terça-feira, 16 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11408: Revivendo (Felismina Costa)

Mais um belo trabalho escrito da nossa amiga tertuliana
 Felismina Costa / Felismina Mealha


 Igreja Matriz de Santiago do Cacém
Com a devida vénia à Câmara Municipal de Santiago do Cacém


Revivendo

Longa a Planície entre Santiago do Cacém e Alcácer do Sal!
O dia, já Primaveril, favorecia o abrir das flores que salpicavam o chão por debaixo dos pinheiros e sobreiros.
O amarelo dos tojos e das giestas alegram e suavizam a rusticidade da paisagem.
De quando enquando, o branco sujo dos saramagos, faz-se notar aqui e além, destacando-se no tapete verde, muito bem tecido em toda a extensão observada.
Sob a ponte, o Sado corre turvo, sujo da terra que arrasta consigo na corrente forte. Algumas garças sobrevoam-no elegantemente.
Alguns braços de rio, alagam as zonas baixas, onde o sol quando espreita, se reflete alegremente.
As estevas floridas pareciam árvores de Natal da minha infância, salpicadas de algodão branco que substituía a neve, que raramente ali caia.
As nuvens, na linha do horizonte, desenham uma barra onde em camadas se sobrepõem, que rápidamente crescem desenhando contornos fabulosos.
A planície vai ficando para trás à medida que se aproxima a serra de Grândola, onde o sobreiro é rei.
A noroeste, a serra da Arrábida evidência o castelo altaneiro rodeado pelo desenho extraordinário das nuvens que o ladeiam. Numa linha longitudinal a serra vai crescendo até se despenhar no verde e lindíssimo Oceano que ela segura.
Pelas curvas da serra o silêncio reina. As aves, são ainda poucas as que se mostram. Há um sussurro que os meus ouvidos atentos registam!
O som da terra!
Um som familiar que canta e encanta. Que acalma e exalta, que nos adormece e acorda para a espantosa realidade do milagre de cada dia.
Dentro em breve, toda a terra florescerá em desenhos e cores esplendorosas, e o silêncio agora reinante, será então um entoar de hinos à Mãe Natureza, por ter guardado a semente e a fazer germinar mais uma vez.
Eu sou eternamente grata, por me ser dado observar mais uma vez, o parto magnífico donde emergem as mais belas flores e o pão da vida.
Mas, de novo na cidade, mergulho na correria das gentes apressadas, que convergem para os mesmos locais, na presa de se encontrarem como os filhos que crescem longe de si, fechados numa creche ou entregues a si próprios, sem verem crescer as flores e ouvir o cantar das aves.
E sinto pena!

Felismina mealha
2/4/2013
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Guiné 63/74 - P11407: Agenda cultural (260): Programa da RTP, "A Guerra", composto por 42 episódios, em 4 Temporadas, está a ser exibido às quartas feiras... A série acaba dentro de 4 semanas, com os últimos episódios da IV (e última) Temporada

1.  Da direcção de produção do programa da RTP "A Guerra",  realizado pro Joaquim Furtado recebemos a seguinte informação, para divulgação no blogue:


Para o blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné, envio, julgando corresponder ao pedido, alguns elementos sobre a série, terminando com a sinopse do episódio da próxima quarta-feira [, dia 17 de abril de 2013,`na RTP1, àss 22h48].

Poderei, se esse for o interesse do blogue, enviar semanalmente, as sinopses dos três outros (últimos) episódios.

Obrigado
Joaquim Furtado



1. A RTP 1 está a terminar a exibição da série "A Guerra", composta por 42 episódios. Estão editados em DVD apenas 18, correspondentes à primeira e à segunda temporadas. Houve depois uma terceira temporada (6 episódios), estando agora em exibição os 18 episódios finais. Estão a ser emitidos às quartas-feiras, faltando apresentar quatro (referentes ao período que culmina com o 25 de Abril de 1974).

O próximo episódio, a emitir no dia 17, regista o crescente isolamento internacional de Portugal, na sequência da proclamação unilateral da independência da Guiné, pelo PAIGC. Por outro lado, trata da iniciativa de Jorge Jardim que, em Moçambique e à revelia de Marcello Caetano, abre uma via para o diálogo com a Frelimo, através da Zâmbia. Com o chamado Programa de Lusaka pensa ter encontrado o caminho para o seu projecto onde procura envolver realidades tão distintas como os Grupos Especiais de Paraquedistas e os concursos de misses. Espera contar com figuras como Domingos Arouca, Máximo Dias e Joana Simeão. 

Nomes que aderem ao reformismo de Marcello Caetano no qual acreditam também os setores que organizam o I Congresso dos Combatentes do Ultramar. Uma iniciativa de que se demarcam cerca de 400 oficiais do Quadro Permanente, facto que representou uma primeira atitude de indisciplina colectiva, no âmbito militar. 

Os decretos que regulavam o acesso de milicianos ao Quadro vieram, nos meses seguintes, criar um descontentamento que, gradualmente, se tornou político e conduziu à criação do Movimento das Forças Armadas. 

Já no início de 1974, a morte de uma fazendeira portuguesa, desencadeou uma revolta entre os colonos que acusaram a tropa de inércia perante a FRELIMO. Um factor que contribuiu para a estimular o avanço do movimento militar que culminaria com o 25 de Abril.

2. Apresentação da série, segundo a página oficial da RTP (relativamente à III Temporada):

Joaquim Furtado tem procurado, com esta série documental, descrever o que foi a guerra (nos seus aspectos militares, políticos e sociais) que, entre 1961 e 1974, opôs as forças armadas portuguesas e os movimentos de guerrilha que lutavam pela independência de Angola, de Moçambique e da Guiné, territórios então sob administração portuguesa. Um conflito que os africanos designaram por guerra de libertação nacional, e os portugueses por guerra do Ultramar ou guerra colonial.

O autor assenta a estruturação do trabalho em alguns pilares fundamentais:

 (i) filmes, fotografias e documentação da época (foram consultados de forma exaustiva, os principais acervos disponíveis); 

(ii) entrevistas com os protagonistas do conflito, militares e civis, africanos e portugueses (foram gravados mais de duas centenas de testemunhos); 

(iii) reportagens em lugares especialmente significativos da guerra (com a presença e o encontro entre si de portugueses e africanos, ex-combatentes); 

(iv) “reconstituição” gráfica de alguns dos principais episódios militares que marcaram o conflito.

O recurso a gravações radiofónicas da época permitiu complementar imagens, até aí limitadas na sua expressão.

Do material recolhido resultou a revelação e aprofundamento de muita documentação, tendo havido a preocupação de contextualizar esse material, nomeadamente filmes. Por outro lado, quanto aos testemunhos, o objectivo do projecto foi favorecido pelo facto de terem passado mais de trinta anos sobre o fim do conflito, o que se traduziu numa maior disponibilidade, por parte dos entrevistados, para a abordagem de assuntos traumáticos como os que a guerra envolve.

O autor procura narrar o conflito ao ritmo a que ele se desenrolou, em simultâneo, em Angola, na Guiné e em Moçambique pelo que, cada episódio contempla sempre mais do que um dos territórios. (...)

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Guiné 63/74 - P11406: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (65): Carlos Afeitos encontra, em 2011, restos da CCAÇ 1422 (1965/67), no K3 / Saliquinhedim


K3 > Entrada


K3 > Começo do antigo heliporto


K3 > Antigo heliporto


K3 > Foto nº 70 > S/legenda


K3 > Foto nº 71 > S/legenda


K3 > Foto nº 72 > S/legenda


K3 > "Penso que seria a entrada da sala de transmissões"



K3 > Foto nº 69 > "Uma placa que agora é a entrada da casa de um popular [e onde ainda é visível o nº  da CCAÇ 1422, a companhia do Veríssimo Ferreira!...É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!]


K3 > "Um dos edifícios transformados em escola"

Fotos do álbum de Carlos Afeitos, presumivelmente datadas de 2011.

Fotos (e legendas) ©: Carlos Afeitos (2013). Todos os direitos reservados


1. Em 17 de fevereiro último, o nosso camarada Veríssimo Ferreira fez este pedido ao  Carlos Afeitos, professor de matemática, cooperante na Guiné-Bissau, durante 4 anos (2008-2012), a residir neste momento em Londres, e nosso novo grã-tabanqueiro, com o nº 606 (, desde 19/2/2013):

17/2/2013

Caro Senhor Professor Carlos Afeitos:

Falou que tem fotos do meu velhinho K3, que ajudei a fazer e onde estive em 1966. Se quiser fazer o favor, que muito agradeço, envie lá essas fotos, logo que tenha pr' sí uns minutos vagos. Seja bem-vindo e obrigado.
Veríssimo Ferreira
ex-fur mil,
CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858
Farim, Mansabá, K3 (1965/67),

Email: verissimoferreira@sapo.pt

 
Guiné > Região do Oio > K3 > Um abrigo... A identificação da companhia (CCAÇ 1422),  desenhada com garafas de cerveja vazias... O K3 começou a ser construído pela CCAÇ 1421. A CCAÇ 1422 saiu de Mansabá para tomar posse e completar a construção do aquartelamento.

Foto: © Veríssimo Ferreira (2013). Todos os direitos reservados



2. Resposta, no mesmo dia, do Carlos Afeitos 
[, foto à direita,]:


Estive a rever as fotos que tenho do K3, não são muitas e se calhar não foram tiradas do melhor ângulo, mas envio as que tenho.

Não consigo identificar as restantes fotos, uma delas é relativamente a uma placa que agora é a entrada da casa de um popular.

Quando visitei esta povoação,  estivemos a falar com o guineense que tinha sido um ex-militar português. Mostrou-nos a cédula militar, que ainda guarda, e um papel da Embaixada Portuguesa em que se confirma que foi militar português na guerra. Eles explicou-nos que após o final da guerra teve que fugir, pois a sua vida estava em perigo. Voltou mais tarde e agora vive em K3.

Uma das fotografias é uma escola, melhor o interior de uma sala de aula. Não tenho a certeza se a mesma é do tempo do quartel militar ou se foram aproveitadas as instalações do quartel para fazer a sala de aula. Mas penso que é do tempo em que se construíram as escolas dentro dos aquartelamentos no seguimento da política da altura. É com muita pena minha que não tenho a fotografia, mas penso que também existe uma estátua de um militar a ensinar. Não tenho a certeza se é em K3 ou em Mansabá.

Também tenho algumas fotos de Mansabá e de um quartel militar perto de Farim, a 1 km para oeste,  que não sei como se chama.

Com os melhores cumprimentos

Carlos Afeitos

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11318: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (64): Amigos brasileiros (Vasco Pires)

Guiné 63/74 - P11405: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (9): Resposta nº 17: Hélder de Sousa,ex-fur mil de Trms TSF (Piche e Bissau, 1970/72), membro da Tabanca Grande desde abril de 2007 e nosso colaborador permanente




Guiné > Bissau > Foto nº 1 > O Hélder de Sousa junto ao cais.




Guiné > Bissau > Foto nº 5 > O Hélder de Sousa em dia de aniversário, junto ao palácio do governador



Guiné > Zona leste  > Piche > Foto nº 11 >  Algures... em Piche

Fotos do álbum (esquecido...) do Hélder de Sousa


Fotos: © Hélder de Sousa  (2007). Todos os direitos reservados

A. Continuação da respostas ao inquérito por questionário aos nossos leitores. Resposta nº 17: Hélder de Sousa, ex-fur mil de TRMS TSF (Piche e Bissau, 1970/72), ribatejano, engenheiro técncio, residente em Setúbal, membro da Tabanca Grande desde abril de 2007 e nosso colaborador permanente:

Caros camaradas
Aqui vai a minha colaboração com as respostas às questões colocadas a propósito do 9º aniversário do nosso Blogue.

Saiu um pouco mais extenso do que o 'estilo telegráfico' que poderia ser mais fácil de ler mas fui pensando e escrevendo e reflectindo e acabou por sair o que vos envio.

Um grande abraço.


B. Resposta nº 17 >  Hélder de Sousa

Eu e o nosso Blogue

A propósito do próximo 9º aniversário deste espaço de partilha de memórias e afectos, que é o Blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné”, foi lançado um repto aos seus leitores, acompanhantes, membros e participantes, incluindo os ‘vigilantes’, para responderem a um pequeno inquérito, o qual poderá servir para melhor caracterizar o futuro do Blogue, conhecendo as motivações, os gostos e as expectativas daqueles que responderem.

Deste modo, segue-se o meu contributo.

As questões são:

(1) Quando é que descobriste o blogue?
(2) Como e através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando?
(4) Com que regularidade vês/lês o blogue? (diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)
(6) Conheces também a nossa página no Facebook? (Tabanca Grande Luís Graça)
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais?
(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.



E as respostas são, pela mesma ordem:

1. Descobri [o Blogue]  em Fevereiro de 2007.

2. Depois de muitos anos em que a lembrança da Guiné era ‘calada’, embora cada vez mais fosse mais forte o apelo, encontrei o “Diário [da Guiné”,  de António Graça de Abreu,  e, através dele, pesquisando nos ‘links’ que lá se encontravam, cheguei ao Blogue.

Comecei a ler, cada vez de forma mais intensa, comovendo-me, irmanando-me, divertindo-me com o que ia lendo e a ‘projectar’ muitas vezes a vivência daqueles tempos.


3. Na sequência do que acima escrevi e para mais concordando inequivocamente com os ‘estatutos’, ‘regras de conduta’, ou lá o que quiserem chamar, balizando os comportamentos dos intervenientes, acabei por decidir que era um espaço que queria compartilhar e pedi para ‘entrar’ de modo a participar no II Encontro que ocorreu em Pombal, salvo erro a 28 de Abril, data do que seria o aniversário do meu Pai [, Ângelo de Sousa Ferreira,  1921-2001 ,ex -1º Cabo n.º 816/42/5 da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do R.I. 23, São Vicente, Cabo Verde, 1943/44 - foto à esquerda]

Sou, portanto, membro desde Abril de 2007. Existe o poste P1652, de 11 de Abril de 2007, que refere ‘três novos candidatos’, o José Pereira, eu e o Jorge Teixeira “Portojo”.

4. Vejo o Blogue quase diariamente, alguns dias mais do que uma vez. É uma visita ‘obrigatória’ embora a disponibilidade para poder dar maior sequência às intervenções esteja limitada por questões familiares e profissionais.

5. Sim, tenho enviado algum material para o Blogue. Comentários em quantidade razoável porque são mais rápidos de ‘produzir’ e para que aqueles que escrevem possam aferir se são lidos, sendo que isso pode ser estimulante e motivador para novos contributos.






As fotos são realmente poucas, pois a maior parte delas, as que tirei em Piche e que por lá deixei por esquecimento quando vim embora, perderam-se num ataque a uma coluna em que a caixa em que elas se encontravam foi atingida, tendo o seu portador, o que tinha sido o meu 1º Cabo Guedes, ficado ferido no pescoço.

Relativamente a textos, tenho enviado alguns, com as memórias das vivências daqueles tempos, retratando algumas situações ou personagens com as quais convivi, já que não tendo sido ‘operacional’ não tenho relatos de ‘operações’ por mim vividos, embora tenha como orientação que a nossa presença naquele território foi multifacetada e é o seu conjunto que pode fazer a “História”. Quanto a enviar mais material, pois claro que o farei, logo que seja oportuno, embora goste de ‘dar o lugar aos novos’.

6. Sim, conheço a página no “Facebook”, sou ‘amigo’ dela. [E tem página pessoal no Facebook]

7. Vou incomparavelmente mais [vezes] ao Blogue.

Aliás, no “Face”, é mais de ‘fugida’ e um ou outro raro comentário. Mas considero importante, útil e essencial que o Blogue esteja reflectido no “Face” já que por aí ganha outra ‘visibilidade’, atinge outro público e até é possível verificar que uma quantidade apreciável dos seus ‘amigos’ não está, ainda, como membro do Blogue.

8. Do que gosto mais no “Face” é aquilo que escrevi cima, ou seja, a capacidade de o Blogue projectar para outro tipo de público, outro tipo de audiência, aquilo que é a sua essência.

No Blogue, o que gosto é, francamente, quase tudo. As memórias das diferentes vivências, dos diferentes locais, dos diferentes tempos, podendo assim ser feito o ‘filme’ da evolução daquela época.

Não é um espaço de uma “Unidade”, de “Companhia”, de “Batalhão”, é uma janela para um espaço comum transversal a todo o tempo do ‘conflito’ e a todo o espaço geográfico. Em terra, no ar e no mar. No ‘mato’ e em Bissau. Nas acções e operações e nas peripécias do dia-a-dia.

9. Do que ‘não gosto’ no “Face” não sei dizer. Insisto em que é importante e necessária a presença do Blogue no “Face”.

Do que não gosto no Blogue é a falta de contenção verbal de alguns comentários, deixando-me particularmente triste quando partem de camaradas que ‘têm obrigação’, pela sua craveira intelectual, de saber que estão a cometer infracção às regras do Blogue e ao mínimo de civilidade no relacionamento que se deve ter.

Por vezes tenho mesmo a sensação que pode ser feito propositadamente para criar um clima de animosidade contra o Blogue com vista a potenciar ‘deserções’ de camaradas ‘incomodados’ com as truculências que provocaram.

10. Não senhor, não tenho tido dificuldades [de acesso].

11. Relativamente à página no “Face” o seu significado é o mesmo que acima referi, ou seja, estar presente numa ‘rede social’ de larga utilização, potenciando o conhecimento do Blogue e dos seus conteúdos a uma mais vasta e diversificada audiência.

Relativamente ao Blogue é muito mais difícil opinar. Para mim o Blogue foi (e é) uma via de reencontrar o passado. Não por saudosismo, inconsequente, nem por revivalismo, mas sim para recuperar explicações.

Através do Blogue tenho obtido um maior, mais vasto e mais profundo conhecimento da Guiné, do ‘meu tempo’ e de outros, tomei conhecimento de episódios que nem de perto os sonhava, conheci amigos, que tenho preservado.

O Blogue é, também, um local onde encontro ‘lições de vida’ de uma forma ‘concentrada’, de revelações de camaradas com jeito para a poesia, para a escrita, para a crónica.

12. Sim, já participei em vários dos nossos “Encontros”. Falhei o “I Encontro”, apesar de ter ocorrido aqui bem mais perto de onde vivo [, na Ameira, em Montemor o Novo], pois nessa altura ainda não conhecia o Blogue, e falhei, salvo erro, o “IV Encontro”, ou seja a segunda vez em Ortigosa.

13. Embora ainda não me tenha inscrito formalmente, é de facto minha intenção estar presente no nosso VIII Encontro [Nacional],  no próximo dia 8 de Junho,  em Monte Real [, Leiria].

A minha demora na inscrição prende-se com a saúde de um amigo que gostaria de levar e que está à espera de ser alvo de uma intervenção cirúrgica.

14. Se o Blogue ‘ainda tem fôlego, força anímica, garra, para continuar'... Já li por aqui coisas bem interessantes sobre o que alguns camaradas pensam disso. Palavras de incentivo, de afirmação de vontade, de bom senso.

Também penso que sim, que ‘ainda tem’ isso tudo. O Blogue! Mas, e as pessoas que lhe dão corpo? O desgaste é grande, a ‘batalha’ já é prolongada, a idade já vai ‘pesando’.

No entanto, a razão de ser da sua ‘criação’, que se revelou extremamente acertada, útil e até indispensável, não se esgotou.

Através do Blogue criou-se uma imensa rede de amizades, de conhecimentos, de cumplicidades, fizeram-se amigos, reencontraram-se outros, potenciaram-se “tabancas” para alegres convívios comensais e não só, criaram-se ‘grupos de trabalho’ para originar obras, incentivou-se camaradas a escrever as suas memórias, criou-se um imenso acervo fotográfico, deu-se voz a acções de cooperantes para se compreender que as novas gerações também sentem pela Guiné muito do que nós sentimos, possibilitou a ‘revelação’ de escritores e poetas, ajudou em trabalhos de estudo e de pesquisa, e muito mais.

Então, a questão não é se o Blogue tem isso tudo que é perguntado mas sim se as pessoas, e essas pessoas são os que dia-a-dia corporizam o Blogue, têm esses predicados.

E as pessoas não são só os Editores são, essencialmente, todos nós, os que lemos, os que queremos mais, os que fazem (ou fizeram) ‘blogueterapia’, os que ainda não contaram tudo.

15. As “outras críticas, sugestões e comentários” vão no sentido de apelar à contínua colaboração dos leitores do Blogue para que contribuam com mais material.

Pode-se pensar, ou dizer, que ‘já foi tudo dito’, que há temas ou assuntos que ‘já não se pode ouvir falar’, que os camaradas já contaram as suas vivências e que agora não têm mais, a não ser que inventem ou que romanceiem, mas isto não é totalmente verdade, basta ver dois ou três pequenos exemplos, como o caso do “Cifra”, do Veríssimo dos ‘melhores 40 meses da vida’ e do ‘sou amanuense, porra!’ para se perceber que há mais aspectos que ainda nos podem surpreender, tanto no conteúdo como nos intervenientes.

E é tudo! Um bom aniversário e votos de “quantos muitos” ao nosso querido Blogue.

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11404: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (8): Resposta nº 16: Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)

Guiné 63/74 - P11404: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (8): Resposta nº 16: Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART do BART 6520/72 (Tite,  1972/74)  > Aspeto parcial do aquartelamento. Foto " tirada da torre em direção ao posto de enfermagem". 

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2012). Todos os direitos reservados


A. Continuação da publicação de respostas ao nosso "questionário aos leitores do blogue" (*). A resposta nº 16 cabe ao nosso amigo e camarada Jorge Pinto [ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74),membro da nossa Tabnaca Grande desde 17/4/2012]:

Camarada e amigo Luís Graça

Acabo de ler o teu mail e vou tentar responder, já... Devo-te uma resposta e receio que envolvido com os netos e a vida intensa que ainda levo, o tempo vá passando e ...

Tive conhecimento do Blogue, através do nosso conhecido amigo e tabanqueiro Luís Moreira, há cerca de um ano e meio. Depois de ler, verificar que a temática "me tocava diretamente" e a organização/funcionamento me agradava, resolvi pedir para também pertencer como membro da Tabanca Grande. [1, 2, 3]

Contudo, durante este último ano, devido à vida ocupadíssima que tenho tido, não tenho tido tempo para participar no Blogue como inicialmente planeava e me propus (**). [4]

Tenho muitas fotos, principalmente de Fulacunda, mas pelo que verifico são muito idênticas a outras, de aquartelamentos similares, já publicadas no Blogue... [5]

Quero, no entanto, afirmar que para mim este Blogue faz sentido e tem utilidade.É um forum excecional, de exposição de ideias, opiniões, experiências e sobretudo de "noticia", sobre factos importantes para a compreensão da Nação Portuguesa e Guineense que, hoje, somos.

É igualmente um espaço de leitura no qual nos embrenhamos não dando pelo tempo passar. É igualmente um óptimo local de encontro de amigos especiais. [8, 11] 

[ Foto à esquerda: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> A Joana Graça e o Jorge Pinto] 


Estive no último Grande Encontro Nacional e espero estar também presente no próximo, dia 8 de Junho, em Monte Real. [12, 13]

Recebe o meu forte alfa bravo e minha admiração pela dedicação a este projecto.

Jorge Pinto (**)
____________

Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 15 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11397: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (7): Resposta nº 15: José Martins, ex- fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos (Canjadude, 1968/1970) e nosso colaborador permanente


(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

(**) (...) "Meu nome completo é Joaquim Jorge Loureiro Pinto, sendo mais conhecido por Jorge Pinto ou Alferes Pinto. Depois de ter passado por EPI (Mafra), EPA (Vendas Novas), EPA (Tancos) e RAL 5 (Penafiel) voei para a Guiné a 23 de Junho de 1972, integrado na 3.ª CART do BART 6520/72, sediado em Tite.

"Sou natural de Alcobaça e vivo actualmente em Sintra. Após o meu regresso da Guiné, completei a licenciatura em História, dedicando-me, a par de outras ocupações, ao ensino secundário, gestão escolar e formação pedagógica de professores" (...)

(...) A sede do Batalhão em Tite, a 1.ª CART em Jabadá, 2.ª CART em Nova Sintra e a 3.ª CART em Fulacunda, onde fomos render os Capicuas (1970/72). Mais tarde (1973), a minha companhia (3.ª CART) passou a pertencer ao comando do COP 7.

Embarquei numa LDM e lá fui pelos braços de mar em período de maré cheia até próximo de Fulacunda. Daí segui numa GMC (cerca de 2 Km), até ao quartel onde acabei por permanecer durante 26 meses. É sobre esse período que irei tentar redigir alguns artigos, abordando várias vertentes: Usos e costumes da população Beafada ali residente, Guerra e os seus feridos (não tivemos felizmente mortos), o quotidiano no quartel, o 25 de Abril em Fulacunda, vinda de representantes do PAIGC a Fulacunda, em Julho de 1974, conversas com a população africana sobre a “mudança” que o “25 Abril” iria provocar… Enviarei igualmente fotos “desse tempo” relacionadas com a respectiva matéria. (...)

Guiné 63/74 - P11403: Tabanca Grande (393): Carlos Fraga, ex-alf mil, 3ª C/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1973) e ex-cap mil (Moçambique, 1974), nosso grã-tabanqueiro nº 611



Carlos Fraga, hoje... Vive em Faro





Foto nº 79 > O Carlos Fraga, ex-alf mil, 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1973)78 > "Numa operação de patrulha. Creio que foi numa picada que ia de Mansabá em direcção ao Sara-Changalena, picada que não era utilizada há anos e que pretendiam reabrir para reabrir o acesso directo a uma localidade que não me lembro o nome, picada essa que atravessava o Sara-ChangalenaDurante Intervalo para almoço. O calor era tanto que tirei o dolmen para o torcer encharcado de humidade. Outro pormenor. Tínhamos sempre as armas prontas. Almoçava-se ou descansava-se com elas ao colo ou mesmo à mão."





Foto nº 85 > Trincheiras reforçadas com bidões cheios de terra no quartel de Mansabá

Fotos: © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados



1. Mensagens enviadas pelo  Carlos Fraga, que passa hoje a integrar a  nossa Tabanca Grande, sob o nº de ordem  611.


(i) 6 de abril de 2013

Caro Luís

Terei muito prazer em fazer parte da Tabanca Grande e em partilhar as minhas experiências da Guiné. O tempo que passei por lá é inesquecível e os convívios periódicos da 3ª Comp a que tenho ido (não todos) são óptimos.

Envio-lhe mais umas fotos da Guiné tiradas por mim. Há algumas que faltam mas terei que rever os slides todos e os negativos para detectar exactamente quais.

Mando-lhe uma listagem em anexo de legenda dos slides do DVD que o nosso comum amigo Jorge lhe enviou partindo do principio que a ordem é idêntica à do CD que também me enviou.

Não tenho nenhum obstáculo a que utilize no seu blogue as fotos desde que mencione a origem. Quanto às que adquiri e, como referi no mail, idem, desde que mencione que foram cedidas por mim sendo de autores desconhecidos.

A mim preocupava-me documentar a guerra na Guiné, como vivíamos, o que se passava etc. Daí os slides e fotos que tirei. Levava as máquinas fotográficas comigo para o mato. Pena terem-se estragado 2 rolos ( ou já estariam estragados) pelo que muitas das fotos que tirei foram à vida. Para além desses comprei a militares as fotos que consegui.

O Jorge [Canhão] já o informou do meu percurso militar. Como curiosidade digo-lhe que tomei conhecimento do MFA e aderi a ele logo mesmo quando começou. Como já se sabe, teve início na Guiné em 1973 a partir de uma reunião de oficiais em Bissau. Nesse mesmo dia em Mansoa soube do que se passava e aderi.

De regresso a Mafra, e aí já como tenente, o meu superior dentro do MFA era o Ten Marques Júnior. Posteriormente fui formar batalhão em Penafiel onde o meu superior hierárquico dentro do MFA era o famoso Cap Dinis de Almeida (fala um pouco de mim nessa altura no seu livro «Origem e evolução do movimento dos capitães»).

No dia 25 de Abril com várias vicissitudes fui para o Porto fazer o pronunciamento militar.

Posteriormente fui como Capitão Miliciano para Moçambique, comandando uma companhia durante a descolonização. Acabei nos Açores nos resquícios do Verão quente nos Açores. Ainda apanhei, também, o PREC, o 25 de Novembro. Sou me escapou o 11 de Março, em que estava de licença.

Cumprimentos

C. Fraga

(ii) 9 de abril de 2013

Caro Doutro Luís Graça

Tenho estado a ver o blog e creio que ainda não o vi todo.

A experiência da Guiné é inesquecível para quem por lá tenha passado sobretudo aqueles que estiveram em zonas de combate. Quando cheguei à Guiném  Guileje acabara de cair e também por essa altura houve a questão de Guidage. Havia muita apreensão entre as NT. Tentei documentar o que por lá se passava, o que tínhamos, como vivíamos, transmitir a dureza da guerra em que estávamos envolvidos e, se possível, até imagens de combate. Daí a série de fotografias que tirei de alguns sítios por onde ia andando. Outras, dado o meu interesse, adquiri-as. Mandei-lhas separadas e com indicação expressa de umas e outras.

 O vosso Blog é bem vindo e creio que partilhar as experiências e as imagens da Guiné é óptimo tanto para informação como para manter o espírito da geração que por lá passou. Assim dá-me muito prazer partilhar. Qual o vosso critério de publicação de experiências, de fotos etc. Terei gosto em participar no vosso blog dentro das orientações do mesmo, em que sejam publicadas as fotos para que não fiquem apenas em arquivo individual. Cumprimentos e um abraço C. Fraga

 PS. Irei ao almoço do dia 27 em Faro


2. Comentário de L.G., com data de 10 do corrente:

Meu caro camarada Carlos Fraga;

Temos um livro de estilo, donde constam basicamente 10 regras que orientam a nossa política editorial (e que já vêm da I Série do Blogue):

Por outro lado, e como antigos camaradas de armas que fomos, tratamo-nos por tu. Carlos, vou-te apresentar à Tabanca Grande. Tenho muito apreço pelo teu CV. Estiveste, ao serviço da pátria, numa época charneira da nossa história. Foste ator social e testemunha privilegiada. A tua presença muito me/nos honra. Manda uma foto tua, atual, se possível. Um Alfa Bravo. Luís

3. Resposta do C.F., com data de 11 do corrente:

Obrigado pelas respostas.

Agora que entrei nisto que me agrada,  dir-me-ás como mentor do Blog e editor como pensas que se podem publicar as minhas fotos e, eventualmente, inseri-las num contexto.

Como solicitaste,  envio-te uma foto minha (a mesma que está no perfil do facebook). Tem para aí 3 anos
Abraço
C. Fraga

4. Novo comentário de L.G., com data de 11 do corrente:

Grande Carlos:

Obrigado. Vou-te apresentar à Tabanca Grande, se possível ainda hoje.. Serás o grã-tabanqueiro nº 611. As tuas fotos (e as respetivas legendas) terão direito a uma série própria...A numeração das fotos do teu CD não bate certo com as que me mandou o Jorge Canhão (via Agostinho Gaspar)... Em caso de dúvida, peço a tua ajuda... Tens documentos do teu tempo de Guiné que julgues de interesse divulgar ? E histórias ? Já percebi que tens jeito para a escrita...

Aí vai um Alfa Bravo. Luis

5. Nova mensagem do Carlos Fraga, com data de 12 do corrente:

Agradeço a minha inclusão na Tabanca Grande.

Tudo bem, fazeres uma sére com as minhas fotos. Obrigado. Talvez escreva umas curtas histórias dizendo o que significam e os porquês. Tenho jeito para a escrita mas de livros e artigos científicos. Para romance, contos etc. já não tenho esse jeito com muita pena minha. Já me pediram para escrever um livreco sobre o meu tempo de Guiné e o de Moçambique mas para isso não tenho muito jeito: Escrevi a pedido do Jorge Canhão uma curta história sobre o combate no Choquemone que, creio, o Jorge divulgou pela malta que lá estava a ver se alguém queria acrescentar algo para se poder contar a história o mais completa e verídico possível.

Talvez vá encontrando em caixotes alguma coisa escrita do tempo da Guiné mas será muito pouco. A correspondência enviada à minha ex-mulher e à minha filha, creio que se perdeu toda numa inundação que houve em casa dos meus ex-sogros. Quanto à enviada aos meus pais assaltaram-nos uma casa onde tínhamos a papelada e levaram tudo. De forma que é muito pouco provável que se encontre muita coisa. Mas irei vendo.

Para ficares mais informado sobre mim fui juiz durante mais de 20 anos, fiz o Mestrado e o Doutoramento (Direito Constitucional-Direitos Fundamentais) e sou investigador integrado do CAPP, ISCSP, Universidade Técnica de Lisboa (UTL).

Abraço
C. Fraga


6. Comentário final de L.G.:

Carlos, vejo que para além da guerra colonial, da Guiné e do 25 de Abril, temos mais afinidades... Conheço o ISCSP, fiz lá o 1º ano em 1975/76, o Salgueiro Maia foi meu colega (ele andava em antropologia e eu em ciências sociais). Depois passei pelo ISEG (2º ano) e acabei no ISCTE (3º 4º e 5º) onde me licenciei em sociologia (a primeira fornada de sociólogos; não havia sociologia antes do 25 de abril). Sou doutorado em saúde pública. Obrigado por estas informações adicionais que vou integrar na tua apresentação. Um Alfa Bravo. Luis Graça
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P11402: Memória dos lugares (229): Bafatá dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)

1. Em mensagem do dia 17 de Março de 2013, o nosso camarada Leopoldo Correia (ex-Fur Mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65), enviou-nos para publicação algumas fotos de Bafatá do ano de 1959.


1. Fotos de Bafatá, de 1959, tiradas por um familiar ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa filha do senhor Faraha Heneni


Foto nº 1 > Cheias de Bafatá, 1959



Foto nº 2 > Cheias de Bafatá, 1959. O mercado local.


Foto nº 3 > Cheias de Bafatá, 1959


Foto nº 4 > Bafatá, 1959. "A fonte pública de Bafatá, 1948".



Foto nº 5 > Bafatá, 1959. O jardim, junto ao Rio Geba. Estátua de Oliveira Muzanty


Foto nº 6 > Bafatá, 1959.  Um estabelecimento comercial [Presume-se que seja a Casa Marques da Silva]



Foto nº 7 > A família Marques da  Silva em Bafatá, em 1959. O rapaz ao centro da foto era o Xico, filho de uma Balanta e do Marques da Silva, ambos já faleceram. Talvez alguns dos nossos camaradas desse tempo ainda se recordem deles.
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Nota do editor:

Último poste da série de 15 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11401: Memória dos lugares (228): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Fernando Gouveia)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11401: Memória dos lugares (228): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Fernando Gouveia)

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 25 de Março de 2013, com mais umas belas fotos com vistas aéreas da bonita Bafatá:

Luís e Carlos:
Depois de falar com o Carlos sobre este assunto, aí vão mais algumas fotos de Bafata.
Farão delas o que entenderem. Tenho muitas mais.

Abraços.
Fernando Gouveia


Foto 001 - Bafatá - Vista geral da parte "colonial", vendo-se em primeiro plano o quarteirão ocupado pelo Batalhão com um abrigo de morteiro bem visível.

Foto 002 - Outra vista de Bafata onde em baixo e à esquerda sevê bem o cinema em construção e uma pequena parte do ringue de patinagem onde funcionava o cinema, pelo menos até 1970.

Foto 003 - Parte da Tabanca da Rocha vendo-se ao fundo os quartéis do Agrupamento e do Esquadrão de Cavalaria. Ligeiramente à esquerda vê-se o depósito de água que abastecia a povoação, situado perto da mãe d`água.

Foto 004 - Outra vista semelhante à anterior.

Foto 005 - Outra vista da Tabanca da Rocha em que se vê a Av. principal, o depósito, a igreja e julgo que o bataclã.

Foto 006 - A Mesquita, na Tabanca da Rocha.

Fotos e legendas: © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:

Último poste da série de 25 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11310: Memória dos lugares (227): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte II)

Guiné 63/74 - P11400: Relatório do início da actividade do CAOP em Teixeira Pinto (3) (Manuel Carvalho)




1. Na sua mensagem de 16 de Março de 2013, o nosso camarada Manuel Carvalho (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) enviou-nos o Relatório da Operação Aquiles, coincidente com os primeiros tempos do CAOP em Teixeira Pinto. Publicam-se as últimas páginas de 193 a 199.




O CAOP EM TEIXEIRA PINTO (3/3)



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Nota do editor

Vd. postes da série de:

13 DE ABRIL DE 2013 >Guiné 63/74 - P11384: Relatório do início da actividade do CAOP em Teixeira Pinto (1) (Manuel Carvalho)
e
14 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11392: Relatório do início da actividade do CAOP em Teixeira Pinto (2) (Manuel Carvalho)

Guiné 63/74 - P11399: Notas de leitura (472): Vem Comigo à Guerra do Ultramar, pelo Coronel António Luís Monteiro da Graça (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Dezembro de 2012:

Queridos amigos,
Não, não é uma revelação literária que aqui vos trago, é um tocante quadro de memórias do então comandante da CCAV 677, que operou em Tite e arredores.
Trata-se de uma coletânea de recordações por vezes bem espirituosas, é uma prosa sincera de alguém que vem agradecer aos seus soldados o seu esforço e a elevada qualidade da camaradagem.
Temos aqui operações bem mal sucedidas, momentos de tristeza, relatos de desenrascanço e não falta a gargalhada hilariante. Acaba-se o relato e fica a saber a pouco, já se sabe que a sinceridade toca aos combatentes como fogo inextinguível.

Um abraço do
Mário


Vem comigo à guerra do Ultramar,
pelo coronel António Luís Monteiro da Graça

Beja Santos

O coronel António Luís Monteiro da Graça fez uma edição caseira das suas memórias referentes às suas quatro comissões, duas em Moçambique, uma na Guiné e outra em Angola. Dedica a edição à mulher e à CCAV 677 “por tudo o que sofremos juntos, na Guiné, evidenciando o valor de todos os seus elementos”.

O Coronel Monteiro da Graça que combateu na Guiné entre 1964 e 1966, no setor de Tite, proporciona-nos uma leitura absorvente pois escreve de modo faceto, traz recordações avulsas dos seus subordinados, tira partido das peripécias mais duras de modo positivo, é divertido e sobretudo guardou uma imagem de profunda humanidade dos seus soldados.

E explica porque é que dedica estes apontamentos à CCAV 677: foi ele que os formou, combateu a seu lado nas horas mais duras. “Logo que chegámos à Guiné, ficámos sem um pelotão, dos quatro que levávamos, por isso fomos reforçar Fulacunda. Dos três pelotões restantes, muito cedo ficámos na prática, reduzidos a dois: baixas por doença e ferimentos em combate. Tive a felicidade de comandar homens que iam suportando todas as contingências da guerra com grande espírito de sacrifício mas eivado de humor e boa disposição que se prolongaram até aos dias de hoje em que não faltam aos anuais almoços de confraternização. E o elogio é extensivo aos nativos que iam connosco e que sempre foram elementos de grande valor e lealdade, honrando os compromissos assumidos”. O batismo de fogo foi em 11 de Junho de 1964, foram flagelados enquanto atravessavam a bolanha entre Gamalã e Jabadá Beafada. Um apontador de morteiro feriu-se seriamente, o prato base saltou com a explosão, levou-lhe um pouco da rótula direita. Cheio de bonomia fala do médico da companhia, o Dr. Pereira: “Não tinha qualquer preparação física. Foi mobilizado, teve duas ou três semanas de instrução em Mafra e lá vai ele para o mato. Era bom técnico em princípio de vida e tinha uma tarefa espinhosa. Na primeira operação, um pouco puxada, o Dr. Pereira não aguentou. E dali não saía mesmo depois de algum descanso. Houve que fazer um desvio para evacuar o Dr. Daí nasceu uma guerra entre mim e o comandante. Este obrigava-me a levar o médico para as operações. Eu não o levava pois já tinha a experiência, chatices tinha eu que de sobra. E analisando bem que fazia lá o médico em caso de ferimento grave?”.

Em 20 de Junho, lá vão eles para nova operação, desembarcam em Gã-Chiquinho, não muito longe de Bissássema, era uma operação à base de Sancorlá, quando atacaram, já a base estava abandonada, destruíram cerca de 100 camas, caminharam depois em direção à tabanca de Dodoco, surpreenderam uma formação inimiga, houve troca de tiros. Depois, houve complicações na passagem de riachos, o que os salvou foi terem levado cordas de sapadores; e mal chegaram a terra firme foram flagelados. A partir daí, sentiram sempre a presença do inimigo. Penosamente, e graças ao apoio dos T6 fizeram o caminho até Jabadá.

É um comandante que reteve as picardias, os azares que acabaram em bem, as histórias hilariantes, as tais situações inacreditáveis que polvilham as guerras dentro da mata, caso da operação “Crato” realizada em 18 e 19 de Julho de 1964, envolveu várias companhias e destacamentos de fuzileiros, houve complicações com as marés e tiveram que recorrer aos botes de borracha dos fuzileiros para desembarcar na península de Buduco, descobriram um acampamento, recentemente abandonado, ainda com a comida ao lume, depois levaram com umas morteiradas, felizmente sem consequências, logo de seguida, chovia torrencialmente, deram caras com uma patrulha inimiga, reagiram e outros fugiram.

Chegou a hora das perdas, das perdas irreparáveis, o soldado José Zoio foi atingido por uma bala na cabeça, teve morte instantânea. Morreu também o Ferreira, que era corneteiro. Escreve com orgulho: “Propus-lhes as medalhas de Valor Militar, e foram-lhes concedidas”. As peripécias seguem-se umas às outras, metem abelhas, dificuldades de abastecimento, soldados a dançar o “vira do Minho”, uma miúda a chorar no meio de descampado que foi entregue aos cuidados de uma velhota, igualmente abandonada no mato pelos guerrilheiros e que disse conhecer os pais da miúda. Discreteia sobre tudo: o serviço religioso, a eterna falta de material e munições, o coronel Laranjeira que fazia o chá das 5 bebendo um Grão Vasco, explica-nos o que é o fanado e as etnias do setor de Tite (Balantas, Beafadas e Brames). E aproveita para nos falar do “Penalty”, soldado muito conhecido na Guiné, guarda-redes suplente do Sporting de Bissau. Foi uma operação e deram-no como morto. Quando ele soube da notícia foi queixar-se à 1ª Rep., temendo que a mãe tivesse um choque, exigiu que lhe dessem licença para vir a Lisboa. Apanhando-se em Lisboa, o Penalty nunca mais, corrécio como era, se lembrou que ainda pertencia à guerra da Guiné. Lá o aconselharam a ir bater à porta de um protetor, um médico que o deu como doente, um dia foi ao cais despedir-se de tropa que ia para a Guiné, meteu-se no barco e voltou à guerra.

O rol de peripécias conclui com uma história hilariante, a jiboia “empernadeira”, tal como ele escreve: “No quartel de Tite, na Guiné, havia quatro postos de sentinela, um em cada canto. Eram postos rentes ao solo, com cobertura em cibe, com bancos no interior e seteiras em toda a volta. Os quatro postos tinham um projetor com que quase permanentemente se inspecionava o arame farpado que envolvia o quartel reforçado por armadilhas. A rendição do pessoal de guarda era feita dentro do abrigo onde se alojavam seis praças e um cabo, comandante do posto. Certa noite o cabo não gostou que a praça, no banco onde dormiam, estivesse com a perna encostada à sua e lá o alertou pois não gostava de empernanços. O ambiente ficou trovado por causa da chamada de atenção e porque todos sentiam que havia qualquer coisa de estranho com as pernas a serem roçadas. Ao alvorecer, saíram todos aos gritos: era uma jiboia de cinco metros, meio adormecida, que se arrastara para dentro do abrigo e provocara toda aquela história de pernas encostadas. Aparecido o “500”, um soldado mandinga que estava sempre em tudo o que era sítio, de catana afiada cortou a cabeça à jiboia, vendendo mais tarde a pele por uma bela maquia”.

Esta edição caseira é de grande elevo e ternura. Devo esta agradável leitura do comandante da CCAV 677 à Teresa Almeida, da Biblioteca da Liga dos Combatentes, que anda sempre à cata destes tesouros que não circulam no comércio de livros, edições policopiadas, ingénuas, às vezes de um grafismo enviesado, mas em que subjaz um inquestionável dever de memória e uma incomensurável gratidão aos soldados.
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Nota do editor:

Último poste da série de 12 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11380: Notas de leitura (471): Honório Barreto, Português da Guiné, por Joaquim Duarte Silva e A. Teixeira da Mota (Mário Beja Santos)