Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Guiné 63/74 - P7876: Blogues da nossa blogosfera (43): Falando de Brasões, de Escudos de Armas e de ironias históricas (José Belo)
1. Com a devida vénia, transcrevemos este texto (e imagens) com a qualidade JB, não a do bebível com 15 anos, mas a do nosso camarada José Belo (ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70), actualmente Cap Inf Ref, a viver na Suécia, inserto no seu Blogue Lappland to Key-West.
OS BRASÕES, OS ESCUDOS DE ARMAS E AS IRONIAS HISTÓRICAS
OBS: - O Brasão da bonita Buarcos nada tem a ver com esta pequena ironia histórica. Muito pelo contrário, é uma homenagem por parte da Tabanca da Lapónia a um MUI ILUSTRE leitor da mesma, um SENHOR D'A, que vive, precisamente, em Buarcos.
Alguns dizem hoje que o lugar dos Brasões será num Museu de História. Outros, talvez mais radicais, afirmam que estes devem fazer parte do "lixo da História". Como somos um Povo com uma História de que nos devemos orgulhar, vamos antes procurar uma zona central e dizer que eles (os Brasões) pertencerão às... "Curiosidades da História.
Foi com alguma curiosidade que, há tempos, observei um Escudo de Armas junto de alguns dos comentários a postes de um muito conhecido blogue de ex-combatentes da Guiné. Achei algo de familiar naquele Escudo de Armas. A ser mais preciso, diria que achei algo de "meio-familiar". A leitura heráldica do referido Escudo apresenta um campo vermelho com cinco asas de ouro, postas em sautor. (Abreus, modernos). Mas, se dividirmos o Escudo de Armas a meio, no sentido vertical, e lhe acrescentarmos um campo de ouro com quatro palas de vermelho (Lima, antigo), surge o Escudo de Armas da família medieva dos Abreus e Limas. À qual, curiosamente, estou ligado pelo lado da minha Avó paterna. Posso garantir aos leitores que ISTO não se trata de mais uma operação de "Agit-Prop" [...]. Como muito bem diz o nosso Povo na sua sabedoria de muitos séculos feita: "No melhor pano cai a nódoa"! (Ou serão antes... as nódoas?)
Escudos de Armas, Brasões e outros bonitos floreados medievos, serão "distintos". Principalmente quando se bebe chá com torradas, tendo um anel brasonado no espetado dedo. (Muitos havia na Casa de Chá "Versailles" da Lisboa da minha juventude). Quantos falsos? Mas, isso já são outras histórias.
Facto é que já há muitos anos, curioso com a tal ligação familiar aos "Senhores D'Abreu e Lima", procurei todas as informações possíveis sobre o historial da mesma, e dos dois ramos que a formam (Abreus e Limas). Como todas as famílias com raízes nos princípios da época medieval, a história é longa e cheia de acontecimentos. Alguns de "gargalhar", outros de "meditar", e, outros ainda de... procurar esquecer!
Como "detalhe" interessante, (principalmente para alguns pseudo-nacionalistas "à outrance"), deve-se salientar que os varões da Família Abreu, e da Família Lima, estiveram presentes (e lutaram!) na que talvez tenha sido uma das mais importantes batalhas da nossa História - Aljubarrota. Só que, e como algumas outras famílias portuguesas nobres... ao lado do Rei de Castela, integrando as tropas invasoras de Portugal! (Visto da perspectiva da "escumalha-independentista" portuguesa, o lado escolhido terá o que se lhe diga.) É claro que os tempos, as tradições, as vassalagens, OS INTERESSES DE CASTA, e não só, seriam outros. Mas, e de qualquer modo, são interessantes algumas das aversões, quase genéticas (por parte de alguns), à... escumalha miúda.
E, meus Amigos, o humor Lapão nada tem a ver com isto.
José Belo
2. Comentário de CV:
E por falar em humor, façam o favor de ir ler os comentários a propósito deste artigo. Não percebi muito bem, mas até se fala lá da introdução da banana (?).
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7728: Parabéns a você (212): Agradecimento do José Belo, um lusitano na terra dos Vikings
Vd. último poste da série de 18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7813: Blogues da nossa blogosfera (42): Coisas da Guiné, de A. Marques Lopes
Guiné 63/74 - P7875: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (72): Na Kontra Ka Kontra: 36.º episódio
1. Trigésimo sexto episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 27 de Fevereiro de 2011:
NA KONTRA
KA KONTRA
36º EPISÓDIO
O Alferes ficou aparvalhado, sem saber o que dizer. Passava-se alguma coisa com o seu amigo. Antes de ir para Madina Xaquili davam-se como verdadeiros amigos e agora a reacção do Ibraim era perfeitamente incompreensível. Estendeu o dinheiro, recebeu o bilhete e entrou. Sentado à espera que o filme comece pensa em tudo o que podia ter provocado aquela reacção, não chegando a conclusão alguma. Decide que no fim do espectáculo irá tirar tudo a limpo, confrontando o amigo com a reacção que tinha tido.
Depois dos documentários, que desta vez foram sobre as Pousadas de Portugal, e começado o filme dessa noite é que o Alferes se apercebe que se trata do “Deserto Vermelho” de Antonioni. Óptimo filme, mas nestas circunstâncias talvez preferisse um tema menos pesado, quiçá uma “coboiada”.
O que é certo é que no intervalo metade da assistência já não voltou à sala. O filme era realmente difícil.
No fim o Alferes deixou sair todo o pessoal e só depois de dirigiu para a saída. O Ibraim não teria justificação para não falar com ele.
Ou porque já não havia necessidade de controlar as entradas, dado o género de filme, ou porque o Ibraim efectivamente não se queria encontrar com o amigo, o que é certo é que o Alferes não conseguiu descortiná-lo. Acabou por ir para o quartel convencido que o Ibraim tinha algo contra si. Por um lado quer resolver a situação, por outro tem receio de enfrentar a realidade que lhe pode ser adversa e decide estar algum tempo sem ir ao cinema para não ter um NA KONTRA que se poderia transformar num KA KONTRA, nada desejado.
Como depois do trabalho permanece mais tempo no quartel, dedica-se novamente ao jogo da “lerpa”, continuando a perder, como sempre acontecia.
Azar ao jogo, sorte no amor, eis que chega do Porto, a resposta da sua namorada. Dedica-se agora a escrever-lhe longas e apaixonadas missivas. Raramente joga às cartas.
Pelo motivo que é conhecido não vai ao cinema durante várias semanas. Algumas vezes joga às cartas e até ganha… o que o preocupa. Os dias vão passando.
O Alferes Magalhães sentado à porta do bar de oficiais do
Comando de Agrupamento.
Num fim duma manhã, estando a trabalhar no seu local de trabalho, na Sala de Operações, vêm chama-lo pois estava lá fora um militar nativo com galões de Alferes que lhe queria falar. Não era mais do que o João Sanhá de Madina Xaquili. Há um NA KONTRA efusivo. Ambos estão felizes por se reverem, no entanto o Alferes Magalhães nota que o semblante do João é mais carregado do que habitualmente. Não foi preciso esperar muito tempo para saber a razão. O João vai contando que agora lá na tabanca já não há moranças. Que as coberturas das palhotas que não arderam durante os ataques estavam agora sobre os abrigos para estes não se esboroarem. Quanto aos ataques, referiu que já tinha havido vários e no que houve na semana seguinte ao primeiro, quando o Alferes Magalhães já estava em Bafata, morreu o Dionildo. O João carregou ainda mais o semblante.
Consternação do Alferes. Terrível. O seu amigo Ibraim vira-lhe a cara e agora o seu amigo Dionildo morria.
Reage mais uma vez a uma má notícia e, como era seu costume, convida o João para almoçar. No Senhor Teófilo comem uma bela cachupa, que a esposa dele tinha cozinhado nesse dia.
De regresso ao quartel, depois de se despedir do João, não deixa de pensar e repensar: Morre o Samba, o Ibraim não lhe fala e o Dionildo, de quem se tinha tornado grande amigo morre agora também. Se antes repetia, porquê o Samba, agora repete sem cessar: Porquê o Dionildo?
Os dias continuam a passar. Com o reatar da correspondência com a namorada e “as coisas” a correr pelo melhor, o nosso Alferes resolve ir de férias à Metrópole. No princípio de Novembro de 1969 e no dia aprazado toma o avião, o Dakota, para Bissau. O avião sobrevoa a relativa baixa altitude regiões que ele sabe muito bem serem autênticos santuários do PAIGC, como o Oio. Chega a ver pessoas em tabancas controladas pelos guerrilheiros. A viagem é curta e depressa o avião se faz à pista do Aeroporto de Bissalanca.
O Dakota onde vai o Alferes Magalhães sobrevoando a
tabanca da Ponte Nova.
Passa dois dias em Bissau antes de embarcar para a metrópole. Encontra-se com amigos e com os Alferes do seu curso de Mafra que ficaram a trabalhar no Quartel General. São dois dias já de verdadeiras férias. Não deixa de ir à “Casa Gouveia” comprar algumas prendas para os familiares, mas sobretudo para a sua namorada.
Na manhã do embarque deixa o aposento, que ocupava com mais sete camaradas nas instalações do Quartel de Santa Luzia e, pedindo um táxi, dirige-se para Aeroporto.
O Alferes Magalhães na camarata do QG.
Os aviões vêm de Lisboa durante a noite, passando pela ilha do Sal em Cabo Verde e regressam durante o dia à Metrópole. Não atravessam o continente africano. Os países a sobrevoar não o permitem por Portugal ser um país colonialista. De qualquer modo vai-se sempre a ver a costa de África. Sabendo disso o nosso Alferes, ao fazer o check-in, pede um lugar à janela e do lado direito da cabine.
Chamam para o embarque. O nosso Alferes tem que mostrar o cartão de embarque e um documento, o Passaporte Militar, trazido de Bafata. Depois de muito procurar, de esvaziar várias vezes os bolsos e um pequeno saco que levava com ele, o dito documento não aparece. Todos os passageiros já tinham embarcado. Sem Passaporte Militar o Alferes Magalhães ia ficar em terra.
Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 25 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7861: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (71): Na Kontra Ka Kontra: 35.º episódio
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Guiné 63/74 - P7874: Em busca de... (157): Camaradas da CART 3567 (António J. Pereira da Costa)
CAMARADAS DA CART 3567
1. De acordo com o solicitado em mensagem de 26 de Fevereiro de 2011, pelo nosso camarada António José Pereira da Costa* (Coronel Art na reserva, na efectividade de serviço, que foi comandante da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74), divulgamos o seguinte apelo:
A fim de eventualmente poderem participar no próximo Convívio da CART 3567, a ter lugar no dia 7 de Maio de 2011, em Portalegre, procuram-se informações dos seguintes camaradas, de quem nada se sabe:
Nelson Roma de Moura Pereira
Rúben Dias
Manuel Casimiro Esteves Antunes
José Alberto Guerreiro Gonçalves
Bernardino Silva Faria
Roberto Joaquim António Sequeira
Carlos Alberto Gonçalves Alpuim
Licínio Manuel F. Rios
____________
Notas de CV:
Emblema da CART 3567 da colecção do nosso camarada Carlos Coutinho
(*) Vd. poste de 27 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7513: Os nossos seres, saberes e lazeres (28): Banco de Crachás e Guiões (António Costa)
Vd. último poste da série de 23 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7846: Em busca de... (156): Paula Simões, filha do Sold da CCAV 1482 (1965/67), César J. Simões, procura notícias de seu pai e dos seus camaradas (V. Briote / J. Martins)
Guiné 63/74 - P7873: In Memoriam (71): Fur Mil Av Frederico Manuel Machado Vidal (1943-1964), morto em 24/2 /1964
Furriel Mil Aviador Frederico Vidal (1943-1964)
Foto: De origem desconhecida
1. Mensagem que nos chega através do nosso co-editor Virgínio Briote:
Caros Luís, Carlos e Eduardo: Reencaminho esta mensagem, de remetente que desconheço [ tudo indica que seja um camarada da FAP, que com ele privou, no TO da Guiné], pelo interesse que tem: recordar o Furriel Piloto Frederico Vilar, morto em 24 [e não 21] de Fevereiro de 1964 [, possivelmente na Ilha do Como].
vriote
2. Mensagem de um camarada da FAP, que não se identificou:
Esta é uma foto do Furriel Piloto Frederico [Manuel Machado] Vidal, abatido na Guiné, quando voava num T-6 [?], no dia 24 [e não 21] de Fevereiro de 1964, um dia antes de completar 21 anos.
O pequeno macaco que está no seu ombro era um Sagui [ ou babuíno ? ] que juntamente com um cão (o Borrachão) nos divertiam, junto à rede, que isolava o grupo operacional do resto da base por razões de segurança. Ler esta imagem é um exercício transcendente, mas gratificante, para todos aqueles que também combateram na Guiné.
É a última recordação que o Frederico nos deixou e o seu facies é duma inocência e candura a toda a prova. Que descanse em Paz e peça a Deus por todos nós, povo da sua Pátria, pela qual deu a vida. (**)
_____________
Notas de L.G.:
(*) Na lista dos mortos do ultramar, da Liga dos Combatente, o Frederico Manuel Machado Vidal, de seu nome completo, morreu em 24/02/1964, em combate, no TO da Guiné. Em Albarraque, Sintra, há uma rua com o seu nome... Rua Furriel Aviador Frederico Manuel Machado Vidal - Albarraque - Sintra - Portugal, Código Postal: 2635-036.
Segundo o sítio Geneall, o nosso camarada Vidal nasceu em 25/2/1943, filho de Frederico Manuel de Freitas Vidal (Cascais, 1912- Cascais, 1997) e de Maria Helena da Silveira Machado (1915 -2003).
(**) Último poste da série 16 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7623: In Memoriam (70): Na morte de Vitor Alves (1935-2010). Em memória de um homem honesto. (Mário Fitas)
Guiné 63/74 - P7872: Notas de leitura (210): A Última Missão, de José de Moura Calheiros (3) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Fevereiro de 2011:
Queridos amigos,
Está concluída a leitura das mais de 600 páginas de “A Última Missão”**. Recomendo a toda a gente: nada de prosápia, crítica quando necessário, denúncia da situação injusta em que vivem aqueles guineenses que connosco combateram, memórias poderosas de três comissões, relatos indispensáveis do que ele viveu na Guiné, nomeadamente em 1972 e 1973.
A literatura memorial ficou mais rica com esta prosa sincera, nobre, própria de um combatente valoroso que se esconde por detrás dos seus soldados, como compete a quem tem coragem e repudia a farronca.
Um abraço do
Mário
A batalha de Guidage (1973) e a última missão em Guidage (2008)
Beja Santos
“A Última Missão”, por José de Moura Calheiros (Caminhos Romanos, 2010) é uma obra fundamental para a literatura de carácter memorial da guerra da Guiné, mais propriamente de toda a guerra que envolveu as Forças Armadas Portuguesas entre 1961 e 1974. Trata-se de uma grande angular de um oficial pára-quedista que experimentou dentro das matas e em operações de altíssimo risco o que foram as guerras de guerrilhas em Angola, Moçambique e Guiné. Combateu ao lado dos seus soldados, gizou operações, foi submetido ao stresse de enviar tropas especiais e de quadrícula para o aceso dos combates. O coronel Calheiros viveu episódios excepcionais como Guidage e Gadamael, em 1973, esteve na reocupação do Cantanhez.
Em 2008, voltou à Guiné para trazer de volta os corpos dos combatentes que estavam inumados no cemitério militar de Guidage. Detentor de um impressionante acervo fotográfico, o autor maneja a memória e a imaginação de uma forma poliédrica durante esta última missão, confrontando o leitor com a história de três teatros de operações, entre 1963 e 1973. É um documento de grande dignidade e coragem. A dignidade de exaltar os companheiros e os feitos. A coragem em assumir as convicções, como é patente até nas críticas que faz a relatos militares onde deliberadamente se omitiram os feitos ou desempenhos das tropas pára-quedistas e dos seus chefes, no caso específico da Guiné.
Toda esta viagem até Guidage proporciona retornos à sua vida operacional, há sempre bons pretextos para comparar a Guiné de ontem e de hoje, a evolução das lutas em Angola e Moçambique. Descreve a preparação dos pára-quedistas, como era a vida do BCP 12, em Bissalanca, no tempo da sua comissão entre 1971 e 1973, conta-nos minuciosamente o que vão fazer em Guidage, detalha até ao mais terrífico dos pormenores as vicissitudes em torno do cerco de Guidage desenvolvido pelo PAIGC. A guiarmo-nos pelo depoimento do comandante Manuel dos Santos (“Manecas”, comissário e comandante da frente Norte do PAIGC), Guidage foi sujeita a um cerco brutal mas, escreve ele em “A Última Missão”, o objectivo deste cerco não estava ali, mas em Guileje que iria ser submetida a uma tempestade de fogo. Amílcar Cabral terá dito que se Guileje caísse tudo mais se desmoronaria. O cerco de Guidage não era mais do que uma manobra de diversão com o objectivo de atrair para a sua defesa todas as forças de intervenção portuguesas, impedindo-as de dificultar o assédio do PAIGC a Guileje. O dispositivo bélico do PAIGC metia respeito, tal como ele o descreve, envolvendo corpos de exército, uma bateria de artilharia pesada e mísseis terra-ar. O cerco começou como uma emboscada a aviões que iam fazer a evacuação de feridos a Guidaje, dois aviões foram abatidos, pelo menos. Isto no dia 4 de Abril de 1973. Depois montou-se o dispositivo do cerco sobre a estrada Binta-Guidage, com uma concentração de todas as unidades na base de Cumbamory. Ele escreve que nunca houve intensão de ocupar Guidage mas sim de provocar um elevado potencial de pânico e desmoralização. Desmente categoricamente o que tem vindo a ser escrito sobre os resultados da operação dos Comandos Africanos à base de Cumbamory. E escreve mesmo: “As afirmações de que os Comandos teriam encontrado e destruído milhares de munições, centenas de armas ligeiras, metralhadoras, granadas e minas, centenas de lanças-granadas, dezenas de rampas de foguetões e muito mais, são uma pura fantasia!” E remata:” Este ataque à nossa base em nada afectou o nosso potencial e a operação de cerco apenas terminou quando já não tínhamos necessidade de desviar as Forças de Intervenção do nosso objectivo principal, que não era ali, mas sim no Sul da Guiné”. O cerco iniciou-se em Abril, o PAIGC movimentou bastantes unidades, abateu dois aviões e outro desapareceu. Guidage ficou sem possibilidades de reabastecimento por ar. Começaram as dificuldades por estrada, logo em 17 de Abril, a caminho de Binta, com minas anti-pessoal. No início de Maio começaram as intensas flagelações bem como a Bigene. Com o cerco pretendia-se não deixar passar nenhuma coluna de viaturas nem tropa apeada. O coronel Calheiros descreve o calendário do assédio e o sofrimento de todos. Os pára-quedistas que morreram iam a atravessar a bolanha de Cufeu. Só em Junho é que se retomou a normalidade. O capitão Salgueiro Maia conta, aliás, o episódio da coluna de reabastecimento em que participou em 11 de Junho.
Outro relato de grande envergadura é a descrição que nos oferece da batalha de Gadamael, surgiu na sequência na retira de Guileje, outro inferno em que capitão e médico vão ser feridos, a população civil refugia-se no tarrafo depois de ter saqueado os géneros da cantina, o comandante do COP 5, recém-chegado não conhecia os oficiais, nem os sargentos nem as instalações, nem sequer o perímetro defensivo e plano de defesa e não tinha comunicações com o exterior. E também não tinha soldados. A intensidade dos bombardeamentos em 1 de Junho foi de 800 granadas. A Companhia que estava em Cacine enviou uma mensagem para o comando-chefe informando que Gadamael estava destruída e que o pessoal fugira para o mato. Entre 1 e 3 de Junho, o Comandante de Gadamael, alguns oficiais e sargentos e entre 10 a 15 outros militares (os que não abandonaram as instalações) passaram o tempo a lançar algumas granadas de morteiro 81 e a disparar tiros de metralhadora. Há verdadeiros casos de heroísmo, façanhas que honram o militar português. O General Spínola tenta aterrar em Gadamael, não consegue, as lanças da Marinha procedem à recuperação de cerca de três centenas de militares e população que se haviam refugiado no tarrafo. Os pára-quedistas foram determinantes na distensão em Gadamael nesse período dramático. O coronel Calheiros exalta a liderança do tenente-coronel Araújo e Sá, terá sido fundamental para solucionar os problemas defensivos de Gadamael.
Voltamos a Março de 2008, em Guidage a equipa técnica conseguem localizar as campas e procedem à exumação daqueles que ali pereceram em Maio de 1973. É nessa operação que se descobre um coração em pedra rosada que estava na zona do peito do soldado António Vitoriano. Fica assim resolvido o mistério daquela mão aberta com um círculo vermelho que vem na capa do livro. A missão está cumprida, o coronel Calheiros rememora as muitas dores daquela comissão, também o sofrimento que vira em Moçambique naqueles postos avançados em que um pequeno número de soldados eram vítimas fáceis do guerrilheiro John. Em Portugal irão ter lugar as cerimónias do último adeus aos pára-quedistas.
É indiscutivelmente um dos relatos mais emocionantes que um militar escreveu sobre a guerra de África. É uma escrita de boa qualidade, entremeia a singeleza com o crisol dos grandes valores que levaram os combatentes a resistir ao infortúnio na determinação do cumprimento do dever. Até às consequências de trazer os restos mortais dos que se doaram ao supremo sacrifício. Leitura obrigatória para o nosso dever de memória.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7868: Notas de leitura (209): A Academia Militar e a Guerra de África (Mário Beja Santos)
(**) Vd. postes de:
17 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7805: Notas de leitura (204) A Última Missão, de José de Moura Calheiros (1) (Mário Beja Santos)
e
18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7815: Notas de leitura (205): A Última Missão, de José de Moura Calheiros (2) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Está concluída a leitura das mais de 600 páginas de “A Última Missão”**. Recomendo a toda a gente: nada de prosápia, crítica quando necessário, denúncia da situação injusta em que vivem aqueles guineenses que connosco combateram, memórias poderosas de três comissões, relatos indispensáveis do que ele viveu na Guiné, nomeadamente em 1972 e 1973.
A literatura memorial ficou mais rica com esta prosa sincera, nobre, própria de um combatente valoroso que se esconde por detrás dos seus soldados, como compete a quem tem coragem e repudia a farronca.
Um abraço do
Mário
A batalha de Guidage (1973) e a última missão em Guidage (2008)
Beja Santos
“A Última Missão”, por José de Moura Calheiros (Caminhos Romanos, 2010) é uma obra fundamental para a literatura de carácter memorial da guerra da Guiné, mais propriamente de toda a guerra que envolveu as Forças Armadas Portuguesas entre 1961 e 1974. Trata-se de uma grande angular de um oficial pára-quedista que experimentou dentro das matas e em operações de altíssimo risco o que foram as guerras de guerrilhas em Angola, Moçambique e Guiné. Combateu ao lado dos seus soldados, gizou operações, foi submetido ao stresse de enviar tropas especiais e de quadrícula para o aceso dos combates. O coronel Calheiros viveu episódios excepcionais como Guidage e Gadamael, em 1973, esteve na reocupação do Cantanhez.
Em 2008, voltou à Guiné para trazer de volta os corpos dos combatentes que estavam inumados no cemitério militar de Guidage. Detentor de um impressionante acervo fotográfico, o autor maneja a memória e a imaginação de uma forma poliédrica durante esta última missão, confrontando o leitor com a história de três teatros de operações, entre 1963 e 1973. É um documento de grande dignidade e coragem. A dignidade de exaltar os companheiros e os feitos. A coragem em assumir as convicções, como é patente até nas críticas que faz a relatos militares onde deliberadamente se omitiram os feitos ou desempenhos das tropas pára-quedistas e dos seus chefes, no caso específico da Guiné.
Toda esta viagem até Guidage proporciona retornos à sua vida operacional, há sempre bons pretextos para comparar a Guiné de ontem e de hoje, a evolução das lutas em Angola e Moçambique. Descreve a preparação dos pára-quedistas, como era a vida do BCP 12, em Bissalanca, no tempo da sua comissão entre 1971 e 1973, conta-nos minuciosamente o que vão fazer em Guidage, detalha até ao mais terrífico dos pormenores as vicissitudes em torno do cerco de Guidage desenvolvido pelo PAIGC. A guiarmo-nos pelo depoimento do comandante Manuel dos Santos (“Manecas”, comissário e comandante da frente Norte do PAIGC), Guidage foi sujeita a um cerco brutal mas, escreve ele em “A Última Missão”, o objectivo deste cerco não estava ali, mas em Guileje que iria ser submetida a uma tempestade de fogo. Amílcar Cabral terá dito que se Guileje caísse tudo mais se desmoronaria. O cerco de Guidage não era mais do que uma manobra de diversão com o objectivo de atrair para a sua defesa todas as forças de intervenção portuguesas, impedindo-as de dificultar o assédio do PAIGC a Guileje. O dispositivo bélico do PAIGC metia respeito, tal como ele o descreve, envolvendo corpos de exército, uma bateria de artilharia pesada e mísseis terra-ar. O cerco começou como uma emboscada a aviões que iam fazer a evacuação de feridos a Guidaje, dois aviões foram abatidos, pelo menos. Isto no dia 4 de Abril de 1973. Depois montou-se o dispositivo do cerco sobre a estrada Binta-Guidage, com uma concentração de todas as unidades na base de Cumbamory. Ele escreve que nunca houve intensão de ocupar Guidage mas sim de provocar um elevado potencial de pânico e desmoralização. Desmente categoricamente o que tem vindo a ser escrito sobre os resultados da operação dos Comandos Africanos à base de Cumbamory. E escreve mesmo: “As afirmações de que os Comandos teriam encontrado e destruído milhares de munições, centenas de armas ligeiras, metralhadoras, granadas e minas, centenas de lanças-granadas, dezenas de rampas de foguetões e muito mais, são uma pura fantasia!” E remata:” Este ataque à nossa base em nada afectou o nosso potencial e a operação de cerco apenas terminou quando já não tínhamos necessidade de desviar as Forças de Intervenção do nosso objectivo principal, que não era ali, mas sim no Sul da Guiné”. O cerco iniciou-se em Abril, o PAIGC movimentou bastantes unidades, abateu dois aviões e outro desapareceu. Guidage ficou sem possibilidades de reabastecimento por ar. Começaram as dificuldades por estrada, logo em 17 de Abril, a caminho de Binta, com minas anti-pessoal. No início de Maio começaram as intensas flagelações bem como a Bigene. Com o cerco pretendia-se não deixar passar nenhuma coluna de viaturas nem tropa apeada. O coronel Calheiros descreve o calendário do assédio e o sofrimento de todos. Os pára-quedistas que morreram iam a atravessar a bolanha de Cufeu. Só em Junho é que se retomou a normalidade. O capitão Salgueiro Maia conta, aliás, o episódio da coluna de reabastecimento em que participou em 11 de Junho.
Outro relato de grande envergadura é a descrição que nos oferece da batalha de Gadamael, surgiu na sequência na retira de Guileje, outro inferno em que capitão e médico vão ser feridos, a população civil refugia-se no tarrafo depois de ter saqueado os géneros da cantina, o comandante do COP 5, recém-chegado não conhecia os oficiais, nem os sargentos nem as instalações, nem sequer o perímetro defensivo e plano de defesa e não tinha comunicações com o exterior. E também não tinha soldados. A intensidade dos bombardeamentos em 1 de Junho foi de 800 granadas. A Companhia que estava em Cacine enviou uma mensagem para o comando-chefe informando que Gadamael estava destruída e que o pessoal fugira para o mato. Entre 1 e 3 de Junho, o Comandante de Gadamael, alguns oficiais e sargentos e entre 10 a 15 outros militares (os que não abandonaram as instalações) passaram o tempo a lançar algumas granadas de morteiro 81 e a disparar tiros de metralhadora. Há verdadeiros casos de heroísmo, façanhas que honram o militar português. O General Spínola tenta aterrar em Gadamael, não consegue, as lanças da Marinha procedem à recuperação de cerca de três centenas de militares e população que se haviam refugiado no tarrafo. Os pára-quedistas foram determinantes na distensão em Gadamael nesse período dramático. O coronel Calheiros exalta a liderança do tenente-coronel Araújo e Sá, terá sido fundamental para solucionar os problemas defensivos de Gadamael.
Voltamos a Março de 2008, em Guidage a equipa técnica conseguem localizar as campas e procedem à exumação daqueles que ali pereceram em Maio de 1973. É nessa operação que se descobre um coração em pedra rosada que estava na zona do peito do soldado António Vitoriano. Fica assim resolvido o mistério daquela mão aberta com um círculo vermelho que vem na capa do livro. A missão está cumprida, o coronel Calheiros rememora as muitas dores daquela comissão, também o sofrimento que vira em Moçambique naqueles postos avançados em que um pequeno número de soldados eram vítimas fáceis do guerrilheiro John. Em Portugal irão ter lugar as cerimónias do último adeus aos pára-quedistas.
É indiscutivelmente um dos relatos mais emocionantes que um militar escreveu sobre a guerra de África. É uma escrita de boa qualidade, entremeia a singeleza com o crisol dos grandes valores que levaram os combatentes a resistir ao infortúnio na determinação do cumprimento do dever. Até às consequências de trazer os restos mortais dos que se doaram ao supremo sacrifício. Leitura obrigatória para o nosso dever de memória.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7868: Notas de leitura (209): A Academia Militar e a Guerra de África (Mário Beja Santos)
(**) Vd. postes de:
17 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7805: Notas de leitura (204) A Última Missão, de José de Moura Calheiros (1) (Mário Beja Santos)
e
18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7815: Notas de leitura (205): A Última Missão, de José de Moura Calheiros (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P7871: Blogoterapia (179): Espero, para o ano, reformado, participar no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (Gumerzindo Silva, CART 3331, Cuntima, 1970/72)
1. Mensagem do Gumerzindo Caetano da Silva (ex-Sold Cond, CART 3331, Os Tigres de Cuntima, Cuntima, 1970/72, a viver na Alemanha desde 1973), agradecendo os votos de parabéns +pelo seu aniversário que lhe foram transmitidos pelo P7858 (*)
Meu Caro Camarigo Luis Graça:
Meu Caro Camarigo Luis Graça:
Não calculas a satisfação que se sente ao ver-nos neste dia especial
rodeado de tantos amigos. Já o fiz no blogue e agora faço-o, a ti em particular, venho agradecer-te imenso porque vocês são de facto espectaculares.
Não te vou roubar muito tempo, porque calculo que todo ele é pouco,mas a verdade
Não te vou roubar muito tempo, porque calculo que todo ele é pouco,mas a verdade
é que te devo dizer que, quando em Setembro de 2009 fui confrontado com um
ligeiro AVC que,por graça de Deus,foi simplesmente um grande aviso, tive um grande senhor Neurologista que, ao fazer-me perguntas sobre o meu passado,e quando lhe contei que tinha estado na guerra na Guiné, e que hoje acompanhava tudo o que se tinha passado na altura, ele aconselhou-me a pôr isso um pouco de parte e eu fi-lo,embora de tempos a tempos, lá fosse dar uma espreitadela.
Hoje sinto-me totalmente diferente, melhor, mas continuo a ter cuidado. Depois veio um problema familiar. (...).
Daqui a um ano estarei reformado, e depois se houver saúde e sorte estarei mais tempo em Portugal do que aqui na Alemanha. Estou ansioso para assistir a um Almoço em Monte Real, mas vamos aguardando até que chegue o dia. Se tudo correr como, estou planeando, no próximo encontro estarei em Portugal mas para assistir ao almoço da minha CART 3331, não é possível dividir-me em dois, mas estarei perto uma vez que o nosso convívio este ano é na Figueira da Foz.
Como quase sempre vou na sexta e volto na segunda.Luis, cumprimentos à tua família. Para ti este grandioso Alfa Bravo do Caetano. (**)
Hoje sinto-me totalmente diferente, melhor, mas continuo a ter cuidado. Depois veio um problema familiar. (...).
Daqui a um ano estarei reformado, e depois se houver saúde e sorte estarei mais tempo em Portugal do que aqui na Alemanha. Estou ansioso para assistir a um Almoço em Monte Real, mas vamos aguardando até que chegue o dia. Se tudo correr como, estou planeando, no próximo encontro estarei em Portugal mas para assistir ao almoço da minha CART 3331, não é possível dividir-me em dois, mas estarei perto uma vez que o nosso convívio este ano é na Figueira da Foz.
Como quase sempre vou na sexta e volto na segunda.Luis, cumprimentos à tua família. Para ti este grandioso Alfa Bravo do Caetano. (**)
________________
Gumerzindo Caetano da Silva
Hauptstr. 112
D 53797 Lohmar
Tel.: 0049 2246 8201
_____________
(**) Último poste da série > 22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7844: Blogoterapia (178): Regresso ao passado (Felismina Costa)
Gumerzindo Caetano da Silva
Hauptstr. 112
D 53797 Lohmar
Tel.: 0049 2246 8201
_____________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 25 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7858: Parabéns a você (220): Gumerzindo Silva, ex-Soldado Condutor da CART 3331 (Tertúlia / Editores)
(**) Último poste da série > 22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7844: Blogoterapia (178): Regresso ao passado (Felismina Costa)
Guiné 63/74 - P7870: Parabéns a você (222): Luís R. Moreira (ex-Alf Mil Sapador da CCS/BART 2917 e BENG 447 (Tertúlia / Editores)
PARABÉNS A VOCÊ
27 DE FEVEREIRO DE 2011
LUÍS MOREIRA*
Caro camarada Luís Moreira, a Tabanca Grande está contigo nesta data festiva.
Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia desejar-te um feliz dia de domingo de aniversário junto dos teus familiares e amigos mais próximos.
Que festejes esta data por muitos anos, com muita saúde e boa disposição, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.
Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
____________
Notas de CV:
Luís R. Moreira foi Alf Mil Sapador da CCS/BART 2917 e BENG 447, Guiné, 1970/71.
Postal de Parabéns de autoria do nosso camarada Miguel Pessoa
(*) Vd. poste de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5890: Parabéns a você (83): Luís R. Moreira, ex-Alf Mil Sapador da CCS/BART 2917 e BENG 447, Guiné 1970/71 (Editores)
Vd. último poste da série de 26 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7866: Parabéns a você (221): João Carlos Silva, ex-Cabo Especialista da FAP (Tertúlia / Editores)
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Guiné 63/74 - P7869: Memória dos lugares (145): Bedanda 1972/73 - Filhos da Terra / Filhos da Guerra (2) (António Teixeira)
1. Continuação da apresentação da série de fotografias dedicadas aos Filhos da Guerra*, do nosso camarada António Teixeira (ex-Alf Mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863 - Teixeira Pinto, e CCAÇ 6 - Bedanda; 1971/73).
BEDANDA 1972/73
FILHOS DA TERRA / FILHOS DA GUERRA (2)
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 25 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7863: Memória dos lugares (144): Bedanda 1972/73 - Filhos da Terra / Filhos da Guerra (1) (António Teixeira)
BEDANDA 1972/73
FILHOS DA TERRA / FILHOS DA GUERRA (2)
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 25 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7863: Memória dos lugares (144): Bedanda 1972/73 - Filhos da Terra / Filhos da Guerra (1) (António Teixeira)
Guiné 63/74 - P7868: Notas de leitura (209): A Academia Militar e a Guerra de África (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Fevereiro de 2011:
Queridos amigos,
Um volume da maior utilidade para entender o papel da Academia Militar no decurso da guerra. A estrutura do seminário permitiu obter um leque variado de opiniões, desde o contexto internacional, passando pela análise da sociedade portuguesa e olhar de vários oficiais sobre a evolução dos três teatros de operações.
Um abraço do
Mário
A Academia Militar e a guerra de África
Beja Santos
Em 28 de Maio de 2009 a Academia Militar promoveu um seminário intitulado “A Academia Militar e a Guerra de África”. O acervo documental desde evento deu lugar a uma publicação: “A Academia Militar e a Guerra de África”, edição da Academia Militar e Prefácio Edições, 2010. Sumariam-se algumas das questões tratadas no decurso dos trabalhos.
O Prof. António Telo abordou o enquadramento internacional e a situação política nacional nesse período de 13 anos. Considera ter havido dois momentos fundamentais no decurso do conflito no que diz respeito aos apoios externos para a estratégia seguida por Salazar: no início da década de 60 ocorreu um afastamento em relação à Grã-Bretanha e aos EUA o que foi acompanhado de uma aproximação à França e à RFA; na segunda metade dos anos 60 registou-se uma aproximação à África do Sul e à Rodésia, o regime apostou na construção de uma estratégia comum para a África Austral. O Reino Unido descolonizara de maneira pacífica, aceitou os ventos da História, isto enquanto, ainda no mandato de Eisenhower, se inflectia para uma política de descolonização e tal doutrina acentuou-se com a administração Kennedy. Sem estes apoios, o regime, necessitando de um exigente esforço militar, procurou dois parceiros com interesses na região. Está hoje bem esclarecido porque é que a RFA praticou tão boa vizinhança com o regime de Salazar: tendo enveredado pelo rearmamento próprio, a NATO precisava de dispor de uma retaguarda segura para essa frente da Europa Central, a Espanha não fazia parte da NATO, optou-se por Portugal. A RFA assinou três dezenas de grandes acordos de cooperação com Portugal: base de Beja, o uso de Alverca, modernização da indústria de defesa em Portugal, a espingarda G3, a pistola Walther, as metralhadoras ligeiras passaram a ser fábricas em Braço de Prata e outras unidades, montagem em Portugal do Unimog, aquisição de aviões Do-27, etc., etc. Escreve o historiador: “O que acontece na década de 60 é que Portugal desenvolve duas estratégias nacionais: uma oficial e outra real. Na estratégia oficial, Portugal aposta tudo no conceito de “pátria pluricontinental e multirracial”, o que implica o envolvimento nas três guerras de África e a criação de um mercado de livre circulação do escudo, que abarcava Portugal e as suas colónias. Na estratégia real, Portugal aproxima-se cada vez mais da RFA e da França que eram a locomotiva da CEE, tanto em termos de comércio, como dos financiamentos, dos fluxos técnicos ou humanos”. E de facto a França e a RFA foram os grandes apoios internacionais na primeira fase do esforço das guerras de África. Os problemas vão surgir com o fim da guerra da Argélia e com a viragem política da RFA aproximando-se do Leste. A política diplomática de Salazar, virou-se para outras alternativas: Lisboa apoiou, em 1966, a declaração unilateral da independência da Rodésia branca; assinam-se acordos com a África do Sul, tanto no campo económico como na cooperação militar. Em absoluto sigilo, desenha-se um entendimento estratégico que abarcava toda a África Austral. A África do Sul, a partir de 1967, fornece equipamento militar e intervém em operações, nomeadamente com helicópteros, primeiro, e acções combinadas e a criação de uma força internacional, depois. Quando se chega ao 25 de Abril, a CEE era de longe o maior parceiro de Portugal em termos de comércio e na África Austral estava em curso uma operação que procurava consolidar a supremacia branca em Angola e Moçambique.
Numa comunicação sobre a formação de oficiais entre 1960 – 1974, o coronel Vieira Borges realçou o papel da Academia Militar como escola de formação dos oficiais dos quadros permanente do Exército e da Força Aérea, destacou as preocupações dos diferentes comandantes da Academia nestes períodos, os planos dos cursos e também a formação dos quadros de complemento. A Academia formou entre 1960 e 1974 mais de 1100 oficiais; a formação foi-se adaptando à guerra subversiva.
O coronel David Martelo debruçou-se sobre o recrutamento de oficiais, destaca, através dos números, o desgaste provocado pela guerra e a necessidade de recorrer aos capitães milicianos bem como à formação de oficiais na Escola Central de Sargentos. Analisou com minúcia a controversa legislação de 1973 que fez estalar o descontentamento dos oficiais do quadro com os estímulos aos capitães do QEO e introduziu dinâmica ao chamado movimento dos capitães.
A professora Maria Helena Carreiras procedeu a uma intervenção sobre o papel das mulheres na sociedade portuguesa, durante o período do conflito africano, deteve-se no MNF – Movimento Nacional Feminino, as Madrinhas de Guerras, as enfermeiras pára-quedistas e as mulheres dos militares, tanto na retaguarda como na linha da frente. “Falar da guerra só no masculino é contar apenas uma parte da história”, concluiu.
Num diagnóstico sobre o retrato do militar português, o tenente-general Abel Couto começou por apresentar a evolução dos comportamentos da juventude face ao serviço militar obrigatório. O que ressalta das estatísticas é o crescimento da percentagem dos apurados e a elevada percentagem de faltosos, adiados e voluntários. Traçou o enquadramento do militar na guerra, sobretudo o carácter do soldado e referiu-se aos efectivos e baixas.
Os oradores seguintes referiram-se aos três teatros de operações. O tenente-coronel Pires Nunes deixou bem claro na sua exposição que a situação militar em Angola reduzira a estilhas os três grupos de guerrilheiros. O coronel Matos Gomes, a propósito de Moçambique, referiu detalhadamente as estratégias do general Augusto dos Santos e do general Kaúlza de Arriaga, considerando que a estratégia de Kaúlza se revelou inadequada e incapaz de estabilizar militarmente Moçambique, não contribuindo para a resolução do problema político. O general Manuel Monge, a quem competiu a análise do teatro de operações da Guiné, concluiu a sua intervenção da seguinte maneira: “O general Spínola não aceitou, em 1973, permanecer na Guiné porque quando comunicou ao professor Marcelo Caetano que só uma solução política era possível para a guerra, a resposta dada foi de que era preferível uma derrota militar com honra do que ter que negociar com terroristas. Os militares sabiam o que os políticos de então consideravam “uma derrota militar com honra, pelo modo como as Forças Armadas tinham sido tratadas na Índia. Obviamente que Spínola não podia aceitar isso, foi substituído pelo general Bethencourt Rodrigues. Um grande general foi cumprir uma missão de sacrifício quando já não havia esperança: a Guiné estava perdida. Então os centuriões perceberam que já não era possível defender a Pátria nas fronteiras do Império. Havia que volver à Europa. Foi o que fizemos no 25 de Abril”.
O volume termina com a publicação das conclusões.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7839: Notas de leitura (208): Antologia Poética da Guiné-Bissau (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Um volume da maior utilidade para entender o papel da Academia Militar no decurso da guerra. A estrutura do seminário permitiu obter um leque variado de opiniões, desde o contexto internacional, passando pela análise da sociedade portuguesa e olhar de vários oficiais sobre a evolução dos três teatros de operações.
Um abraço do
Mário
A Academia Militar e a guerra de África
Beja Santos
Em 28 de Maio de 2009 a Academia Militar promoveu um seminário intitulado “A Academia Militar e a Guerra de África”. O acervo documental desde evento deu lugar a uma publicação: “A Academia Militar e a Guerra de África”, edição da Academia Militar e Prefácio Edições, 2010. Sumariam-se algumas das questões tratadas no decurso dos trabalhos.
O Prof. António Telo abordou o enquadramento internacional e a situação política nacional nesse período de 13 anos. Considera ter havido dois momentos fundamentais no decurso do conflito no que diz respeito aos apoios externos para a estratégia seguida por Salazar: no início da década de 60 ocorreu um afastamento em relação à Grã-Bretanha e aos EUA o que foi acompanhado de uma aproximação à França e à RFA; na segunda metade dos anos 60 registou-se uma aproximação à África do Sul e à Rodésia, o regime apostou na construção de uma estratégia comum para a África Austral. O Reino Unido descolonizara de maneira pacífica, aceitou os ventos da História, isto enquanto, ainda no mandato de Eisenhower, se inflectia para uma política de descolonização e tal doutrina acentuou-se com a administração Kennedy. Sem estes apoios, o regime, necessitando de um exigente esforço militar, procurou dois parceiros com interesses na região. Está hoje bem esclarecido porque é que a RFA praticou tão boa vizinhança com o regime de Salazar: tendo enveredado pelo rearmamento próprio, a NATO precisava de dispor de uma retaguarda segura para essa frente da Europa Central, a Espanha não fazia parte da NATO, optou-se por Portugal. A RFA assinou três dezenas de grandes acordos de cooperação com Portugal: base de Beja, o uso de Alverca, modernização da indústria de defesa em Portugal, a espingarda G3, a pistola Walther, as metralhadoras ligeiras passaram a ser fábricas em Braço de Prata e outras unidades, montagem em Portugal do Unimog, aquisição de aviões Do-27, etc., etc. Escreve o historiador: “O que acontece na década de 60 é que Portugal desenvolve duas estratégias nacionais: uma oficial e outra real. Na estratégia oficial, Portugal aposta tudo no conceito de “pátria pluricontinental e multirracial”, o que implica o envolvimento nas três guerras de África e a criação de um mercado de livre circulação do escudo, que abarcava Portugal e as suas colónias. Na estratégia real, Portugal aproxima-se cada vez mais da RFA e da França que eram a locomotiva da CEE, tanto em termos de comércio, como dos financiamentos, dos fluxos técnicos ou humanos”. E de facto a França e a RFA foram os grandes apoios internacionais na primeira fase do esforço das guerras de África. Os problemas vão surgir com o fim da guerra da Argélia e com a viragem política da RFA aproximando-se do Leste. A política diplomática de Salazar, virou-se para outras alternativas: Lisboa apoiou, em 1966, a declaração unilateral da independência da Rodésia branca; assinam-se acordos com a África do Sul, tanto no campo económico como na cooperação militar. Em absoluto sigilo, desenha-se um entendimento estratégico que abarcava toda a África Austral. A África do Sul, a partir de 1967, fornece equipamento militar e intervém em operações, nomeadamente com helicópteros, primeiro, e acções combinadas e a criação de uma força internacional, depois. Quando se chega ao 25 de Abril, a CEE era de longe o maior parceiro de Portugal em termos de comércio e na África Austral estava em curso uma operação que procurava consolidar a supremacia branca em Angola e Moçambique.
Numa comunicação sobre a formação de oficiais entre 1960 – 1974, o coronel Vieira Borges realçou o papel da Academia Militar como escola de formação dos oficiais dos quadros permanente do Exército e da Força Aérea, destacou as preocupações dos diferentes comandantes da Academia nestes períodos, os planos dos cursos e também a formação dos quadros de complemento. A Academia formou entre 1960 e 1974 mais de 1100 oficiais; a formação foi-se adaptando à guerra subversiva.
O coronel David Martelo debruçou-se sobre o recrutamento de oficiais, destaca, através dos números, o desgaste provocado pela guerra e a necessidade de recorrer aos capitães milicianos bem como à formação de oficiais na Escola Central de Sargentos. Analisou com minúcia a controversa legislação de 1973 que fez estalar o descontentamento dos oficiais do quadro com os estímulos aos capitães do QEO e introduziu dinâmica ao chamado movimento dos capitães.
A professora Maria Helena Carreiras procedeu a uma intervenção sobre o papel das mulheres na sociedade portuguesa, durante o período do conflito africano, deteve-se no MNF – Movimento Nacional Feminino, as Madrinhas de Guerras, as enfermeiras pára-quedistas e as mulheres dos militares, tanto na retaguarda como na linha da frente. “Falar da guerra só no masculino é contar apenas uma parte da história”, concluiu.
Num diagnóstico sobre o retrato do militar português, o tenente-general Abel Couto começou por apresentar a evolução dos comportamentos da juventude face ao serviço militar obrigatório. O que ressalta das estatísticas é o crescimento da percentagem dos apurados e a elevada percentagem de faltosos, adiados e voluntários. Traçou o enquadramento do militar na guerra, sobretudo o carácter do soldado e referiu-se aos efectivos e baixas.
Os oradores seguintes referiram-se aos três teatros de operações. O tenente-coronel Pires Nunes deixou bem claro na sua exposição que a situação militar em Angola reduzira a estilhas os três grupos de guerrilheiros. O coronel Matos Gomes, a propósito de Moçambique, referiu detalhadamente as estratégias do general Augusto dos Santos e do general Kaúlza de Arriaga, considerando que a estratégia de Kaúlza se revelou inadequada e incapaz de estabilizar militarmente Moçambique, não contribuindo para a resolução do problema político. O general Manuel Monge, a quem competiu a análise do teatro de operações da Guiné, concluiu a sua intervenção da seguinte maneira: “O general Spínola não aceitou, em 1973, permanecer na Guiné porque quando comunicou ao professor Marcelo Caetano que só uma solução política era possível para a guerra, a resposta dada foi de que era preferível uma derrota militar com honra do que ter que negociar com terroristas. Os militares sabiam o que os políticos de então consideravam “uma derrota militar com honra, pelo modo como as Forças Armadas tinham sido tratadas na Índia. Obviamente que Spínola não podia aceitar isso, foi substituído pelo general Bethencourt Rodrigues. Um grande general foi cumprir uma missão de sacrifício quando já não havia esperança: a Guiné estava perdida. Então os centuriões perceberam que já não era possível defender a Pátria nas fronteiras do Império. Havia que volver à Europa. Foi o que fizemos no 25 de Abril”.
O volume termina com a publicação das conclusões.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7839: Notas de leitura (208): Antologia Poética da Guiné-Bissau (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P7867: Projecto Recolha do Arquivo Histórico-Militar: salvaguardar o precioso património documental da guerra colonial (António J. Pereira da Costa)
Sítio A Nossa História, da Liga dos Amigos do Arquivo Histórico-Militar.
1. Mensagem do nosso camarigo António José Pereira da Costa (Cor Art na reserva, na efectividade de serviço, que foi comandante da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74):
Data: 18 de Janeiro de 2011 21:32
Assunto: Faltam Detalhes
Boa noite, Camarada
Os contactos são:
É essencial fazer a História antes que outros escrevam:
Assunto: Faltam Detalhes
Boa noite, Camarada
Julgo que deveríamos divulgar um pedido a todo o universo tabanqueiro para que não se desfaça das recordações que possa ter da sua passagem pel Guiné.
O projecto "Faltam Detalhes" pretende concentrar no Arquivo Histórico Militar toda informação disponível: fotos (mesmo as mais doidas), slides, mapas, aerogramas, desenhos, esquemas e até documentos oficiais como, por exemplo, relatórios, notas, etc.
Os contactos são:
|
É essencial fazer a História antes que outros escrevam:
Camarada, faz isso por ti, pelos teus filhos e netos, por todos nós!
Faz isso, por ti, por todos nós... Pelas razões que entenderes...
É necessário que nada se perca!
Um Alfa Bravo
António J. Pereira da Costa
2. Projecto Recolha
António J. Pereira da Costa
2. Projecto Recolha
O Arquivo Histórico Militar [, criado em 1911, na sequência da reforma do Exército,] tem em execução, desde
há alguns anos, um Projecto Recolha visando localizar, recolher e guardar
espólios documentais particulares com interesse para a história do Exército.
Agora, um grupo de cidadãos integrando a Liga dos Amigos do AHM (em organização) propôs ao
Arquivo lançar uma campanha a nível nacional, de forma a recuperar essa documentação dispersa e
muitas vezes em risco de perder-se. O AHM aceitou e apoia com muito entusiasmo o
projecto e congratula-se por esta iniciativa de grande valor cultural.
De uma forma geral, a documentação que o AHM
possui é documentação oficial, produzida e recebida pelas unidades do Exército.
Tem também algumas dezenas de espólios pessoais, entregues por militares dos
quadros permanentes. Infelizmente, o Arquivo não possui documentação de oficiais e sargentos milicianos ou soldados, a
não ser raros documentos produzidos durante os períodos
de campanhas militares – as Invasões Francesas, a I Guerra Mundial e a Guerra
Colonial.
Todos sabemos que um grande número de homens (pode
dizer-se uma geração inteira) esteve na Guerra Colonial, nos anos sessenta e
setenta do século XX. Calcula-se que tivessem estado nos teatros de operações
cerca de 800.000 homens. Muitos destes homens escreveram cartas às suas famílias
e receberam as respectivas respostas (normalmente em aerogramas).
Também fizeram
muitas fotografias, slides e mesmo alguns filmes, com os meios que havia na época. Outros escreveram
diários, memórias ou simples apontamentos. Podem ter na sua posse também outros
documentos, como cartazes, postais, autocolantes, desenhos, documentos oficiais,
etc. Podem ainda ter guardado jornais e revistas da época.
Toda esta documentação
interessa salvaguardar. Estes espólios, assim como outros semelhantes de outras
épocas, constituem o objecto do Projecto Recolha.
Durante a I Guerra Mundial foram escritas,
aproximadamente, trinta e dois milhões de cartas, das quais restam agora cerca
de meia centena à guarda do Arquivo Histórico Militar. Perdeu-se
irremediavelmente um canal privilegiado de observação da história dessa época: o
contar dos acontecimentos na primeira pessoa. Muitos destes despojos perdem-se
nas casas sem espaço e com eles a memória de cada tempo. Pela consciência que temos desse destino e porque faz falta reflectir sobre a nossa identidade, não
queremos deixar de estar disponíveis, como nos pertence. Por isso aqui repetimos
a mensagem da nossa campanha: “Para que nenhum detalhe importante fique a faltar
à nossa História, o Arquivo Histórico Militar precisa da sua ajuda. Faça-nos a
doação ou deixe-nos guardar as suas cartas, diários, fotos e filmes sobre Portugal no Século XX. Desde a Monarquia
à nossa entrada na CEE, sobre questões militares ou não, preservar o máximo é o
grande objectivo. Contrapartidas para si? A certeza de que as suas recordações
ficam bem entregues e o orgulho de contribuir para que nada se perca.
Contacte-nos pela linha verde 800205938 ou em www.anossahistoria.org
Guiné 63/74 - P7866: Parabéns a você (221): João Carlos Silva, ex-Cabo Especialista da FAP (Tertúlia / Editores)
PARABÉNS A VOCÊ
26 DE FEVEREIRO DE 2011
JOÃO CARLOS SILVA*
Caro jovem camarada João Carlos, recebe os parabéns da Tabanca Grande.
Aqui estão os Editores (roídos de inveja... ai se nós ainda não tivéssemos 50), em nome de toda a Tertúlia, a desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.
Que esta data se festeje por muitos anos, tantos que estes velhotes os não consigam contar, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.
Na hora do brinde, não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde, juventude e longevidade.
____________
Notas de CV:
O postal de aniversário é de autoria do nosso camarada Miguel Pessoa, Coronel Pilav Ref da FAP
(*) João Carlos Silva foi Cabo Especialista da FAP e prestou serviço na Base Aérea n.º 6 do Montijo nos anos de 1979/82.
(*) Vd. poste de 26 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5885: Parabéns a você (82): João Carlos Silva, ex-Cabo Especialista da FAP, BA6 (Montijo, 1979/82) (Editores)
Vd. último poste da série de 25 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7858: Parabéns a você (220): Gumerzindo Silva, ex-Soldado Condutor da CART 3331 (Tertúlia / Editores)
Guiné 63/74 - P7865: Operações do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (1): Quadrilha Sagaz, Satecuta, subsector do Xitole, 11-12 de Julho de 1971
1. Excertos do Cap II da História do BART 2917, Bambadinca, 1970/72 - Documento classificado como "reservado" - , segundo versão policopiada gentilmente cedida ao nosso blogue pelo ex-Fur Mil Trms Inf, José Armando Ferreira de Almeida, CCS/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande; cotejada igualmente com a versão, em suporte digital, corrigida e melhorada pelo Benjamim Durães (*).
Já aqui publicámos alguns excertos deste documento, nomeadamente com elementos de caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (*)... Hoje damos início a nova série, Operações do BART 2917, com a publicação de um excerto , correspondente às pp. 78-81, e à Op Quadrilha Sagaz, que envolveu forças da CART 2716 (Xitole) e CART 2714 (Mansambo)...
O objectivo nas NT, com, esta operação que decorreu em 11 e 12 de Julho de 1971, era atingir a antiga tabanca de Satecuta (subsector de Xitole, abaixo de Galo Corubal, na margem direita do Rio Corubal), onde se estimava que o PAIGC tivesse sob o seu controlo cerca de 300 habitantes (p. 42), defendidos por um grupo, comandado por MÁRIO MENDES (p. 44) (Segundo informação do António Duarte, nosso camarigo, lisboeta, furriel miliciano da 3ª terceira geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, o "Mário Mendes, comandante de bi-grupo na zona do Xime, foi morto numa acção da CCaç 12 no final de 1972: numa deslocação feita para lá de Madina Colhido, foi abatido pelo apontador de HK21 do 4º pelotão").
Em 11 de Julho de Julho de 1971, noutro subsector (Xime) do Sector L1, "um grupo IN não estimado flagelou, durante 25 minutos, da direcção de SSE com CAN S/R, MORT 82 e FOGUETÕES 122 o aquartelamento e a tabanca do XIME, causando um ferido ligeiro à população" (p.78)... (No meu tempo, ainda não havia, no Sector L1, os Katiusha).
Esta operação acaba também de ser descrita por nosso camarada Jorge Silva, no poste P7843 (**).
[ Fixação / revisão de texto / título: L.G.]
Mapa (esboço) do Sector L1, ao tempo do BCAÇ 2851 (1968/70), do BART 2917 (1970/72) e da CCAÇ 12 (1969/71)...
[ Fixação / revisão de texto / título: L.G.]
Mapa (esboço) do Sector L1, ao tempo do BCAÇ 2851 (1968/70), do BART 2917 (1970/72) e da CCAÇ 12 (1969/71)...
Observações: NT= Nossas Tropas; Badora, Bissari, Corubal, Cuor, Xime = Regulados; RGeba, RCorubal = Rio Geba, Rio Corubal; N, W, S, L= Quatro pontos cardeais: norte, oeste, sul, este; IN= Inimigo; 1 = Um bigrupo (50/60 guerrilheiros); 2 = Dois bigrupos (90/100 guerrilheiros); A/B = 1 grupo de artilharia (morteiro 82, canhão s/r 75 e 82) + 1 grupo especial de bazuqueiros (RGP) (Mangai…).
Guiné > Zona leste >Sector L1 > CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > Um coluna logística ao Xitole... O pessoal fazendo uma paragem na Ponte dos Fulas, destacamento do Xitole.
Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010) & Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
(DESENROLAR DA ACÇÃO)
- No dia 08.JUL pelas 9,00 horas um Grupo de Combate da CCAÇ 12 saiu de BAMBADINCA para o XITOLE onde chegou através de GALOMARO, pelas 16,00 horas a fim de garantir a defesa do XITOLE e tabancas em A/D na área durante a operação.
- No dia 09.JUL pelas 13,00 horas um Grupo de Combate da CCAÇ 12 saiu de BAMBADINCA para MANSAMBO afim de reforçar a guarnição de MANSAMBO durante a operação garantindo a defesa da povoação e tabancas em A/D da área durante a operação.
- Tal antecedência de reforço, que pode ter denunciado a operação, foi devida aos apoios aéreos inicialmente concedidos para 10.JUL.71 terem sido cancelados pela mensagem 3131/C de 091645JUL71 (já com as tropas da CCAÇ 12 em movimento) e posteriormente concedidos para 12JUL71.
- No dia 11.JUL pelas 22,00 horas os AGRUPAMENTOS saíram dos seus respectivos quartéis em marcha, pela estrada de MANSAMBO – XITOLE, tendo o AGRUPAMENTO VERMELHO [CART 2714, Mansambo], atingido pelas 23,30 horas a PONTE do RIO BISSARI, continuando a progressão a corta mato ao longo da margem esquerda deste rio até à bolanha que corre para leste da sua confluência com o RIO SAMBA ERIEL onde emboscou pelas 3,00 horas do dia 12.JUL para descanso do pessoal.
- Entretanto o AGRUPAMENTO AZUL [CART 2716, Xitole] ao atingir a área de CULOBO abandonou a estrada inflectindo para W na direcção de GALO CORUBAL tendo pelas 04,30 horas emboscado na área de (XIME 4F6-37) aguardando a chegada dos meios aéreos.
- No dia 12 pelas 04,00 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO continuou a progressão para Sul tendo pelas 5,30 horas emboscado na área de (XIME 4F1-54) onde aguardou a chegada dos meios aéreos.
- Pelas 6,30 horas o AGRUPAMENTO AZUL referenciou uma patrulha IN de 4 elementos armados que, descobrindo o trilho das NT, fez um disparo de LROCK e alguns tiros de LM possivelmente para alertar outras forças IN e população da área. As NT não reagiram para evitarem revelar a sua posição. Os AGRUPAMENTOS tentaram simultaneamente entrar em contacto entre si (o AGRUPAMENTO VERMELHO para perguntar o que sucedera, o AGRUPAMENTO AZUL para informar que a patrulha seguira para NW), mas não conseguiram estabelecer a ligação rádio.
- Pelas 7,00 horas chegou a DO-27 a BAMBADINCA, tendo nele imediatamente embarcado o Comandante da Operação que se dirigiu para o XITOLE (as nuvens muito baixas obrigaram o piloto a seguir o RIO CORUBAL a baixa altitude para conseguir atingir aquela pista de aterragem).
- Estabelecido contacto rádio com os AGRUPAMENTOS, o Comandante da Operação ordenou o reinício da progressão, indo aterrar no XITOLE onde ficou em alerta.
- Pelas 7,15 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO continuou a sua progressão para Sul, paralelamente ao antigo trilho de GALO CORUBAL com grandes dificuldades devido à densidade da vegetação que embaraçava a progressão o que, associada às nuvens baixas que cobriam o Sol, desorientava o guia nativo.
- Pelas 7,20 o AGRUPAMENTO AZUL reiniciou a progressão mas como o guia principal encontrasse grande dificuldade na sua orientação devido à arborização apresentar nesta época um aspecto uniforme, o capim estar já com uma razoável altura e as nuvens muito baixas encobrirem o Sol, houve, a seu pedido, que deslocar um auxiliar de guia de um dos pelotões para a testa da coluna para entre ambos encontrarem o caminho a seguir.
- Pelas 8,30 um grupo IN estimado em 40 elementos emboscou com MORT 82, RPG-2 e ML em [XIME 4F3-37] o AGRUPAMENTO AZUL, ferindo nos primeiros disparos os dois guias que tiveram posteriormente a ser evacuados.
- A pronta reacção das NT obrigou o IN a debandar levando consigo pelo menos 4 elementos feridos confirmados visualmente por vários elementos das NT e pelos rastos de sangue deixados no terreno. Ao mesmo tempo que debandava o IN flagelava a zona com MORT 82 cujos impactos cobriram eficazmente a sua retirada não permitindo a perseguição das NT.
- É de realçar que este grupo tem que dispor de um muito bom apontador de MORT 82 dada a precisão de tiro desta arma. As NT, impedidas de perseguir o IN, flagelaram-no com MORT 60, BAZOOKA e dilagramas provocando possivelmente mais baixas pois os impactos situaram-se na zona de retirada do grupo IN.
- Apenas se deu esta emboscada, o Comandante da Operação sobrevoou a área tendo pelas 8,40 horas pedido a evacuação dos dois guias feridos e orientado o AGRUPAMENTO AZUL para uma clareira em [XIME 4F3-38] de onde se iriam fazer as evacuações e nas imediações da qual o AGRUPAMENTO AZUL emboscou.
- O AGRUPAMENTO VERMELHO que, aos primeiros rebentamentos se encontrava a uma distância estimada em 1.000 metros do local dos impactos, possivelmente em [XIME 4E7-44], emboscou preparando-se para socorrer o AGRUPAMENTO AZUL se necessário ou intersectar, capturando-o ou ao menos aniquilando-o, o Grupo IN em retirada.
- Às 9,00 horas obtida a certeza de que o IN não retirara na sua direcção e de que o AGRUPAMENTO AZUL não precisava de auxílio, o AGRUPAMENTO VERMELHO deixando parte das suas tropas emboscadas iniciou o reconhecimento da zona definida pelos pontos:
PONTO 12 - XIME 4D7-45; PONTO 13 – XIME 4E7-47; e pelo PONTO 3 – XIME 4E2-36,
Não tendo sido detectados trilhos ou indícios de instalação IN.
- A vegetação muito densa, dificultando a orientação, frequentemente obrigava a retroceder até ao antigo trilho do GALO CORUBAL para orientação.
- Pelas 10,10 horas do dia 12 com a protecção do Helicanhão foi feita a evacuação dos dois guias feridos e ordenado pelo Comandante da Operação o seu prosseguimento dentro dos planos estabelecidos.
- O AGRUPAMENTO AZUL informou então de que os guias evacuados eram os únicos que conheciam o caminho dispondo agora apenas de dois auxiliares de guias e que, dado o aspecto actual da vegetação e as condições meteorológicas que dificultavam a orientação, estavam bastante diminuídas as possibilidades de atingir o objectivo.
- Perante esta informação e dado que o DO necessitava de abastecer, o Comandante da Operação ordenou, pelas 10,25 horas, que as tropas emboscassem até ao regresso do DO à zona em virtude de ter reconhecido ser impossível prosseguimento do AGRUPAMENTO AZUL sem que o mesmo fosse orientado por um meio aéreo.
- Abastecido o DO em ALDEIA FORMOSA, o Comandante da Operação dirigiu-se imediatamente à zona onde chegou pelas 11,30 horas precisamente na altura em que o AGRUPAMENTO AZUL voltava a ser flagelado em [XIME 4F2-39] com MORT 82, ML e Lança Rocket, por um grupo IN estimado em 40 elementos, sem consequências para as NT, que reagiram prontamente, sendo de admitir terem provocado baixas do IN, uma vez que os pontos de impacto de MORT 60, Bazooka, e dilagramas se situaram sobre a área de instalação do Grupo IN; mais uma vez os impactos de MORT 82 cobriram eficazmente a retirada do IN, não permitindo a sua perseguição pelas NT.
- Não tendo os meios aéreos localizado o IN, o Comandante da Operação determinou a sua continuação dentro dos planos previstos, passando o DO a orientar directamente a progressão do AGRUPAMENTO AZUL.
- Entretanto o Helicanhão teve de seguir para ALDEIA FORMOSA para abastecer.
- Pelas 12,15 horas com o AGRUPAMENTO AZUL, progredindo na mata cerrada em direcção ao objectivo e a cerca de 3 km de distância deste o piloto do DO informou que em virtude de ter recomeçado a chover na área da linha de borrasca que se aproximava, não lhe era possível continuar a orientar o AGRUPAMENTO AZUL atingir SATECUTA e tendo o AGRUPAMENTO VERMELHO já explorado a área de GALO CORUBAL, o Comandante da Operação deu ordem de retirada aos AGRUPAMENTOS pelas 12,20 horas, para a estrada XITOLE – MANSAMBO por itinerários sensivelmente paralelos aos que tinham seguido na aproximação.
- No dia 12 pelas 12,40 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO sensivelmente em (XIME 4E7-48) detectou um elemento armado IN que se erguera a coberto de um tronco de árvore alertando todo o pessoal.
- As NT abriram fogo, tendo o IN respondido com grande intensidade e potencial de fogo diverso, com MORT 82, LROCKET e ML , não tendo as NT caído na zona de morte.
- Ao fim de cerca de 5 minutos de fogo intenso, o IN retirou para Leste na direcção da Ponte do RIO JAGARAJÁ.
- Da batida imediatamente feita, estimou em 20 elementos armados o efectivo do grupo IN e verificou-se que os impactos e crateras provocadas pelas armas das NT se situavam na zona de instalação IN e, pelos rastos de sangue e sinais de corpos arrastados, era de admitir que o IN tivesse sofrido baixas. Não foi encontrado qualquer material abandonado, a não ser cápsulas de cartuchos e um chapéu de palha.
- Na consequência do fogo IN, sofreram três feridos ligeiros provocados por estilhaços; foram eles o:
- Alferes Mil Atirador JOAQUIM SILVA PEREIRA; Soldado Atirador MANUEL AUGUSTO SILVA RIBEIRO; e o Guia Nativo Assalariado IABO BALDÉ.
- Sobrevoada entretanto a zona, o PCV nada detectou tendo o AGRUPAMENTO VERMELHO continuado a progressão inflectindo mais para Norte atingindo a estrada XITOLE – MANSAMBO, a 2 km a Sul da Ponte do RIO BISSARI, pelas 15,15 horas.
- O PCV manteve-se na área até que o péssimo estado de tempo o obrigou a aterrar pelas 13,00 horas, orientando sempre o AGRUPAMENTO AZUL que, quando o PCV abandonou a área, seguia em bom andamento e aparentemente sem dificuldades de orientação cerca de [XIME 4G3-22].
- Pelas 15,15 horas o AGRUPAMENTO AZUL foi novamente flagelado em [XIME 4D7-49] com MORT 82, ML e lança Rocket, tendo-se notado nesta flagelação uma considerável redução de utilização de armas ligeiras o que leva admitir que o Grupo IN agora estimado, pelos vestígios deixados, em cerca de 30 elementos tivesse nos primeiros recontros, sofrido baixas ou esgotado munições.
- Mais uma vez é de realçar o excepcional trabalho do apontador de MORT 82, cobrindo excelentemente a retirada do IN que debandou pela reacção das NT. Nesta altura constatou o Comandante do AGRUPAMENTO AZUL que o guia se encontrava perdido pois dizia ser a estrada XITOLE – MANSAMBO para OESTE, pelo que solicitou orientação aos meios aéreos que imediatamente haviam ocorrido à área.
- O Comandante da Operação determinou então ao Helicanhão que orientasse o AGRUPAMENTO AZUL para a estrada MANSAMBO – XITOLE, o que fez até ao seu limite de autonomia de voo e visibilidade para atingir ALDEIA FORMOSA numa manifestação de espírito de missão verdadeiramente notável, aliás já manifestada também pelo piloto do DCON que, após a saída do Héli, continuou a orientar a progressão do AGRUPAMENTO AZUL até cerca das 17,30 horas, [altura] a que teve de regressar a BAMBADINCA e posteriormente a BISSAU.
- No dia 12 pelas 16,30 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO atingiu MANSAMBO, em meios auto a partir da Ponte sobre o RIO BISSARI.
-No dia 12 pelas 18,30 horas o AGRUPAMENTO AZUL atingiu a estrada do XITOLE na área do PONTÃO sobre o RIO JAGARAJÁ e pelas 21,00 horas atingiu o quartel do XITOLE transportado em viaturas auto a partir da PONTE PULON.
- No dia 13 pelas 2,30 horas [?] do dia 13 o Grupo de Combate da CCAÇ 12 abandonou o XITOLE tendo atingido BAMBADINCA pelas 15,30 horas.
-No dia 14 pelas 6,30 horas o Grupo de Combate da CCAÇ 12 abandonou o XITOLE tendo atingido BAMBADINCA pelas 14,00 horas.
________________
Notas de L.G.:
(*) Vd. último poste da série > 16 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6601: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (6): Povoações sob controlo IN; Recursos; Clima e meteorologia; Dispositivo e actuação da guerrilha (Benjamim Durães / J. Armando F. Almeida / Luís Graça)
Subscrever:
Mensagens (Atom)