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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27281: Tabanca da Diáspora Lusófona (36): O meu "Labor Day" (1 de setembro) e um "party" luso-esloveno-americano (João Crisóstomo, Queens, Nova Iorque)

 


Foto nº 1 > Nova Iorque > Queens > 1 de setembro de 2025, "Labor Day" > Ser solidário (1): O João e a Vilma


 
Foto nº 2  > Nova Iorque > Queens > 1 de setembro de 2025, "Labor Day" > Ser solidário (2)


Foto nº 3 > Nova Iorque > Queens > 1 de setembro de 2025, "Labor Day" > Ser solidário (3)



Foto nº 4 > Nova Iorque > Queens > Setembro de 2025 > Party luso-esloveno-americano (1)


Foto nº 5 > Nova Iorque > Queens > Setembro de 2025 > Party luso-esloveno-americano (2)


Foto nº 6 > Nova Iorque > Queens > Setembro de 2025 > Party luso-esloveno-americano (3)


Foto nº 7 > Nova Iorque > Queens > Setembro de 2025 > Party luso-esloveno-americano (4)

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona:

Data - terça, 16/09, 01:08
Assunto - Sinal de vida


Caro Luis Graça,

Envio-te meia dúzia de fotos de dois eventos recentes. Com franqueza receio que este tipo de notícias e fotos nem sejam pertinentes para o blogue; pois pode dar uma impressão errada, tanto mais que recentemente, (aliás há bastante tempo já) nem tudo têm sido rosas. 

Mas, um dia de cada vez, vamos fazendo o melhor que se pode, incluindo tentar partilhar e viver com os "nossos próximos” mais próximos… Mas… faz o que bem entenderes.
A verdade é que estes “parties” nos ajudam muito a nós mesmos. De certa maneira os maiores beneficiados somos nós.

As primeiras 3 fotos são dum “party" no dia 1 de Setembro (o correspondente ao 1º de Maio em Portugal): uma espécie de “ snack” às 16.00 pm  com salada de fruta, um grande bolo, e outros variados, refrigerantes etc. Foi a melhor maneira que encontrei para dar um pouco de vida e alegria a alguns dos séniores (e alguns familiares que os visitavam nesse dia) que moram num “assisted living building” (**) na nossa rua (otos nºs 1, 2 e 3),

As outras fotos são dum “party de "parabéns e boas-vindas” a dois jovens amigos da Eslovénia ( que conhecíamos de anteriores visitas a Nova Iorque) e que agora vieram trabalhar e viver nos Estados Unidos (Fotos nºs 4, 5, 6, e 7)) 

 Este foi um evento mais “abrangente”, meio português, meio esloveno … como podes verificar pelas cores dominantes: na mesa maior, comprida, as cores são verde e vermelho (foto nº 5), assim como no muro contrário, na foto em que eu e a Vilma estamos com os dois “homenageados” (foto nº 6) ( e até parecemos dois anões… o que não nos atrapalha, pois logo de pequeno , talvez para que eu não tivesse preconceitos de ser pequeno, me folham pondo na cuca que os homens não se medem aos palmos…). 

Já na mesa contra o muro oposto, as cores são as da bandeira eslovena (Foto nº 5). Nessa mesa podes ver dois tachos grandes: um tacho de caldeirada de bacalhau e um tacho de arroz de marisco, ambos um sucesso . Mas como na Eslovénia o forte mesmo é a carne, houve uma travessa de “Ribs” (porco) e duas travessas de galinha : uma de galinha assada e outra de galinha picante com muito alho. E ratatouille,  salada russa, que eles aqui teimam em chamar "salada francesa”, e salada de batata à eslovena; e salada de alface, que para surpreza minha a Vilma , que faz sempre uma salada fabulosa, desta vez teimou que fosse mesmo bem simples, até o tomate e cebola foram apresentados separados… Ela lá sabe das suas razões…

O vinho branco era o nosso vinho verde. O vinho tinto e champanhe, que foram oferta dum dos convidados , era esloveno. Pelo que me diziam e pelas canções eslovenas que de repente todos ( excepto eu…) se puseram a cantar ( berrando) e parecia não acabarem mais, eu deduzo que valeu a pena!

(Revisão / fixação de texto: LG)
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Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 13 de julho de 2025 _ Guiné 61/74 - P27011: Tabanca da Diáspora Lusófona (35): O meu "Four of July", aniversário da grande Nação Americana, em que os cachorros quentes ("hot dogs") e hambúrgeres grelhad
os da tradição foram substituídos pelo nosso bom bacalhau (João Crisóstomo, Nova Iorque)

(**) O que é um "Assisted Living Building" em Nova Iorque?

Resposta com a ajuda do assistente de IA / Gemini:

Um "assisted living building" (ou "assisted living residence") em Nova Iorque é uma unidade habitacional para pessoas idosas ou com deficiência que necessitam de algum apoio nas atividades diárias, mas que não precisam do nível de cuidados médicos intensivos de um lar de idosos (nursing home). Portanto, não se confunde com o nosso "centro de dia para idosos"  ou "lar de terceira idade"

As principais características incluem:

(i) Habitação: os residentes vivem nos seus próprios apartamentos ou quartos privados dentro de um complexo com áreas comuns.

(ii) Cuidados 24 horas: oferecem supervisão e assistência contínua, incluindo pessoal disponível a qualquer hora para emergências.

(iii) Serviços incluídos: geralmente, os serviços abrangem > Assistência Pessoal: ajuda com a higiene pessoal (banho, vestir), mobilidade e outras atividades da vida diária; | Gestão de Medicação: apoio na toma correta dos medicamentos; | Refeições: fornecimento de refeições diárias, geralmente em refeitórios comuns; | Limpeza e Manutenção: serviços de limpeza do alojamento e tratamento de roupas; | Atividades Sociais e Recreativas: programas para promover o convívio, o bem-estar físico e mental.

(iv) Regulação: no Estado de Nova Iorque, estas residências são licenciadas e reguladas pelo Departamento de Saúde do Estado (New York State Department of Health) para garantir a segurança e a qualidade dos cuidados. O objetivo é proporcionar um ambiente que se assemelhe a uma casa, promovendo a dignidade, autonomia e independência dos residentes.

(***) O "Labor Day", equivalente ao nosso 1º de Maio , "Dia do Trabalhador", é feriado federal nos EUA. Celebra-se na primeira segunda-feira ("monday") de setembro: (i) homenageia a luta dos trabalhadores americanos por melhores condições de vida e de trabalhao; e (ii) e marca o fim não oficial do verão.

A data é comemorada com desfiles, piqueniques e eventos ao ar livre, sendo uma oportunidade de descanso e lazer para as famílias.

O " Labor Day" surgiu no século XIX como resultado da luta do movimento operário em prol de melhores condições de trabalho e redução da jornada de trabalho

O final do século XIX ,nos EUA; foi um período de intensa industrialização, marcado por longas jornadas de trabalho (frequentemente de 12 horas diárias, sete dias por semana), baixos salários e condições de trabalho insalubres e perigosas (acidentes de trabalho, doenças profissionais...). Coemnaçaram a ganhar força os sindicatos, com orgamização de greves e manifestações.

É nesse cenário que que surge a ideia do "Labor Day"...A primeira celebração do Labor Day ocorreu em 5 de setembro de 1882, em Nova York, organizada pela Central Labor Union (CLU). Milhares de trabalhadores marcharam da Prefeitura até a Union Square, em um evento que combinou um desfile com um piquenique para as famílias dos trabalhadores.

O Estado do Oregon foi o primeiro a aprovar uma lei para reconhecer o feriado em 1887. Tornou-se feriado federal, de àmbito nacional, em 1894, após a greve de Pullman, que trouxe as condições de trabalho para a luz da ribalta. Foi dos mais dramáticos conflitos sociolaborais da história americana:

A greve, que começou como um protesto contra cortes salariais e a alta dos preços das rendas de casa. numa cidade-empresa controlada pela Pullman Palace Car Company. Espalhou-se rapidamemnte por todo o país, aralisando os transportes ferroviário.

A resposta do governo federal não se fez esperar e foi dura, com o envio de tropas para reprimir a greve. Houve mortes. P Presidente Grover Cleveland acabou por assinou a legislação que estabelecia o Labor Day como um feriado nacional legal, em 28 de junho de 1894. Mas at+e essa dat Até 1894, mais da metade dos Estados já havia adotado a data.

No essencial, o "Labor Day" celebra as conquistas históricas do movimento operário (a jornada de trabalho de oito horas, salários mais justos, saúde e segurança do trabalho, direito à organização sindical).

Na cultura da América, simboliza também omo o fim, não oficial, do verão. Sendo um fim de semana com ponte (o feriado é sempre à segunda), é uma oportunidade para uma última viagem de verão, churrascos, piqueniques e eventos ao ar livre. As escolas e universidades geralmente iniciam seu ano letivo após o Labor Day.
.
A escolha de da primeira segunda feira de setembro para o Labor Day nos EUA foi, em parte, uma tentativa de distanciar o feriado das conotações socialistas e anarquistas do 1º de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores. O 1º de maio tem suas raízes na revolta de Haymarket, ocorrida em Chicago em 1886, e está associado a uma tradição mais politizada e de protesto do movimento operário internacional. 


(Pesquisa, condensação, revisão / fixação de texto: LG)

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27211: Felizmente ainda há verão em 2025 (32): Amarante, a princesa do Tâmega, a 30 km de Candoz, e onde a natureza, a história e a cultura se combinam na perfeição (Luís Graça) - Parte II





















Fotos nºs 20 a 32

Amarante > 5 de setembro de 2025 > Fosos de fachadas de prédios urbanos no centro histórico


Descrição do conjunto urbano ribeirinho de Amarante, estruturado pelo rio, a  ponte e a igreja e o convento:


ESTRUTURA URBANÍSTICA: 

Apresenta uma estrutura urbanística essencialmente linear, composta por ruas relativamente estreitas e de traçado irregular, que confluem de uma e de outra margem do Tâmega para a ponte de S. Gonçalo. 

Para além da ponte (...),  o conjunto é fortemente marcado pela monumentalidade da Igreja de São Gonçalo (...), estruturando-se em frente desta um Largo que antecede a entrada na ponte. 

Na mesma margem do rio, entre o edifício do Convento e o Tâmega, nos terrenos da antiga cerca conventual, abre-se a Alameda Teixeira de Pascoais com ligações até à variante da EN. 

Estes dois espaços, com vista sobre a ponte e o rio - Lg. de S. Gonçalo e a Alameda onde se realizava o antigo mercado - constituem o núcleo do centro cívico, religioso e turístico da cidade. 

Ao longo da margem esquerda do rio, a R. 31 de Janeiro (R. do Covelo) conduz ao Lg. Conselheiro A. Cândido, a partir do qual se faz a ligação à EN.

ESPAÇO CONSTRUÍDO: 

A fachada urbana de ambos os lados das ruas caracteriza-se pela existência de construções genericamente integráveis nos dois tipos essenciais da arquitectura tradicional urbana: 

(i) a casa de tipo vertical, estreita e alta, com um número variável de andares, com duas ou três portas, janelas ou varandas de frente; 

(ii) e a casa larga e baixa, com r/c e andar nobre, frequentemente brasonada. 

Dentro do primeiro tipo são muitas as variantes, apresentando as casas geralmente estrutura de pedra, visível nas molduras das portas, janelas e varandas. 

Noutras o último andar é em tabique, sobressaindo a madeira pintada das molduras das portas e janelas. A este último andar, geralmente o 2º, por vezes o 3º, corresponde a varanda. Esta pode ser em ressalto, sobre uma falsa cornija, ou em avanço sobre a rua. 

Na sua maioria, as varandas são corridas, ocupando toda a largura da fachada. Algumas casas apresentam varandas corridas no 2º andar e uma ou outra, mais pequenas, possuem-na no 1º. 

Têm geralmente gradeamentos de ferro, havendo também belos exemplares de varandas com balaústres de madeira pintada.

Fonte: adapt. de SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitetctónico > Núcleo Urbano da Cidade de Amarante (IPA.00006137)




Foto nº 33 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > A antiga cadeia municipal > À deporta, os nossos amigos Laura Fonseca e Jaime Silva



Foto nº 34 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > A antiga escola primária, em frente ao "Espaço Saudade - Teixeira de Pascoaes"... 

Era uma escola-tipo  "Conde Ferreira". Foi umas das 120 previstas construir, em vilas ou sedes de concelho,  ao abrigo do legado do benemérito Conde Ferreira. 

Por volta de 1886, construíram-se  91, das quais 21 foram entretanto demolidas. A de Amarante é uma das que restam, cerca de século e meio depois.

 Eram edifícios com arquitectura simples e com uma fachada encimada com frontão triangular e em todos eles está (ou estava) inscrito "24 de Março de 1866" (data  da morte do Conde de Ferreira).   

Segundo o seu testamento,  disponibilizou 144 000 000 réis para a construção de 120 escolas primárias. As construções tinham requisitos específicos no que foi a primeira planta escolar a nível nacional, com duas salas e um espaço para habitação do professor. O orçamento de casa uma não podia ultrapassar os 1,2 contos de réis.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Dedicado ao João e à Vilma (que estão em Nova Iorque), e que ainda não conhecem Amarante, nem muito menos a Quinta de Candoz (no vizinho concelho de Marco de Canaveses, terra da Carmen Miranda, a pequena portuguesa que conquistou Hollywood nos anos 30/40)...

Pois, prosseguindo a crónica da nossa rápida  visita do passado dia 5, fiquei com a inpressão que os amarantinos gostam da sua cidade.  Pelo menos, e à primeira vista, não há muitos estragos  do camartelo camarário nem do plano de urbanização. Aliás, já bastaram os estragos dos séculos passados: 

  • 1763 - ruína da ponte devido a uma forte cheia;
  • 1788 - conclusão da reconstrução da ponte, segundo projecto do Eng. Carlos Amarante;
  • 1809 - Amarante sofre o ataque das forças invasoras napoleónicas de Soult,  comandada por Loison (o famigerado "Maneta");  após 14 dias de resistência do general Silveira, os os portugueses são desbaratados, são saqueados e incendiados os principais edifícios e casas; 
  • 1827 - foi palco de combates entre liberais e miguelistas (estes comandados por Teles Jordão); 
  • 1985, 8 de julho - elevação a cidade.

A tradição e a modernidade não se casam mal em Amarante. Claro que eu, desta vez, e nesta visita, só me fiquei pelo "centro histórico"... 

Noutros sítios, a política urbanística, a partir dos anos 50/60 do séc. XX, e prosseguida com o "poder autárquico democrático",  foi a do bota-abaixo. Do triunfo do mau gosto dos "patos bravos". Da especulação imobiliária. Da moda das "torres" (por complexo de inferioridade saloia")... 

Para minha felicidade, até a escolinha do Conde Ferreira fui aqui encontrar. (É hoje sede de junta de freguesia; a minha, onde estudei, construída na Lourinhã, foi uma das que foi botada abaixo!)


2. É bom quando uma terra deixa saudades aos forasteiros que a visitam, e sobretudo aos que lá vivem, e têm às vezes que emigrar, por razões económicas ou outras... 

Eu que regressei, a meio da tarde, a Candoz, mais a sul, a 30 km, também levei  saudades de Amarante... Tal como os meus companheiros de viagem, que seguiram para a Lixa...


Saudades de Amarante
(Tuna de Gondar, Amarante)

Deixei um dia o meu cantinho abençoado,
E fui levado  na ilusão de uma esperança,
Passei a Espanha, os Pirinéus, como emigrante,
Com Amarante, sempre, sempre, na lembrança.

Vi novas terras, vi costumes diferentes,
Vi outras gentes, vi o céu, vi o luar,
E até lá longe, nos castelos da Alemanha,
Em nenhuma terra estranha me esqueceu (sic)  do meu lugar,

Ai que saudades eu tenho de ti,
Linda Amarante, terrinha onde eu nasci,
E S. Gonçalo, romeiro sem igual,
Guiou meus passos de novo a Portugal.


Fonte: José Alberto Sardinha, "Tunas do Marão" (Livro + 4 CD). Vila Verde: Tradisom, 2005, pág. 347


(Continua)
 ___________________

Nota do editor LG:

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27096: Felizmente ainda há verão em 2025 (12): ruminações nova-iorquinas... (João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona)





1. Mensagem do nosso John Crisostomo, o luso-americano régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona  (foto à esuerda: com a Vilma, num 10 de junho).

João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com c. 280  referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67).


Data - 6 ago 2025 00:42  
Assunto - Ruminações

Caríssimo Luís Graça ( e outros camaradas-irmãos, se o nosso comandante quiser “partilhar” estas minhas “ruminações” )


Acabo de abrir o computador para me pôr em dia com os meus camaradas da Tabanca e verifico que estou mesmo a ficar atrasado. Tanta coisa boa: 

  • poesias do Manuel Gouveia Oliveira que merecem admiração e aplauso;
  • uma homenagem do Joaquim Caldeira ao “desconhecido herói' Adriano ( e quantos outros merecem um post destes e muito mais e nunca são lembrados por ninguém!); 
  •  crónicas do Juvenal Amado que nos fazem lembrar algumas situações semelhantes nas nossas vidas mas que na maioria dos casos, nunca passam de "luzes debaixo de alqueires”, por nunca serem partilhadas…; 
  • um comentário muito apropriado do Eduardo Estrela ao post do Adão Cruz (ambos me fazem inveja porque eu não sei dizer tanto com em tão poucas palavras; … etc etc… 

Isto para mencionar apenas os posts destes últimos dias, pois é raro o dia em que não apareça neste nosso blogue algo credor do nosso apreço. A eles e todos, faço minhas as palavra do Virgílio Teixeira “ A todos que não posso responder em directo, os meus abraços”.

Mas há um post muito especial que me causou uma cascada de emoções, frustração e inveja por não poder participar melhor do que sentir um nó no peito. Entre outras, muitas saudades. Saudades dum encontro semelhante (um festival do mexilhão ) onde eu e a Vilma fomos e em que, parece-me, estiveram toda a gente mencionada nesta "batatada de peixe seco”: O saudoso Eduardo e a São; o Rui Chamusco; os duques do Cadaval Pinto de Carvalho e Céu Pintéus; O Jaime ; e tu e a Alice…

E fez-me lembrar os meus tempos de miúdo: eu ainda não estava na escola primária, portanto devia ter os meus quatro ou cinco anos ; quando em Peniche havia peixe com fartura vinham sempre uma ou duas carrinhas vender o peixe pelas aldeias ; quando chegavam à minha aldeia, a Bombardeira, geralmente já só havia chicharro que vinha em bruto, na parte de trás da carrinha . E não era vendido ao quilo mas "em atacado" ( é assim que se diz certo?) aos cestos. 
Se me não engano chegava a ser cinco tostões por um cesto de chicharro.

 Nesses dias o meu pai comprava um ou dois cestos de chicharro, que depois de aberto e limpo era posto a secar . E aí eu sentia-me muito importante no meu trabalho de enxutador de moscas: punham-me em cima do telhado, com um boné velho na cabeça e uma pequena vara de eucalipto na mão e eu, muito compenetrado da minha responsabilidade de não deixar que as moscas pousassem no peixe, lá ficava até que o sol começava a perder a força e o chicharro era arrecadado para se repetir a mesma operação no dia seguinte.” Oh Tempo, volta pra trás…”

Não vou fazer comentário a este teu post pois que não tenho o que é necessário para o fazer . Mas mais uma vez, aproveito quem sabe falar e escrever melhor do que eu: “ Grande texto, Luís, estas a escrever como um principe, dos bons, da excelente literatura” diz o António Graça de Abreu. Ele tem razão. E a ambos eu tiro o meu chapéu.

E já que estou no computador, aproveito para te dar notícias nossas. Estamos bem, mais ou menos, pois na nossa idade, pelo menos no que me diz respeito, quando dizemos que está tudo bem, geralmente estamos a mentir: se não é a perna que dóe .. são os dentes a atrapalhar ou as costas a lembrar que estamos nos “entas” avançados. Agora ando quase sempre de bengala, por vezes até dentro de casa.

A Vilma essa parece cada vez mais nova: neste momento está em Maryland ( um “estado" perto de Washington) numa convenção relacionada com meditações e coisas assim . Ela bem me quis convencer a ir com ela mas eu pus os pés no chão: tive e fiz mais retiros e meditações, nos meus tempos de colégio, mais que suficientes para o resto da vida… Mas ela lá está contente e feliz. Falamos pelo WatsApp todos os dias duas ou três vezes. Quando ele me disse que gostava de ir a esta convenção eu pus as minhas reticências e objeções; mas evidentemente que não me opus, desde que fosse sozinha! ; e agora vejo que agi bem: ela está tão feliz que ao olhar para ela não posso deixar de sentir a sua alegria contagiante!

E não estou a dizer isto porque sou católico. “Voltei"ao catolicismo depois de muitas "visitas e viagens” que incluíram o ceticismo e agnosticismo… Muita gente pensa que o facto de eu por vezes ter muitos contactos com autoridades e líderes religiosos quer dizer que sou muito “religioso.” E não é bem assim. Na verdade sou católico , mas não sou “fanático”. Acho que antes de ser cristão um indivíduo é um ser humano. E por vezes até digo que me sirvo dos meus "contactos religiosos” para atingir fins sociais, independentemente da sua ligação ou não com religiões. Mas … chega de ruminações religiosas para hoje.

Bom, agora vou fazer uma pausa, que tenho de ir pintar o meu "back yard” (um pequeno quintal na traseira da minha casa.). Volto logo. Ou então faço como tu que te levantas às três da manhã para falar com os teus amigos e camaradas.

Estou de volta .

Disseste-me há tempos ( em comentário ao 4 de Julho americano com sabor a bacalhau ) que sou um "homem de ideias práticas, gostas de bricolagem” …. Deixa-me responder a esta tua afirmação/suposição. Porque parece-me que tens razão. Mas primeiro deixa-me fazer as devidas "ressalvas” para não ser mal compreendido e fazer figura de charlatão.

Lembro o que o meu pai dizia: "alguém que diz ter sete ofícios, pode ter quantos ofícios quiser mas não é bom em nenhum deles.” Portanto o que segue não em qualquer intenção de ridícula gabarolice. Os meus “ofícios" de alguma maneira foram-me impostos… tomei-os por pura e simples necessidade, nada mais. Sobrevivência ….

Pergunto-me o que diria hoje o meu pai , ao ver que o seu filho “virou” ( "virar “era uma palavra que ele usava para dar ênfase a uma ideia fora do vulgar) mesmo um homem de sete ofícios…As voltas da minha vida depois da Guiné deram mesmo nisso. É que "a necessidade faz o ladrão”. Quis estudar línguas e para isso tive de começar a lavar pratos e panelas… e eu que nunca tencionava trabalhar em restaurantes, de repente fizeram de mim um garçon, depois “virei” maitre d’hotel, gerente de restaurante, e finalmente mordomo.

Se "virei activista” também não tive culpa. As circunstancias em que me encontrava quando as coisas “apareciam" não me permitiam fazer diferentemente do que fiz. O acaso trouxe-me a Nova Iorque; o acaso levou-me a ser mordomo. Outra pessoa a quem o acaso levasse a encontrar-se nas mesmas circunstâncias teria com certeza feito igual, talvez mesmo mais e melhor.

E quanto a bricolage (em português europeu, bricolagem), é a tal necessidade de se desenrascar: reconheço e admito que tenho muita imaginação. E, dizem que sou “perseverante”. Sou pior do que isso: o que eu sou é um teimoso do caraças quando a minha cabeça me diz que uma coisa é ou pode ser duma maneira, mesmo que a maioria das pessoas afirme diferentemente. E quando é assim não desisto. Essa a razão porque por vezes me apelidaram de "berbequim".

A tal engenhoca para cortar o bacalhau em postas com uma catana da Guiné  (imagem à esquerda) é um exemplo de imaginação, faceta que não nego. 

Tenho vários outros ofícios, sem ser bom em nenhum deles: todas as pessoas que visitam a minha casa ficam de boca aberta ao ver a quantidade de bogigangas que eu tenho seja para o que for: carpintaria, alvenaria, pinturas… faço de tudo um pouco, bem consciente de que sou um engenhocas, mas sempre e apenas um engenhocas amador. 

Por vezes as coisas saem tortas e lá tenho eu de chamar o empreiteiro para corrigir as asneiras que eu fiz… outras vezes dá certo. Por exemplo a casa de arrumações no meu quintal foi toda feita por mim, sozinho. O empreiteiro que faz a maioria dos “trabalhos mais complicados " na minha casa queixou-se um dia de que eu tinha dado aquele trabalho a outrem…

Bom já chega. Hoje aconteceu-me ter inesperado tempo livre e deu-me para isto .

Um grande abraço
João ( Nova Iorque )






Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > Convívio anual da Tabanca de Porto Dinheiro. Régulo:  Euardo Jorge Ferreira (1952-2019).
- No  grupo dos tabanqueiros da saudosa Tabanca da Porto Dinheiro, falta o fotógrafo, o Álvaro Carvalho (casado com a Lena do Enxalé, de está azul, entre o João Crisóstomo e a Vilma). Faltam ainda os "duques do Cadaval" (Joaquim Pinto Carvalho e Céu Pintéus)...A Dina já não está entre nós nem o Eduardo... O Lopes está doente, acamado. Do nosso capelão Hirácio (e da Milita) também não temos notícias recentes. Falta ainda o Rui Chamusco, o Carlos Silvério e a Zita...

Legenda: da esquerda para a direita, António Nunes Lopes, João Crisóstomo, Helena do Enxalé, Vilma Crisóstomo, Dina, Milita (primeiria fila); Eduardo Jorge Ferreira, Maria Alice Carneiro, Alexandre Rato  [presidente da junta de freguesia de Ribamar,], Horácio Fernandes e Jaime Bonifácio Marques da Silva (segunda fila).


Foto (e legenda) : © Álvaro Carvalho (2015)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camnaradas da Guiné]


2. Post-Scriptum

john crisostomo
6 agosto 2025 | 08:05

Às 02.03 AM, sem conseguir dormir, levantei-me e reli as "ruminações" que te enviei ontem. Vejo que há muito mais que podia acrescentar ou que podia ser dito de melhor maneira. 

Por exemplo não disse que o facto de ser eu o enxutador oficial de moscas quando o chicharro era posto aberto e espalhado em cima do telhado para secar se deve com certeza ao facto de eu ser o único "homem" da família num mundo de mulheres. Os meus pais tiveram dez filhos, mas de rapaz só saí eu. 

A mesma razão (de ser eu eu o único rapaz,) fazia de mim o "algoz.  mata-moscas" à noite antes de irmos para a cama. Na falta de outro meio mais eficiente para controlar as muitas moscas dentro de casa, durante o dia eram pendurados no teto uns ramos bem apertados de umas ervas/meio arbustos (não me lembro o nome ). Eram nestes ramos que as moscas se juntavam para passar a noite. 

E então à noite eu, com um a ajuda das minhas irmãs, conseguia enfiar e envolver os ramos de baixo para cima com uma saca das batatas ( de serapilheira) bem aberta, com muito jeito e cuidado para não tocar nos ramos ( pois quando o saco tocava nos ramos elas fugiam todas). Quando o saco estava a chegar ao teto eu de repente fechava o saco e as moscas ficavam dentro do saco. Então eu agitava o saco para elas não ficarem agarradas aos ramos e deslizava a boca da saca do ramo que continuava pendurado para o dia seguinte. A seguir com toda a força de que era capaz, com o apoio entusiástico das minhas irmãs que sempre riam a bandeiras despregadas, eu batia o saco conta a parede ou mesmo contra o chão. E repetia a mesma operação, um a um, em todos os ramos espalhados pela casa. etc.

Sobre outros assuntos mais sérios mais havia para dizer também, mas acho melhor deixar para quando nos encontramos pessoalmente, não vás tu achar que estou a abusar da tua boa vontade, esperando que tenhas pachorra suficiente para ouvir as minhas deambulações de pensador barato. 

Também disso não tenho culpa e até gostava bem de sentir menos esta obcecação de andar sempre a pensar em coisas de que, sei bem, nunca teremos uma resposta ou certeza. Da mesma maneira que os chamados cientistas pensam e tentam chegar a saber como o mundo começøu, tenha isso sido há quatro mil milhões e meio de anos ou quatrocentos vezes quatro mil milhões…

Bom, vou voltar à cama ( neste momento a Vilma está na sua convenção em sérias meditações e eu estou sozinho!) e vou ler o James Michener que é sempre uma leitura agradável e por vezes apaixonante. Dorme bem.
João

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)                            

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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27092: Felizmente ainda há verão em 2025 (9): Tu comeste batatada de peixe seco... ontem, na Ventosa do Mar, freguesia da Marquiteira, Lourinhã.. Mas, bolas, Eduardo, João, Rui, amigos, camaradas, como é difícil, em agosto, juntar a gente toda de quem a gente gosta!... (Luís Graça)


Lourinhã > Freguesia da Marquiteira > Ventosa do Mar > 4 de agosto de 2025 > Foto de t-shirt de um comedor de batatada de peixe seco, uma iguaria que não há no céu... nem nos restaurantes da Terra da Alegria.  Só na Marquiteira e na Ventosa do Mar... A da Marquiteira foi há um mês.

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Garça & Camaradas da Guiné]


Bolas!.. A vida é breve... Tão breve... Um dia destes estamos numa cama de hospital a rever a merda do filme das nossas vidas ao contrário. De trás para a frente. De frente para trás. Um documentário curto.  Um filme mudo. Uns escassos segundos. Uma semibreve. Em trinta, sessenta segundos. O nosso tempo de antena... Tão breve como um orgasmo... E depois "damos o peido mestre!"... E vinte e quatro depois somos consumidos pelo fogo.  A 900 graus.  

A vida é tão breve e cruel, camaradas.  O fim do filme não é nada bonito. Porra, merecíamos melhor, não acham ?!...

Nascemos de um orgasmo. Semibreve. Trinta segundos. Tão simples como isso. Nada de mais anódino (do grego, "anódunos, -on", sem dor).. Anódino, anónimo, vulgar... A maior parte das nossas vidas cabe num pequeno vídeo de 30 a 60 segundos, Um minuto. Nada tem de heróico.  E o que é que levamos da nossa vida terráquea para a prometida eternidade ?... Uns dizem que é o que se come, se bebe e se f*de...

Como a gente dizia, na tropa, com crueldade e a estupidez dos nossos verdes anos (em que, pobres de nós , pensávamos que éramos  eternos, imortais, invulneráveis!), somos todos "meias lecas, meias f*das", feitos numa noite alegre de verão ou numa noite de pesadelo de inverno...

Acabámos de nascer. Há 70, 80 anos...  Heroínas foram as nossas mães. Nove meses a afagar a barriga. E depois a parir. E depois a amamentar-nos... Não há mais lindo do que a gravidez das nossas mães. A infinita ternura que puseram, do princípio ao fim, na nossa gestação. Mãe só há uma. Pai....todos podem ser. Progenitores, doadores de sémen.

As nossas mães que pariam em casa. Com dor. Sem assistência médico-hospitalar. No tempo do... Velho Estado Novo.  Cumprindo a maldição bíblica. Parirás com dor. Iam parir na casa das suas mães, se não vivessem longe. 

Como a tua, que faria agora 103 anos. Se fosse viva. Morreu com 92. Maria da Graça. Nascida em 6 de agosto de 1922, No Nadrupe, a 3 km da vila, Lourinhã. Filha da tia "Patxina" , Maria do Patrocínio, e do Manuel Barbosa. Em dia de festa. Festa do  Nadrupe, em honra de Nossa Senhora da Graça. Daí o apelido, Graça.  A três quilómetros da Lourinhã. Na margem direita do Rio Grande da Lourinhã. Que era navegável no tempos dos fenícios,romanos, visigodos, mouros, cruzados.... O mar chegava à Lourinhã nos séculos XII, XIII, XIV... A tua casa está construída em leito de mar. Assente em fósseis marinhos. E um dia destes será engolida por um tsunami.  Estupidez dos autarcas e do Estado que nos deixa construir e habitar em antigos leitos de mar. Todos queremos, afinal,  viver à beira-mar, e mais perto do sol,  para um dia sermos engolidos por eles, pela água e pelo fogo.

Andámos a jogar ao pião. Há 70 e tal anos. Somos filhos do pós-II Guerra Mundial. Da Idade Atómica. Da Bomba Nuclear. Somos todos filhos de Hiroshima. 6 de agosto de 1945. Por favor, não esqueçam!... Não esqueçam Hiroshima.

Aprendemos a rezar. Aprendemos as primeiras letras. Com sete ou oito anos já andávamos a jogar à porrada com os outros miúdos da rua e da escola. Na Rua do Castelo ou no Largo do Convento. Ou na Rua Grande, Ou no Largo das Aravessas.  Vimos o primeiro sangue a escorrer da cabeça. Saltámos às fogueiras de Santo António, São João e São Pedro. Fizemos gazeta à escola e à catequese. Quando o Rio Grande da Lourinhã transbordava. E, sem nos darmos conta, estávamos todos nus, em bicha de pirilau, com a mão a esconder as "vergonhas", à frente dos senhores coronéis da tropa que decidiam quem era apto ou não apto para servir a Pátria. Nus, em pelota, no primeiro andar do velho edifício republicano da câmara municipal. 

Um ou dois anos depois, lá estavam os "filhos de sua mãe", com uma p*ta de uma Mauser, na Índia, ou com uma "namorada", de nome G3, em Angola, Guiné e Moçambique,a defender os cacos do Império. Que fora grande no tempo do nossos maiores. Já não te lembras dos seus nomes. Os heróis da Pátria. Que vergonha!... Tinhas a obrigação de os saber. Eras um "barra" em história, quando fizeste o exame de admissão ao Liceu. Em Lisboa. Um terror, o exame de admissão...

Hoje, "radioativo, protésico, parkinsónico e...alzheimareado", já não te lembras a quem deste  três anos da tua vida, tão curta (vais fazer oitenta, se lá chegares, em 29 de janeiro de 2027!)...  Se alguém souber, por favor, que te ajude!... É uma obra de caridade...

São três da manhã. Estás con insónias. E quando estás com insónias, levantas-te, abres o "portátil"... e escreves. Alimentas o blogue, a tua "droga", a tua "adição". 

Nunca se deve comer batatada de peixe seco à noite. Muito menos na Ventosa do Mar, Lourinhã. Numa manjedoura coletiva que juntou perto de 350 bocas, esfomeadas, ruidosas, alegres... Como em romaria...  Ontem, 4 de agosto de 2025. No último dia da tradicional Festa do Emigrante. Convivendo à mesa com gente de diferentes gerações. Filhos de muitas mães e terras: Cadaval, Lourinhã, Seixal, Sobral, Marteleira, Ventosa, Cesaredas, Lisboa, Marco de Canaveses, Paris... Gente que adora batatada de peixe seco. Iguaria que só existe em terras ribeirinhas da Lourinhã como a Marquiteira, a Ventosa do Mar, Ribamar. Honra a esta gente que mantém esta tradição. 

Ficaste ao lado de pequenos empresários, gente valorosa, na casa dos 40/50, como os teus filhos. Um de mármores, outro de ar condicionado. Mas a quem já nada diz a p*ta da guerra que te roubou três anos de vida, e ainda tira o sono a muita gente, cinquenta, sessenta anos depois. Só tira o sono a quem a fez. Como tu. O Jaime. O Pinto de Carvalho.

Porra!... Faltou o Eduardo Jorge Ferreira, que já está lá no céu. Desde 2019.  Morto estupidamente numa clínica particular a partir uma pedra na bexiga. E que sempre te dizia, na caldeirada de Ribamar ou na batatada de peixe seco da  Ventosa: "Luís, olha que no céu não há disto!"... E ele era crente, tão cristão como tu és  herege!... 

Ainda hoje esta gente fala com respeito e ternura do senhor professor Eduardo Jorge... Que falta  fazes,  nosso irmão!... E tu, mano  João Crisóstomo, que estás para aí sozinho, com a tua Vilma,  em Nova Iorque. Bolas, nunca comeste com a malta, teus amigos e camaradas,  a batatada de peixe seco!... E o  mano Rui Chamusco que deve estar andar pelo Sabugal (ou por Alter do Chão ?)... Bolas, Eduardo, João, Rui, como é difícil, em agosto, juntar a gente toda de quem a gente gosta.

És fã, de há muitos anos, desta iguaria dos pobres. Que merecia ter uma confraria. A da Batatada do Peixe Seco. Costumas não perder as tradicionais batatadas de peixe seco da Marquiteira e da Ventosa do Mar. Este ano perdeste,  por um dia, a da Marquiteira. Que é a Rainha da Festa. Honra à Marquiteira, terra do teu primo, amigo e camarada  Rogério Gomes, que esteve em Angola, na guerra...

 Mas estiveste ontem, há meia dúzia de horas, na batatada de peixe seco, na da Ventosa do Mar. Terra do João Duarte, o presidente da Câmara Municipal da Lourinhã (agora em fim de mandato). Que sabe receber, como ninguém, os seus amigos e convidados. Na sua "manjedouro" eram dezenas os comensais, os companheiros. Convidou-te, a ti,  à Alice Carneiro, ao Jaime Silva, e aos "duques do Cadaval" (Joaquim Pinto de Carvalho e Céu Pintéus). Sem distinção de terras, clubes ou partidos. Um gesto de grande hospitalidade e nobreza. Na tua terra ainda são todos iguais.

 A batatada de peixe seco honrou a tradição. Não faltou a generosidades deste gente da Ventosa do Mar, Lourinhã. Malta nova, que organiza a festa. Que dá uma semana das suas férias ou do seu tempo em prol dos outros. Que veste a camisola, pela sua terra. Que lindo, que exemplo, que inveja, em tempo de crueldade, individualismo, egoísmo, arrogância, ódio, xenofobia, por toda a parte no mundo!... E aqui mesmo, ao teu lado...

Não faltou a batata,  a cebola, a arraia, a sapata... e pela primeira vez o espadarte seco (que é mais duro de roer)... A sapata e a arraia são as rainhas da festa... 

No final, estafaram-se duas garrafas de aguardente DOC da Lourinhã e uma de uísque velho, da garrafeira do João Duarte... Obrigada, Ventosa do Mar!,,, Obrigado, mordomos da festa do emigrante da Ventosa do Mar!... Obrigado, João Duarte, que sabes  honrar a tua terra, Ventosa do Mar,  como ninguém! 

Lourinhã, 6 de agosto de 2025, entre as três e meia e as seis e meia da manhã. (Três horas para escrever e editar este poste!...Três horas roubadas ao sono... Mas não à vida. Solidária.)
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domingo, 13 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27011: Tabanca da Diáspora Lusófona (35): O meu "Four of July", aniversário da grande Nação Americana, em que os cachorros quentes ("hot dogs") e hambúrgeres grelhados da tradição foram substituídos pelo nosso bom bacalhau (João Crisóstomo, Nova Iorque)








EUA, Nova Iorque > Queens > Casa do João & Vilma > A "máquina de cortar bacalhau" e algumas peças do núcleo museológico" do casal.

Fotos (e legenda): © João Crisóstomo  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona

Data - domingo, 6/07/2025, 23:52 (há 6 dias)

Assunto - O Meu "Four of July" 

Meus caros:

Só para dar sinal de vida…

Este poste, embora destinado primeiramente aos camaradas luso-americanos, é extensivo a todos os camaradas que, mesmo não sendo luso-americanos, façam uma visita aos nossos blogues. Pois para dar sinal de vida e dar um abraço a quem queremos bem qualquer ocasião é boa.

Os Estados Unidos estão celebrando hoje mais um aniversário e não foram circunstâncias várias (incluindo de saúde,  que os oitentas já se fazem sentir) esta ocasião seria motivo para eu passar parte do dia ao telefone tentando cavaquear um pouco com os meus camaradas luso-americanos.

Tal não me foi possível, mas no caso de os nossos editores acharem que vale a pena incluir o que segue, aqui vai com um abraço para todos.

Se tivesse tido ocasião de falar ao telefone com os meus amigos, muito provavelmente não deixaria de lhes contar como passei o meu "Four of July”. É que embora não tivesse sido nada de especial, este não deixou de ser curioso ou invulgar por ter misturado diversos sabores e lembranças,  Guiné, Eslovénia, Estados Unidos e Portugal. Mesmo arriscando ser insonso, que os meus dotes de narrador não dão para mais, deixem-me explicar:

No passado dia 22 de junho, a “Academia de Bacalhau de Long Island” festejou o seu 14º aniversário. Depois dum bom almoço, entremeado com vários brindes (“Gavião do Penacho, de bico pra cima... de bico pra baixo....vai acima ,vai abaixo…etc. etc. ";  no caso de não saberem ou não se lembrarem o que são, vejam o poste P22494 de 28 de Agosto de 2021), festejando o aniversário da Academia e dos aniversariantes do mês de junho, entre os quais eu me contava, procedeu-se ao leilão dum enorme e belo cabaz que o recheio era bom: vários chouriços; pão caseiro (bem português, feito em casa dum dos compadres, que à semelhança da Tabanca, neste caso também somos todos simples compadres, sem títulos); um presunto, duas garradas de vinho, uma caixa de bolos sortidos etc.

E, no final, o leilão dum bacalhau. Pois não querem saber que a Vilma decidiu que o bacalhau desta vez tinha de ser nosso? E lá foi cobrindo os lances, arrematando sempre até que os outros competidores acharam que estavam a perder o seu tempo e o bacalhau veio mesmo para nossa casa.

O problema foi quando cheguei a casa. "Como vou cortar agora este bacalhau em postas "?,  pensei eu. E comecei a cogitar como me desenrascar, até que me veio uma ideia : usar uma catana, cópia duma que trouxe da Guiné que tenho guardada há bastante tempo. É que nas paredes do meu apartamento constam alguns artefactos da Guiné, Timor Leste, etc., como recordações.

Entre estas recordações constava uma catana, que com as minhas várias mudanças de Pilatos para Herodes ( Inglaterra, França, Alemanha, Brasil, e USA) acabei por perder. Mas aqui há uns anos atrás um vizinho, surpreendido com o meu interesse por uma catana que ele me mostrou e me lembrava a que eu tinha trazido da Guiné, logo ma ofereceu.

 E foi a solução: com duas tábuas e um buraco que consegui perfurar no fim da lâmina da catana arranjei uma engenhoca a imitar um utensílio que tenho visto em lojas quando compro bacalhau. E deu certo…

Os cachorros quentes ("hot dogs") e hambúrgueres grelhados que são a tradição neste dia de aniversário da Nação Americana,  foram pois substituídos pelo nosso bom bacalhau. Eu até já me tinha esquecido que um dia, na véspera da Natal, em vez do "bacalhau com todos”, eu quis mostrar à Vilma que o bacalhau também podia ser cozinhado sem água, preparado apenas com azeite, camadas de cebola, bacalhau e batatas.

A Vilma gostou e foi a lembrança desse prato que a levou a arrematar com sucesso o bacalhau em leilão e a trazê-lo para casa. Que este ano o aniversário da América tinha de ser celebrado também com sabores portugueses e eslovenos. 

E assim foi. A comida eslovena foi representada por uma belíssima salada em que ela é perita: alface, "arugula" (Eruca sativa) (ou rúcula),e agriões, rodelas de cebola e ovos cozidos, "avocados" (abacate) e maçã, feijão e batata cozida…estava mesmo uma delícia. E a vertente portuguesa estava bem representada pelo prato de bacalhau que um dia lhe preparei e que ela não esqueceu mais.

Bom, eu tinha de arranjar maneira de dizer aos meus camaradas que, mesmo escrevendo pouco eu não deixo de ler e seguir com interesse o nosso querido e fabuloso blogue "Luis Graca & Camaradas da Guiné", o blogue da "Magnífica Tabanca da Linha” e de vez em quando ainda outros, perseverados com tanto carinho pelos seus editores e por tantos camaradas que os alimentam com a sua participação. Bem hajam!

De coração um abraçø grande de amizade e gratidão a todos vocês.

João Crisóstomo, Nova Iorque, 4 de julho de 2025
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Nota do editor LG:

Último poste da série > 23 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26836: Tabanca da Diáspora Lusófona (34): João Crisóstomo reconhecido, pela "Tribuna Portuguesa / Portuguese Tribune", da Califórnia, como "Personalidade do Ano 2024"... Outras nomeações: a Sousa Mendes Foundation foi a "Associação do Ano 2024" , e a inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal, o "Evento Cultural do Ano 2024".

terça-feira, 3 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26877: Convívios (1038): Fotorreportagem do 61º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 29 de maio de 2025 (Manuel Resende / Luís Graça ) - Parte IV



Foto nº 29 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés >
Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  O régulo Manuel Resende  a receber os parabéns pelo evento, da parte do  luso-americano João Crisõstomo (que seguiu hoje, mais a sua Vilma, para Nova Iorque, depois de quase dois meses de viagem pela Estónia e Portugal)



Foto nº 30 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés >
Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  Da esquerda para a direita, José Mico (Carnaxide) e Mário Santos (Loulé), dois bravos representantes da FAP
 


Foto nº 31 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > António  Figuinha (Seixal) e Francisco Palma  (Estoril, Cascais)


Foto nº 32 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Abílio Duarte (Amadora) e Daniel Gonçalves (Carcavelos, Cascais)


Foto nº 33 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  > De pé, o José Inácio Leão Varela  (Algés, Oeiras): à sua esquerda, o José Carlos Valente (Amadora)  e o Helder Sousa (Setúbal)



Foto nº 34 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > À esquerda é o José Augusto Batista, e à direita é o seu convidado (GNR), ambos de Palmela. ("O José Augusto Batista foi furriel da minha Companhia, a CCAÇ 2585", diz o Manuel Resende).
 


Foto nº 35> Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  > Emanuel Ribeiro Fernandes   e o José Manuel Azevedo (ambos de Mafra.


Foto nº 36 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 Dinis Souza Faro (São Domingos de Rana, Cascais) , com a esposa (ao centro), e com a Ana Marques, esposa do António Duque Marques (Amadora).



Foto nº 37 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  > João Rebelo (Lisboa), à direita, com o Eduardo Estrela Cacela, V. R.Stº António) e   José Serrano Matias (Évora)
 

Foto nº 38 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > À esquerda , o Alpoim de Sousa Ribeiro (Algés) e à direita o Manuel Carvalho Guerra (Barreiro).


Foto nº 39 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Alfredo Monteiro (Alcabideche), foi da 37ª Comandos em Angola.

Foto nº 40 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025  >  
Raúl Jesus Martins (Caxias, Oeiras).



Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mais fotos do Manuel Resende, do nosso último convívio, em Algés.   Com a ajuda do "régulo" Manuel Resende, identificámos todos os convivas...