Guiné > Região de Tombali > Catió > CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66) > Alouette II > "O meu batismo em heli".
Foto (e legenda): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Estamos a publicar algumas das memóras do ex-alf mil art, José Álvaro Carvalho, membro nº 890 da nossa Tabanca Grande:
(i) tem 85 anos, sendo natural de Reguengo Grande, Lourinhã;
(ii) com 26 meses de tropa, acabou por ser moblizado para o CTIG por volta da primavera de 1963 (não conseguimos ainda apurar a data);
(iii) foi render um alferes de uma companhia de intervenção, de infantaria, sediada em Bissau (QG/CTIG) (não conseguimos ainda identificar qual);
(iv) irá cumprir mais uns 26 ou 27 meses, no TO da Guiné, entre o primeiro trimestre de 1963 e o início do segundo semestre de 1965;
(v) passou por Bissau, Olossato, Catió e a ilha do Como, aqui já a comandar um Pel Art, obus 8.8 (a duas bocas de fogo), com que participou, entre outras, na Op Tridente (jan-mar 1964);
(vi) no CTIG era popularmente conhecido pelo seu nome artístico, "Carvalhinho" (cantava o fado de Lisboa e tocava guitarra); em Bissau, chegou a fazer espetáculos com o alf médico Luís Goes (que cantaca e tocava o "fado de Coimbra");
(vii) tornou-se também amigo dos então alferes milicianos 'comandos' Justino Coelho Godinho e Maurício Saraiva (já falecidos), quando se estavam a organizar os Comandos do CTIG (ofereceu-se para os "comandos",mas náo foi aceite);
(viii) o José Álvaro Almeida de Carvalho (seu nome completo) publicou em 2019 o "Livro de C", Lisboa, na Chiado Books (710 pp.) ("C" é o "nickname" pelo qual o pai o tratava);
(ix) é empresário reformado, trabalhou também como quadro técnico em empresas metalomecânicas como a L. Dargent Lda, de que o Zé Álvaro era diretor do departamento de trabalhos exteriores, e sócio minoritário (fez , por exemplo, a montagem da superestrutura metálica e cabos de suspensão da ponte na foz do Rio Cuanza em Angola).
2. Voltando às memórias do José Álvaro Carvalho (*), estamos agora em 1964, em Catió, no BCAÇ 619, 1964/66: ele está destacado com um Pel Art 8.8 a duas bocas de fogo, e vai participar em grandes operações no setor de Catió ("Tridente", "Broca", "Macaco", "Tornado" e "Remate"). A sua atuação operacional, comandante do Pel Art, valeu-lhe, em 1967, uma Cruz de Guerra de 3ª Classe.
O alferes Carvalho está já há dois meses na Ilha do Como, no àmbito da Op Tridente (jan-mar 1964).
Memórias de um artilheiro (José Álvaro Carvalho, ex-alf mil, Pel Art / BAC, 8.8 cm, Bissau, Olossato e Catió, 1963/65) (*)
Parte VIII: Uma voltinha de Alouette II
O tempo continuava mole, quente e húmido. Nessa manhã não tinham atribuído missões ao alf mill art Carvalho e não lhe constava que houvesse tropas em operação que fosse preciso apoiar.
O pessoal vagueava por perto. Foi almoçar à messe. A seu lado um piloto de helicóptero disse-lhe:
− Vou reabastecer à sede do seu batalhão. Se quiser pode vir. Não demoro mais do que duas horas.
Aceitou a oferta para trazer mais alguma roupa e outras faltas que com a pressa não tinha podido arranjar.
Gostou de ver o quartel que,apesar do aspeto degradante que tinha, era bem melhor do que o acampamento em que o pelotão se encontrava havia 2 meses.
No regresso avistaram uma gazela macho de muito bom aspeto, num local com pouca floresta rodeado de mata com lama e circundado por um canal. A gazela queria fugir do helicóptero mas só nadando através do canal. o que não quis fazer para não cair na boca de algum crocodilo, de modo que se limitou a correr desabrida à volta da clareira à procura de uma saída.
Um pouco mais á frente avistaram,, ao abrigo duma árvore grande, vários guerrilheiros que, ao verem o helicóptero, cuja presença já tinham decerto notado, pelo ruído, começaram a disparar as armas na sua direção.
O piloto deu uma volta sobre estes na intenção de lhes mandar 2 ou 3 granadas de mão, mas era tarde.
Decidiram prosseguir e, ao chegar ao acampamento, enviar-lhes algumas granadas de flagelação de obus para o local, que poderia ser só de passagem mas também de estacionamento permanente e que era bom tornar inseguro. Com a autorização do comandante, ao chegar, assim procedeu.
(Revisáo / fixação de texto: LG)
______________Nota do editor
Último poste da série > 1 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25901: Memórias de um artilheiro (José Álvaro Carvalho, ex-alf mil, Pel Art / BAC, 8.8 cm, Bissau, Olossato e Catió, 1963/65) - Parte VII: "Carvalhinho, você ainda me mata algum homem, temos tropas na mata! " (ten cor Fernando Cavaleiro, cmdt da Op Tridente)
Último poste da série > 1 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25901: Memórias de um artilheiro (José Álvaro Carvalho, ex-alf mil, Pel Art / BAC, 8.8 cm, Bissau, Olossato e Catió, 1963/65) - Parte VII: "Carvalhinho, você ainda me mata algum homem, temos tropas na mata! " (ten cor Fernando Cavaleiro, cmdt da Op Tridente)
Sem comentários:
Enviar um comentário