terça-feira, 5 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8508: Notas de leitura (253): "Amílcar Cabral – Vida e Morte de um Revolucionário Africano", por Julião Soares Sousa (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Junho de 2011:

Queridos amigos,
Salvo melhor opinião, nunca se tinha ido tão longe na biografia política de Amílcar Cabral. Biografia política e pessoal, no que política e pessoa se interligam pela formação, pela personalidade e no caso vertente pelo génio da actuação, os seus sucessos clamorosos e desastres rotundos.

O Doutor Julião Soares Sousa já recebeu a aclamação pela Universidade de Coimbra, é justo que os estudiosos que agora passam a ter ao alcance este estudo monumental o apreciem pela seriedade e rigor com que conduziu a sua investigação, do princípio ao fim. Será seguramente um livro controverso, alimentará polémicas na medida em que faz cair mitos, retira da sombra combatentes incómodos e não dissimula o pano de fundo do complô contra Cabral e a direcção política predominantemente cabo-verdiana.

Um abraço do
Mário


"Amílcar Cabral – Vida e Morte de um Revolucionário Africano"

Amílcar Cabral, uma biografia política, um grande acontecimento cultural

Beja Santos

“Amílcar Cabral – Vida e Morte de um Revolucionário Africano”, por Julião Soares Sousa, Nova Vega, 2011, é indiscutivelmente uma obra incontornável para os estudiosos da guerra da Guiné, da luta de libertação e da personalidade de grande estatura que foi a do dirigente máximo do PAIGC. Tem por base a tese de doutoramento na Universidade de Coimbra de Julião de Soares Sousa, o primeiro doutor guineense desta universidade.

Tratando-se de uma investigação aturadíssima que comporta perspectivas e revelações novas e controversas sobre a biografia política e dados pessoais de Amílcar Cabral, só vemos vantagem em encetar por uma apresentação deste estudo de grande fôlego, dando-lhe sequência com mais detalhadas notas de recensão.

O historiador rebate algumas ideias preconcebidas (algumas de sabor puramente hagiográfico e mitológico) defendidas pela grande maioria dos estudiosos da obra de Amílcar Cabral nomeadamente no que dizia respeito à influência do pai na sua formação intelectual (de acordo com o autor foi a mãe, Iva Pinhel Évora, a sua grande referência e pedra angular de princípios), expõe com clareza a evolução das atitudes anticolonialistas na Guiné e no quadro metropolitano onde Amílcar Cabral consolidou o seu ideário para a libertação do homem africano. A escolha de um curso de agronomia foi uma descoberta vocacional e será graças ao recenseamento agrícola na Guiné que ele irá conhecer o território palmo a palmo.

O jovem Cabral que enveredou pela actividade literária em S. Vicente é um produto típico de um cabo-verdiano envolvido num conceito de portugalidade e de africanidade. Só em Lisboa é que emerge para a socialização política, anda perto do MUD/juvenil e do PCP, cedo irá marcar distâncias quanto à natureza da emancipação africana mas marcando a diferença do que é verdadeiramente prioritário era a independência das colónias. Será em Lisboa que se irá relacionar com personalidades com quem irá criar amizade e companheirismo político, caso de Mário de Andrade, Lúcio Lara, Marcelino dos Santos e Viriato da Cruz.

Perto do final da década de 50, Cabral é um homem de ideias amadurecidas, lança-se no MAC – Movimento Anticolonialista e a partir de 1959 entrega-se de alma e coração à organização do PAI/PAIGC, em estreita colaboração com o motor da mobilização dentro da colónia, Rafael Barbosa. Instalado em Conacri, lança as bases da guerrilha e da aproximação internacional. Cedo é confrontado com o cepticismo e até a profunda contestação das suas teses sobre a unidade da Guiné e Cabo Verde.

Julião Soares Sousa esmiúça os diferentes termos da equação em torno das concepções da unidade africana que fizeram o seu tempo nos anos 50 e 60, embora tenham praticamente todas falido. Documenta o início da luta armada e a rápida implantação do PAIGC no Sul, a partir de 1962, seguindo-se uma região do Leste e depois o Morés. O historiador dá como provado que Cabral antevira um estado socialista na Guiné, sob a liderança de um partido único de vanguarda, com múltiplos mecanismos de poder descentralizado e com instância militar profundamente controlada pelos comissários políticos, tudo fruto das deliberações adoptadas no Congresso de Cassacá (1964).

Com a profunda militarização, os portugueses e os guerrilheiros do PAIGC foram confrontados com uma nova realidade: a conquista das populações, o seu controlo e fixação. O ideário de Spínola, nesta vertente, será uma permanente dor de cabeça para Cabral. O historiador procede a um exame exaustivo dos conflitos internos, deixa bem claro que a tensão entre cabo-verdianos e guineenses foi uma constante, mesmo antes da luta armada e até ao assassinato do líder, em 20 de Janeiro de 1973.

No início da década de 70, Amílcar Cabral é um dos mais proeminentes líderes africanos, distingue-se pela ousadia como reflectiu sobre o pensamento socialista, a unidade africana, a capacidade de antecipação face ao contendor. Em 1972 está em andamento um conjunto de operações destinadas a desequilibrar em definitivo o impasse da guerra colonial: a URSS promete fornecer material bélico tecnologicamente superior e preparar pilotos guineenses para um novo quadro ofensivo; com base num recenseamento interno, o PAIGC prepara-se para anunciar a sua independência unilateral, manobra para a qual se sabe que a potência colonial não possui capacidades de contra-argumentação.

É neste quadro complexo de preparativos que Cabral descura a frente interna. Como Julião Soares Sousa ilustra ao longo de centenas de páginas, o líder é o coração e o nervo do PAIGC: é o único ideólogo, é o único político que o pode representar na cena internacional, todas as teses, todos os documentos sobre a luta armada e a denúncia do colonialismo lhe saem do punho. Como se verá na análise do complô, é indesmentível que foram militantes guineenses que liquidaram Cabral. Mais, Portugal, com a morte de Cabral perdia a última possibilidade de um entendimento para uma transição menos dolorosa como aquela que teve lugar em Outubro de 1974. A sua morte foi um contratempo para a independência, mas esta tinha ganho raízes suficientemente fortes. E a luta armada, de 1973 para 1974, é o que toda a gente sabe que foi.

Amílcar Cabral tem sido objecto de biografias, estudos e memórias de indiscutível interesse. Este será porventura o seu retrato mais completo: o estudante assimilado, o socialista heterodoxo, o pensador arrojado, o líder que viveu perigosamente, enfrentando a belicosidade das suas teses, como a paradoxal unidade Guiné-Cabo Verde. Um líder político que consorciou o projecto da independência fundando-a numa luta armada que ele desenhou e manobrou. O líder que amava profundamente a sua mãe a quem dedicou um poema na sua página do Livro de Curso, em 1949:

Para ti mãe Iva,
Eu deixo uma parcela
Do meu livro de curso…
Pr’a ti, que foste a estrela
Da minha infância agreste.
A tua alma viva
E o teu Amor profundo,
Aceita este tributo,
Que tudo quanto eu for,
Será do teu Amor,
- Tua carne, Mãe, teu fruto!
Sem ti, não sou ninguém.
Só sou - porque és Mãe.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8496: Notas de leitura (252): Picadas e Caminhos da Vida na Guiné, de Fernando de Sousa Henriques (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8507: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (6): Ai que me doi tanto!... ou o drama dos especialistas de minas e armadilhas - II Parte

 

1. Conclusão do quinto episódio da série "A Minha Guerra a Petróleo" de António José Pereira da Costa* (Coronel de Art.ª na reserva, na efectividade de serviço, ex-Alferes de Art.ª na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69 e ex-Capitão de Art.ª e CMDT da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74), enviado em mensagem do dia 2 de Julho de 2011.



A Minha Guerra a Petróleo (6)

Ai que me dói tanto!...
(Parte II)

Entretanto, o Coronel Durão “descobriu” as nossas mulheres e, tendo falhado a proposta de que Mansabá passasse a ser considerada suficientemente segura para poder ser habitada por mulheres brancas, a Isabel regressou a Lisboa. Estávamos em meados de Março e eu terminaria a comissão em princípios de Junho.

Julgava eu…

 Uma coluna auto de saída à Porta D´Armas do Quartel de Mansabá

Num dia que não fixei, voltámos às minas. Começámos na primeira e fomos sucessivamente apanhando todas. Recolocámos algumas que os macacos-cães tinham desenterrado, na sua ânsia de procura de coisas que tivessem sido dos homens que tinham vivido em Mamboncó. Por isso lhe chamávamos a Aldeia dos Macacos. Quando chegámos e as vi desenterradas, pensei que a afinal o In passava ali e mudara – talvez à pressa – a posição de algumas minas o que nos poderia baralhar as contas. Contudo, verificámos que os macacos tinham desenterrado algumas, divertiram-se com elas e abandonaram-nas. Curiosamente, faltariam umas duas ou três, mas não encontrámos sinais de que tivessem feito explodir alguma. Nunca entendi por que “sexto sentido” tinham abandonado um objecto tão atraente e que tanto cheiraria a humano. Provavelmente, concluíram de imediato que não serviriam para comer e abandonaram-nas.

Enfim, começámos a nossa tarefa. Fomos detectando cada mina, que voltávamos a enterrar. O croqui que eu fizera funcionou e as distâncias e ângulos estavam bem marcados. E chegámos à mina (ou par) n.º 101…

Os três de pé junto de cada vértice de um triângulo explosivo. O Paiva pede que paremos para ir beber água. Já fazia calor, embora estivéssemos num sítio onde havia altos mangueiros, outrora dispersos entre as moranças da tabanca. Fiquei parado e vi um soldado da CArt – um bazookeiro – que estava instalado atrás de uma dobra de terreno, a cerca de dois metros. De súbito, um estrondo. No meu espírito foi uma confusão. Primeiro esperei pelos tiros de arma ligeira que se seguiriam, se fosse uma emboscada. Não vieram. Depois pensei: “Distraiu-se e apertou o gatilho. Aquele gajo é cá uma “Amélia”…

Com os olhos fechados ainda conclui que fora uma mina. Mas qual? Abri os olhos. Tive a sensação de que os abri lentamente, mas não foi assim, decerto. De cima, caíam folhas secas e poeira. Depois…

Zona e tabanca de Mamboncó, felizmente de novo repovoada. É perfeitamente visível, à esquerda da estrada Mansoa / Mansabá, o célebre carreiro do Morés.
Imagem Google, legenda de CV

Depois foi o pior. O Paiva sentado no chão apoiando as mãos atrás das costas, uma das pernas inteira, mas a outra… apoiada pela tíbia meia-cortada e a pingar um fio de sangue. Ao lado a bota de cabedal com o pé dentro e a frase:

- Ai que me dói tanto!

Uma frase dita a meia voz. Nada de gritos. Nada de revolta. Seria espanto?

O Ramos perguntou, como quem chora:

- Oh Paiva para que foste beber água?

A partir daqui não tenho pormenores. Perdi-os. Lembro-me que pedi a vinda das viaturas. O Ramos e eu armámo-nos e equipámo-nos e depois recordo-me de ter substituído o condutor da primeira viatura. Foi uma corrida com o pessoal ferozmente agarrado à viatura, até Mansoa. A Berliet respondeu bem e chegámos sem novidades. Não me recordo onde deixámos o Paiva. Só me lembro de ter sido interpelado pelo Comandante do Batalhão que perguntou o que sucedera. Contei rapidamente e o seu comentário: “O gajo é burro!” fez-me desvairar. Entre outras coisas perguntei-lhe se ele sabia o que era uma mina e se já tinha visto explodir alguma. Nunca mais lhe perdoei e quando o voltei a encontrar depois da guerra, no Quartel-General em Coimbra, não lhe falei nem mesmo naquilo a que o regulamento me obrigava.

Sei hoje que a sua atitude era filha do “não saber”. Uma vez, fez uma coluna com o pessoal de Cutia até Mansabá armado de caçadeira que disparava alegremente contra tudo o que mexia. A seu lado, no Jeep, a inefável Maria do Socorro – a Mary Help – para quem a conhecia bem.

Coitada, também teve um fim trágico, mas isso são contas de outro rosário.

De outra vez, chegou ao local onde a “coluna das quartas-feiras” fora emboscada, tinha eu acabado de desmontar uma granada RG – 42 e pedi-lhe que estivesse quieto, pois as valetas podiam estar armadilhadas e ele respondeu-me que não havia problemas, porque as detectava olhando.

O Coronel Durão aproximou-se e perguntou-me o que tinha eu na cara. Nem me apercebi de que era terra projectada pela explosão. Contei-lhe a história. Disse-me que ignorasse o comentário do Comandante. Fiquei por ali…

Regressámos a Mansabá. Não sabia o que fazer. Resolvi pôr o assunto por escrito, embora não soubesse quais as consequências. A minha comissão estava a chegar ao fim e o número de especialistas que conheciam o campo era, agora, mínimo e poderia vir a ser apenas um, com a minha saída. Recebi ordem do Batalhão (BCaç 4612) para parar com a verificação do campo e começar a levantar as minas a partir da que explodira. E assim começámos, até que o CAOP 2 “descobriu”. Efectivamente, eu lançara no SITREP os sucessivos lançamentos de minas e agora lançava as remoções que íamos fazendo. É interpretando este desacerto que hoje me surge a ideia de que algo estava a correr descoordenadamente. Imaginemos que eu não sabia de minas e armadilhas. O campo estaria entregue a dois furriéis e agora apenas a um. Era claro que o número de especialistas era insuficiente para a tarefa. Além disso uma entidade mandou lançar e a outra de grau inferior, em face dos baixos resultados, mandou começar a recolher as minas. Esta era a solução correcta, a menos que…

E foi o que sucedeu. Um dia mandaram-me um substituto. Um tenente miliciano – Tenreiro de seu apelido – que não tinha condições (estatutárias, suponho) para a promoção ao posto imediato. Pouco tempo depois recebo ordem “a seco e sem possibilidade de contestação” para continuar a verificação do campo. Tínhamos agora uma situação insolitamente perigosa: uma brecha mal sinalizada entre a mina que ferira o Paiva e a última que tínhamos levantado. Qual seria a situação que o CAOP pretendia criar? Até hoje não sei e, quando após o 25 de Abril, encontrei o Coronel Durão como Comandante da Região Militar do Centro, também não lho perguntei.

Preferi afastar-me discretamente dele. Era um homem valente, mas eu tenho para mim que “disparava às cegas, para onde estava virado” e não me pareceu que fosse dado a observar as situações com calma e profundidade. Estava, ele próprio a terminar a sua comissão e, por isso demasiado cansado e saturado daquilo tudo.

Estava escrito que aquele campo ainda faria mais vítimas. Recebi dois sapadores – um cabo, cujo nome não fixei, e o furriel Pauleta – do Pel Rec do Batalhão que deveriam passar a trabalhar no campo de minas. Com a chegada do Tenreiro comecei a passar-lhe o comando e a parte administrativa da Companhia. Porém, com resultados desanimadores. O primeiro-sargento Canelas, meu amigo e conhecido do Regimento de Queluz, queixava-se de que ele não entendia as explicações que lhe eram dadas. Tudo terminou com um conjunto de cenas caricatas a mais grave das quais teve lugar no campo de minas, no dia em que o furriel Pauleta ficou cego do olho esquerdo.

Mas isso será motivo para outra história.

Nunca me esquecerei das duas pernas do Antero Paiva, a saírem dos calções e depois do modo e do momento como uma delas ficou reduzida, a metade “por lesões que mostravam terem sido produzidas por um objecto contundente ou actuando como tal” como se escrevia no relatório dos exames directos.

Encontrei-o há pouco tempo. Ficámos a olhar-nos. Depois foi o abraço e a falta de saber o que dizer. Passados 39 anos só nos olhámos bem fundo, com as mãos nos ombros um do outro.

Pedi-lhe autorização para escrever este texto e ele deu-ma. Fiz o melhor que sei, mas, esteticamente, tenho a certeza que será o pior que escrevi. À medida que ia escrevendo iam-me surgindo assuntos laterais, que não pude explorar por se espraiarem por outras áreas e factos. Não serve, por isso, de homenagem e ele merece-a.

Não me esqueço do seu primeiro desabafo e do lamento do Ramos. Sem ser os que passaram por momentos idênticos ninguém poderá compreender o que sentimos. É lugar-comum dizer-se que a guerra é um absurdo e o mais frequente é que quem assim fala nunca tenha assistido a uma. Às vezes estudou uma ou até várias e baseia-se nas melhores intenções para que a “paz reine entre os povos”. Mas esta guerra será sempre, porventura, o maior absurdo político e social em que o meu país se envolveu nos últimos cem anos, qualquer que seja a perspectiva donde seja observada.

O campo de minas de Mamboncó terminou de forma inglória. Depois do ferimento do Pauleta, recebi ordem para o levantar. Não me recordo de qual a entidade que a deu, mas cumpri-a com alívio. Paralelamente sucediam-se as cenas caricatas com o meu substituto e na impossibilidade de receber mais especialistas na matéria, era a decisão que se impunha. Assim, eu e o Ramos começámos pelo buraco da mina que vitimara o Pauleta e numa manhã fomos até ao fim do campo. Dois ou três dias depois, voltámos e começamos a partir da mina número um. Nesse dia, o Ramos, quando nos dirigíamos para o campo, confidenciou-me que previa que ia apanhar “cá uma bêbeda”. Compreendi, mas não aconselhei. De qualquer modo não havia muitas outras formas de celebrar um feliz evento.

Começámos a levantar as minas a partir da n.º 1 e fomos andando. Foi breve o trabalho, naquele dia. Quando removemos a mina n.º 100, cumprimentámo-nos e, silenciosamente, colocámos os equipamentos, transportámos as embalagens de minas para as viaturas e regressámos a Mansabá. O Ramos não apanhou “bêbeda” nenhuma e estou certo que dormiu descansadamente, toda a noite, coisa que já não sucedia há algum tempo, pois, segundo já me tinha dito, após o sucedido ao Paiva, sempre que eu lhe dizia que tínhamos de ir ao “campo” ele passava a noite em claro. Ainda lhe propus não o avisar de véspera, mas ele preferiu saber antecipadamente.

Assim terminou, sem honra nem glória, “uma acção ofensiva” sobre um inimigo que não existia, provocando duas baixas absolutamente escusadas entre o nosso pessoal.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 4 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8505: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (5): Ai que me doi tanto!... ou o drama dos especialistas de minas e armadilhas - I Parte

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8506: Parabéns a você (284): Agradecimento à tertúlia (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de 4 de Julho de 2011:

Carlos,
Com o pedido de colocação no blogue, aqui vai o meu reconhecimento a todos.

Estive cerca de três semanas impossibilitado de aceder à máquina infernal, por razões que não interessa escalpelizar.

O certo é que,"recebida a alta", aqui estou para vos dar conta da minha incomensurável satisfação por me aperceber que afinal tenho muitos amigos dentro do blogue, a quem aproveito para saudar e agradecer os comentários e os mails pessoais recebidos, bem como as referencias no "tal de facebook" (uma máquina ainda mais infernal a que, confesso, não sei dar saída e da qual decidi fugir de forma sorrateira...) a propósito do meu aniversário ocorrido na passada quinta-feira.

Pude constatar do surgimento de um comentário escrito em maiúsculas e "assinado" (?) como AB, onde o pretenso alvo dos meus comentários motivados pela celebérrima expressão "A FRASE NO MÍNIMO INFELIZ...", consubstanciada na propalada história dos bandos escondidos atrás do arame farpado, teria "dado a mão à palmatoria" afirmando, inclusive, ter gostado de algumas críticas entre outras em que se sentiria injustiçado...

Segundo Luís Graça, a ser verdadeira seria uma atitude bonita, caso contrário um trabalho qualificado, a merecer o esquecimento do lápis azul que merecem sempre os escritos anónimos.

Independentemente de mais esta "tentativa de amolecimento" feita sabe-se lá por quem, devo dizer-vos, camarigos que não mudarei uma virgula daquilo que escrevi relativamente ao senhor em questão (instigado pelas ofensivas - por injustas - palavras à condição de militares milicianos de que todos nós, e especialmente os que tombaram, fomos alvo preferencial.)

A seu tempo vos darei conta disso através do meu novo livro, reincidência na via da sextilha onde desta feita a prosa tem também assento, a que dei o titulo "GUINÉ A TERRA QUE APRENDEMOS A AMAR".

Nele encontrareis alguma da controvérsia relativa ao assunto em questão bem como alguns "hinos" à fabulosa terra que tivemos o privilégio de conhecer.

Para todos vai um forte abraço de reconhecida amizade.
manuelmaia
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8486: Parabéns a você (280): Manuel Maia, o nosso bardo (Tertúlia / Editores)

Vd. último poste da série de 3 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8497: Parabéns a você (283): António Nobre, ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8505: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (5): Ai que me doi tanto!... ou o drama dos especialistas de minas e armadilhas - I Parte

 

1. Mais um episódio, trágico, de António José Pereira da Costa* (Coronel de Art.ª na reserva, na efectividade de serviço, ex-Alferes de Art.ª na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69 e ex-Capitão de Art.ª e CMDT da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74), enviado em mensagem do dia 2 de Julho de 2011.




A Minha Guerra a Petróleo (5)

Ai que me dói tanto!...
(Parte I)

O Paiva usava uns calções que lhe amarinhavam pelas pernas acima. Ou seriam as pernas que eram demasiado compridas para os calções que lhe haviam sido distribuídos? Não sei. Poderá ser que tudo se devesse a um excesso de zelo da costureira do Casão, daquelas que trabalhavam em casa e, periodicamente, ali levantavam os tecidos já cortados para os devolverem, alguns dias depois, sob a forma de peças de “fardamento pronto-a-vestir”. Tratar-se-ia, talvez, de alguém que entendeu que era necessário poupar no tecido dos calções que os “rapazes” usavam. Ou os calções seriam curtos porque a bajuda da tabanca resolvera cortar, bem fundo, o “carção di nosso furiel”, no momento em que foi chamada a ajustá-los, de acordo com as indicações do utente? Enfim, naquele tempo, o nosso fardamento era como os mercados são hoje, estava sujeito a flutuações. Às vezes demasiado curto, sobrando homem, no final do fardamento. Outras sobrava fardamento já o homem tinha acabado e assim parecia que o combatente estava mais envolto na farda do que vestido com ela. Artesanatos…

Esta história começa, quando o Coronel Rafael Durão me apanhou, vindo de Bissau, para me censurar a minha falta de jeito para a “psico”. Para ser franco, nunca detectei que a acção psicológica que fazíamos tivesse resultados muito palpáveis. Ou as “popes” (como, às vezes, se chamava à população, na nossa gíria), não acreditavam nela ou não era convincente, ou ainda, o que era pior, não havia mais população a conquistar. Claro que eu sabia que era necessário manter a população na nossa esfera de influência e que tal seria impossível se não se lhe melhorassem as suas condições de vida, mas aquela psico “barata” a que, às vezes, chamávamos a “vesícula”, essa não era uma prioridade, para mim. Creio mesmo e já o disse noutros lugares, que a população da Guiné já tinha feito as suas opções e que aceitava a guerra como uma fatalidade que não podia alterar.

Claro que o Coronel condescendia, em parte, e considerava válido o resto do meu trabalho, mas faltava qualquer coisa. Ouvi a reprimenda, conhecendo-lhe a maneira de ser. Não adiantava contrariá-lo, especialmente quando começava a dar sinais de nervosismo, tremendo uma das pernas. Depois de me dar “uma para desanimar e outra para animar” deu-me ordem expressa para montar um campo de minas em Mamboncó. Tudo porque o ComChefe não tinha dúvidas: o In infiltrava-se por ali, passando do Morés para o Sara e vice-versa. Não serviu de nada lembrar-lhe que periodicamente patrulhávamos aquele local a pé, e que as colunas auto passavam por aquela localidade abandonada, quase desde o início da guerra, duas a três vezes por semana. Quando o informei de que tinha, em arrecadação, na Companhia, talvez umas 40 minas anti-pessoal, ordenou-me que requisitasse mil. Achei um exagero e disse-lho, mas ele manteve a ordem e eu requisitei mil minas “AUPS ou similar”.

Zona e tabanca de Mamboncó, felizmente de novo repovoada. É perfeitamente visível, à esquerda da estrada Mansoa / Mansabá, o célebre carreiro do Morés.
Imagem Google, legenda de CV

O Serviço de Material, em Bissau, mostrou-se surpreendido e eu, por mensagem, expliquei que a justificação para a requisição só poderia ser obtida junto do CAOP 2. Tempos depois, recebi mil minas M-35, de menores dimensões e, portanto, menos potentes e mais dificilmente detectáveis. A mina AUPS, de fabrico italiano, tinha a forma de prato, com o disparador no fundo. Podia ser-lhe aposta uma “carapaça” de ferro seccionado, para criar estilhaços, no momento da explosão. A M-35, de plástico verde-claro e de fabrico belga, era pouco maior do que um queijo fresco e tinha o disparador montado na parte superior. Este, com a forma de um peão, era um objecto perigosamente engraçado. Por isso, um dos soldados da Bateria Anti-aérea já tinha ficado sem uma falange, ao pretender, com uma navalha, afiar o bico do pião, precisamente o detonador e, ainda na Academia Militar, um camarada meu tinha tido sorte igual ao manipular uma mina numa aula de explosivos.

A área a cobrir com o campo de minas era grande e não sei se barraria completamente a máxima largura da antiga aldeia. Se lançássemos uma simples linha de minas, poderíamos constituir um obstáculo com um quilómetro, (se a distância entre minas fosse de um metro). Porém, um campo de minas necessita de profundidade e densidade, o que obrigaria a colocar uma segunda, ou mesmo um terceira fiada de minas. Além disso, para que o inimigo não determinasse a lei a que o campo obedecia era necessário criar uma certa irregularidade na colocação das minas. Optei por criar uma linha de triângulos equiláteros, no vértice dos quais ficariam as minas implantadas. Os triângulos teriam orientações diferentes e a ligação entre cada um e o seguinte seria feita também segundo direcções variáveis. Sabendo que a Natureza se altera quase de um dia para o outro, seria difícil encontrar referências permanentes que nos permitissem, mais tarde, localizar as minas, quando quiséssemos verificar o campo ou passá-lo à Unidade seguinte. Por isso, optei por adoptar sempre as mesmas medidas para os lados dos triângulos – dois metros – e para as “ligações”, seis metros. Usávamos uma fita métrica para medir as distâncias e uma bússola para definirmos as orientações de cada troço recto que fosse definido. Estimo que, deste modo, teria ficado negada ao inimigo a possibilidade de se mover numa frente de pouco mais de quinhentos metros.

As minas M-35 são inferiores às AUPS e, por isso, quando se me acabaram estas, resolvi aplicar aos pares as mil que recebera do Serviço de Material, mas por sugestão do Paiva, prescindi das “carapaças” metálicas que potenciavam o efeito das AUPS.

Qual seria a utilidade daquela medida ofensiva, se o inimigo não passava ali e se nós patrulhávamos o local com certa regularidade? Não creio que quem mandou colocar as minas – o ComChefe ou o CAOP – tivesse uma ideia precisa do que seria um campo de minas e, muito mais num terreno como aquele. Ao longo dos anos pensei várias neste assunto e acabei por concluir que tudo se deveu a uma necessidade de tomar uma medida qualquer que revelasse qualquer actividade que se pudesse reportar para o escalão superior, não tanto para apresentar serviço, mas antes porque era necessário “passar à ofensiva”. No fundo, a decisão ter-se-á ficado a dever a um certo desnorte que imperava entre os condutores da Guerra, na impossibilidade de inverter o curso dos acontecimentos. Partiu-se de uma avaliação incorrecta da situação, utilizou-se um meio perigoso e, como já se sabia, pouco eficaz para actuar sobre o inimigo e depois… depois foi o pior.

Sabendo como era perigoso o uso de minas naquele ambiente, resolvi fazer uma “batota” que me permitisse, pelo menos em caso de verificação, localizar rapidamente cada “cacho” de minas: liguei, com arame de tropeçar enterrado, os vértices explosivos. Assim, localizada uma mina (ou par) localizava as outras três com toda a facilidade. O In não conhecia este procedimento e, se detectasse ou accionasse uma mina até poderia levantar mais duas, mas como não conhecia a distância das seguintes e a respectiva orientação, teria de se ficar por ali.

Semanalmente saíamos o Ramos (o Furriel Amarelinho) já então casado e vivendo na tabanca com a mulher e o filho, o Paiva e eu (que vivia no quartel com a minha mulher) para, a pouco e pouco, irmos lançando o campo. Viviam em Mansabá, por sua conta e risco, três mulheres brancas, pois a estas duas teremos que juntar a do Costa – também furriel – que vivia na tabanca. Havia condições de espaço e habitabilidade no quartel e tabanca, mas era proibida a presença de famílias de militares metropolitanos em Mansabá. É curioso como esta proibição extensiva a tantas localidades, nunca foi considerada indício de que algo estava mal e que, ou a terra era inóspita ou o inimigo nos impunha a sua vontade… No fundo, não nos esqueçamos de que o país era um só e que a livre circulação de pessoas e bens é uma característica de qualquer país em paz, como seria o caso, segundo as autoridades.

Com dois grupos instalados à nossa retaguarda, trabalhávamos sem equipamento e desarmados e íamos colocando as minas de forma que elas só existissem à nossa frente. Colectávamos os elementos no campo, especialmente no que dizia respeito às orientações das ligações e lados dos triângulos. Depois, na tarde de cada dia, eu passava para papel de arquitecto o desenho do campo que ia surgindo.

O trabalho de campo era árduo, pois, passadas as temperaturas amenas da manhã, começávamos a suar e acusar cansaço. Penso que o suor nos empapava mais os camuflados do que se fôssemos andando pelo mato. Por isso, procurei que nunca trabalhássemos mais de duas horas. O regulamento – o célebre Manual de Minas e Armadilhas – obrigava à elaboração de um relatório onde o responsável pelo lançamento era obrigado a declarar que o “sapador” estava “bem comido, bem dormido e não fora incitado a apressar-se”.

Só relativamente à última condição eu tinha um certo controlo. Nunca fixei metas e, com a segurança montada, até podíamos fazer pausas. Mas, será possível que alguém que vai manipular umas dezenas de minas, no dia seguinte, durma bem? E terá apetite que lhe permita comer um pequeno-almoço que lhe garanta um teor de açúcar no organismo suficiente para que exista a concentração necessária à execução destas tarefas? Enfim, a situação era aquela e tínhamos que a aceitar, já que a não podíamos modificar.

Logo no primeiro dia poderia ter sucedido e comigo. Afastei-me da mina n.º 11 – a “onzima” – e, para não me esquecer onde a tinha deixado e poder continuar a partir dela, deixei-a assinalada com a bússola, um “pica” espetada no chão e um pequeno caixote de madeira vazio. Ao voltar pus o pé esquerdo no interior do espaço assim definido. Só quando senti o pé a ir abaixo é que vi que algo estava mal. Levantei-o mas seria tarde, se tivesse pisado a mina AUPS em cheio. Assim, pisando-a pela beira, ela basculou, mas não explodiu. Calei-me e procurei que, para além do Ramos e do Paiva ninguém mais soubesse.

Porém, dias depois a Isabel soube. Foi durante um jogo de cartas, nós os dois, o Paiva e o Jota Lopes.

Falou-se das últimas actividades e o Paiva disse:

- Veja lá mas é se acaba com aquilo das minas. Eu posso não ter a sua sorte…

Ele descaiu-se e eu tive que explicar à Isabel a sorte tinha tido. Não me era possível acabar com “aquilo”. Por isso, paulatinamente, fomos continuando a lançar.

A dado momento, estávamos no par de minas 437. Não me recordo porquê, mas creio que foi por termos tido que intensificar a actividade de patrulhamento, parámos o lançamento das minas, durante uma semana ou duas. Passado esse tempo e sabendo das dificuldades de referenciar as minas enterradas, propus que me deixassem verificar o campo.

Entretanto, o Coronel Durão “descobriu” as nossas mulheres e, tendo falhado a proposta de que Mansabá passasse a ser considerada suficientemente segura para poder ser habitada por mulheres brancas, a Isabel regressou a Lisboa. Estávamos em meados de Março e eu terminaria a comissão em princípios de Junho.

Julgava eu…

(Continua)
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8229: Memória dos lugares (153): Cacine, ao tempo do Pel Rec Daimler 2049 e da CART 1692 (António J. Pereira Costa)

Vd. último poste da série de 28 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7880: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (4): Em Mansabá, os últimos tempos de guerra

Guiné 63/74 - P8504: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (24): Saltar ou não saltar de pára-quedas... hoje, só se fosse para salvar uma vida (Maria Arminda / Aura Teles)


Foto do mural da página do filme Quem Vai à Guerra, no Facebook: Isabel Rilvas, a primeira mulher, ao que parece, a saltar em pára-quedas na península ibérica e "mãe" das enfermeiras pára-quedistas... Uma justa homenagem a esta pioneira (Foto reproduzida com a devida vénia...). 

E a propósito, o filme de Marta Pessoa continua em cartaz em Lisboa, no Cinema City Classic Alvalade, pela 3ª semana consecutiva (4 sessões: 13h50, 16h15, 18h45, 21h35).

1. Através do nosso camarada e amigo Miguel Pessoa, recebemos um SOS de duas das nossas camaradas enfermeiras pára-quedistas (que o serão sempre, camaradas e enfermeiras pára-quedistas) Maria Arminda e Aura Teles... Aqui vai a correspondência trocada... 

Tudo isto para dizer que a empolgante notícia de que as nossas duas veteranas iam saltar de pára-quedas, um dia destes, num festival em Évora, por iniciativa da Associação de Pára-quedistas de Setúbal, não era falsa mas ainda estava... por confirmar.

(i)  Miguel Pessoa (1/7/2011):

Caros editores

Recebi um pedido de ajuda das nossas camaradas Maria Arminda Santos e Aura Teles, aflitas porque prenderam os dedos no computador e não conseguem enviar comentários para o blogue... O assunto em causa é o apregoado salto que estas nossas amigas iriam dar num futuro festival aeronáutico, referenciado no blogue pelo também camarada Pardete (*).
Pese embora a boa vontade destas nossas camaradas, a verdade é que motivos pessoais impedem-nas de dar o seu contributo nesta área. Por isso farão o favor de divulgar as mensagens juntas do modo que acharem mais conveniente.

Percebo-as perfeitamente: olha se me viessem pedir a mim agora para ir fazer um festival de acrobacia! Eh Eh!,, mais respeitinho pelos séniores...

Abraço. Miguel

(ii) Maria Arminda (1 de Junho de 2011)

Assunto-  Mª Arminda: Pedido de Ajuda "Ao Sábio das Tecnologias"

Amigo Miguel, fazem parte da nossa Tabanca Grande duas "nabas" desta tecnologia. Venho pedir que nos faça chegar as nossas mensagens. Eu respondi directamente para o Blog no endereço do camarada Luis Graça. Ontem fiz uma visita à pasta dos médicos, mas não consegui responder ao J Pardete (*). 

Tenho pena de desiludir quem nos convidou, mas as razões que nos impedem estão certas. Não cheguei a fazer a queda livre noutros tempos por causa do ouvido. Desculpe esta maçada e obrigado. Beijos para vós e bom fim de semana. Arminda

(iii) Aura Teles (1/7/2011) [, foto à direita]:

M. Arminda, quando puderes hás-de ver se eu consegui enviar uma mensagem ao camarada Luís Graça, a dar-lhe conhecimento da minha decisão de não participar em Julho nos saltos em pára-quedas em Évora. Eu disse-lhe também qual a razão de não poder ir , porque os meus familíares querem-me levar para os Estados Unidos da América, por uns tempos. Eu tentei várias vezes enviar para o blogue, mas fiquei com a sensação que não consegui. Se conseguires manda tu se faz favor, não quero que pensem que me fechei em copas.

Desculpa estar a maçar-te por isto. Ok, beijinhos e tem cuidado contigo.Aura



(iv) Comentário que a Maria Arminda [, foto à esquerda,] tentou mandar para o blogue, em 29 de Junho passado, para o poste P8477 (*):

Efectivamente o que o camarada J Pardete Ferreira diz está certo. Porém, eu não sei se pela minha parte se irei concretizá-lo por três ordens de razão a ter em conta: (i) tenho uma respeitável arritmia cardíaca, embora controlada mas que em momentos de maior stresse dá sinal; (ii) uma perfuração timpânica que com a altitude necessária para esse salto se pode complicar; e por último um marido [com um problema de saúde] que depende 90% do meu apoio e que no dia seguinte me fez reflectir. 

Tudo corre bem!... Se fosse para salvar alguém valia a pena o risco, mas por distração e prazer talvez não se concretize pela minha parte. Também não escondo algum receio, que com o decorrer do tempo por vezes se apodera de nós. 

Obrigado [, Luís Graça,]  por me ter enviado a notícia. Um abraço amigo,  Mª Arminda. Ando a querer contactar quem me convidou, para lhe trasmitir esta situação.

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 28 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8477: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (22): Notícias da Maria Arminda e da Aura Teles... E em Agosto haverá um festival com a "promessa de que as enfermeiras páras vão saltar" (J. Pardete Ferreira)

Guiné 63/74 - P8503: Os nossos regressos (25): Tempo de partida, há tanto tempo... tanto (Torcato Mendonça)

1. Mensagem de Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), com data de 1 de Julho de 2011:

Caro Carlos
Há tanto tempo, tanto, que nada escrevo. Não sente o blogue nem os camaradas. O tempo corre veloz. Depois as "fugas" não para o Egipto mas para outras bandas, a idade a dizer - presente - e eu a desleixar. Está aí, no papel ou já teclado, um ou outro escrito. Ainda juntei os dispersos da célebre "Lança Afiada".

Hoje vi este escrito, levou cortes e pensei: Se o Carlos tiver pouco material entre mãos e considerar que pode ser escrito de fim-de-semana mando.
Vai então. Leve, ligeiro, sem aborrecer ou agitar. O calor não aguentaria coisa pesada como um ou dois que vegetam por aqui.

Abraços a todos e um especial para ti.
Torcato Mendonça


OS NOSSOS REGRESSOS (25)

TEMPO DE PARTIDA

Há muito tempo atrás, uma sugestão do José Belo e um comentário do Manuel Joaquim, fizeram o vento abanar ou soprar algumas folhas de minha memória.
Uma longínqua recordação apareceu, meio enrolada, meio esbatida.
Eu vos conto então.

Seria meio-dia. Pouco interessa a hora ou ser a um quatro de Dezembro de sessenta e nove.
Importa, isso sim, ser dia de partida. Dia de partida ainda incerta para mim. Dia especial, o mais, há tanto tempo ou desde sempre, desde o dia de chegada, a ser o dia mais desejado. Parecia ter sido há tanto tempo a chegada.
Tanto suor depois, tanto correr e como estavam tão diferentes, hoje, aquelas gentes, em tempo de partida, dos que outrora estiveram em tempo de chegada. Eram os mesmos. Faltavam alguns, demasiados, que mais cedo se foram da nossa companhia apartando. Ficou a recordação, a triste recordação.

Agora mantinha-me sentado numa viatura GMC ou parecida, mais velha, gasta e farta do que eu. Procurava, ali sentado, a sombra tentando fugir ao calor abrasador, pegajoso, calor já de hábito de assim por ali viver.
O cais logo ao lado, o Geba a correr para se deixar abraçar pelo mar, o Uíge parado esperando gentes, gentes em tempo de partida.

Mantinha-me quieto, atento a tudo, olhar vazio, olhar sem vida, olhar há muito roubado por aquela terra, talvez melhor, pelo que nela vira ou que nela vivera. Dois anos, cerca de dois anos de comissão e agora ali parado. O barco enorme no meio do estuário, a incerteza entre a partida ou de ficar na Comissão Liquidatária. Assinaram a partida e certamente não voltariam atrás. Confiar em tipos daqueles? Vamos esperar.

Será que um dia voltaria? Prometera voltar. Que sabia eu fazer depois daqueles anos todos? A licenciatura fora em Arte de Guerra. Nem para bacharelato dera em tão fraco soldado.

Manhã cedo, mais cedo do que o habitual, ainda assinei papéis e só depois me juntei à Companhia.

Marchamos em desfile dispensável, com passos há muito esquecidos. Desengonçados e irritados lá fomos, num esquerda direita, olha ao lado ou olha à frente, num marchar meio estúpido e desnecessário.

À frente de nós, garbosa, em meneios de braços e ancas, arreios, botas e instrumentos reluzentes, ia a fanfarra. Batiam forte no asfalto escaldante, faziam, para alegria deles, ouvir tambores e instrumentos de sopro numa lenga lenga de marcha militar.

Agora, ali estávamos nós esperando a ordem de embarque. Sempre a ordem. Certo é que as ordens vinham e, aquela máquina oleada, funcionava bem.
Parados, o Uíge logo ali, quase a puder ser tocado e a ordem nada.

- Meu Alferes o almoço e o jantar. Ração para o dia.

Estenderam-me a caixa e recusei.

- Esta é boa. Agora é que aparecem destas.

Aceitei e verifiquei ser melhor. Preferi mais o cigarro.

Finalmente a ordem de embarque. O Uíge a todos, sôfrega e ordenadamente engoliu.
Tudo organizado e as diferenças a notarem-se. Soldados para o enorme porão, mais acima os Sargentos e depois os Oficiais. O normal.

Apresentei-me ao Comandante das Tropas Embarcadas. Veio mais cedo para Portugal o antigo Comandante do BCAÇ 2852, ao qual eu estivera dependente como Companhia Independente. Era o Tenente-coronel Pimentel Bastos.

Agora a nada pertencíamos. Éramos tropa em dia de partida, gente a poucos dias de ser descartável.
Sentia o Uíge deslizando de encontro ao Oceano, a imitar o regresso das caravelas, Bissau cada vez mais longe e eu a acreditar que partia mesmo.

Passaram os dias. O Oceano a ficar, em cada dia que passava, mais revolto, escuro e frio. Aproximava-me rapidamente do “meu desejo do meu objectivo”.

Sempre, tivera, ao longo da comissão “desejos e objectivos” próprios, alguns a parecerem ridículos, como o de comer uma sandes de fiambre com manteiga e beber uma Cola fresca. Questão de sobrevivência ou de fuga à loucura. Talvez alguém entenda. Outros, felizmente para eles, não.
Este ultimo era passar sob a Ponte em Lisboa. Durava há meses este desejo.

Numa manhã gelada, com a luz ainda a querer furar o céu cor de chumbo, finalmente o grito a ser mil vezes repetido:

- Lisboa… Lisboa…

Aí estava a Ponte, a Ponte do ditador e eu a sorrir, a deitar baforadas com vapores de álcool da noite anterior e a olhar para o alto.
Vigas, pilares, tabuleiro com carros a circularem. A Ponte, a Ponte…

O cais a ficar mais perto, a cidade das sete colinas a vir ao nosso encontro, a outra banda à direita. Adeus desejo vai devagarinho e outro virá.

No ar sentia-se a inquietação daqueles quase ex-militares, sentia-se o nervoso. Mais audíveis os sons de quem em terra os esperava. O barco a acostar devagar, tão devagar e os militares a desesperarem.

Finalmente aquietou-se e desinquietaram-se as gentes. Apesar disso o desembarque foi ordeiro, saída de gente habituada a ter calma e estar na ordem, a saber o que fazer e ali quase a desesperar.

Pouco me lembro do desembarque.

Talvez a emoção, muito menor do que a da partida onde ninguém de mim se despedia, talvez, mesmo assim, a emoção tenha apagado esse momento. Talvez mesmo, tantos anos depois, não o queiramos a ser presente.

Cumprimentei a família, voltamos a marchar, embarcamos em autocarros e, horas depois estávamos no Quartel.

A papelada, as contas, a entrega de fardas e a troca por roupa civil. A noite gelada a vir e aquela barafunda a manter-se, os papéis a serem rapidamente a serem assinados. Tudo à pressa, tudo em fúria para sair. Até as despedidas quase a não serem. Adeuses apressados, despedida rápida.

Finalmente, noite já muito entrada, tudo parou.

- Estão aí os papéis para serem assinados nas repartições. Tudo certo.

A manhã a ser curta, o almoço no Fialho, a vinda para ultimar um ou outro pormenor final e a despedida do Coronel Branco, meu ex-Comandante em Bambadinca no BART 1904.
Despedi-me do Furriel Rei, o ultimo a sair e fui desfardar-me.

Chamaram-me um Táxi para “corrida” de cerca de quinhentos quilómetros e saí civil. Foram vários anos, vários anos a ficarem para trás. Tanto tempo perdido, interrompido ou o quê? Não recordo. Hoje sinto saudades da Guiné, daquela vida, da juventude perdida, como alguém disse ou da idade de então?

Que interessa isso agora. Reflexão breve? Pensemos nisso.

Vieram tempos em fúria de viver, em excessos com medo do tempo se esgotar. Um dia parei.
Interroguei-me. E agora T. ? E agora?

Há tanto tempo… tanto!

Fnd AB/11

Torcato Mendonça (terceiro a partir da direita) aquando da viagem com destino à Guiné em 1968

Torcato Mendonça na actualidade
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8178: Controvérsias (120): Spínola, Amílcar Cabral, o Tarrafal, o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980, os guineenses e os caboverdianos, nós e o blogue (Torcato Mendonça / Pepito)

Vd. último poste da série de 2 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8033: Os nossos regressos (24): A nostalgia dos tempos em que a amizade, a coragem, a dor, o sofrimento em "fogo lento", o sacrifício, a morte, a solidariedade, a alegria de viver, a camaradagem e tantos outros sentimentos nos tinham unido fortemente e, mesmo, para sempre (Manuel Joaquim)

Guiné 63/74 - P8502: Agenda Cultural (141): Inauguração da Exposição de Fotografia Flores Que Não Existem e lançamento do livro Na Kontra Ka Kontra, dia 7 de Julho pelas 17 horas no Vivacidade - Espaço Criativo - Porto (Fernando Gouveia)

1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 3 de Julho de 2011:

Na sequência da divulgação no blogue, pelo Luís Graça, do livro NA KONTRA KA KONTRA, tive a oportunidade de o apresentar no almoço em Monte Real* e também em Lisboa, no almoço da minha Unidade, o Comando de Agrupamento de Bafata. Foram vendidos bastantes exemplares mas torna-se necessário obter mais fundos com vista à sua doação, na totalidade, às crianças da Guiné-Bissau.

Estarei com os livros na próxima quarta-feira (06/Jul) no “Milho Rei” em Matosinhos e no dia a seguir, quinta-feira (07/Jul), pelas 17 horas no “Espaço Vivacidade” na Rua Alves Redol, 364 – B Porto (traseiras do edifício com o nº 376/372) onde ocorrerá uma apresentação.

Chegou a estar prevista a presença de um guineense a tocar korá, mas dado ele andar em digressão pelo Algarve talvez isso não se concretize.

Nesta data será também inaugurada uma exposição de fotografias da minha autoria.

Como não há duas sem três, estarei também no dia 09/Jul no almoço da “Tabanca dos Melros” em Gondomar, com a mesma finalidade.

Mais informo que posso enviar o livro pelo correio com um acréscimo de apenas 60 cêntimos sobre o preço de capa (10 euros).

Com um abraço.
Fernando Gouveia
fg4250@gmail.com


CONVITE



Monte Real, Palace Hotel,  4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca  Grande > Fernando Gouveia autografando o seu livro Na Kontra Ka Kontra (Encontros, desencontros)
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8307: Agenda Cultural (124): Na Kontra Ka Kontra, a blogonovela de 49 episódios, passada na Guiné, em Portugal, no Brasil, entre 1969 e 2010, agora publicada em livro, a apresentar em Monte Real (4 de Junho) e no Porto, Espaço Vivacidade (7 de Julho) (Fernando Gouveia / Luís Graça)

Vd. último poste da série de 30 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8490: Agenda Cultural (140): Inauguração da exposição: Cartas de Amor e Saudade, de Manuel Botelho, no Centro Cultural de Cascais, dia 1 de Julho de 2011, às 21,30h (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8501: Os nossos médicos (33): O meu grupo de combate: um forcado, um fanateca... (J. Pardete Ferreira)

1. Mensagem de J. Pardete Ferreira:
Data: 1 de Julho de 2011 16:37
Assunto: Forcado! Circuncisão! Jeep GT





Desculpa-me,  caro camarigo, mas com o entusiasmo já não encontro o texto, que suponho ser do António Paiva.

Com efeito, no que eu chamava o meu Grupo de Combate, composto por três soldados/cabos europeus e dois africanos, eu tinha um que tinha sido forcado e foi talvez, quem lhe enfiou o tal supositório até ao pescoço. Tinha força que nem uma besta, cento e tal quilos de peso e os touros já lhe tinham fracturado nove costelas.

Uma noite, oiço um cagarim infernal... era sua excelência que estava a partir os vidros dos armários que estavam nas escadas e que continham o material para a sala de Pequena Cirurgia:
- Ah! Chefe!!! - Era a maneira como ele me chamava...Bêbado que nem um odre, mas com um sorriso de puto que fez uma burrice.

Bem, arranjamos as coisas como podemos e, em conjunto com o Sargento de Dia e mediante o pagamento dos vidros e a limpeza e arrumação daquela montureira, deixámos a coisa por ali. No Hospital, se tivesse havido participação, pelo menos uma ida para o Mato estava assegurada e para um local de "férias" asseguradas (porrada todos os dias!).

Já que falei em grupo de combate e em soldados africanos, disseram-me que um dos meus meninos era o "fanador" [, fanateca, em crioulo, ] lá do sítio.

Com a minha maluqueira, um dia, indo fazer uma circuncisão, intervenção que era feita, usualmente, na sala de pequena cirurgia, indiquei-o para me ajudar: ensinei-o a desinfectar-se, a pegar nos instrumentos, transmiti-lhe a proibição de fazer qualquer gesto antes de eu mandar e lá fomos.

A intervenção foi feita sem qualquer incidente e, no final, pedi-lhe um comentário:
- Assim dá muito trabalho, como eu faço é mais rápido!

 Ora toma!!! E a malta cá fora, ria a bom rir.

Camarigo António Paiva, o teu substituto era doido por mecânica. O teu jipe passou a GT, com um cantar conhecido e que, com o pára-brisas sobre o capô, tinha o melhor ar condicionado do mundo. Podes estar tranquilo: o teu jipe ficou em boas mãos.

Alfa Bravo para o interessado.

José Pardete Ferreira

PS - Antes de acabar: o Helder Sousa é de Setúbal e ainda não dei por ele. Seria giro encontrarmo-nos e irmos cravar um copo ao Benjamin [Durães]. Valeu?

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Nota do editor:

domingo, 3 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8500: Bibliografia (37): Fotos do lançamento do último livro do nosso camarada e amigo António Estácio, Nha Bijagó: Respeitada personalidade da Sociedade Guineense (1871-1959) , Lisboa, 20 de Junho de 2011






 
Lisboa > Palácio da Independência > 20 de Junho de 2011 > Lançamento do livro Nha Bijagó (*), do nosso camarada e amigo António Estácio... Como se pode ver pelas fotos, a cerimónia contou com a presença de numerosos amigos e admiradores do autor que ele foi fazendo ao longo de uma vida com muitos lugares de passagem (Guiné, Coimbra, Angola, Macau...). Infelizmente, por razões profissionais,  eu não pude estar presente como tencionava, pelo que pedi ao Estácio que me mandasse algumas fotos e um pequeno apontamento sobre a sessão. Uma selecção das fotos (da autoria de João Firmino) aqui ficam, mas sem as legendas (que não vieram a acompanhá-las)... As fotos de Daniel Levy não as aproveitei, devido ao seu formato e baixa resolução.


Parabéns ao Estácio por mais este livro que revela o grande amor que ele tem e mantém pela sua terra, ao evocar a figura de Leopoldina Ferreira Pontes,  justamente conhecida por Nha Bijagó, que foi uma figura de referência da sociedade guineense da primeira metade do séc. XX... Teremos oportunidade de publicar em breve algumas notas de leitura deste novo livro do Estácio...(LG).

Fotos: © João Ramiro Firmino (2011). Todos os direitos reservados.


1.  Mensagem do António Estácio, com data de 28 de Junho último:
(i) Caro Luís Graça: Como prometi aí vão algumas fotos referentes à cerimónia de lançamento do meu último livro (*) [, Lisboa, Palácio da Independência, 20 de Junho p.p.]

Podes usá-las, sendo de autoria de João Ramiro Firmino, um ex-colega meu no Liceu de Bissau,  e que, por sinal, como Furriel cumpriu serviço militar na Guiné.

Com um abraço

António J. Estácio




Capa do livro, edição de autor... Foto de Daniel Levy

(ii) Caro Luís Graçacitassi@yahoo.com.br ]


Sem querer abusar, junto mais fotos [... 137, ]do lançamento do livro sobre a Nha Bijagó, de autoria de Daniel Levy, podes usá-las como melhor entenderes.

Grato pela atenção dispensada, se for necessário algo mais é favor dizer.

Obrigado.

António J. Estácio

P. S. - Esqueci-me de dizer que os livros são comercializados a 10,00 €, sem incluiro registo e os portes de Correios. [Contactar o autor através do seu email:
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 15 de Junho de 2011 >
Guiné 63/74 - P8420: Agenda Cultural (134): Lançamento do livro Nha Bijagó, de António Júlio Estácio, dia 20 de Junho de 2011, pelas 18 horas no Palácio da Independência (António Estácio)

Guiné 63/74 - P8499: Tabanca Grande (293): Manuel Freitas, ex-1º Cabo Escriturário, HM241, Bissau (1968/70)




Guiné > Bissau > HM241 (1968/70) >




Guiné > Bissau > HM241 (1968/70) > O 1º cabo escriturário Manuel Freitas  (em 1971)


Manuel Freitas, em 2010

Fotos: © Manuel Freitas (2011). Todos os direitos reservados

 1. Mensagem do Manuel Freitas (*): 

 Data: 1 de Julho de 2011 18:21

Assunto - Histórias para publicação no Blogue
Caro colega Luís Graça,


Há muito que tenho apreciado o teu/nosso blogue e, a propósito das intervenções do António Paiva, do meu tempo na Guiné, 1968/1970, decidi participar para figurar neste universo de ex-combatentes.

Fui despachado no Niassa no dia 1 de Maio de 1968 para a Guiné, tinha sido incorporado em 10 de Janeiro de 1967, no GACA 3, em Espinho. Como já tinha o meu irmão em Moçambique, tentei safar-me de ser mobilizado sujeitando-me, durante três meses, a estar internado no Hospital Militar do Porto e esperar que as cunhas funcionassem, só que, embora o meu pai fosse marceneiro, não funcionaram e lá tive que ir bater com o costado no Ultramar de então.

A comissão até nem correu mal, fui colocado no HM 241 e, como era [1º cabo] escriturário, fiquei no Conselho Administrativo mas aquele que até lá desmaiava só por tomar uma injecção, imaginem, como foi, ter de ver colegas todos despedaçados porque passavam por nós todas as baixas que ocorriam no HM 241.

Duas situações me marcaram, para além de outras que futuramente enunciarei:

1ª - Num sábado, estando a almoçar, chamaram-me para ir ver um conterrâneo que estava a chegar de heli e quando lá cheguei deparei com o meu grande amigo Carlos Loureiro sem as duas pernas; estarreci e agarrei-me a ele e nunca mais o deixei até ser evacuado e antes dar a notícia à esposa.

2ª- Aconteceu no dia 10.06.1969 diz assim o meu diário:  «Hoje entrou cá no hospital uma africana de nome Feliza Sana, com uma granada de morteiro 62 alojada na anca esquerda; o médico que comandou, com a ajuda dos homens das minas e armadilhas, toda a operação foi o Dr. Diaz, médico muito experimentado que tinha estagiado nos Estados Unidos da América. Foi necessário transportar para a sala de operações sacos de areia e a operação foi um êxito pois a granada foi retirada sem rebentar. Aconteceu um caso idêntico mas foi no Vietname».
Brevemente virei ao blogue trazer mais noticias.

Ah ! quero lembrar o almoço/convívio [do pessoal do HM241, 1967/71,] que vimos realizando, a 5 de Outubro, há nove anos.

Um abraço

Manuel Freitas

endereço: manuel.freitas@equicontas.com
tlm. 964498832

2. Comentário do editor:

Meu caro Manuel Freitas, como prometido, aqui está o teu mail de apresentação. Passas a ser membro da nossa Tabanca Grande, com o número de entrada 506. Já conheces as nossas regras de convívio (afixadas na coluna do lado esquerdo da página de rosto do blogue).  Acomoda-te, ajeita-te, e partilha connosco mais histórias do teu tempo de Guiné e do HM241. Traz mais malta dos serviços de saúde militar. Um Alfa Bravo. Luís Graça
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8498: O Mundo é Pequeno e o nosso Blogue...é Grande (43): Manuel Freitas, que organiza há 9 anos os encontros do pessoal do HM241 (1967/71), acaba de descobrir o nosso blogue, graças ao António Paiva

(**) Último poste da série > 27 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8474: Tabanca Grande (292): José Pardete Ferreira, ex-Alf Mil Médico (Teixeira Pinto e Bissau, 1969/71)
  A equipa de futebol do hospital, de que o Manuel Freitas era treinador, jogador, e capitão (é o terceiro, da segunda fila, de pé, a contar da direita para a esquerda; enverga a braçadeira de capitão).

Guiné 63/74 - P8498: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (43): Manuel Freitas, que organiza há 9 anos os encontros do pessoal do HM241 (1967/71), acaba de descobrir o nosso blogue, graças ao António Paiva

1. Comentário de Manuel Freitas ao poste P3817:


Data: 30 de Junho de 2011 12:06
Assunto:   Poste de 20 de Fevereiro de 2009 >  Guiné 63/74 - P3917: Histórias de um condutor do HM 241 (António Paiva) (4): Não cobiçar a mulher do próximo




Olá, Paiva,


Não compreendo porque andei tanto tempo sem consultar este blogue do Luis Graça. Lá estava desatualizado porque, organizando há já 9 anos convivios com os ex-militares do HM241, onde já estiveram, o Dr. Felino de Almeida (diretor do hospital do nosso tempo), o Dr. Diamantino, Dr.Rui Meireles, Dr. Ventura e outros,  não consegui trazer-te para este evento que por certo vais gostar pois junta a malta de 1967 a 1971.


Das hitórias que contas,  lembro-me do resultado desta cobiça.


Lembras-te daquela africana que veio evacuada, trazendo alojada numa anca uma granada, e foi um espetáculo a preparação no bloco para retirar sem rebentar ?


Vou inscrever-me no blogue e depois conto algumas histórias que tenho registadas no meu album.


Sou o Manuel Freitas e estive no HM 241, de 1968 a 1970,  era o treinador e jogador da nossa equipa de futebol.


um abraço


Manuel Freitas


2. Comentário de L.G.:


Meu caro Manuel Freitas: nunca é tarde para descobrir o nosso blogue... Como costumamos dizer, na brincadeira, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Estamos na Net há 7 anos e tal... E tu já organizas encontros do pessoal do HM241 ainda há mais tempo: 9 anos, sem também a gente saber. 


É obra!... Tens direito a que a gente te bata a pala. Da nossa parte, também andamos, há anos, à procura dos nossos médicos, dos nossos enfermeiros, das nossas enfermeiras pára-quedistas, dos nossos condutores de ambulância, dos nossos camaradas do HM241, como tu... e por aí fora. Andamos à procura uns dos outros. De modo a podermos reconstituir o puzzle das nossas memórias fragmentadas. 


Não é tarefa acabada, nem muito menos é tarefa fácil. Os nossos camaradas, que estiveram connosco no TO da Guiné, de 1961 a 1974, andam por aí, espalhados pelo mundo, dos EUA à Austrália, de Portugal ao Brasil... Tu tens feito a tua parte, juntando a família do HM241... Anualmente. A gente também se encontra anualmente, agora em Monte Real... E todos os dias, à sombra do nosso poilão, gigantesco, centenário, mágico, fraterna, frondoso... O poilão da nossa Tabanca, virtual, que só existe na blogosfera... Mas à qual queremos que passes a pertencer, como de resto é teu desejo.


Já sabes as regras: só tens que pagar a "jóia de ingresso": 2 fotos + 1 história (leia-se: uma simples apresentação da tua pessoa, dizeres quem és, por onde andaste, o que fizeste e, facultativamente, o que fazes hoje, onde vives e por aí fora)... Conto contigo... na volta do  correio. Para te poder apresentar, com as devidas honras, ao meio milhar de camaradas e amigos da Guiné que estão registados na nossa Tabanca Grande.


Um Alfa Bravo. Luís Graça


PS - Manuel Freitas: Como estou fora de Lisboa, neste fim de semana, só agora vi o teu último mail, de 1 do corrente. Será oportunamente publicado, se possível ainda hoje, por mim ou pelo Carlos  Vinhal, conforme a nossa disponibilidade.  É, afinal, a tua esperada apresentação aos camaradas que nos honram, com a sua presença, nesta Tabanca Grande (ou tertúlia)... Para já, ficamos a saber que foste escriturário do Conselho Administrativo do HM241 e que és contemporâneo do António Paiva.  Serás, em princípio, o "tabanqueiro" nº 506...
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Nota do editor:

Último poste desat série > 13 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8264: O Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande (42): Foram localizados os dois jovens carregadores que aparecem na foto junto Cap Mil Vasco da Gama (Pepito / Vasco da Gama)

Guiné 63/74 - P8497: Parabéns a você (283): António Nobre, ex-Fur Mil da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

DIA 03 DE JULHO DE 2011

ANTÓNIO NOBRE

NESTE DIA DE ANIVERSÁRIO DO NOSSO CAMARADA ANTÓNIO NOBRE, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR-LHE AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE, JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.

António Nobre, em Binar, enquanto Fur Mil da CCAÇ 2464

António Nobre na actualidade
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Notas de CV:

António Nobre foi Fur Mil na CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Buba, Nhala e Binar, nos anos de 1969 e 1970

Vd. último poste da série de 1 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8493: Parabéns a você (282): Silvério Ribeiro Lobo, Mec Auto da CCS/BCAÇ 3852 (Tertúlia / Editores)