Outubro de 2020:


BOMBOLOM DO PAULO SALGADO

DROGAS NA GUERRA COLONIAL – UM COMENTÁRIO E UMA HISTÓRIA

Ainda a propósito do livro “Drogas em Combate. A Guerra Colonial”, de Vasco Gil Calado, Editora Lua Eléctrica, Junho de 2020, sobre o qual não tomo uma posição acabada e crítica, mas permito-me a liberdade de fazer um comentário e transcrever uma lenda.

1.º Comentário

Tem a ver com a minha experiência na Guiné.

Pertenci a uma companhia independente – a CCAV 2721 (1970-1972) – que esteve aquartelada no Olossato, bem perto do Morés, fazendo um triângulo com Mansabá e Farim. Segundo o modelo de combate de quadrícula, ali estávamos, no fim da picada que ia de Bissorã (a partir dali estava minada…), a mesma picada que outrora continuava até Farim, e que eu, acompanhado pela minha mulher e Moura Marques percorremos na totalidade, com uma sensação de alívio em 2006…).

Se é certo que outras zonas eram muito mais perigosas, não deixámos de sofrer nas emboscadas, nos patrulhamentos, nas flagelações – com feridos (vários) e mortos (2).

Ora, se o ambiente era de guerra, se dentro do arame farpado viviam cerca de cento e cinquenta homens, jovens éramos, tal poderia levar ao consumo de bebidas alcoólicas. E havia momentos de mais bebida, sim. No bar se bebiam à farta cervejas e whiskey, mas nunca antes de uma operação. Como evitar o cansaço, o isolamento, a pequena disputa na caserna, a ausência de notícias, em especial das mulheres dos militares já casados? No entanto, drogas, não havia. E eu estava particularmente atento, porque em Coimbra, quando estudante, passando alguns momentos na Clepsidra, sabia que estava na fase da experiência o consumo de drogas entre os estudantes, embora pouquíssimos – tanto quanto me apercebi.

Ah, mas havia a cola, um fruto, bonito fruto. As populações chupavam a cola – o fruto das plantas malvaceae, e que existem na África Ocidental e no Sudeste Asiático. Existem muitas espécies de cola. Possui um gosto amargo e detém grande quantidade de cafeína. Por terem propriedades estimulantes e até excitantes do sistema nervoso e muscular, podem ser “mascadas”, “chupadas”. Isto era utilizado pelas populações e pelas nossas milícias. Aliás, nas “banquinhas”, lá estão as diversas espécies de colas – o que apreciei melhor aquando das minhas sucessivas idas à Guiné-Bissau como cooperante.

Uma nota: os escravos mascavam colas para suportar trabalhos penosos.

Nos patrulhamentos, quando passávamos junto de uma árvore da cola houve oportunidade de a provar.

Noz de cola - Foto retirada da Wikipedia

2.º Lenda

Acerca deste fruto, a cola, transcrevo um belo texto acerca dos costumes dos povos da Guiné. É narrada pelo historiador e antropólogo que escreveu muito sobre os costumes de África, em particular da Guiné, Manuel Belchior. Se é certo que este antropólogo serviu os desígnios da nossa presença em África, também é correcto afirmar que deixou textos muito interessantes que a mim me seduzem pelo detalhe, pela descrição e pela profundidade, o que foi meritório.

Faço aqui um parêntesis para afirmar o seguinte: na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo, a minha terra, e onde a minha mulher e eu agora estamos mais tempo, um fundo bibliográfico de notável importância do Prof. Santos Júnior (1901-1990), eminente médico, antropólogo, ornitologista que calcorreou Portugal, Angola e Moçambique. Tal fundo já foi visitado por investigadores angolanos e moçambicanos, o que vale por dizer, desapaixonadamente, que a História tem de ser contada no que tem de belo e medonho.

Pois bem, eis lenda. Escreveu Manuel Belchior:

«A um futa-fula ouvi há anos no Forreá, uma lenda a respeito da cola, o fruto cujo valor místico e simbólico não conhece par junto dos povos islamizados da Guiné. Conta essa lenda que no momento em que Ádama (Adão) e Aua (Eva) foram expulsos do Paraíso por culpa da nossa primeira mãe, ela, arrependida, chorou copiosamente. E onde essas lágrimas tombaram nasceu a primeira árvore de cola. É esse o motivo por que os frutos têm o sabor amargo e salgado das lágrimas.»

In Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, Volume XXII, N.os 87-88. Julho-Outubro de 1967, p. 305.

Paulo Salgado
18.10.2020
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21270: Bombolom XXVI (Paulo Salgado): Jornal "O Tabanca" da CCAV 2721 no Olossato

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21474: In Memoriam (372): Soldado At Art João Fernandes Caridade (1946-1969), falecido em acidente de viação no dia 4 de Maio de 1969, em Buruntuma (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

IN MEMORIAM

JOÃO FERNANDES CARIDADE (1946-1969)
SOLDADO AT ART 02122667 DA CART 1742


1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos, (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 19 de Outubro de 2020, enviando a biografia do seu camarada João Fernandes Caridade:

Camaradas e amigos da maior tabanca do País, envio um forte abraço de amizade castrense (e não só) a todos vós.


Biografia do meu camarada João Fernandes Caridade

Mais uma vez estou de regresso ao vosso convívio com uma narração sobre o meu camarada da CART 1742, João Fernandes Caridade, falecido a 04 de Maio de 1969 em Buruntuma.

O João Caridade era oriundo do lugar de Cabreira, Freguesia de Vitorino de Piães, Concelho de Ponte de Lima, onde nascera a 16/12/1946. A sua história militar foi partilhada por mais sete rapazes de Ponte de Lima, numa estranha coincidência que fez com que oito conterrâneos convivessem na mesma Companhia militar na Província da Guiné Portuguesa.

Assentou praça no RI 8 (Braga) em 09 de Janeiro de 1967, fez o Juramento de Bandeira no dia 14 de Março e concluiu a Especialidade de Atirador de Artilharia a 14 de Maio, no RAL 5 (Penafiel). A partir de 29 de Junho ficou em diligência individual no RI 6 (Porto), aguardando embarque para a Guiné, para onde havia sido mobilizado pelo RAL 5, integrado na CART 1742 (Panteras). Era uma Unidade independente, comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria Álvaro Lereno Cohen, seguiu para a Guiné Portuguesa no dia 22/07/1967, largando do Cais da Fundição no navio Timor, tendo desembarcado em Bissau no dia 30 e ficado aí adstrita ao BART 1904 cerca de dois meses, em substituição CART 1646, na segurança das instalações e população da área.

No dia 14 de Setembro partiu para Nova Lamego como Unidade de intervenção onde ficou integrada no BCav 1915, depois no BCAÇ 1933 e a seguir BCAÇ 2835. A partir de 18/04/68 foi para Buruntuma render a CCAÇ 1588, ficando integrada no BART 2857. Durante a sua comissão, a CART 1742 operou em Bissau, Nova Lamego e Buruntuma (cooperou com o BCAV 1915 na Operação Lareira), tendo realizado operações nas zonas de Ganguiró, Canjadude, Cabuca e Sinchã Jobel, e efectuado dezenas de escoltas a colunas para Béli, Cheche e Madina do Boé, Bajocunda e Canquelifá. Teve destacamentos em Ponte Caium e Camajabá, durante a sua missão foram-lhe adstritos o Pelotão de Milícias 151 (em Buruntuma) e o Pelotão de Milícias 154 (em Camajabá).

O João Caridade esteve sempre presente em toda actividade da CART 1742, e uma das mais violentas operações em que ele participou foi a “Operação Invisível”, destinada a desalojar o IN do regulado do Manso Mine, região que dominava a partir da sua base de Sinchã Jobel, comandada pelo Capitão Mil Art Carlos Manuel Ferreira, com forças da CART 1742 (2 grupos de combate) comandados pelo Alf Mil Elmano Cruz, e da CART 1690 (2 grupos de combate) reforçados com 1 pelotão de milícias, com comando do Alf Mil Art António Manuel Marques Lopes, operação na qual morreram, entre outros, o Soldado Manuel Fragata Francisco, o Soldado Vítor da Silva Gonçalves e o Alf Mil Fernando da Costa Fernandes e o 1.º Cabo Sousa, atirador da MG 42 da CART 1742.

A notícia da rendição da CART 1742 foi festejada no aquartelamento de Buruntuma em 04 de Maio de 1969, um domingo, data fatídica para o Soldado Caridade que morreu de acidente de viação na sua Unidade, ocorrido às 16:30 horas desse dia, quando D. Cecília Supico Pinto (Presidente do Movimento Nacional Feminino) se encontrava de visita, acompanhada do Comandante do COP 5.
A morte foi provocada pela queda aparatosa no chão, à entrada do quartel, durante o transporte em Unimog de 13 bidões de água para abastecimento da sua Companhia. Apesar da baixa velocidade (mais ou menos 10Km/h) um dos bidões deslocou-se devido a um pequeno ressalto, à passagem da porta de armas e provocou o desequilíbrio do Caridade que quase foi agarrado pelo seu camarada António Soares antes de cair. Foram-lhe de imediato prestados os primeiros socorros pelo Furriel Enfermeiro Manuel Gouveia Lopes, que perante o seu estado de gravidade, solicitou de imediato a sua evacuação para Bissau através do DO-27 em que tinham viajado a Senhora D. Supico Pinto e o Comandante do COP 5, no qual estes também fizeram a viagem de regresso.
Durante o voo, o enfermeiro aplicou pela segunda vez a medicação iniciada na enfermaria, e prestou respiração artificial contínua ao ferido. Por rádio, o piloto solicitou um helicóptero e uma equipa de reanimação junto à pista de Bissalanca, para que o transporte para o HM241 fosse mais rápido. De nada valeu porque o João Caridade faleceu antes de aterrar.

Entretanto em Buruntuma os seus camaradas choravam a sua morte e viam-se impotentes perante os vários adiamentos da retirada da CART 1742, que só chegaria a Bissau no dia 05 de Junho de 1969. Finalmente, a Companhia embarcou em Bissau no dia seguinte, o malogrado Caridade acompanhou-nos, tendo chegado a Lisboa a 13, dia de Santo António.

Fur Mil Art João Morgado Barbosa

Para o também limiano Fur Mil João Morgado Barbosa, a tropa só terminaria dois dias depois, porque foi nomeado Comandante da Guarda de Honra que prestou as últimas homenagens no funeral do malogrado Soldado Atirador 02122667 João Fernandes Caridade em Ponte de Lima

Descansa paz camarada.

OBS:- Biografia consultada: Heróis Limianos da Guerra do Ultramar, de Mário Leitão.

Abel Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21367: In Memoriam (371): Luís Rosa (1939-2020), ex-alf mil, CART 640 (Sangonhá, 1964/66), natural de Alcobaça... Passa a integrar a nossa Tabaca Grande, sob o n.º 718. Missa do 7.º dia, na Igreja de São de Deus, Pr. de Londres, Lisboa, amanhã, dia 18, às 19h00

Guiné 61/74 - P21473: Agenda cultural (759): Apresentação do livro “Nunca digas adeus às armas (Os primeiros anos da Guerra da Guiné)”, por António dos Santos Alberto Andrade e Mário Beja Santos, Edições Húmus, dia 26 de Novembro de 2020, pelas 18h00, no Salão Nobre do Palácio da Independência, Largo de S. Domingos, Lisboa (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Outubro de 2020:

Queridos amigos, 

As Edições Húmus acabam de publicar "Nunca Digas Adeus às Armas (Os Primeiros Anos da Guerra da Guiné)" de que são autores António dos Santos Alberto Andrade e eu próprio. 

Anexa-se capa da obra e dois textos provavelmente elucidativos da substância do trabalho. Os autores tudo farão para que haja apresentação pública, mas estamos naturalmente atentos à aspereza deste ciclo da pandemia que recomenda as maiores cautelas em participações como seja a apresentação de um livro, haverá que cuidar da segurança de todos. 

Peço-vos a amabilidade de ajudarem os autores na divulgação da obra, tudo começa com um poema popular, a história em verso do Batalhão de Cavalaria n.º 490 de que um dos co-autores foi militar, o outro co-autor descobriu o poema e pôs muita gente na sala de conversa, deliciado, e procurou desvelar as estratégias militares utilizadas pelos Altos Comandos durante este frenético período de ofensiva da guerrilha. 

Tivemos a grata anuência do Sr. General Alípio Tomé Pinto para fazer apresentação da obra, vamos ver o que nos reserva a pandemia. 

Falta analisar em profundidade o período de 1966 a 1968, que se saiba não há trabalhos universitários neste domínio, restam os importantes documentos das campanhas de África da responsabilidade do Estado-Maior do Exército, que se revelam a única documentação rigorosa do lado português. Mas como tem sido insistentemente dito, o aclaramento da verdade sobre os acontecimentos iniciados em 1961 (e mesmo um pouco antes) carecem da consulta minuciosa dos arquivos dos ministérios da Defesa e do Ultramar, empreitada a que, tanto quanto se sabe, ninguém se afoitou.

Um abraço do
Mário

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Texto da badana da contracapa:

Um acaso feliz, ter chegado à "Missão Cumprida"[1]

Vasculhar em lugares de venda de livros usados é uma operação que requer curiosidade, paciência e determinação: amar os papéis, sejam livros, revistas ou folhetos, a ponto tal que a paixão não tem limites nem faz férias; saber que há horas de sorte e sair dos estabelecimentos ou das vendas ao ar livre sem nenhum amargo de boca se acaso não se encontrou naquele dia e naquela hora nada do que se procurava; e não ceder descaradamente às grandes tentações de exceder as compras fora do que se procura, sob pena de uma dispersão exaustiva.

Naquele dia e naquela hora, nos baixos do Palácio da Independência, despertou-me a atenção um livrinho de poesia que nem referia a Guiné na capa, houve mesmo que folhear até se perceber que ao autor tinham sido oferecidas grandes aventuras, incluindo a famosa Operação Tridente, em 1964, quando as forças portuguesas procuraram desalojar a guerrilha do PAIGC na Ilha do Como. Houve desalojamento, sol de pouca dura, faz parte das regras do jogo em guerrilha que se bate e foge, e muitas vezes foge-se para de novo bater.

Lido e relido à exaustão o testemunho do bardo, singelo, um rico veio de poesia popular, deu-se uma tormenta que inspirou pôr toda esta poesia numa ampla sala de conversa, Santos Andrade, sem se ter havido nem achado foi posto em confronto com inúmera gente que fez recruta e especialidade, que sofreu emboscadas e flagelações, que padeceu pelos seus mortos e feridos. 

Creio, sem vaidade nem lisonja, que o deixei feliz no produto final desta tormenta; e que o leitor, entusiasmado por estas peripécias que ocorreram entre 1963 e 1965, os primeiros anos da guerra da Guiné, saboreará com tanta gente a perorar numa imensa sala de espelhos, ouvir-se-ão tiros e suspiros de saudade até ao resgate final, quando se perceber que a missão fora cumprida, ainda não se sabendo que haveria, até ao último dia das suas vidas, memória daquela camaradagem, lembrança de naquelas terras todos ali se terem feito homens.

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Texto da contracapa:

Guerra da Guiné: não é falsificação, é danoso esquecimento

A historiografia da guerra da Guiné é geralmente omissa (ou estranhamente parcimoniosa) na resposta dada pelas forças portuguesas, na eclosão da guerrilha, logo no início de 1963. Estão identificadas as etapas do levantamento do nacionalismo guineense, os seus atores principais e secundários, a organização do PAIGC na clandestinidade e a metódica preparação que Amílcar Cabral imprimiu aos jovens responsáveis que mandou preparar na China e noutras paragens. Metódica e eficaz, tão avassaladora que deixou estupefactos os comandos militares, tanto na Guiné como em Lisboa. 

Em escassos meses, o PAIGC instalou-se na região Sul, infiltrou-se nas matas densas do Oio/Morés, atravessou o Corubal, de ano para ano passou do armamento incipiente para mais temível, a usar minas anticarro, bazucas e morteiros, não lhe foi indiferente a artilharia antiaérea. 

Era uma guerrilha de gente motivada, que não recuou a intimidar e a aterrorizar os guineenses hesitantes. Em 1964, dera-se uma clara separação das águas, mesmo ao nível das etnias guineenses. A historiografia apresenta por vezes os dois primeiros oficiais-generais (Louro de Sousa e Arnaldo Schulz) como maus condutores da resposta, líderes impreparados para aquela experiência de guerra de guerrilhas face a um inimigo que somava mais vitórias que derrotas. Falamos numa historiografia que reduz a escassos parágrafos o modo como combatemos entre 1963 e 1968, insinua-se mesmo que só se cometeram asneiras.

Os documentos ao nosso dispor revelam que é tudo falso, ou quase. Sabe-se que a mitologia em torno do oficial-general “salvador”, chegado em 1968, assentou numa clara reprovação da condução da guerra até então. Ninguém fala nos meios que foram oferecidos a Louro de Sousa e Arnaldo Schulz que, está historicamente comprovado, informaram rigorosamente Lisboa de tudo quanto se estava a fazer, que pediam muito mais condições para contrariar a avalanche intimidadora da guerrilha. 

De algum modo, aqui se procura, a pretexto de uma genuína poesia popular para contar a história do Batalhão de Cavalaria N.º 490, evidenciar a natureza da resposta e não é difícil concluir que houve sagacidade e lucidez na aplicação dos meios existentes, modestos, postos naquele teatro de operações. Ocupou-se território, ajudou-se as populações, houve um esforço desenvolvimentista dentro de uma economia caótica, nunca se escondeu que de ano para ano a guerra era cada vez mais difícil, e que naqueles primeiros anos se vinha muito impreparado, era tudo um mundo desconhecido, hostil, sem instalações, combatendo com armas antigas.

Guiné 61/74 - P21472: Fichas de unidade (13): CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894 (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli, Madina do Boé, 1966/68)... E recordando algumas das melhoras fotos do alentejano Manuel Coelho, que foi fur mil trms de "Os Tufas"


Foto nº 1 > Hospitalidade: "Entre. Oferecemos ataúdes de 1ª [classe]"... Arame farpados guarnecido com pares de garrafas de cerveja que tilintavam ao mais pequeno toque, acabando por pôr os nervos do pessoal em franja... Era um  factor adicional de stress...


Foto n~2 > Humor de caserna > O Barateiro: Recpordações de Madina" >  Empenagens de granadas...

 

Foto nº 3 > Engenharia regional popular: Engenhosa "porta do cavalo"... ou "porta de traseiras"



Foto nº 4 >Poesia épica: "E.. aquelas que por defeitos não vão rebentando"... Local do impacto de uma granada que não não explodiu...



Foto nº 5 >Arquitetura regional popular:  Abrigo H, com entrada caiada de branco, para facilitar, à distância, a ponataria dos canhões s/r do PAIGC... Os "abrigos" estavam idemtificados por letras do alfabeto...  A CCAÇ 1589 teve apenas um morto em combate, em resultado de ferimentos graves sofridos no decurso de um patrulhamento ofensivo, fora do perímetro do aquartelamento. o  Ilídio Bonito Claro, Soldado de Transmissões, natural de Montemor-o-Velho, inumado no cemitério da Torre em Montemor-o-Velho (. Faleceu no Hospital Militar 241, vítima de ferimentos em combate durante um patrulhamento  em 4 de janeiro de 1968.)


Foto nº 6 > Ainda não se falava de ecologia: Um "resort" turístico com chuveiro... ecológico!


Foto nº 7 > O problema da habitação: Abrigo H.. Telhados de chapa de zinco... Mais um "bairro de lata"... Ou a "bidonvilização# da guerra...


Foto nº 8 > Abrigo E... Num bidão à direita, pode ler-se: "... Aguentemos o piriquito"... O humor de caserna dos "Tufas"... 

Em cima do abrigo, a célebre cadeira de espaldar que servia de posto de sentinela...e onde o Manuel Inácio diz que tocava a corneta quando o PAIGC atacava ou flagelava o aquartelamento, a partir das colinas circundantes... Lenda ou não, o "Tufa" do Manuel Inácio tevc sorte, tendo em conta a má pontaria das tropas do Amílcar Cabral...


Foto nº 9  > Abrigo J > Uma "contrução primitiva"... a fazer lembrar os casebres das nossas aldeias serranas da época...



Foto nº 10 > Uma espécie de  posto de rádio

 

Foto nº 11 > Placa com a indicação do posto de turismo... Nas traseiras, meia dúzia de moranças... E assim se foram exorcizando os fantasmas dos combatentes...



Foto nº  12 > Um tosco aquartelamento: em primeiro plano, a à esquerda a "central elétrica" e, a seguir,, à edifício do comando e secretaria...



Foto nº 13 > Parada, com dois belíssimos e frondosos poilões que serviam abrigo às viaturas... e de ponto de mira para os "artilheiros" do PAIGC



Foto nº 14 >  Viatura das NT, destruída, na estrada de Cheche-.Madina do Boé...Esta estrada foi um cemitério de viaturas... 


Foto nº 15 > "Canhão Sem Recuo M40 10,6cm, utilizado na sua missão normal, ou seja, montado em posição defensiva e, neste caso, sem estar em cima de viatura apropriada" [Legenda de Luís Dias]... 

Ao fundo um das  colinas do Boé.. Na região havia algumas pequenas elevações que podiam chegar aos 100/200 metros, como Dongol Dandum... Em termso de posição no terreno, Madina do Boé ficava numa cota mais baixa: alguns camaradas nossos, que participaram, em fevereiro de 1969, na Op Mabecos Bravios, falavam do "fantasma de Dien Bien Phu", da guerra da Indochina, em 19954, por detrás dessas colinas do Boé,  fanrasma esse que felizmente nunca apareceu... 

Como é sabido, o Boé é única região "acidentada" da Guiné. Não houve nenhuma batalha de Madina do Boé, contrariamente a Dien Bien Phu, e a maior parte das vítimas mortais que tivemos foi na travessia do rio Corubal, em Cheche, em 6/2/1969, um trágico acontecimento já aqui profusamente documentado no nosso blogue...



Foto nº 16 > A rendição pela CCAÇ 1790, a última companhia  a guarnecer Madina do Boé: perde 29 homens durante a travessia, em jangada,  do Rio Corubal, em Cheche, no dia 6 de ferereiro de 1969 (Op Mabecos Bravios)



Foto nº 17 > Uma bandeira verde-rubra perdida na região do Boé... Mas não será aqui que o PAIGC fará a cerimónia da proclamação unilateral da independência em 24 de setembro de 1973... Uma das lendas  que o PAIGC soube tecer durante anos e anos: ainda hoje se encina às criancinhas que foi aqui que nasceu a Guiné-Bissau...



Guião da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68), que tinham por divisa "Justos e Fortes"... É uma das várias subunidades que esteve aquartelada em Madina do Boé, com destacamento em Beli (*). Fotos  do álbum do nosso grande fotógrafo de Madina do Boé, Manuel Coelho, fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, natural de Reguengos de Monsaraz.


Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Temos  pelo menos 3 camaradas a representar, na Tabanca Grande, a CCAÇ 1589; Armandino Alves (1944-2014),  Manuel Coelho e Manuel Inácio. Tem quase meia centena de referências no nosso blogue, à CCAÇ 1589, muito à frente da CCAÇ 1590, com apenas 3 referências. A CCAÇ 1588 não tinha, até agora, nenhuma referência. As três pertenciam ao BCAÇ 1894 que, no nosso blogue, não chega a ter duas dezenas de referências.

Em homenagem aos bravos de Madina do Boé, desta e doutras unidades que por lá passaram (*), fazemos aqui uma seleção de fotos do Manuel Coelho (, que tem 40 referências no nosso blogue). (***)


Síntese da actividade operacional da CCAÇ 1589


A CCaç 1589 foi inicialmente colocada em serviço na guarnição de Bissau na dependência do BCaç 1876, em substituição da CCaç 728, com vista a garantir a segurança das instalações e das populações da área.

Em 16Dez66, passou a ser subunidade de intervenção e reserva à disposição do Comando-Chefe orientada para a zona Leste, instalando-se em Fá Mandinga e tendo tomado parte em diversas operações realizadas nas regiões de Xime, Sarauol, Nova Lamego, Madina do Boé e Enxalé. 

De 28Jan67 a 07Fev67, esteve colocada em Nova Lamego como subunidade de reserva do Agr24, colmatando a saída da CCaç 1625 até à chegada da CCav 1662, após o que voltou para Fá Mandinga, onde assegurou a responsabilidade do respectivo subsector durante a adaptação operacional da CArt 1661.

Após a marcha de um pelotão em 25Mar67 para Béli, foi deslocada em 07Abr67 para Madina do Boé, a fim de substituir a CCaç 1416. 

Em l0Abr67, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, com o pelotão já instalado em Béli, ficando então integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1856 e depois sucessivamente do BCav 1915 e do BCaç 1933.

Em 20Jan68, foi rendida em Madina do Boé pela CCaç 1790 e em 12Fev68 no destacamento de Béli, tendo ambos os aquartelamentos sofrido fortes flagelações no periodo de Jun a Dez67.

Em 31Jan68, foi colocada em Bissau na dependência do BCaç 2834, para serviço de guarnição até ao seu embarque de regresso, colmatando anterior saída da CCaç 1547 e sendo depois substituída em Bissau pela CCav 1617.

Batalhão de Caçadores nº 1894 

Identificação: BCaç 1894
Unidade Mob: RI 15 - Tomar
Cmdt: TCor Inf Fausto Laginha dos Ramos
2.° Cmdt: Maj Inf Domingos André
Maj Inf António da Graça Bordadágua
Of InfOp/Adj: Cap Inf Henrique José Gonzalez Costa Jardim
Cmdts 
Comp:
CCS:.Cap Inf Anúplio Loysik Cardoso de Sampaio
CCaç 1588:Cap Inf Álvaro de Bastos Miranda
CCaç 1589:Cap Inf Henrique Vitor Guimarães Peres Brandão
CCaç 1590:Cap Inf Aires Jorge da Costa Gomes
Divisa: "Non Nobis" - "Justos e Fortes"

Partida: Embarque em 30Jul66 (CCaç 1590 em 03Ag066); desembarque em 04Ago66 (CCaç 1590 em 12Ag066). Regresso: Embarque em 09Mai68

Síntese da Actividade Operacional do BCAÇ 1894 (Bissau e São Domingos

Inicialmente, constituiu reserva do Comando-Chefe, com sede em Bissau, sendo as suas subunidades atribuídas em reforço de outros subsectores. Simultaneamente, preparou a sua instalação no Sector Ol-B, a ser criado em área pertencente ao BCav 790.

Em 190ut66, assumiu a responsabilidade do referido Sector 01-B, com sede em S. Domingos e abrangendo os subsectores de Ingoré e S.Domingos e a partir de 03Nov66, o de Barro, então transferido do BCaç 1887. 

Em 23Ag067, foi ainda constituído o subsector de Susana, retirado então à área do subsector
de S.Domingos. 

Comandou e coordenou a actividade das forças que lhe foram atribuídas, orientando a sua acção sobre as linhas de infiltração de Canja e Campada e bases inimigas instaladas na zona, tendo-lhe provocado elevado número de baixas e apreensão de grandes quantidades de armamento e material e ainda garantido a segurança dos aquartelamentos, itinerários e populações.

Destacam-se pelos resultados obtidos, as operações "Dumdum", "Drambuie I", "Derrubante II e III" e "Despeneirar", entre outras.

Dentre o armamento capturado mais significativo, salienta-se: 2 metralhadoras pesadas, 4 metralhadoras ligeiras, 12 pistolas-metralhadora, 101 espingardas, 2 lança-granadas foguete e 28110 cartuchos de armas ligeiras.

Em 02Abr68, foi rendido no sector de S.Domingos pelo BCaç 1933 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
 
Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné -  (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pp. 88, 89 e 90 (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

18 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1292: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte I)

15 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1370: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (Parte II)

21 de dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1388: Madina do Boé: contributos para a sua história (José Martins) (III parte)
 
(**) Último poste da série > 2 de abril de  2020 > Guiné 61/74 - P20801: Fichas de unidades (12): CCAÇ 414 (1963/64), do cap Manuel Dias Freixo (Jorge Araújo)

(***) Vd. postes de:

28 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18873: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte IV: O fantasma de Dien Bien Phu: fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)


25 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P1869: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte II: A fonte da colina de Madina: mais fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)

24 de julho de 18 > Guiné 61/74 - P18867: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte I: seleção de fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)