Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Guiné 61/74 - P17622: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (9): Págs. 80 a 88 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)
1. Continuação da publicação do livro "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", da autoria do 2.º Sargento António dos Anjos, 1937, Tipografia Académica, Bragança, enviado ao Blogue pelo nosso camarada Alberto Nascimento (ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63).
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 24 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17613: "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é já hoje", da autoria do 2.º Sargento Ref António dos Anjos, Tipografia Académica, Bragança, 1937 (8): Págs. 70 a 79 (Alberto Nascimento, ex-Soldado Condutor Auto)
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5 comentários:
Estes relatos (1914)são verdadeiramente dignos da História que está a ser escrita pelo blog de «luisgraca»(1974)
Tudo isto nos ajuda a compreender com quantos paus se fez uma canoa, isto é, um País como a Guiné-Bissau.
Em boa hora o nosso sargento António dos Anjos entrou aqui pela mão de Alberto Nascimento.
Pormenores como a dificuldade de «bater» a gente do Biombo,1914, onde até mesmo a seguir à independência, 1980 era complicado para estranhos (brancos ou pretos)irem à praia na ponta extrema do Biombo, sem ser bem incomodado, dá para entender um pouco o que tantos sofreram, incluindo Honório Barreto, Luís e Amílcar Cabral, para atingir cada qual os seus fins.
Sem esquecer outro pormenor que em Bissorã, já havia a Casa Portuguesa, Casa Francesa e Casa Alemã, (1914).
Já era tudo a ajudar, no nosso tempo vieram outras Casas da Europa e não só.
Contrariamente ao que pensam alguns dos nossos historiadores, académicos e militares, este depoimento do 2º sargento reformado António dos Anjos, tem interesse documental e sobretudo socioantropológico. É a visão singela, sem filtros, brutal, ingénua, sem juizos moarais ou políticos, de um homem, de origem transmontana, e que representa muito bem os escalões inferiores do exeército colonial... Em 25 anos, o nosso velho camarada fala de cátedra da Gyiné, e olhando para trás até é capaz de dizer que em meados dos anos 40 já era um bom sítio para se viver!
Embora o autor tenha vivido boa parte dos accontecimentos que relata, em linguagem telegráfica, mas objetiva, despojada de artifícios literários, e nomeadamente as campanhas de pacificação do Teixeira Pinto de 1913/15 e dos seus "auxiliares", é de admitir que ele também tenha recorrido ao livro "A Ocupação Militar da Guiné", de João Teixeira Pinto, publicado em 1936.
O que aprecio nesta brochura é a maneira "naive", tosca, ingénua, brutal, com que o homem relata a atuação da tropa...
O nosso sargento António dos Anjos, sem jornais nem livros nem rádio, provavelmente ficou com os "ouvidos cheios" de conversas intermináveis daquela oralidade africana a que ninguem podia fugir, e muita coisa que escreveu, foi daí extraída.
Quando lendo Lobo Antunes, e outros Alferes, vemo-los referir as conversas que tinham na guerra com velhos régulos e sobas, e embora nunca se refira que ninguém levou máquina de lavar para África, também o nosso sargento algumas histórias são obtidas em conversa de travesseiro.
Entre o que li de Lobo Antunes e do tenente da Marinha Serpa Pinto naquela travessia do Mapa Côr de Rosa, ou de Henrique Galvão de alguns lugares que eu conheci bem, tão bem como eles, ou da geografia e da história da 4ª classe, ou mesmo de Norton de Matos, (tenho 3 livros fabulosos emprestados por J. Matos Dinis), nenhum dá a noção mais perfeita sobre as pessoas, o pensamento e as ideias do respectivo tempo que cada um viveu so que este nosso sargento que só com muitos anos de comissões e viagens de canoa chegou a posto tão alto.
Rosinha, o que me chateia é que nós tenhamos escrito tão pouco, fomos a todo o lado... até à Austrália!... Valeu-nos o Camões e o Fernão Mentes Minto!
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