morremos todos nós um pouco.
Ou morre um pouco de todos nós,
que de poeta e louco todos temos um pouco.
Não punhamos rótulos nos poetas ou nas poetisas,
porque são inclassificáveis,
não há poet...istas,
há só poemas, poemários,
há poetas, homens, mulheres,
A poesia é pura liberdade,
liberdade livre, disse outro poeta,
e a liberdade, quando é livremente livre,
é capaz de irritar,
quem só vê as coisas através do manual da sua escola
Ana Luisa Amaral
morreste, aos sessenta e seis anos,
porque eras mortal,
mas gostavas tanto da vida
e eles e elas, os teus poemas e as tuas palavras,
permanente.
Desculpa-me ter-te descoberto tão tarde
que leste há dias, uma semana antes de morreres, na RTP 3,
Leste-o, o teu "Testamento",
Leste-o premonitoriamente,
sem poderes saber ou adivinhar
que o teu coração-avião já te tinha condenado à morte,
Ana Luisa Amaral,
e chegar a todo o lado,
mas, por favor, Ana,
Laura Fonseca, Porto (by email)
8 ago 2022 20:14
Olá, Luís
Ainda não digeri a morte deste grande ser humano, poeta, colega, mulher de causas e também de algum relacionamento pessoal, feminista, académica de excelência. Partilhei com ela, nos anos 1990/2000(?), a direção da APEM - Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres. Estava ainda no início do seu reconhecimento poético e no final do seu doutoramento. O que nós partilhávamos e apreendíamos!!!
Na verdade, o teu amigo Adão Cruz (*) faz um texto belíssimo, que exprime bem o que penso e sinto em relação a esta mulher: tão culta, tão solidária, tão inquieta e subversiva perante os problemas humanos. E fazia-o sempre e tinha sempre tempo, com a sua presença, a sua poesia.
Admirava a sua cultura, o seu empenho, o caminho de maturidade poética que estava a trilhar, sem perder o pé na terra nas pequenas e grandes coisas. Ana Luisa adorava partilhar o seu trabalho, fazer e dizer poesia, divulgar o trabalho de outras mulheres e homens. Não se cansava de dizer sim e ser generosa, mesmo que crítica com tudo o que fosse errado para as pessoas e a natureza neste mundo.
É uma pessoa que nos deixa muito. Mas é também uma pessoa que nos vai fazer muita falta, ao mundo, ao país, ao Porto, à academia, à ciência, ao movimento cívico e político, aos amigos e à sua adorada filha Rita, sempre sua companheira e sua inspiração de amor e de humanidade.