Viva, camaradas
Sou Aníbal José Soares da Silva, nascido em 21 de Julho (dia da cavalaria) de 1946 e tive a profissão de Profissional de Seguros.
Assentei praça no dia 15 de Janeiro de 1968 nas Caldas da Rainha, no curso de Sargentos Milicianos.
Mobilizado pelo RC3 de Estremoz, embarquei para a Guiné no dia 23/02/1969, como Furriel Vagomestre da CCav 2483/Bcav 2867.
Cumpri a comissão de serviço nos aquartelamentos de Nova Sintra, de 05/03/1969 a 20/09/1970 e depois em Tite, sede do Batalhão, até ao regresso à metrópole que se verificou a 22/12/1970.
Passados 50 anos escrevi um texto, ao qual juntei várias fotografias, a que dei o nome "Vivências em Nova Sintra". Texto que em 2022, por solicitação do ex-alferes Jorge Martins Barbosa e do Sr. Coronel Henrique Morais, ambos da CCav 2482, é parte integrante do livro (54 páginas) " A Guiné Que Conhecemos", que o primeiro coordenou, na sequência do livro "Histórias dos Boinas Negras".
Pergunto se vos posso enviar uma pen com a minha "escrita", para eventual publicação no vosso estimado blogue, da forma que entenderem mais conveniente e do qual sou frequente pesquisador.
Um abraço de muita amizade,
Aníbal Silva
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2. No dia 3 de Julho foi enviada ao nosso camarada Aníbal Silva a seguinte mensagem:
Caro camarada Aníbal Silva
Muito obrigado pelo teu contacto e pela disponibilidade em colaborar nesta feitura de memórias.
Claro que estamos disponíveis para receber o teu trabalho e publicá-lo no nosso blogue.
Também gostaríamos de te apresentar formalmente à tertúlia, da qual farás parte com todo o mérito pois vais ser mais um dos nossos "contribuidores".
Para o efeito, manda-nos por favor uma foto actual e outra do tempo de Guiné, fardado, assim como outros elementos, além dos que já nos franqueaste, para que te possamos conhecer melhor.
A tua correspondência electrónica deverá ser enviada simultaneamente para estes dois endereços: luis.graca.prof@gmail.com e carlos.vinhal@gmail.com
Por indicação do nosso editor Luís Graça, para enviares a tua pen ou outro suporte físico, utiliza por favor a minha morada:
[...]
Ficamos ao dispor para desfazer qualquer dúvida ou prestar outros esclarecimentos.
Em nome dos editores e da tertúlia em geral,
Um abraço
Carlos Vinhal
Coeditor
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3. No dia 20 de Fevereiro de 2025, recebemos, via CTT, uma encomenda do nosso camarada e novo amigo tertuliano, Aníbal José Soares da Silva, ex-Fur Mil Alimentação da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70):
Estimado camarada Carlos Vinhal
Agradeço ter sido aceite como "contribuidor" em publicações no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, blogue que desde há alguns anos vou consultando e de que muito gosto.
Para além do que já referi, no que di respeito ao meu "curriculum", acrescento mais o seguinte. Não fui operacional do gatilho, mas sim o Vagomestre da Companhia, aquela especialidade, muitas vezes "mal vista" pela tropa. Porque participava em fodas as colunas de reabastecimentos de géneros, onde os eiscos derivados das minas eram uma constante e que na minha Companhia resultou em cinco mortos e vários feridos, um dos quais eu próprio, em jeito de brincadeira com os operacionais, eu costumava dizer que era o "vagomestre mais operacional da Guiné".
Anexo a minha história "Vivenças em Nova Sintra" em caderno e em pen, bom como um pequeno texto escrito pela minha filha com o título " O Sangue dos Homens", com o qual concorreu a um concurso do jornal Público, há muitos anos e que reflete bem a amizade nascida e cimentada entre os "Camaradas".
Espero que a minha colaboração seja útil.
Com um forte abraço
Aníbal Silva
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4. Em 21 de Fevereiro enviámos esta mensagem ao camarada Aníbal Silva
Caríssimo camarada e amigo Aníbal Silva
Em primeiro lugar quero apresentar-te as minhas desculpas por só hoje, e a esta hora, estar a dar conta da recepção do material que gentilmente me enviaste pelo correio físico, chegado ontem à tarde, e ao qual vou dar o meu melhor para que possa ficar a fazer parte do espólio do nosso Blogue.
Tivemos estes dias "uma avaria" no blogue que me tem dado água pelas (virtuais) barbas. Parece estar já tudo normalizado mas ainda há muito trabalho para se ir fazendo.
Foi boa ideia tirares trabalho cá ao velhote, enviando o texto numa pen.
O meu plano será apresentar-te primeiro e depois começar a publicar semanalmente as tuas memórias. Tenho a terça-feira livre pelo que foi este o dia que te reservei.
Aquando da tua apresentação publicarei o texto da tua filha Helena Sofia, que em poucas palavras diz imenso.
Fico receptivo às tuas sugestões sobre o modo como vamos apresentar o teu trabalho.
Com os votos de bom fim de semana, deixo-te o meu abraço fraterno
Carlos
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5. Culminando esta troca de mensagens, recebemos onte, dia 24 a mensagem que se segue:
Bom dia, estimado camarada Carlos Vinhal
Estou sensibilizado com a tua informação de que amanhã vai ser publicado, nesse extraordinário blogue, o texto escrito pela minha filha. O amigo em causa é o que a fotografia, que envio em anexo, documenta e caso seja possível agradeço que seja anexada ao texto. Trata-se do grande amigo João Jardim, que foi furriel de minas e armadilhas do 4º. pelotão da CCav 2483. É angolano e um empresário de sucesso, não só na sua Angola, como em Portugal. Sempre que vem ao Porto em viagens de negócios, não deixa de nos reunirmos (eu e mais dois cavaleiros) num almoço na tua terra, Leça da Palmeira.
Relativamente a publicações futuras e como não sei quais são os vossos critérios, deixo isso à vossa consideração. No entanto, poderemos dialogar através do meu telemóvel.
Ao terminar, por hoje, quero expressar-vos a minha simpatia pelo extraordinário trabalho de voluntariado que desde há alguns anos têm desenvolvido.
Um forte abraço de amizade
Aníbal Silva
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O SANGUE DOS HOMENS
Por Helena Sofia
Cresci entre centenas de imagens exóticas e distantes, mais ou menos amarelecidas, de uma África estranhamente pacífica. Via os soldados juntos, a rir, os braços sobre os ombros uns dos outros, os pés pousados sobre armas "inofensivas". Entre eles, o meu pai.
Nunca soube acrescentar o sangue àquelas imagens, nem avaliar o poder que exerceu sobre os homens. A guerra não chegava a ter som, cheiro, profundidade. Dificilmente a conseguia encaixar na vida deste homem.
Até o ver chorar ao reencontrar um grande amigo desse tempo. Nunca tinha visto o meu pai chorar.
Os Furriéis Milicianos João Jardim e Aníbal Silva, amigos para sempre e inspiração para a Helena Sofia
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6. Comentário do editor CV:
Caríssimo amigo amigo Aníbal Silva
Podes entrar e escolher o lugar que achares mais confortável debaixo do nosso "poilão sagrado", esta tertúlia de antigos combatentes da Guiné, onde deixamos as nossas memórias escritas e em fotos.
Comoveu-me muito o texto da tua filha Helena Sofia, que nunca tinha visto o pai chorar, se o fizeste antes, disfarçaste muito bem, até àquela hora em que reencontraste, julgo que o teu camarada João Jardim.
Não há definição possível para a amizade que une os antigos combatentes, principalmente entre aqueles que viveram os mesmos perigos e passaram as mesmas longas horas de angústia lado a lado.
Pela minha experiência, a Guiné foi um território especial que fortaleceu laços entre os antigos combatentes que por lá penaram, talvez por ser muito pequeno em área. Onde se encontrarem dois antigos camaradas, logo se estabelece uma minitertúlia. Não faz mal que nunca se tenham encontrado lá, amigos ficam de certeza a partir daquele momento.
Já li o episódio em que "ficaste cego", caso para dizer, safaste-te por pouco. Quem te mandava a ti, vagomestre, andar por maus caminhos? Na altura deves ter apanhado um grande susto, asim como a tua família. A propósito, se quiseres perder uns minutos, lê este meu poste (P890), já um bocado antigo, que retrata um episódio em que um camarada meu, com quem ainda hoje comunico, estava à hora errada, no local errado.
Quero deixar-te, em nome dos colaboradores deste Blogue e da tertúlia em geral, um abraço de boas-vindas. Estatisticamente ficas com o lugar n.º 898 da tertúlia. Vê aqui a listagem geral.
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Nota do editor
Último post da série de 21 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26409: Tabanca Grande (566): Angelino dos Santos Silva, grão-tabanqueiro nº 897, ex-fur mil OE, 26ª CCmds (Brá, 1970-1972), poeta e escritor, natural de Recarei. Paredes, Vale do Sousa