sábado, 6 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23501: In Memoriam (443): Maria Aldina G. O. Marques da Silva (Fafe, 1946 - Lourinhã, 2022), esposa do Jaime Silva (ex-alf mil paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72): o funeral é em Fafe, amanhã, domingo, às 12h00


Lourinhã > Ribamar > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > O Jaime e a Dina, ambos professores, já então reformados, e dividindo o seu tempo entre a Lourinhã e Fafe. Ela era de Fafe, ele, do Seixal, Lourinhã. Em Fafe o Jaime Silva foi autarca, tendo tido o pelouro da cultura e desporto no respetivo município. O casal vivia nos últimos anos no Seixal, Lourinhã.  E, apesar da doença que a afetava, a Dina ainda acompanhava o marido e convivia com os amigos, até 2019. Sempre impecavelmente cuidada, resguardada  e protegida  pelo seu "anjo da guarda". 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Praia da Areia Branca > 7 de julho de 2018 > Dina e Jaime

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Lourinhã > Seixal > 17 de julho de 2019 >   A Dina, na festa do 73º aniversário do Jaime


Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. A Dina acaba de morrer esta noite. De seu nome completo, Maria Aldina Gonçalves de Oliveira Marques da Silva, nascida em 24 de fevereiro de 1946, em Fafe. Há dois anos e tal, desde o início da pandemia de Covid-19, que estava internada, no Lar Vida Maior, na Maceira, união das freguesias de A-dos-Cunhados e Maceira, Torres Vedras,  Sofria, há mais de dez anos, de uma doença crónica degenerativa, a doença de Alzheimer (perda progressiva da função mental, caracterizada pela degeneração do tecido do cérebro). 

O corpo seguiu hoje para a sua terra natal, Fafe, Depois do velório, será celebrada amanhã, dia 7, missa de corpo presente às 12 horas, na Igreja Matriz  de Fafe. Os seus restos mortais ficarão sepultados no cemitério local. 

 Deixa viúvo o nosso amigo, conterrâneo e camarada Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72), membro da nossa Tabanca Grande e da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo) (com sede em Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã).

Tinha 76 anos. O Jaime foi um herói e um santo, e um exemplo para todos nós, cuidando dela de modo inexcedível, ao longo de mais de uma dezena de anos. Ela era de Fafe, professora do ensino secundário, depois de ter leccionado antes na Lourinhã, como professora do ensino primário nos primeiros anos da década de 1970. O Jaime viveu em Fafe  durante cerca de 4 décadas, fez lá sua vida, como professor de educação física, e foi autarca com o pelouro do desporto e cultura. O casal tem dois filhos, ambos doutorados, e um neto.

Vou dar ao Jaime, que eu tratao como mano, um abraço solidário na dor, que espero seja partilhado pelos membros do blogue onde ele tem bons camaradas e amigos. Chegou ao fim o sofrimento da família. É altura agora de fazer o luto e guardar, para a posteridade, as melhores memórias de uma vida, cheia de alegrias mas também de tristezas. E deixo aqui, no blogue dos amigos e camaradas da Guiné, dois textos dedicados a ambos, um escrito há quatro  anos por  oacasião do 72º aniversário da Dina, e outro mais recente (e inédito),  um poema escrito para ser cantado, com a música da chilena Violeta Parra, por ocasião 
do 76º aniversário do Jaime, em 17/7/2022.


2. “A balada do amor” foi uma gracinha do Luís Graça, uma pequena homenagem à Dina e ao Jaime, em dia de festa de 72º aniversário da Dina, em 24 de fevereiro de 2018, celebrada no Restaurante Braga, Vimeiro, Lourinhã,,,

"Porque recordar é preciso, é viver duas vezes!",  disse eu nesse dia. E lembrei, perante os presentes (dezenas de familiares e amigos), o seguinte:

(...) "Conheço o Jaime há mais tempo do que a Dina, mas conheci a Dina primeiro que o Jaime, pelo mero acaso das circunstâncias: eu tinha vindo da guerra da Guiné, um ano antes, em março de 1971; o Jaime acabou a sua comissão de serviço militar em 1972 mas ficou em Angola até 1974; a Dina viera trabalhar para a Lourinhã e cá acabou por deixar o seu coração . (...)

(...) A verdade é que, um belo dia, roubou-nos o Jaime e levou-o para Fafe… Felizmente, para nós, seus familiares e seus amigos quase quatro décadas depois, ela devolveu a "encomenda" (o Jaime, claro, inteiros e  mais ou menos bem conservado) à sua origem, à sua terra natal. Mas para que não se perdesse, pelo caminho, acompanhou-o e por cá, pelo Seixal da Lourinhã,  tem ficado…

(...) São dois grandes amigos, nossos, meus e da Alice, as duas são nortenhas, e nós dois sulistas… (com u). E tem sido um privilégio conviver agora mais, com eles, nestes últimos anos.

Permitam-me, pois, estas liberdades poéticas que resultam da cumplicidade da amizade, e têm o propósito de homenagear, de maneira singela, neste dia, dois grandes seres humanos, numa fase da vida deles, em que mais do que nunca precisam dos nossos miminhos e carinhos.

Pessoalmente fico muito feliz por ver aqui a sua grande família, toda junta, a nortenha e a sulista, a de Fafe e da Lourinhã, Irmãos, cunhados, filhos, genro e nora, sobrinhos, sem esquecer o ai-Jesus que  agora é neto, o rei David, e todos os demais amigos do peito.

Aqui vai a melhor prenda que eu lhes posso dar, a eles e a todos vós, e que são os meus versinhos (...) Neles vão todo o meu afeto, a minha amizade e  o meu apreço por este casal de professores, cuja vida foi (e é) uma grande lição de grandeza humana, generosidade e amor. (...)

Não se assustem, são apenas 12 quadras, de sete sílabas métricas, 48 versos, que o tempo e a inspiração não deram para mais…


Balada do amor: para a Dina & o Jaime

1. 
Hoje há festa no Vimeiro,
Faz anos a nossa Dina,
E o Jaime é o primeiro
A saudar sua … menina.

2. 
A saudar sua menina,
Que de Fafe é cidadã,
E que, lesta e ladina,
Veio cedo p’ra… Lourinhã.

3. 
Veio cedo p’ra Lourinhã,
Terra de mouro encantado,
E sem ter um grande afã,
Encontrou um bravo… soldado.

4. 
Encontrou um bravo soldado
Que lá da guerra voltava
E que logo foi emboscado,
Quando as feridas… sarava.

5. 
Quando as feridas sarava,
Mais da alma que do corpo,
Logo a Dina lhe ensinava
Que o amor é um… heliporto.

6. 
Que o amor é um heliporto,
Em Fafe, terra afamada,
Onde há cultura e desporto,
… “Mas só volto mulher… casada!”

7. 
“Mas só volto mulher casada,
Com a bênção dos meus pais,
Trata lá da papelada,
Que eu tenho pressa… demais”!

8. 
Que eu tenho pressa demais,
Ó meu querido paraquedista,
E até escrevo p’rós jornais,
Que és bom rapaz e… sulista.

9. 
Que és bom rapaz e sulista,
E melhor apessoado,
Cuidado, cortam-te a crista,
Se fores mal… comportado.

10. 
Se fores mal comportado,
Lá na festa de Antime,
Nunca s’rás avô babado,
De um neto como o … David.

11. 
De um neto como o David,
Que há de ser um campeão,
Já veste calções e bibe,
É do amor uma lição.

12. 
É do amor uma lição,
Este par Dina & Jaime,
Parabéns, chicoração,
E eu acabo… “just in time”!

Luís Graça

Lourinhã, Vimeiro, restaurante Braga, 24 de fevereiro de 2018.

3. Homenagem ao Jaime, por ocasião do seu 76º aniversário natalício (17 de julho de 2022)

Gracias a la vida, Jaime…

Gracias a la vida que te ha dado tanto…
Deu-te uma família, tão linda e querida,
E de quem bem cuidas, com enlevo e encanto,
Mesmo que, por vezes, de alma sofrida.
... Gracias a la vida que te ha dado tanto!

Gracias a la vida que te ha dado tanto…
Das boas e más memórias da infância,
Mais do seminário, da guerra... e nem santo,
Nem herói te fez a tua circunstância.
...Gracias a la vida que te ha dado tanto!

Como é bom chegares à idade serena
Em que todo o sonho não é pesadelo,
Tudo afinal ainda vale a pena.
E como é bom, Jaime, ouvires este canto,
Sentindo este verso como vero e belo:
Gracias a la vida que te ha dado tanto!

Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã, 
em data a anunciar (a surpresa, por parte dos amigos, sendo a ideia inicial da sua filha Sofia,  estava prevista  para o dia 24 de julho de 2022, um semana depois da festinha em família, mas o aniversariante ficou de cama com a Covid-19, e a filha partiu para o Norte com o rei David...)

Letra: Luís Graça / Joaquim Pinto Carvalho / Rogério Ferreira

Música: Adaptada,  com a devida vénia, da canção Gracias a la vida (1966), da chilena Violeta Parra (1917-1967)

Voz:  Rogério Ferreira / Acompanhamento à viola: Joaquim Pinto Carvalho e Rogério Ferreira

__________


Nota do editor:

Último poste da série > 5 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P22496: In Memoriam (442): ex-alf mil médico Francisco Pinho da Costa (1937-2022), CCS/BCAÇ 1888 (Fá Mandinga e Bambadinca, 1966/68); oftalmologista, tinha 85 anos, vivia em São João da Madeira

11 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Jaime,
Soube esta manhã pelo Luís Graca que a tua querida Dina tinha partido. Sei que não há palavras neste momento que tenham o condão de diminuir ou suavizar a tua dor. Mas quero que saibas que partilhamos e vivemos a tua dor. Não te vou dizer para "teres coragem", pois desde que te conhecemos sabemos que é coisa que nunca te faltou. Estamos contigo meu irmão. E é irmanados neste difícil momento que te enviamos um grande abraço. João e Vilma

José Marcelino Martins disse...

Condolências.

Cesar Dias disse...

Os meus pêsames a toda a familia Jaime, muita coragem nesta hora.
Um forte abraço solidário e que a esposa descanse em paz.

César Dias

José Teixeira disse...

Os meus profundos sentimentos ao Camarada Jaime e seus familiares. É tempo de ganhar força e coragem para suportar a perda de uma pessoa companheira da vida que lhe deu gozo viver. Um casal simples comunicativo.. amoroso.
Paz à alma da Dina.

Hélder Valério disse...

Caro amigo e camarada Jaime

O desconforto destes momentos não é passível de ser suavizado com palavras.
Mas é preciso tentar, pois é um mundo construído a dois que desaba.
Deixo aqui as minhas condolências, o desejo que Aldina possa descansar em paz, e um abraço solidário.
Hélder Sousa

Carlos Vinhal disse...

As minhas mais sentidas condolências, sabendo de antemão que não consigo imaginar o sofrimento por que está a passar o camarada Jaime Silva.
Abraço solidário
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Aonde é que uma pessoa pertence, quando morre ? À sua terra natal ? Ou àquela onde viveu e foi mais ou menos feliz, amou, teve e criou os filhos, etc.

A decisão do Jaime de levar a sua querida Dina para Fafe não sofre contestação, mesmo se os amigos e familiares da Lourinhã quisessem "reter" o corpo por algumas horas para, num minivelório, lhe prestarem as derradeiras homenagens...

A Dina (ou Aldina, de seu nome de batismo) nasceu em Fafe, tinha toda a família em Fafe, estudou em Fafe (mas também em Santarém e outros sítios), viveu na Lourinhã, em Oeiras, em Fafe e, por fim, de novo, na Lourinhã (nos últimos anos da sua vida)... Tem uma filha e neto na Maia, um filho em Coimbra...

Mas foi em Fafe que escolheu, afial, viver com o Jaime, trabalhar como professora do ensino secundário,ter a sua família, etc. Ela era, legitimamente, uma mulher nortenha e tinha em Fafe o seu clã...

Não sei se teve tempo de manifestar a sua última vontade, quando estava lúcida. Mas o seu marido e companheiro de uma vida respeitou aquilo que deveria ser o seu querer, o seu sentir, as suas raízes...

A morte também a sua "burocracia" a par da sua "idiossincrasia" e aqui o Jaime agiu, rápido, de acordo com a cultura dos paraquedistas: se os camaradas, que morrem, não se deixam para trás, muito menos deixamos a mãe dos nossos filhos, a companheira de uma vida...

É em Fafe, Dina, que tens o teu lugar, a tua última habitação... Mas os amigos na Lourinhã nunca te esquecerão. Luís e Alice.

José Botelho Colaço disse...

Sentidas condolências e muuita força. Abraço.

Anónimo disse...

Os meus sentidos pêsames a toda a familia.

Virgilio Teixeira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Haverá missa do sétimo dia, na Lourinhã, na próxima sexta feira.

Valdemar Silva disse...

Sentidos pêsames

Valdemar Queiroz