Documento real de José I de Portugal (1714 - 1777) que declara: "Aos Cristãos Novos privilegio, per que El Rey lhe concede, que se possam ir pera onde quiserem, com outras mais graças nele conteúdas". (A distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos foi abolida por lei do Marquês de Pombal, de 25 de Maio de 1773)
Contos com mural ao fundo > O Judeu
por Luís Graça (*)
O seu nome era Esaú. O pai, Jacó. E o avô era só conhecido pelo apelido da família paterna, Abraúl.
Estávamos no início dos anos 20 do século passado. Esaú nascera no início do reinado do senhor dom Carlos, logo a seguir ao Ultimato Britânico. Nesse tempo já não havia a distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos. Ou, pelo menos, esbatera-se muito, desde o Marquês de Pombal. A Inquisição acabara há 100 anos, com a revolução liberal, ou seja, há quatro gerações atrás.
Mas, mesmo assim, tinham ficado os preconceitos contra os judeus portugueses e os seus descendentes, pelo menos entre as classes mais baixas. Ainda se ouvia, em noite de temporal, o povo praguejar: "Até parece que morreu um judeu!". E, em casa, admoestavam-se as crianças quando faziam... "judiarias".
A família Abraúl, segundo contava a avó Gertrudes, descenderia de judeus sefarditas de Córdoba, no sul de Espanha. Já os Oliveira, os do seu lado, seriam cristãos novos. No tempo do senhor dom João II, os de Córdova haviam-se instalado em Portugal, fugidos do cruel édito dos Reis Católicos de Espanha. Ter-se-ão espalhado por Lisboa e vilas ribeirinhas do estuário do Tejo. Um ramo fixou-se em Alenquer. Outros tantos terão seguido as rotas do Império e aproveitado as novas oportunidades de negócio, nomeadamente como mercadores, prestamistas e artesãos.
A família (tanto dos Abraúl como dos Oliveira) não tinha qualquer pergaminho, manuscrito ou papel que comprovasse a sua origem. Era tudo da tradição oral. Nem a avó Gertrudes fazia a mínima ideia por onde os seus antepassados terão deixado os ossos, ao longo daqueles quatro séculos e tal. Espalhados, por certo, por esse vasto e desvairado mundo, como muitos dos outros portugueses de quinhentos, seiscentos, setecentos…
A avó era do ramo de Alenquer. Gostava muito de contar ao Esaú, em pequeno, histórias, algumas seguramente fantasiosas, sobre os "marranos", os "cristãos-novos" e as perseguições a que a "gente da Nação" sofrera às mãos da Inquisição. "Marrano" era um termo que ela nunca pronunciava: considerava "aviltante" para designar os avós dos seus avós.
No passado, o vocábulo "marrano" (porco) era usado pelos cristãos-velhos para injuriar e discriminar a "gente da Nação", os de origem hebraica, e que em Portugal e na Espanha haviam sido convertidos ao cristianismo pela força, enquanto outros haviam sido forçados ao exílio (em França, Holanda, Norte de África, Império Otomano, etc.).
− E até levavam a chave de casa!...
E acrescentava a matriarca:
− Sabes, Esaú, até na desgraça os seres humanos são capazes de serem ingénuos, para não dizer estúpidos. Levavam a chave de casa, imagina!… Pobres coitados... Eram como o cordeiro da Páscoa ("Pessach", para os hebreus) que, inocente, não sabe que vai ser sacrificado para a festa...
E, depois, batendo com o punho na mesa, indignava-se:
− São tão ou mais antigos que os outros povos ibéricos. Depois da queda do templo de Jerusalém, acompanharam as legiões romanas, e aqui viveram e conviveram com outros povos invasores, como os visigodos e os mouros.
O Esaú nunca tinha ouvido, antes, falar da Inquisição, dos "marranos", nem de "cristão-novos" e "cristãos-velhos" e das tropelias a que foram sujeitos muitos dos seus antepassados. Na Escola Conde Ferreira em Alenquer (a primeira a ser construída por legado do grande benemérito José Ferreira, apoiante da causa da Dona Maria II), o Esaú aprendeu a ler e a escrever. Mas onde era mesmo bom era nas contas, na tabuada, na aritmética.
A avó, Gertrudes Oliveira, não tinha andado na escola mas era letrada e viajada, como as meninas das classes abastadas da época. O pai dera-lhe uma educação esmerada e bastante livre para os padrões da época, viajando de barco a vapor e, depois, de comboio, entre algumas cidades e estâncias termais da Europa. Expressava-se fluentemente em francês. O marido, Abraúl, era primo em segundo ou terceiro grau.
Ao virar do século (teria o Esaú dez anos) mudara-se a família Abraúl para uma vila mais a Norte onde o avô iria construir uma moderna "caldeira de queimar vinho", capaz de produzir muitas pipas de álcool. A vitivinicultura nacional estava em recuperação, depois da desgraça da filoxera (c. 1887), era precisa então muita aguardente vínica para enriquecer o vinho do Porto, a nossa principal exportação na época.
A região do Oeste tinha excelentes condições para o aumento do negócio da destilação à escala industrial. Foi uma coisa nunca vista, lá na terra, com tantos carros de bois a carregar e descarregar tantas estruturas e peças em cobre, tubos, retortas, alambiques, torneiras, caldeiras, serpentinas, etc., importadas de França e trazidas de barco. E ferros, para construir depósitos para o vinho. E cimento ( da fábrica "Tejo", em Alhandra).
Foi construída uma grande destilaria, em alvenaria, um edifício, imponente, de elevado pé direito, ostentando ao alto o nome da firma, Abraúl & Filho Lda. A inauguração foi um evento social, como noticiou o jornal da terra.
Infelizmente os pais do Esaú irão morrer, ambos, com a pandemia da gripe espanhola. Aos 20 anos, o rapaz vê-se inesperadamente à frente da firma. O que lhe valeu é que o patriarca Abraúl ainda estava vivo, pelo que beneficiou do seu conselho, experiência e capital de relações pessoais, comerciais e políticas (morreria em 1930, aos 90 anos). Por sua vez, a matriarca, a avó, essa quase que chegaria, já centenária, às vésperas da II Guerra Mundial.
Ninguém sabia a origem da riqueza da família. Era o segredo mais bem guardado. A mãe da avó Gertrudes ter-lhe-á deixado, em herança, umas boas "barras de ouro". Falava-se do saque de igrejas, conventos e palácios no tempo das lutas liberais. Mas isso eram acusações mútuas que faziam "malhados" e "corcundas", liberais e absolutistas.
A avó falava do "mealheiro do Brasil", deixado pelo avô do seu pai, dono de engenho e de escravos. Seriam "libras em ouro"... Mas que importava a rota do dinheiro ? Tinha chegado, por herança, às mãos do Esaú, de resto filho único de Jacó e Rebeca. E deveria chegar ao seu herdeiro, mais velho, se algum dia o chegasse a ter, como os Abraúl e os Oliveira tanto ansiavam.
− E depois o dinheiro é fêmea! − lembrava o avô Abraúl, transmitimdo-lhe de seguida, ao seu neto querido, a cartilha que já vinha dos seus progenitores. "O dinheiro não é de que o ganha, mas de quem o poupa ... e o investe, e o multiplica por dois, três e mais".
Na nova terra da Estremadura que o acolheu, o Abraúl era conhecido pela alcunha de "o Judeu" ou então "o Abraúl da caldeira". Essa alcunha passou para o neto, "Esau, o Judeu" ou o "Esaú da caldeira".
O Esaú não frequentava a igreja, não ia à missa, tal como o pai e o avô. Mas as mulheres da casa salvavam a "honra do convento", isto é, as aparências sociais.
De resto, os novos tempos, com a República, eram de moderado anticlericalismo e de maior tolerância religiosa. A terra tinha alguma tradição republicana, desde pelo menos o Ultimato Britânico. Os grandes proprietários e os últimos nobilitados do final da Monarquia (os tais que tinham comprado "títulos em saldo") eram poucos, comparados com os de Alenquer.
Predominava a pequena e média agricultura, o pequeno comércio, os ofícios tradicionais, uma incipiente indústria e alguns funcionários públicos, incluindo o juiz da comarca, "ainda moço e de ideias arejadas" que frequentava a casa, o "casarão", da família Abraúl, cuja hospitalidade era procurada e reconhecida pela elite local.
Na família ainda era pela via matrilinear (ou "uterina", dizia o avô, brejeiro), que se transmitiam algumas tradições e sobretudo memórias dos antepassados. Os homens tocavam os negócios, ganhavam dinheiro, sustentavam a casa…
− E elas eram as guardiães do templo da memória! − orgulhava-se a matriarca, uma feminista "avant la lettre". E sufragista!
Da celebração das festividades hebraicas já ninguém tinha a mais pequena memória. Afinal, as duas famílias sempre foram "cristãs-novas" em Portugal. A avó Gertrudes (um nome germânico, talvez visigótico) é que desenterrara o passado, quando veio a moda do sionismo, em finais do séc. XIX. Até então não havia uma consciência nítida da sua origem hebraica, apesar dos nomes de muitos dos seus membros, inspirados em figuras bíblicas.
A avó Gertrudes tinha nascido no final das guerras civis de 1828/34. Lembrava-se do pai dizer que, nessa época, "o clero andava assanhado, contando, de cacete na mão, as ovelhas malhadas" (sic). O pai combatera ao lado das tropas de Dom Pedro e fora dos primeiros a atravessar o rio Tejo e a entrar, vitorioso, em Lisboa, em 24 de julho de 1833, num destacamento avançado das tropas do duque de Terceira.
O Esaú, convenhamos, não era dado às letras nem ao estudo da história, para grande desgosto da avó, que o amava como se fosse um filho. Casaria com uma "gentia" (sic), por amor, é certo: a primeira professora da terra, a ser formada pelo Magistério Primário, filha de um dirigente local do Partido Democrático, do façanhudo Afonso Costa.
Na terra sempre foi considerado "rico", "filho de rico", se bem que "forreta". Não se lhe conheciam extravagâncias. Nem luxos. Não bebia nem fumava. O único defeito que podia ter era o seu lado "femeeiro". Na tradição da família, emprestava dinheiro a juros, a pessoas conhecidas e de confiança. Era prestamista. Aceitava joias e ouro. Na época não havia bancos na província e a crise financeira dos anos 20 deu cabo de muitas poupanças e patrimónios.
O maior erro da vida do Esaú, entretanto, terá sido o de dar sociedade a outro dos caciques da terra. Meteu-o como sócio, minoritário, da firma Abraúl & Filho Lda, pelo seu jeito para a parte comercial e as suas ligações aos meios políticos e militares mais conservadores de Lisboa.
O sócio, o Sequeira, tinha sido o primeiros dos republicanos da terra a apoiar publicamente o golpe militar do 28 de maio de 1926. Faria depois carreira no Estado Novo dentro dos organismos corporativos.
Esse sócio era "um dos viúvos da gripe espanhola". Mantinha uma amante, mais nova do que ele, antigo combatente da Grande Guerra. Oficiosamente, e para salvar as aparências, a amante era a "governanta" da casa. Uma das suas criadas "de dentro", que não gostava da "nova patroa", foi meter nos ouvidos do senhor Sequeira que "a governanta andava a fazer olhinhos ao Judeu",
Numa terra pequena e de moral hipócrita, não era preciso muito para que constasse que "o Judeu" andava a infringir a Tábua dos 10 Mandamentos de Moisés, desejando a mulher do próximo…
O Sequeira era ciumento, como qualquer macho que se prezasse naquele tempo. Retorceu o farto bigode e fez questão de tirar "a prova dos noves aos dois safados". Montou a ambos uma armadilha. Aparelhou o cavalo e disse, lá em casa e na caldeira, que tinha de ir a Lisboa tratar dos "negócios da porca da política", pelo que se iria ausentar por uma semana, pelo menos.
Montou, cedo, a cavalo, percorreu a artéria principal da vila e perdeu-se na estrada, em macadame, que levava à estação de comboio, já no concelho vizinho. Pela calada noite, e com a preocupação de não ser visto, deixou o cavalo nas imediações, e entrou furtivamente em casa. Foi encontrar os dois na sua cama, o "judeu" e a "governanta".
− Esaú, meu cabrão, nunca pensei!...
E desfechou um tiro de revólver, à queima roupa, nos órgãos genitais do sócio.
O grito de dor, lancinante, que o Esaú soltou não acordou a criadagem a quem a "governanta" tinha dado folga de um ou dois dias, na véspera de feriado do 5 de Outubro.
Por sorte e conveniência do "triângulo amoroso", o escândalo foi abafado. O João Semana da terra, amigo dos dois, e vizinho do Sequeira, veio de pronto, com a maleta dos primeiros socorros. Tinha sido alertado pela "governanta", de roupão, em estado de histeria.
− Tiveste sorte, meu sacana. − Por um tris, não foste capado!... A bala, de pequeno calibre, passou de raspão por um dos teus tintins. Fez estragos mas ainda tens o sobresselente… Vamos lá estancar o sangramento. Pára de berrar e morde-me a toalha com força!...
O Sequeira, com as mãos na cabeça, deambulava pelo quarto, agitadíssimo, mal acreditando que podia ter morto o seu sócio e rival…
− Bem me tinham dito que não se pode confiar nos judeus!
O crime (aliás, o "duplo crime") ficou confinado às quatro paredes daquela alcova, de janelas largas e pesados cortinados. Um rápido acordo foi selado por intermediação do João Semana: desapartava-se a sociedade; o Sequeira recebia uma indemnização, em dinheiro, para reparar a "ofensa à sua honra"; o Esaú aos costumes não dizia nada,,, enquanto a "governanta" dava sumiço logo nessa noite.
À cautela, o médico levou o seu doente ao Hospital de São José, uns dias depois, para ouvir a opinião abalizada de um seu antigo mestre da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. A boa notícia é que não havia infeção, que o ferimento iria sarar e não havia razão, em princípio, para o homem ficar com medo de vir a sofrer de disfunção erétil… A má notícia, é que muito provavelmente já não poderia procriar no futuro…
Com a sua extraordinária intuição, e o "olho de lince" (nunca usou óculos aquela mulher!), acabou por "tirar nabos da púcara" do João Semana de quem, de resto, era uma "alegre paciente e amiga íntima", tendo ficado a par dos pormenores desta tragicomédia.
Do alto da árvore da sua sabedoria, e com a autoridade dos seus 90 anos, a avô Gertrudes iria, uns tempos depois, dar um valente puxão de orelhas ao seu "netinho", acabrunhado e humilhado:
− Esaú, Esaú, meu filho!.. Eu bem te ensinei a nunca misturar alhos com bugalhos. De futuro, lembra-te sempre do meu conselho : "Nunca te metas com a mulher do teu amigo, nem muito menos com a amante do teu sócio... E muito menos se ela for gentia"!
A matriarca tinha-se, entretanto, convertido ao judaísmo ainda antes de enviuvar. Era, estatisticamente falando, a única judia da terra. E com tal constava do censo de 1930.
Mas a história do "Esaú, o Judeu" ficaria por aqui, se não tivesse entretanto acontecido , uns anos depois, a II Guerra Mundial. A matriarca, felizmente, foi poupada às notícias dos seus horrores. O ex-sócio do Esaú, esse, era agora presidente do Grémio da Lavoura local e um eufórico germanófilo. Curiosamente, já há muito havia esquecido que lutara contra os alemães em Moçambique, tendo sido ferido e feito prisioneiro em Negomano, em 25 de novembro de 1917 (conforme constava do monumento local aos heróis das guerras de África).
O Esaú, por seu turno, continuava a emprestar dinheiro a juros e a lucrar com a sua "caldeira de queimar vinho" durante a guerra. Era, porém, um fleumático anglófilo. E nunca mais quis ter sócios em negócios.
Ambos, até por rivalidade, acabaram por comprar, do seu bolso, aparelhos de telefonia com altifalantes, colocados nos extremos opostos da Praça da República. Claro, com a anuência do presidente da Câmara Municipal, que era por sinal um oficial do exército, já na reserva. Era um "serviço público", que se prestava ao povo da terra, concordou o autarca.
A rádio ainda era um luxo para a maior parte da população. O aparelho do "Judeu" estava sintonizado para a BBC e a Voz da América. A do Sequeira para Roma e Berlim. E havia sempre ouvintes para todas as quatro emissoras: quando uma acabava, o grupo mudava-se para o canto oposto.
Os germanófilos, mesmo assim, uma minoria, refrearam o seu entusiasmo quando as coisas começaram a correr mal para as potências do Eixo.
A celebração da vitória dos Aliados, em 7 de maio de 1945, também foi comedida, quando a GNR recebeu ordens para dispersar uma pequena multidão que veio espontaneamente para a rua dar vivas aos vencedores. "A nossa política é o trabalho, é o trabalho!", dizia o capitão que estava à frente da edilidade, ajudando a enxotar os populares (que só podiam ser do "reviralho") bem como a banda filarmónica.
A mulher do Esaú, a "senhora professora", tinha muita pena de "não poder ter filhos"... E achava que a "culpa" era dela... O casal acabaria por receber e adotar, legalmente, um menino austríaco judeu, órfão de guerra. Uma linda criança, "lourinha e de olhos azuis". Cresceu mas não quis ser engenheiro: formou-se em línguas na Universidade de Coimbra. Nunca manifestou interesse pelos negócios do pai adotivo.
Entretanto, em 1973, rebenta o "escândalo do vinho a martelo" (a produção e destilação de misturas hidro-alcoólicas, com adição de açúcar). A inspeção das atividades económicas acabou por mandar a GNR selar a caldeira da firma Abraúl & Filho Lda.
O Esaú, na altura, também já tinha problemas com o delegado de saúde por causa das descargas para o rio e os maus cheiros da caldeira. A sua saúde mental degradou-se. Tinha 83 anos. O filho estava fora, em Angola, para onde havia sido mobilizado: comandava uma companhia de caçadores, como capitão miliciano.
Inesperadamente a terra foi abalada com a trágica notícia do suicídio do "Judeu", numa trave alta da sua caldeira... A esposa enlouqueceu e viria a morrer em 1975. O filho ainda veio a tempo, de Luanda, para assistir ao seu funeral.
Em 1977, o ex-capitão aliena o essencial do património da família. E fixa-se em Israel, onde funda uma empresa de guias e intérpretes de língua portuguesa. E deve ter levado com ele o famoso "mealheiro do Brasil"...
Por volta de 1980 a caldeira, que não tivera comprador, já estava abandonada e vandalizada. Todo o recheio, em cobre, começou a ser paulatinamente roubado. Vinte anos depois o edifício era uma ruina completa, obrigando o município a intervir e a tomar posse administrativo do que restava, bem como do terreno à volta.
Acabou por construir-se, já no início do novo milénio, a universidade sénior. Mas nem toda a gente se atrevia a lá ir ou passar por lá, sobretudo à noite. O sítio ficou amaldiçoado. Os idosos diziam que à noite se ouviam vozes. Era "a alma do Judeu Errante"...
© Luís Graça (2024). Quinta de Candoz, 17 de setembro de 2024.
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