Eu e o nosso Blogue
A propósito do próximo 9º aniversário deste espaço de partilha de memórias e afectos, que é o Blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné”, foi lançado um repto aos seus leitores, acompanhantes, membros e participantes, incluindo os ‘vigilantes’, para responderem a um pequeno inquérito, o qual poderá servir para melhor caracterizar o futuro do Blogue, conhecendo as motivações, os gostos e as expectativas daqueles que responderem.
Deste modo, segue-se o meu contributo.
As questões são:
(1) Quando é que descobriste o blogue?
(2) Como e através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando?
(4) Com que regularidade vês/lês o blogue? (diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)
(6) Conheces também a nossa página no Facebook? (Tabanca Grande Luís Graça)
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais?
(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
E as respostas são, pela mesma ordem:
1. Descobri [o Blogue] em Fevereiro de 2007.
2. Depois de muitos anos em que a lembrança da Guiné era ‘calada’, embora cada vez mais fosse mais forte o apelo, encontrei o “Diário [da Guiné”, de António Graça de Abreu, e, através dele, pesquisando nos ‘links’ que lá se encontravam, cheguei ao Blogue.
Comecei a ler, cada vez de forma mais intensa, comovendo-me, irmanando-me, divertindo-me com o que ia lendo e a ‘projectar’ muitas vezes a vivência daqueles tempos.
3. Na sequência do que acima escrevi e para mais concordando inequivocamente com os ‘estatutos’, ‘regras de conduta’, ou lá o que quiserem chamar, balizando os comportamentos dos intervenientes, acabei por decidir que era um espaço que queria compartilhar e pedi para ‘entrar’ de modo a participar no II Encontro que ocorreu em Pombal, salvo erro a 28 de Abril, data do que seria o aniversário do meu Pai
[, Ângelo de Sousa Ferreira, 1921-2001 ,ex -1º Cabo n.º 816/42/5 da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do R.I. 23, São Vicente, Cabo Verde, 1943/44 - foto à esquerda]
Sou, portanto, membro desde Abril de 2007. Existe o
poste P1652, de 11 de Abril de 2007, que refere ‘três novos candidatos’, o José Pereira, eu e o Jorge Teixeira “Portojo”.
4. Vejo o Blogue quase diariamente, alguns dias mais do que uma vez. É uma visita ‘obrigatória’ embora a disponibilidade para poder dar maior sequência às intervenções esteja limitada por questões familiares e profissionais.
5. Sim, tenho enviado algum material para o Blogue. Comentários em quantidade razoável porque são mais rápidos de ‘produzir’ e para que aqueles que escrevem possam aferir se são lidos, sendo que isso pode ser estimulante e motivador para novos contributos.
As fotos são realmente poucas, pois a maior parte delas, as que tirei em Piche e que por lá deixei por esquecimento quando vim embora, perderam-se num ataque a uma coluna em que a caixa em que elas se encontravam foi atingida, tendo o seu portador, o que tinha sido o meu 1º Cabo Guedes, ficado ferido no pescoço.
Relativamente a textos, tenho enviado alguns, com as memórias das vivências daqueles tempos, retratando algumas situações ou personagens com as quais convivi, já que não tendo sido ‘operacional’ não tenho relatos de ‘operações’ por mim vividos, embora tenha como orientação que a nossa presença naquele território foi multifacetada e é o seu conjunto que pode fazer a “História”. Quanto a enviar mais material, pois claro que o farei, logo que seja oportuno, embora goste de ‘dar o lugar aos novos’.
6. Sim, conheço a página no “Facebook”, sou ‘amigo’ dela. [E
tem página pessoal no Facebook]
7. Vou incomparavelmente mais [vezes] ao Blogue.
Aliás, no “Face”, é mais de ‘fugida’ e um ou outro raro comentário. Mas considero importante, útil e essencial que o Blogue esteja reflectido no “Face” já que por aí ganha outra ‘visibilidade’, atinge outro público e até é possível verificar que uma quantidade apreciável dos seus ‘amigos’ não está, ainda, como membro do Blogue.
8. Do que gosto mais no “Face” é aquilo que escrevi cima, ou seja, a capacidade de o Blogue projectar para outro tipo de público, outro tipo de audiência, aquilo que é a sua essência.
No Blogue, o que gosto é, francamente, quase tudo. As memórias das diferentes vivências, dos diferentes locais, dos diferentes tempos, podendo assim ser feito o ‘filme’ da evolução daquela época.
Não é um espaço de uma “Unidade”, de “Companhia”, de “Batalhão”, é uma janela para um espaço comum transversal a todo o tempo do ‘conflito’ e a todo o espaço geográfico. Em terra, no ar e no mar. No ‘mato’ e em Bissau. Nas acções e operações e nas peripécias do dia-a-dia.
9. Do que ‘não gosto’ no “Face” não sei dizer. Insisto em que é importante e necessária a presença do Blogue no “Face”.
Do que não gosto no Blogue é a falta de contenção verbal de alguns comentários, deixando-me particularmente triste quando partem de camaradas que ‘têm obrigação’, pela sua craveira intelectual, de saber que estão a cometer infracção às regras do Blogue e ao mínimo de civilidade no relacionamento que se deve ter.
Por vezes tenho mesmo a sensação que pode ser feito propositadamente para criar um clima de animosidade contra o Blogue com vista a potenciar ‘deserções’ de camaradas ‘incomodados’ com as truculências que provocaram.
10. Não senhor, não tenho tido dificuldades [de acesso].
11. Relativamente à página no “Face” o seu significado é o mesmo que acima referi, ou seja, estar presente numa ‘rede social’ de larga utilização, potenciando o conhecimento do Blogue e dos seus conteúdos a uma mais vasta e diversificada audiência.
Relativamente ao Blogue é muito mais difícil opinar. Para mim o Blogue foi (e é) uma via de reencontrar o passado. Não por saudosismo, inconsequente, nem por revivalismo, mas sim para recuperar explicações.
Através do Blogue tenho obtido um maior, mais vasto e mais profundo conhecimento da Guiné, do ‘meu tempo’ e de outros, tomei conhecimento de episódios que nem de perto os sonhava, conheci amigos, que tenho preservado.
O Blogue é, também, um local onde encontro ‘lições de vida’ de uma forma ‘concentrada’, de revelações de camaradas com jeito para a poesia, para a escrita, para a crónica.
12. Sim, já participei em vários dos nossos “Encontros”. Falhei o “I Encontro”, apesar de ter ocorrido aqui bem mais perto de onde vivo [, na Ameira, em Montemor o Novo], pois nessa altura ainda não conhecia o Blogue, e falhei, salvo erro, o “IV Encontro”, ou seja a segunda vez em Ortigosa.
13. Embora ainda não me tenha inscrito formalmente, é de facto minha intenção estar presente no nosso
VIII Encontro [Nacional], no próximo dia 8 de Junho, em Monte Real [, Leiria].
A minha demora na inscrição prende-se com a saúde de um amigo que gostaria de levar e que está à espera de ser alvo de uma intervenção cirúrgica.
14. Se o Blogue ‘ainda tem fôlego, força anímica, garra, para continuar'... Já li por aqui coisas bem interessantes sobre o que alguns camaradas pensam disso. Palavras de incentivo, de afirmação de vontade, de bom senso.
Também penso que sim, que ‘ainda tem’ isso tudo. O Blogue! Mas, e as pessoas que lhe dão corpo? O desgaste é grande, a ‘batalha’ já é prolongada, a idade já vai ‘pesando’.
No entanto, a razão de ser da sua ‘criação’, que se revelou extremamente acertada, útil e até indispensável, não se esgotou.
Através do Blogue criou-se uma imensa rede de amizades, de conhecimentos, de cumplicidades, fizeram-se amigos, reencontraram-se outros, potenciaram-se “tabancas” para alegres convívios comensais e não só, criaram-se ‘grupos de trabalho’ para originar obras, incentivou-se camaradas a escrever as suas memórias, criou-se um imenso acervo fotográfico, deu-se voz a acções de cooperantes para se compreender que as novas gerações também sentem pela Guiné muito do que nós sentimos, possibilitou a ‘revelação’ de escritores e poetas, ajudou em trabalhos de estudo e de pesquisa, e muito mais.
Então, a questão não é se o Blogue tem isso tudo que é perguntado mas sim se as pessoas, e essas pessoas são os que dia-a-dia corporizam o Blogue, têm esses predicados.
E as pessoas não são só os Editores são, essencialmente, todos nós, os que lemos, os que queremos mais, os que fazem (ou fizeram) ‘blogueterapia’, os que ainda não contaram tudo.
15. As “outras críticas, sugestões e comentários” vão no sentido de apelar à contínua colaboração dos leitores do Blogue para que contribuam com mais material.
Pode-se pensar, ou dizer, que ‘já foi tudo dito’, que há temas ou assuntos que ‘já não se pode ouvir falar’, que os camaradas já contaram as suas vivências e que agora não têm mais, a não ser que inventem ou que romanceiem, mas isto não é totalmente verdade, basta ver dois ou três pequenos exemplos, como o caso do “Cifra”, do Veríssimo dos ‘melhores 40 meses da vida’ e do ‘sou amanuense, porra!’ para se perceber que há mais aspectos que ainda nos podem surpreender, tanto no conteúdo como nos intervenientes.
E é tudo! Um bom aniversário e votos de “quantos muitos” ao nosso querido Blogue.
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Nota do editor:
Último poste da série > 16 de abril de 2013 >
Guiné 63/74 - P11404: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (8): Resposta nº 16: Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)