sexta-feira, 28 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17625: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (9): Págs. 65 a 72

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17617: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (8): Págs. 57 a 64

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17624: Convívios (819): Estão convocados os camaradas e amigos da Tabanca de Porto Dinheiro para atacar a monumental "batatada tradicional de peixe seco" no dia 31 de julho, segunda feira, com concentração por volta das 19h, na Associação Cultural e Recreativa da Ventosa (do Mar), Lourinhã.... E, já agora, sabem porque é que as tropas de Junot perderem a batalha do Vimeiro em 1808 ? É porque não sabiam que o peixe seco da Lourinhã era um produto "gourmet"... (Eduardo Jorge Ferreira, o régulo)



Associação Cultural e Recreativa da Ventosa (ACRV), Lourinhã > Cabeçalho do programa das comemorações do 35º aniversário > Dia  31 de julho, segunda feira, o prato forte do jantar é a "tradicional batatada (peixe seco)"... Para quem só conhece o bacalhau (da Noruega) e o carapau (da Nazaré), este "restaurante gourmet", da ACRV, é um sítio a descobrir... Mas não é todos os dias que há "batatada"... Tomem nota na vossa agenda: Ventosa (do Mar),. Lourinhã, 31 de julho de 2017, 19h00...



1. Manda o régulo da Tabanca de Porto Dinheiro,  Lourinhã, Eduardo Jorge Ferreira [, sargento do RI 19m noutra encarnação], através do seu secretário e editor deste blogue, Luís Graça, convocar os tabanqueiros do costume, e mais outros camaradas e amigos da Guiné, atabancados ou não, que se queiram juntar, para no dia 31 de julho de 2017,  a partir das 19h, dar início à Operação " Batatada Tradicional de Peixe Seco", com que se encerram as cerimónias do 35º aniversário da sempre ativa e simpática Associação Cultural e Recreativa da Ventosa, Lourinhã, onde somos sempre bem acolhidos, acarinhados e tratados. As suas iniciativas são abertas ao público em geral.

Não há inscrições prévias... Há uma fila democrática para a inscrição no jantar, por ordem de chegada... A caixa deve abrir por volta das 19h30. A Tabanca de Porto Dinheiro vai ver se "reserva" uma mesa para os seus apreciadores deste produto "gourmet" da região atlântica da Estremadura (Oeste)... (Felizmente que o Junot não sabia da sua existência...).

A Ventosa (do Mar), que pertence à freguesia de Santa Bárbara, concelho da Lourinhã,  rivaliza com as vizinhas localidades da Marquiteira e do Porto Dinheiro, na confeção desta iguaria...

Esperamos por ti, camarada!  E divulga o evento!
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P17623: "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp) - Parte XIII: Quarenta nos depois, continuavam a reunir-se e a homenagear os seus mortos...



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1. Continuação da publicação da brochura "Expedicionários do Onze a Cabo Verde (1941/1943)", da autoria do capitão SGE ref José Rebelo (Setúbal, Assembleia Distrital de Setúbal, 1983, 76 pp. inumeradas, il.) [, imagem da capa, à direita].(*)

José Rebelo, capitão SGE reformado, foi em plena II Guerra Mundial um dos jovens expedicionários do RI I1, que partiu para Cabo Verde, em missão de soberania, então com o posto de furriel (1º batalhão, RI 11, Ilha de São Vicente, ilha do Sal e ilha de Santo Antão, junho de 1941/ dezembro de 1943). 

Faria depois da Escola de Sargentos de Águeda, tal como o futuro cap SGE e escritor Manuel Ferreira (1917-1992), mobilizado como furriel miliciano pelo RI 7 (Leiria) (esteve no Mindelo entre 1941 e 1946). 

Promovido a alferes, o José Rebelo comandou a GNR em Tavira, até 1968. Colaborava com regularidade, no jornal "Povo Algarvio", onde o nosso camarada Manuel Amaro o conheceu, pessoalmente. Em 1969, já capitão, foi o Comandante da Companhia da Formação no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa.

É  muito provável que já não esteja entre os vivos. De qualquer modo, é credor de toda a nossa simpatia, apreço e gratidão, cabendo-nos por isso honrar a sua memória e a dos seus camaradas, onde se incluíram os pais de alguns de nós, mobilizados para Cabo Verde, por este e por outros regimentos.


[Foto, à esquerda, do então furriel José Rebelo, expedicionário do 1º batalhão do RI 11]


2. A brochura, de grande interesse documental, e que estamos a reproduzir, é uma cópia, digitalizada, em formato pdf, de um exemplar que fazia parte do espólio do Feliciano Delfim Santos (1922-1989), que foi 1.º cabo da 1.ª companhia do 1.º batalhão expedicionário do RI 11, pai do nosso camarada e grã-tabanqueiro Augusto Silva dos Santos (que reside em Almada e foi fur mil da CCAÇ 3306 / BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73).

Recorde-se que se trata de um conjunto de crónicas publicadas originalmente no semanário regional, "O Distrito de Setúbal", e depois editadas em livro, por iniciativa da Assembleia Distrital de Setúbal, em 1983, ao tempo do Governador Civil Victor Manuel Quintão Caldeira.

A brochura, ilustrada com diversas fotos, dos antigos expedicionários ainda vivos nessa altura, tem 76 páginas, inumeradas. As páginas que publicamos hoje [cap XV],  não vêm numeradas no livro. [corresponderiam às pp pp. 52 a  57].

O batalhão expedicionário do RI 11, Setúbal, com pessoal basicamente originário do distrito, partiu de Lisboa em 16 de junho de 1941 e desembarcou na Praia, ilha de Santiago, no dia 23. Esteve em missão de soberania na ilha do Sal cerca de 20 meses (até 15 de março de 1943), cumprindo o resto da comissão de serviço (até dezembro de 1943) na ilha de Santo Antão.

Quarenta anos do seu regresso, os expedicionários do Onze  conrtinuavam a reunir-se e a homenager os seus mortos. É um ritual universal, que aontece em todos os países, em todas as épocas, em todas as guerras... (LG)

PS - Nesta cerimónia, realizada em Setúbal, em 9 de abril de 1981,  esteve presente  o cor inf Luís Casanova Ferreira (1931-2015) que fez duas comissões no CTIG (1964/66 e 1970/74) e foi um dos capitães de Abril. Provavelmente na sua qualidade de antigo comandante do RI 11, tendo passado à reserva justamente nesse ano de 1981.

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Guiné 61/74 - P17622: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (9): Págs. 80 a 88 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)


1. Continuação da publicação do livro "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", da autoria do 2.º Sargento António dos Anjos, 1937, Tipografia Académica, Bragança, enviado ao Blogue pelo nosso camarada Alberto Nascimento (ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17613: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (8): Págs. 70 a 79 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Guiné 61/74 - P17621: Tabanca Grande (442): o serpense Manuel Macias, ex-fur mil, 4º Gr Comb, CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)... Grã-tabanqueiro nº 749.

1. O Manuel Macias, que está reformado como professor (tal como a esposa), é natural da Aldeia Nova de São Bento, concelçho de Serpa, vive em Algés, Oeiras, é presença assídua da  Magnífica Tabanca da Linha, acabou de aceitar o nosso convite (meu e do Valdemar Queiroz, seu camarada da CART 2479 / CART 11) para passar a integrar formalmente a nossa Tabanca Grande, a mãe de todas as tabancas. (*)

É o grã-tabanqueiro nº 749. (**)

É verdade que ele não é muito fã da Internet, não tem página no Facebook, mas tem caixa de correio. Falámos ao telefone, estava a ele a preparar-se para arrancar para férias. Falei-lhe do Valdemar Queiroz e do Zé Saúde. Confirmou que há muito o Valdemar Queiroz tem insistido com ele para aderir à Tabanca Grande. Falei-me dos tempos de Contuboel, quando estivemos junto no Centro de Instrução Militar, a dar instrução ao pessoal do recrutamento local, oriundos da região leste, e que foram a base das nossas duas companhias, a CART 2479 / CART  11 e a CCAÇ 2580 / CCAÇ 12. Prometei-me que, no regresso de férias, depois de agosto, ir vasculhar o seu album fotográfico da Guiné, à procura de fotos de Contuboel.

Confirmou-me igualmente que tem ascendência espanhola do lado do avô. Serpa, terra raiana, sempre teve uma relação especial, para o melhor e para o pior, com a vizinha Espanha. E é  hoje a catedral do cante.

A nossa Tabanca Grande sente-se honrada com a presença do serpense Manuel Macias, ex-fur mil, 4º Gr Comb, CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego e Paunca), e espera que ele possa contribuir, dentro das suas possibilidades, para o enriquecimento do nosso património documental.

Desta subunidade, já fazem parte da nossa Tabanca Grande, o Valdemar Queiroz, o Renato Monteiro, o Abílio Duarte. Gostaríamos que o Cândido Cunha fosse o próximo...


2. Sobre a CART 2479 / CART 11, sabemos o seguinte:

(i) a CART 2479 [tem cerca de meia centena de referências no nosso blogue) constituiu-se no RAL 5 em Penafiel, no ano de 1968, como subunidade do BART 2866, desmembrando-se desta unidade em fevereiro de 1969, e embarcando com destino à Guiné no dia 18, aonde chegou a 25 do mesmo mês;

(ii)  o percurso operacional da CART 2479 na zona leste, foi longo, fixando a sua sede em Nova Lamego, no Quartel de Baixo em setembro de 1969;

(iii) passou por Contuboel, Bissau, Contuboel, Piche, Nova Lamego, Piche;

(iv) comandante: cap mil  art  Analido Aniceto Pinto (1/6/1934- 27/2/2014) (trabalhou na Galp Energia);

(v) foi extinta em 18 de janeiro de 1970,  passando a companhia  a designar-se CART 11 [, tem cerca de 8 dezenas de referências no nosso blogue];

(vi) em maio de 1972 a CART 11 passou a designar-se CCAÇ 11 [tem cerca de 4 dezenas de referências]. (***)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17618: (De)Caras (92): "We Want You", Manuel Maria Candeias Macias, natural de Aldeia Nova de São Bento (Serpa), presença regular na Tabanca da Linha, ex-fur mil 4º Gr Comb da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus», Contuboel, Nova Lamego, Paunca 1969/70 (Valdemar Queiroz / Manuel Resende / Abílio Duarte)

(**) Último poste da série > 16 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17586 Tabanca Grande (441): António Abrantes: foi cadete em Mafra, em julho de 1961, com o Manuel Alegre, Arnaldo de Matos e outros, sendo o Ramalho Eanes tenente; foi alferes mil, CCAÇ 423 (São João e Tite, 1963/65); senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 748.

(***) vd. poste de 1 de agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1015: CART 2479, CART 11 e CCAÇ 11 (Zona Leste, Gabu, subsector de Paunca) (Carlos Marques Santos)

Guiné 61/74 - P17620: Fotos à procura de... uma legenda (87): o luxo de um "petromax" da Casa Hipólito nas noites escuras como breu...



Guiné > Região leste > Bambadinca > Setor L1 > Destacamento da Ponte do Rio Udunduma > Setembro de 1973 > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1971/74) > "A mesa polivalente, onde se comia, escrevia, li, jogava e conversava. Em suma: o espaço de socialização e de partilha. Da esquerda para a direita: Gregório Santos, José Sebastião, Ricardo Teixeira e eu [, Jorge Araújo,] participando no 'matabicho' das tardes, preparando-nos para mais uma noite de muitas estrelas."

[Assinalado a amarelo está um candeeiro a petróleo de camisa ou "petromax", cuja marca se desconhece. Seria da Casa Hipólito, de Torres Vedras, do modelo 350? "Petromax" era uma marca registada, de origem alemã, que  entrou no nosso vocabulário... O vocábulo foi grafado e é usado em diversos postes publicados no nosso blogue.]

Foto (e legenda): © Jorge Araújo  (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do nosso editor LG ao poste P17616  (*):

"Candeeiro antigo a petróleo Hipólito 350'"
(Com a devida vénua, OLX)
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Jorge:

Em relação ao 'resort' da ponte do Rio Udunduma, onde também passei algumas belas noites de céu estrelado, com miríades de insetos, deixa-me dar-te conta da minha inveja e admiração: quatro anos depois, já havia, em meados de 1973,  "minibar" e, de vez em quando, "arroz de pato da bolanha"... além de jipe às ordens e petromax!...

Melhor que nada, a verdade se vocês tivessem que pagar IMI, já tinham, na avaliação do "prédio urbano" mais uns pontozinhos a melhorar o coeficiente de qualidade e conforto...

Parabéns pela vossa imaginação e vontade de dar a volta às contrariedades: não me lembro de, na minha companhia, haver um raio de um petromax, da Casa Hipólito (que se exportava para Cuba!)... Ou então alguém se abotoava com os petromaxes que, em África, eram um tesouro!...


Petromax (marca registada) era um candeeiro a petróleo de camisa. Era usado na iluminação pública, doméstica e na pesca ao candeio.

Segundo a descrição da Wikipédia, "consta de um depósito, onde está introduzida uma bomba de pressão, do qual sai um tubo tendo na extremidade um vaporizador e fixa a este uma camisa em seda em forma de lâmpada, protegida por um cilindro em vidro. No cimo tem uma chaminé por onde saem os gases."

[Imagem à esquerda: 

"Autocolante s/ data. As lanternas de incandescência começaram a ser fabricadas pela Casa Hipólito em 1949. Em 1950 iniciou-se a sua comercialização." Foto de perfil da página do Facebook Memórias da Casa Hipólito de Torres Vedras. Com a devida vénia ao autor da página Joaquim Moedas Duarte, criada no âmbito do Mestrado em Estudos do Património, da Universidade Aberta de Lisboa.]


2. Tudo indica que nos primeiros anos da guerra na Guiné o uso do "petromax" (ou lanterna de incandescência...)  fosse mais generalizado, servindo inclusive para iluminar o perímetro de defesa dos aquartelamentos, como no caso de Bedanda, por exemplo, ao tempo do nosso camarada Rui Santos, em 1963.

Em Binta, em 1964, no tempo do JERO, jogava-se o "King" à luz do "petromax"... Em muitos abrigos, deveria haver "petromaxes"... Em Beli, o Armindo Alves, 1.º cabo enf da CCAÇ 1589 (1966/68), prestava primeiros socorros, à noite, à luz do "petromax"... Depois vieram os geradores e passou a haver luz elétrica, pelo menos à noite... Mas, nos destacamentos, como o Biombo, em 1970, ou Banjara, em 1967, continuava a recorrer-se ao "petromax"...

Em sítios isolados (destacamentos, tabancas em autodefesa, etc.), o uso do "petromax" levantava questões de segurança... De qualquer modo, as companhias deviam ter, em "stock", este precioso utensílio... mas era preciso garantir a disponibilidade de petróleo e de "camisas"...

Não me lembro no meu tempo (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71),  de alguma vez ter levado  um "petromax" para o destacamento da ponte do Rio Udunduma ou para tabancas fulas (onde íamos, por vezes, reforçar o sistema de autodefesa).

Será que alguém ainda se lembra do velho "petromax" a iluminar as noites escuras como breu da Guiné? (**)


Guiné > Zona leste > Geba > Banjara > CART 1690 (1967/69) > Excerto de uma requisição de material, com data de 9/6/67, feita pelo alf mil Afredo Reis, da CART 1690 (Geba, 1967/69), na altura a comandar o destacamento de Banjara.

Alguns dos artigos requisitados: fósforos, palha de aço, camisas para petromax de 150 velas, torcida e vidro (?) para o frigorífico,  pregos (...), aerogramas,  selos, 12 esferográficas (uma vermelha e as outras azuis),  bloco de cartas, Omo e sabão, uma garrafa de whisky, Sumol ou outros sumos [...]

Foto: © Alfredo Reis (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. O Jorge Araújo, em férias, já respondeu nestes termos (*):

(...) No 'resort' da Ponte do Rio Udunduma não havia "jipe às ordens". Ele era utilizado, sempre que possível, apenas para o transporte dos alimentos confeccionados na CCS, entre Bambadinca e o Destacamento.

(...) O reforço de "pato da bolanha" não tinha arroz. Ele era cozido durante mais ou menos 3 horas, pois a carne era muito dura devido às suas características morfológicas, utilizando-se a chama de uma palmeira seca que se regava previamente com petróleo numa extremidade.

O tacho tinha de recuar à medida que a dita cuja (palmeira) se ia transformando em cinza. Depois de cozido e cortado em pedaços, o pato era frito adicionando-se depois um pouco de malagueta, como único condimento. (...)

(...) Quanto à pergunta sobre o "petromax", não faço a mínima ideia da sua marca ou origem. O importante para nós era, naturalmente, a sua função... a de nos dar alguma claridade em especial nas noites de lua nova. Obrigado... foi quanto nos custou o objecto, depois de termos feito um "choradinho" no comando do BART 3873, no sentido de nos cederem um exemplar. (...)
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Guiné 61/74 - P17619: Os nossos seres, saberes e lazeres (223): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 12 de Abril de 2017:

Queridos amigos,
Foi a primeira incursão por La Valetta.
Como se tem sete dias inteiros para deambular pelos 246 quilómetros quadrados de Malta e 67 quilómetros de Gozo, como se não pretende ir nem à Sicília nem mesmo à Líbia, como se tem tempo para ouvir o Maltês que é uma língua semítica parente do árabe e do hebraico e que é a única língua semítica escrita com o alfabeto latino, e onde felizmente o inglês é língua nacional e os italianos se fazem facilmente entender, há mais do que tempo para bisbilhotar sem ânsias, La Valetta tem muito para oferecer e guarda lembranças dos portugueses. Aqui se fala do Marquês de Niza, que resistiu à armada napoleónica. Vamos encontrar referências a um grão-mestre que foi determinante na ilha, António Manoel de Vilhena, e há referências ao albergue de Castela e Portugal, aqui se domiciliavam espanhóis e portugueses, cavaleiros da Ordem de Malta, os Hospitalários a quem o Imperador Carlos V ofereceu este espaço para resistir aos turcos. O imperador fez muito bem, a Ordem de Malta, extinta por Napoleão, lavrou aqui páginas imorredouras que a História agradece.

Um abraço do
Mário


De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: 
À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (2)

Beja Santos

Tivesse o viandante aqui chegado para uma estadia curtíssima, cumpria aquele ritual de andar a correr entre o melhor museu, a igreja mais sublime, o café mais emblemático, os panoramas retumbantes, com visitas à mistura de palácios e até uma viagem de autocarro para dizer que tinha ficado a conhecer La Valetta, património mundial da humanidade, sobretudo devido à Ordem de Malta, ao domínio britânico e à omnipresente cultura italiana. Mas não, o viandante vem por sete dias limpos, tem tempo para farejar cantos e recantos, comprou um bilhete de autocarro que dura sete dias em Malta e Gozo. Veio para se inteirar, do significante ao pormenor que lhe cala o coração. Quem diria que este espaço é de uma banda filarmónica maltesa criada no século passado, geminada com a de Como, do Norte de Itália, agora é um restaurante com brilho descendente onde o viandante pediu uma cerveja e depois um esparguete com molho de tomate, a que se seguiu um digestivo. Um espaço bonito, uma saudade de dias melhores…



A coluna vertebral de La Valeta cosmopolita é a Republic Street, esta escultura está bem perto da Concatedral de S. João, aqui se alberga um notabilíssimo quadro de Caravaggio. Isto é só para dizer ao leitor que o viandante nunca viu nas suas andanças tanta escultura a corpo inteiro ou busto, nas cidades, vilas e aldeias, fica-se mesmo com a ideia de que Malta está profundamente agradecida a políticos, músicos, heróis, religiosos. É com este orgulho que se passa para o orgulho do próprio viandante com as lápides que se seguem.


Numa das paredes do palácio presidencial, guarda-se o registo da concessão, em Abril de 1942, por Jorge VI da George Cross, condecoração extraordinária por atos heróicos. Os alemães estão no auge, julgam que vão dominar o Mediterrâneo, ainda não perderam o Norte de África completamente, consideram Malta uma base naval estratégica, bombardeiam a capital sem dó nem piedade. Malta resistirá, não esqueçamos que é domínio britânico, nos subterrâneos destes imensos fortins funciona a célula nervosa de transmissões aéreas e aeronavais. Quem vê hoje a bandeira nacional de Malta reparará que para além dos panos com duas cores está lá a George Cross.


Passeia-se agora o viandante num espaço magnífico, os Jardins Superiores Barrakka, daqui se desfruta um panorama único sobre o porto grande de La Valetta cercado por poderosíssimas muralhas, a Ordem de Malta recebeu doações de vulto de muitas nações para que a ilha fosse inexpugnável às arremetidas do sultão otomano. Por ironia, quando se constrói esta fortaleza gigantesca, que nos corta a respiração, já o império otomano está exangue, incapaz de querer controlar o Mediterrâneo. Nestes jardins presta-se homenagem a diferentes heróis e a diferentes eventos. Por exemplo, o encontro entre Churchill e Roosevelt, a caminho da conferência de Ialta. E há uma lápide que agradece ao Marquês de Niza e aos seus heróicos marinheiros. E há razão segura para tanta exaltação. A armada napoleónica tenta conquistar a cidade, o Marquês de Niza agradeceu muito as condições de rendição propostas mas disse aos franceses que só por cima do seu cadáver. Resistiu heroicamente, Nelson não lhe regateou os mais rasgados elogios. Para um português, esta lápide e as circunstâncias da dedicatória, é sobejo motivo de orgulho.


É portanto nestes Jardins Superiores Barrakka que se pode tomar a dimensão do porto de La Valeta, estas peças de artilharia são hoje um número turístico, as varandas enchem-se de curiosos para ouvir o disparo do meio-dia da bateria de salvação de artilharia.


Os jardins são aprazíveis, por aqui o viandante cirandou, já gratificado com o comportamento heróico do Marquês de Niza, que não deu abébias à poderosa esquadra napoleónica. Vale a pena insistir que há esculturas de todos os formatos e evocações. Chamou à atenção do viandante os Gavroches, alusivo à criançada de Os Miseráveis, de Vítor Hugo.


Atenda-se a este pormenor, ao fundo um edifício de indiscutível traçado à italiana, à direita um hotel com janelas avarandadas, é assim por toda a ilha e mesmo em Gozo. Ao fundo percebe-se bem, é uma tradição que vem dos árabes, janelas com ripas inclinadas, permitem ver para fora sem ser visto. A janela avarandada aformoseia qualquer fachada simplória, altera as dimensões, dá-lhe uma relativa imponência, não é por acaso que este mundo maltês tem uma natural garridice, no seu calcário amarelado e o sol a fulgir em tanta cor viva das fachadas.


Impõe-se uma nova pausa, há que decidir em visitar o museu, as fortificações, o Palácio do Grão-Mestre. Depois de alguma hesitação, o viandante encaminha-se para a Igreja do Naufrágio de S. Paulo, um dos locais de culto de Malta mais distinguidos. Nada de especial no exterior, com a sua fachada neogótico oitocentista, o estarrecedor é o interior do templo. Malta, para além de bustos e escultura em quase todas as ruas distingue-se pelas suas cúpulas enormes. Há qualquer coisa de transcendente nesta, ou então trata-se da ilusão do viandante, que não vem à procura das relíquias de S. Paulo, uma delas, dizem é um osso do pulso direito, e outra um fragmento da coluna em que terá sido decapitado, o que para o caso interessa é que o viandante ali ficou especado a interrogar os céus e a saudar a existência que lhe tem permitido contemplar tanta beleza. Antes daqui se fazer uma paragem, recorde-se que vem nos Atos dos Apóstolos que Paulo naufragou em Malta no ano 60 quando ia a caminho de Roma. A Bíblia diz que ele libertou a ilha de cobras venenosas e que o seu zelo evangélico e poder curativos levaram à importante conversão do governador romano, passo decisivo para semear o cristianismo na ilha. Seja como for, quaisquer que tenha sido a libertação das cobras venenosas, é aqui que o viandante está a ganhar forças para continuar a viagem.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17600: Os nossos seres, saberes e lazeres (222): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do grão-mestre António Manoel de Vilhena (1) (Mário Beja Santos)