1. Terceiro poste da série Ai Guiné, Guiné*, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:
AI GUINÉ GUINÉ ( 3 )
Ó Guiné gosto de ti
e quando aí eu estava,
para saber tanto de ti
aos Guineenses perguntava...
Eu assim ia sabendo
tudo aquilo que queria,
Guineenses me contavam
e aos poucos eu já sabia...
Ó Guiné, eu sou sincero
no que digo, não me engano,
antes de ir para a Guiné
eu tinha sido Africano...
Por isso gosto de ti ,
sem exagero ou mania,
o lidar com Africanos
isso eu já bem conhecia...
Mesmo em guerra, ó Guiné,
bem cedo me apercebi
que ao pisar o teu solo
iria de gostar de ti ...
Desde logo comecei
a lidar com essas massas,
na Guiné aonde havia
muitas e muitas raças...
Então em Teixeira Pinto
era onde me encontrava,
naquele solo Manjaco
mas que na verdade gostava...
Manjacos e Fulacundas,
Futa Fulas também é
das Raças que lá havia
nessas terras da Guiné...
Eu também conheci Fulas,
Mandingas e muito mais,
na Guiné eram diferentes
mas para nós eram iguais...
S. Domingos junto à fronteira,
já perto do Senegal, sim,
o Cacheu não era longe,
mais longe era Farim...
O Bachil e Bassarel
sem ser longe do Cacheu,
Jolmete, Pelundo, Caió,
em Teixeira Pinto estava eu...
De Teixeira Pinto ao Cacheu,
Ó Guiné, metia dó,
de tanta porrada que havia
entre o Pelundo e Có...
E lá em Teixeira Pinto
onde muito ouvia falar
do Guilege e Gandembel,
com tanta tropa a lutar...
Pois toda a terra tremia,
quase por toda a Guiné,
Bafatá, Nova Lamego
e Madina do Boé...
Mas nem tudo era mau,
apesar daquela terra,
no tempo que estive lá
ser só tempo de Guerra...
A malta se habituou
e com o tempo a passar,
Portugal e a Guiné
lado a lado a lutar...
Tantas lanchas lá havia
nesses rios entre matas,
barcos e tantas canoas
como também as fragatas...
Nesse tempo sem ter paz,
Ó Guiné , é bem verdade,
com tantos anos passados
hoje até temos saudades...
(Continua)
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7982: Blogpoesia (128): Ai Guiné, Guiné (2) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7983: Blogpoesia (129): O Futuro em construção (José Teixeira)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7987: Ser solidário (104): A ONGD Ajuda Amiga manda contentor de 40 pés para Bissau, incluindo 25 mil livros (Carlos Silva)
1. Segundo informação constante da página do nosso camarigo Carlos Silva [, foto à esquerda], a Ajuda Amiga enviou no mês passado, de através da Portline, o seu contentor com ajuda humanitária e de apoio ao desenvolvimento, no navio HISPANIA VG 1107, o qual partiu de Setúbal para Bissau justamente a 2 de Fevereiro. O contentor, de 40’ HC, tinha o número GLDU 715147/9 e ia consignado à Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau.
O contentor levou o tipo de bens que é habitual a Ajuda Amiga recolher durante o ano: livros, roupas, calçado, brinquedos, etc. "Temos procurado intensificar todos os anos o nosso apoio ao ensino e à cultura, assim em 2009 enviamos 10.000 livros, em 2010, 20.000 e em 2011 serão 25.000 livros", diz o Carlos Silva, que este ano não se deslocou à Guiné-Bissau.
O contentor levou o tipo de bens que é habitual a Ajuda Amiga recolher durante o ano: livros, roupas, calçado, brinquedos, etc. "Temos procurado intensificar todos os anos o nosso apoio ao ensino e à cultura, assim em 2009 enviamos 10.000 livros, em 2010, 20.000 e em 2011 serão 25.000 livros", diz o Carlos Silva, que este ano não se deslocou à Guiné-Bissau.
O mail que dele recebemos, ontem, diz o seguinte:
"Luís e Carlos: Eu [desta vez] não fui à Guiné. (...) O Pepito ficou com pena, mas enfim... Da nossa malta conhecida, foi o Fortunato. Eles partiram Domingo. Hoje descarregaram o contentor de 40 pés e o maior beneficiado foi o Pepito.
Estive a falar com o Fortunato [, foto à direita,], de manhã, pois estavam a carregar o camião dos donativos com destino ao meu Sector, Farim.
"Não há [informação sobre esta operação] no Site da Ajuda Amiga, apenas há no meu Site quanto ao carregamento do contentor no dia 26/1 e que partiu a 2/2. Sobre a distribuição, apenas haverá material quando eles regressarem. Nessa altura lançarei o trabalho e faço um pequeno artigo para o Blogue. (...)
"Já agora aproveito. Marquem 2 lugares para Monte Real - Carlos Silva e Germana Silva, Massamá. Há dias enviaste um mail, pedindo boleia para o nosso amigo Estácio. Eu não me ofereci, porque vou de véspera e passo o fim de semana na minha casa de campo em Alcaria, Porto de Mós.
"Recebam um abraço, Carlos Silva"
2. Declaração de IRS solidária
No seu site, o Carlos Silva, dirigente da Ajuda Amiga convida-nos para, a partir de 2011, passarmos a "fazer uma declaração de IRS solidária, que irá ajudar os mais desfavorecidos e não tem quaisquer custos para quem a faz, mas que permitirá à Ajuda Amiga, a consignação de 0,5% do IRS que liquidar(mos)"...
No seu site, o Carlos Silva, dirigente da Ajuda Amiga convida-nos para, a partir de 2011, passarmos a "fazer uma declaração de IRS solidária, que irá ajudar os mais desfavorecidos e não tem quaisquer custos para quem a faz, mas que permitirá à Ajuda Amiga, a consignação de 0,5% do IRS que liquidar(mos)"...
Assim na declaração de IRS, no modelo 3, anexo H, campo 9 (campo reservado à consignação fiscal), basta indicar o NIPC 508 617 910, e marcar um “X” assinalando que se trata de uma Pessoa Colectiva de Utilidade Pública.
Consignação de 0,5% do Imposto (Lei nº 16/2001, de 22 de Junho)
| |||
Entidades Beneficiárias do IRS Consignado
|
NIPC
| ||
Instituições Religiosas – (art. 32, nº 4)
|
901
|
508 617 910
| |
Instituições Particulares de Solidariedade Social ou Pessoas Colectivas de Utilidade Pública (art. 32, nº 6)
|
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 23 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7985: Ser solidário (103): Assembleia-Geral Ordinária da Associação “Tabanca Pequena" (Matosinhos), em 2 de Abril de 2011, na Maia, antecedida de almoço de solidariedade
Guiné 63/74 - P7986: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (24): Versos da juventude (Kiev, 1987/90; Bissau, 1990) (Cherno Baldé)
1. Mensagem do nosso amigo Cherno Baldé [, foto à esquerda, em Kiev, Ucrânia, quando jovem estudante], com data de 21 do corrente, enviada já ao fim do dia:
Estimado amigo e irmão Luís Graça: Hoje ao entrar no blogue da Tabanca Grande, deparei-me com o vosso convite por ocasião do Dia Mundial da Poesia e nesse âmbito aproveito enviar alguns versos da minha juventude que espero ainda tenham algum sentido poético e possam interessar para publicação.
Com um grande abraço de saudação para si e aos demais editores da TG.
2. Versos de juventude (1987/1990), de Cherno Baldé
Pensar
Acontece-me pensar…Pensar…pensar…
Como aos poetas, sonhar.
No denso sepulcro da memória,
No despertar inadiável da vida,
O caminho ainda longo.
Acontece-me querer voltar ao passado longínquo da origem.
Pensar
Acontece-me pensar…Pensar…pensar…
Como aos poetas, sonhar.
No denso sepulcro da memória,
No despertar inadiável da vida,
O caminho ainda longo.
Acontece-me querer voltar ao passado longínquo da origem.
No passo das minhas pegadas, mal varridas pela erosão do tempo,
Medir a força das lianas, razões de tropeço na caminhada.
Acontece-me pensar, acontece-me querer voltar
Aos tempos primeiros da infância,
A altura daquelas montanhas agrestes, sulcadas pela corrente de suor,
Do meu corpo na luta,
Uma vista de olhos passar a Baobab que eterniza a tabanca,
Berço dos meus sonhos,
Sentir no corpo e na alma a brisa que embalou a infância,
A voz da floresta em pranto e o gosto amargo das raízes violadas.
Lá, mais para oeste …
De El-miná ou Ouida,
De Badagry ou N´goré.
O caminho do mar,
Em ondas lacrimosas da viagem sem regresso.
(Kiev, Dezembro de 1987)
_________________________
Lá, mais para oeste …
De El-miná ou Ouida,
De Badagry ou N´goré.
O caminho do mar,
Em ondas lacrimosas da viagem sem regresso.
(Kiev, Dezembro de 1987)
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Quando puder julgar
A mente que não soube amar
Na certeza divina da origem genuína,
Quando puder julgar o passo desmedido do intruso
Destruindo sonhos alheios ainda agora nascidos.
Quando puder julgar o passo desmedido do intruso
Destruindo sonhos alheios ainda agora nascidos.
Quando puder julgar o brilho feroz d´espada,
A tirania herdada e todo o sucesso da obediência forçada.
Enquanto puder lembrar-me do caminho percorrido,
O vento eterno, parte do destino ainda não esquecido.
Enquanto é tempo para as lágrimas soltas no santuário profano
A tirania herdada e todo o sucesso da obediência forçada.
Enquanto puder lembrar-me do caminho percorrido,
O vento eterno, parte do destino ainda não esquecido.
Enquanto é tempo para as lágrimas soltas no santuário profano
Que criou o mito da verdade eterna,
Enquanto é tempo para isolar,
Enquanto é tempo para (re) criar
O vírus da loucura, sentença suprema do espírito rebelde.
Enquanto houver sangue no corpo ainda escravo,
Enquanto houver razão, o olhar preso no horizonte,
Enquanto houver luz…
Enquanto houver luz…
(Bissau, Dezembro de 1990)
OBSERVADOR
_________
Nota do editor:
_________________________
SERÁ QUE BASTA?
Será que basta …?
Ser homem…?
O harém pedindo presença,
A liberdade do poiso perverso,
Basta o corpo e as formas
Ao sabor do tempo irreal?
Basta o preceito do olhar ausente
Pedindo prazer para não sofrer?
Basta…?
O espaço mítico criado
Para preencher o vazio ideal?
Será que basta…?
Será que basta…?
(Kiev-1989)
________________OBSERVADOR
Observador,
Espectador,
Nos parques,
O mundo a renascer
Em cada primavera.
Nas ruelas,
Em compassos lentos
Dos pares e dos sonhos floridos.
E tu desvairado, aonde vais? Ao “magazin" (1)?
Não! Eu vou para Magadan (2),
Ainda antes do Buran (3),
Antes do voo e das vozes do mundo,
Que estão por nascer.
(Kiev, Abril de 1990)
___________________
Notas do autor:
1- Magazin – Loja, mercearia de produtos de primeira necessidade
2- Magadan – Localidade Russa situada algures na Sibéria oriental
3- Buran – Vaivém Espacial Soviético inaugurado em finais da década de 80
Nota do editor:
Último poste da série > 19 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7820: Memórias do Chico, menino e moço (23): O "fefé" é um instrumento utilizado só pelos povos originariamente islamizados (Cherno Baldé)
Guiné 63/74 - P7985: Ser solidário (103): Assembleia-Geral Ordinária da Associação “Tabanca Pequena" (Matosinhos), em 2 de Abril de 2011, na Maia, antecedida de almoço de solidariedade
1. Recebemos da tertúlia da Tabanca Pequena, com sede em Matosinhos, o seguinte pedido de divulgação da sua próxima Assembleia-Geral:
ASSEMBLEIA-GERAL ORDINÁRIA
da
Associação “TABANCA PEQUENA-GRUPO DE AMIGOS DA GUINÉ-BISSAU - Apoio e Cooperação ao Desenvolvimento Africano”
da
Associação “TABANCA PEQUENA-GRUPO DE AMIGOS DA GUINÉ-BISSAU - Apoio e Cooperação ao Desenvolvimento Africano”
CONVOCATÓRIANos termos do artigo 22º dos Estatutos, convoco a ASSEMBLEIA-GERAL ORDINÁRIA prevista no artº 21º, nº 2 – 1º parte – dos mesmos Estatutos, que terá lugar no dia 02 de Abril de 2011, sábado, no Salão anexo ao “Bar/Restaurante do Jardim Zoológico da Maia”, sito na Rua Padre José Pinheiro Duarte, nº 161, na Maia, (ao lado da Junta de Freguesia da Maia - Rua da Igreja), pelas 15,00 horas, com a seguinte:
ORDEM DE TRABALHOS:
ORDEM DE TRABALHOS:
Ponto Um – Informações do Conselho de Administração;
Ponto Dois – Apreciação e votação do Relatório e Contas do Conselho de Administração, e do Parecer do Conselho Fiscal referentes ao ano de 2010;
Ponto Três – Assuntos Diversos.
A Assembleia-Geral reunirá á hora marcada estando presente a maioria dos sócios, e meia hora depois, com qualquer número.
OBS:
A Assembleia-Geral reunirá á hora marcada estando presente a maioria dos sócios, e meia hora depois, com qualquer número.
OBS:
1. O Voto por procuração é exercido através de carta/credencial dirigida ao Presidente da Mesa, em que seja identificado o sócio seu representante, podendo ser-lhe enviada como de um email para a “caixa de correio electrónico” da Associação: tabancapequena@gmail.com ou para a “caixa” pessoal moutinhosantos@net.novis.pt
2. Os Estatutos da associação estão transcritos no blogue da associação: http://www.tabancapequenadematosinhos.blogspot.com/ (Post 267).
Leça do Balio e sede da Associação, 11 de Março de 2011
O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral
(Eduardo Moutinho Santos)
Fonte: Tabanca de Matosinhos e Camaradas da Guiné (com a devida vénia...)
__________
__________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7783: Ser solidário (102): Sementes e água potável - Um projecto inovador (José Teixeira)
14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7783: Ser solidário (102): Sementes e água potável - Um projecto inovador (José Teixeira)
terça-feira, 22 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7984: Memórias de Mansabá (22): A construção da estrada Cutia-Mansabá e a defesa dos seus pontões (José Barros)
1. Mensagem de José Ferreira de Barros* (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 18 de Março de 2011:
Caro camarada e amigo Carlos Vinhal:
Obrigado pela rectificação do nome da zona do pontão.
Junto uma fotografia de um dos pontões rebentado pelo IN. A esta distância já não consigo dizer se era o de Mamboncó ou algum dos anteriores.
Durante muito tempo foi o pão nosso de cada dia. Nós construíamos, eles destruíam, era o jogo do rato e do gato.
Já depois da estrada toda construída até Mansabá, o rebentamento do pontão de Mamboncó era frequente.
Ouve necessidade de ter naquela zona uma actividade operacional muito grande, sobre tudo emboscadas. Eram feitas por um Grupo de Combate que era rendido de oito em oito horas, durante muitas semanas. Foi um período muito desgastante para a nossa gente. Nesta actividade nunca tivemos feridos, mas houve muita “pólvora”.
Junto ainda duas fotografias da entrada de Mansabá que farás com elas e com a do pontão aquilo que bem entenderes.
Obrigado pela foto do memorial do meu Batalhão. Penso que foi construído na traseira do edifício do Comando.
Já agora, não te querendo maçar, gostaria de saber se a história do menino JM contada por um camarada que andou por aquelas andanças nos anos 65/67, não esteve em Mansabá com a CCav 1617 e por conseguinte com o BCav 1897.
Um grande abraço de amizade para ti e para todos os camaradas.
J.Barros
Tanto quanto me lembro, uma vez que não foi enviada legenda para esta foto, a casa que se vê à esquerda era o estabelecimento da Casa Gouveia que tinha como gerente um cabo-verdiano que nos deixava nervosos sempre apanhava boleia nas nossas colunas para se afastar de Mansabá. Dá para perceber. Lá ao fundo na confluência da estrada para Farim, ficava o abrigo do Castelo.
Fotos © José Barros (2011). Direitos reservados de José Barros
Legendas de CV
Localização do Memorial do BCAV 1897, localizado junto ao Refeitório dos Praças que no tempo desta Unidade talvez ainda não tivesse sido construído.
Foto © César Dias (2011). Direitos reservados.
Legenda de Carlos Vinhal
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
Vd. último poste da série de 18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7811: Memórias de Mansabá (10): Fotos da bolanha de Mansabá, a nossa praia (Ernesto Duarte)
Caro camarada e amigo Carlos Vinhal:
Obrigado pela rectificação do nome da zona do pontão.
Junto uma fotografia de um dos pontões rebentado pelo IN. A esta distância já não consigo dizer se era o de Mamboncó ou algum dos anteriores.
Durante muito tempo foi o pão nosso de cada dia. Nós construíamos, eles destruíam, era o jogo do rato e do gato.
Já depois da estrada toda construída até Mansabá, o rebentamento do pontão de Mamboncó era frequente.
Ouve necessidade de ter naquela zona uma actividade operacional muito grande, sobre tudo emboscadas. Eram feitas por um Grupo de Combate que era rendido de oito em oito horas, durante muitas semanas. Foi um período muito desgastante para a nossa gente. Nesta actividade nunca tivemos feridos, mas houve muita “pólvora”.
Junto ainda duas fotografias da entrada de Mansabá que farás com elas e com a do pontão aquilo que bem entenderes.
Obrigado pela foto do memorial do meu Batalhão. Penso que foi construído na traseira do edifício do Comando.
Já agora, não te querendo maçar, gostaria de saber se a história do menino JM contada por um camarada que andou por aquelas andanças nos anos 65/67, não esteve em Mansabá com a CCav 1617 e por conseguinte com o BCav 1897.
Um grande abraço de amizade para ti e para todos os camaradas.
J.Barros
Um dos vários pontões existentes ao longo da estrada Cutia-Mansabá.
Tanto quanto me lembro, uma vez que não foi enviada legenda para esta foto, a casa que se vê à esquerda era o estabelecimento da Casa Gouveia que tinha como gerente um cabo-verdiano que nos deixava nervosos sempre apanhava boleia nas nossas colunas para se afastar de Mansabá. Dá para perceber. Lá ao fundo na confluência da estrada para Farim, ficava o abrigo do Castelo.
Fotos © José Barros (2011). Direitos reservados de José Barros
Legendas de CV
Localização do Memorial do BCAV 1897, localizado junto ao Refeitório dos Praças que no tempo desta Unidade talvez ainda não tivesse sido construído.
Foto © César Dias (2011). Direitos reservados.
Legenda de Carlos Vinhal
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
Vd. último poste da série de 18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7811: Memórias de Mansabá (10): Fotos da bolanha de Mansabá, a nossa praia (Ernesto Duarte)
Guiné 63/74 - P7983: Blogpoesia (129): O Futuro em construção (José Teixeira)
1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 22 de Março de 2011:
O Futuro em construção
Homem do mundo de hoje.
Geração rasca do ontem que já passou,
E de novo nada deixou.
Que procuras, quantas vezes, o saber,
No álcool, na droga.
No espaço,"vazio", dum café.
O prazer, pelo prazer, para sobreviver,
E não o SER para VIVER
A Esperança, base da Fé.
Põe a mão, na mão do jovem em criação,
Para que sinta, o calor, a confiança, a calma.
Aprende com ele, a construir.
O SER.
Uma alma nova.
Para o Mundo que há-de vir.
Bebe as suas ideias.
Alimenta o seu cantar. O sorrir.
Dá força.
Alimenta suas veias,
Para que vá onde quer ir.
Fá-lo sentir que já é gente.
A fim de que tente...
...tente.
Sê o irmão mais velho, e não,
O “pai” carrancudo, cansado, velho, mudo.
De resposta seca. Vazia.
Contradição.
Para ti, ele tem de ser tudo,
Porque ele é o futuro em construção.
Zé Teixeira
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7783: Ser solidário (102): Sementes e água potável - Um projecto inovador (José Teixeira)
Vd. último poste da série de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7982: Blogpoesia (128): Ai Guiné, Guiné (2) (Albino Silva)
O Futuro em construção
Homem do mundo de hoje.
Geração rasca do ontem que já passou,
E de novo nada deixou.
Que procuras, quantas vezes, o saber,
No álcool, na droga.
No espaço,"vazio", dum café.
O prazer, pelo prazer, para sobreviver,
E não o SER para VIVER
A Esperança, base da Fé.
Põe a mão, na mão do jovem em criação,
Para que sinta, o calor, a confiança, a calma.
Aprende com ele, a construir.
O SER.
Uma alma nova.
Para o Mundo que há-de vir.
Bebe as suas ideias.
Alimenta o seu cantar. O sorrir.
Dá força.
Alimenta suas veias,
Para que vá onde quer ir.
Fá-lo sentir que já é gente.
A fim de que tente...
...tente.
Sê o irmão mais velho, e não,
O “pai” carrancudo, cansado, velho, mudo.
De resposta seca. Vazia.
Contradição.
Para ti, ele tem de ser tudo,
Porque ele é o futuro em construção.
Zé Teixeira
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7783: Ser solidário (102): Sementes e água potável - Um projecto inovador (José Teixeira)
Vd. último poste da série de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7982: Blogpoesia (128): Ai Guiné, Guiné (2) (Albino Silva)
Guiné 63/74 - P7982: Blogpoesia (128): Ai Guiné, Guiné (2) (Albino Silva)
1. Continuação da apresentação do trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:
AI GUINÉ GUINÉ ( 2 )
Nova Sintra, Fulacunda,
Enxundé e Jabadá,
Tite e S. João,
Jugudul e Bissá...
Fá Mandinga e Geba,
Xime, Bajocunda, Enxalé,
Chamarra, Aldeia Formosa,
Piche e Madina do Boé...
Cacine, Infada, Bissá,
Guileje, Gadamael
Cussará, Nova Lamego,
Canturá e Gandembel...
Bambadinca, Xitole,
Catió, Empada, Cabedu,
Mansoa, Bigene, Guidage,
Saltinho, Tite e Gabú...
Bonco, Cuntima, Pirada,
S. Vicente, João Landim,
Piche, Canquelifá,
pois na Guiné era assim...
Cadique, Cacine, Bolama,
Madina Xaquili, Cansissé,
Sedengal e Buba, Missirá,
Galomaro e Cheche...
Havia tantas aldeias,
tantas tabancas enfim,
espalhadas naquele mato
mas que existiam, sim...
Ainda me lembro, Guiné,
tantas coisas aí ver
e sentir constantemente
a tua terra a tremer...
Gostava por onde passei
entre capim e bolanhas,
em tabancas e em fontes,
e ver as pretas com suas manhas...
Ó Guiné, teu Oceano
com bom peixe para pescar
e nas bolanhas bom marisco
que era somente apanhar...
Gostava de falar de ti,
ó Guiné, é com agrado,
pois parece que ainda vejo
água por todo o lado...
Teus rios eram bastantes,
em alguns também passei
em canoas que por lá havia
e que nelas naveguei...
Rio Cacheu e Mansoa
como o Geba e Corubal,
Rio Grande de Buba,
Cacine, Cumbijã e Tombali...
Assim o Rio Cacheu
era grande tio sim
além de banhar Cacheu
Bigene, Binta e Farim...
Um outro Rio Mansoa
outro rio que não só
ia até Teixeira Pinto
e também perto de Có...
(Continua)
____________
Notas de CV:
(*) Vd. primeiro poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7980: Blogpoesia (127): Não há poesia nos ares... (J.L. Mendes Gomes)
AI GUINÉ GUINÉ ( 2 )
Nova Sintra, Fulacunda,
Enxundé e Jabadá,
Tite e S. João,
Jugudul e Bissá...
Fá Mandinga e Geba,
Xime, Bajocunda, Enxalé,
Chamarra, Aldeia Formosa,
Piche e Madina do Boé...
Cacine, Infada, Bissá,
Guileje, Gadamael
Cussará, Nova Lamego,
Canturá e Gandembel...
Bambadinca, Xitole,
Catió, Empada, Cabedu,
Mansoa, Bigene, Guidage,
Saltinho, Tite e Gabú...
Bonco, Cuntima, Pirada,
S. Vicente, João Landim,
Piche, Canquelifá,
pois na Guiné era assim...
Cadique, Cacine, Bolama,
Madina Xaquili, Cansissé,
Sedengal e Buba, Missirá,
Galomaro e Cheche...
Havia tantas aldeias,
tantas tabancas enfim,
espalhadas naquele mato
mas que existiam, sim...
Ainda me lembro, Guiné,
tantas coisas aí ver
e sentir constantemente
a tua terra a tremer...
Gostava por onde passei
entre capim e bolanhas,
em tabancas e em fontes,
e ver as pretas com suas manhas...
Ó Guiné, teu Oceano
com bom peixe para pescar
e nas bolanhas bom marisco
que era somente apanhar...
Gostava de falar de ti,
ó Guiné, é com agrado,
pois parece que ainda vejo
água por todo o lado...
Teus rios eram bastantes,
em alguns também passei
em canoas que por lá havia
e que nelas naveguei...
Rio Cacheu e Mansoa
como o Geba e Corubal,
Rio Grande de Buba,
Cacine, Cumbijã e Tombali...
Assim o Rio Cacheu
era grande tio sim
além de banhar Cacheu
Bigene, Binta e Farim...
Um outro Rio Mansoa
outro rio que não só
ia até Teixeira Pinto
e também perto de Có...
(Continua)
____________
Notas de CV:
(*) Vd. primeiro poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7980: Blogpoesia (127): Não há poesia nos ares... (J.L. Mendes Gomes)
Guiné 63/74 - P7981: (In)citações (28): Melhoria do porto fluvial de Cabedu, no extremo da península de Cubucaré, na margem direita do Rio Cacine (AD - Acção para o Desenvolvimento)
"A tabanca de Cabedu [há mais de 40 referências a Cabedu, no nosso blogue] situa-se no extremo da península de Cubucaré, junto ao rio Cacine [margem direita,] tendo por isso uma saída preferencial de contacto com o resto do país, o seu porto marítimo.
"Por estrada a situação é tão difícil que são poucos os veículos que chegam a estas paragens e, durante a época das chuvas, ela fica interditada, sob pena de se ficar atolado vários dias.
"Com a melhoria deste porto, não só haverá melhores alternativas para os doentes, como para comercializarem os seus excedentes, dos quais se destaca o arroz, a fruta, o coco e o peixe".
Foto (e legenda): Cortesia de © AD - Acção para o Desenvolvimento (2011). Todos os direitos reservados
________________
Nota do editor:
Último poste da série > 15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7948: (In)citações (30): O Cherno Aliu Djaló, actual Califa de Quebo-Forreá, agradece aos nossos camaradas Vasco da Gama e Arménio Estorninho as fotografias do Cherno Rachide, seu pai e antecessor (Pepito)
segunda-feira, 21 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7980: Blogpoesia (127): Não há poesia nos ares... (J.L. Mendes Gomes)
1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins de Catió, (Como, Cachil e Catió), 1964/66), com data de 21 de Março de 2011:
Caros Amigos
Aqui vos mando, em anexo, a minha participação.
Um grande abraço
JMG
NÃO HÁ POESIA NOS ARES…
Ó carros,
Loucos e fumarentos,
Em desatino,
Pelas estradas;
Ó cigarros roucos
Que amortalhais de morte,
Os lábios rubros,
Talhados
Para a sorte de amar;
Ó atrevidas chaminés,
Sem fim, céu acima,
Que aspergis venenos,
Nos prados e nas boninas;
Ó esgotos, negros,
Pestilentos, como serpentes,
Das cloacas das oficinas,
Que vazais mixórdias,
Sem vergonha,
Nas correntes da água
Que escorria pura,
Das cumeadas albas
Da montanha,
P’rós oceanos;
Ó naves traiçoeiras
Que navegais escondidas,
No oceano infindo
Para lá das nuvens, bentas,
E devorais, sedentas,
As nascentes cristalinas
Das brisas meigas;
Ó central atómica,
Alapada,
Na toca dum deserto
Ou, arrogante,
No ventre da cidade…
És bomba de veneno
Que mata
A humanidade…
Medonha,
Como um relâmpago…
Ó obscuros caldeirões da química,
Tapados da hipocrisia
Do progresso, sem limites,
Onde o sábio, ignorante,
Pensando que tudo sabe,
Extermina, cego,
A sua vida e a do futuro…
Ó vinte séculos de existência,
Dum mundo farto,
De beleza e de riqueza,
A navegar, como navio, louco,
Em liberdade,
P’la mão do homem!…
Ó mar revolto,
Sem maresia…
Ó mar, sufocado…
Sem poesia
Quase morto…
Em agonia!
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7298: Cartas, aos netos, de um futuro Palmeirim de Catió (J.L. Mendes Gomes) (6): Funchal, 1964: As minas e armadilhas de Cúpido
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)
Em tempo:
Recorrendo ao facebook, página do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes, completou-se o poema publicado neste poste que chegou incompleto ao nosso Blogue.
Carlos Vinhal
22MAR2011
Caros Amigos
Aqui vos mando, em anexo, a minha participação.
Um grande abraço
JMG
NÃO HÁ POESIA NOS ARES…
Ó carros,
Loucos e fumarentos,
Em desatino,
Pelas estradas;
Ó cigarros roucos
Que amortalhais de morte,
Os lábios rubros,
Talhados
Para a sorte de amar;
Ó atrevidas chaminés,
Sem fim, céu acima,
Que aspergis venenos,
Nos prados e nas boninas;
Ó esgotos, negros,
Pestilentos, como serpentes,
Das cloacas das oficinas,
Que vazais mixórdias,
Sem vergonha,
Nas correntes da água
Que escorria pura,
Das cumeadas albas
Da montanha,
P’rós oceanos;
Ó naves traiçoeiras
Que navegais escondidas,
No oceano infindo
Para lá das nuvens, bentas,
E devorais, sedentas,
As nascentes cristalinas
Das brisas meigas;
Ó central atómica,
Alapada,
Na toca dum deserto
Ou, arrogante,
No ventre da cidade…
És bomba de veneno
Que mata
A humanidade…
Medonha,
Como um relâmpago…
Ó obscuros caldeirões da química,
Tapados da hipocrisia
Do progresso, sem limites,
Onde o sábio, ignorante,
Pensando que tudo sabe,
Extermina, cego,
A sua vida e a do futuro…
Ó vinte séculos de existência,
Dum mundo farto,
De beleza e de riqueza,
A navegar, como navio, louco,
Em liberdade,
P’la mão do homem!…
Ó mar revolto,
Sem maresia…
Ó mar, sufocado…
Sem poesia
Quase morto…
Em agonia!
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7298: Cartas, aos netos, de um futuro Palmeirim de Catió (J.L. Mendes Gomes) (6): Funchal, 1964: As minas e armadilhas de Cúpido
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)
Em tempo:
Recorrendo ao facebook, página do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes, completou-se o poema publicado neste poste que chegou incompleto ao nosso Blogue.
Carlos Vinhal
22MAR2011
Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)
Excerto de um longo poema, Japónica, inserido no último livro do nosso camarad António Graça de Abreu, A cor das cerejeiras (Lisboa: Vega, 2010, pp. 31 e 47-49).... (Com a devida vénia).
Ao poeta, que está neste momento na China, a Tabanca Grande manda um especial Alfa Bravo, neste dia mundial da poesia.
_______________
Nota de L.G.
Guiné 63/74 - P7978: Blogpoesia (125): O cuco sabe que o Sol voltará ao Monfurado (José Brás)
1. Comentário do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), autor do romance recentemente apresentado, Lugares de Passagem, deixado no Poste 7971**:
Amiga alentejana (acho que é)
Em homenagem ao seu poema
Cumprimentos
José Brás
O cuco
Ninguém avisou o cuco
que o Inverno batia ainda forte
nas encostas do Monfurado
a vinte e um de Março do ano corrente
ninguém escondeu o calendário
ninguém lhe atrasou o relógio
ninguém lhe mostrou o céu pesado
e a luz baça sufocando o montado
em cada sobreiro um novelo
a desfazer-se e a refazer-se nas cordas da chuva
Ninguém lhe disse que o Sol estava de férias
algures a sul tisnando corpos
espelhado no corpo do mar
ninguém lhe disse
da falta de sentido de um canto como o seu
imprevistamente ecoando
nos vales da serra
no desábito das memórias
e canta
ainda assim ou chora
de ter chegado aqui em tempo tão bravio
O cuco sabe
que o Sol voltará ao Monfurado
sei que o cuco sabe que o Sol voltará
expulsando o chumbo e iluminando os dias
fantasiando de luz as noites do seu canto
e a minha secreta esperança de infinito
não sei se o cuco sabe que lhe sei da voz
e do eco do seu canto
não sei se o cuco sabe
que não lhe sei do sentido mais profundo
do tempo exacto
do espaço do voar
sei
apenas
que o cuco canta no Monfurado
a vinte e um de Março
de todos os anos
In "Lugares de Passagem"
PS
e já cantou hoje
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7764: Obrigado pelas mensagens amistosas que recebi (José Brás)
(**) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7977: Blogpoesia (124): Eternidade (J. Belo)
Guiné 63/74 - P7977: Blogpoesia (124): Eternidade (J. Belo)
1. Contributo do J. Belo (nosso camarada, autor do blogue Laplland to Key-West), para o Dia Mundial da Poesia, enviado a meio da tarde:
ETERNIDADE
Os mortos?
Os mortos estão bem.
Não têm memória.
Não planeiam sonhos sempre adiados.
Não conhecem a saudade.
Não têm remorsos,
Pois nem sequer podem mentir!
Os mortos?
Se lágrimas tivessem, choravam os vivos!
J. Belo
_____________
Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7976: Blogpoesia (123): 21 de Março, O Dia da Poesia (Joaquim Mexia Alves)
Guiné 63/74 - P7976: Blogpoesia (123): 21 de Março, O Dia da Poesia (Joaquim Mexia Alves)
1. Mensagem do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 21 de Março de 2011, a propósito do Dia Mundial da Poesia que hoje se comemora:
O DIA DA POESIA
Pergunta-me o Luís
na sua amizade,
se tenho algum poema,
alguma rima,
algum sentir
expresso em verso,
que da arte,
pobre de mim,
estou escasso.
E eu sentado,
olho a caneta,
aquela que me conhece,
e escreve tudo o que eu sinto,
para suavemente,
num falar muito calado,
lhe perguntar,
o que quer dizer,
a quem me interroga,
sobre versos,
sobre fado,
sobre o viver,
que nos é dado…
ao escrever.
E porquê,
pergunta-me ela,
qual a razão,
qual o motivo,
para escrever palavras,
que digam um sentimento,
vindo do coração,
ou então seja soprado,
às minhas orelhas moucas,
por um impetuoso vento.
São loucas, são loucas,
cantava a nossa fadista!
Mais louco sou eu então,
porque me julgo artista,
me penso versejador,
quando afinal apenas,
conto-vos este segredo,
quem escreve
é a minha caneta,
porque eu…
não sei escrever.
Mas antes que acabe o dia
esta caneta irritante,
quer dizer a não sei quem,
nuns versos,
num pobre instante,
que viver a alegria,
é escrever uns pobres versos
no Dia da Poesia.
Joaquim Mexia Alves
21 de Março de 2011
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
O DIA DA POESIA
Pergunta-me o Luís
na sua amizade,
se tenho algum poema,
alguma rima,
algum sentir
expresso em verso,
que da arte,
pobre de mim,
estou escasso.
E eu sentado,
olho a caneta,
aquela que me conhece,
e escreve tudo o que eu sinto,
para suavemente,
num falar muito calado,
lhe perguntar,
o que quer dizer,
a quem me interroga,
sobre versos,
sobre fado,
sobre o viver,
que nos é dado…
ao escrever.
E porquê,
pergunta-me ela,
qual a razão,
qual o motivo,
para escrever palavras,
que digam um sentimento,
vindo do coração,
ou então seja soprado,
às minhas orelhas moucas,
por um impetuoso vento.
São loucas, são loucas,
cantava a nossa fadista!
Mais louco sou eu então,
porque me julgo artista,
me penso versejador,
quando afinal apenas,
conto-vos este segredo,
quem escreve
é a minha caneta,
porque eu…
não sei escrever.
Mas antes que acabe o dia
esta caneta irritante,
quer dizer a não sei quem,
nuns versos,
num pobre instante,
que viver a alegria,
é escrever uns pobres versos
no Dia da Poesia.
Joaquim Mexia Alves
21 de Março de 2011
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
Mensagem de Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 21 de Março de 2011:
Boa Tarde Carlos Vinhal
Inicia-se mais uma semana, e tal como havia prometido aqui te envio este trabalho de 10 páginas que agora terminei de passar a limpo, pois já estava feito há muito tempo.
Sei que irás por certo passar uma vista de olhos, e então verás se vale apena ou não adicionar isto na nossa Tabanca.
Se achares que sim, deixo contigo a melhor forma de o fazeres, pois sei que o que fazem é sempre bem feito. Por isso só tenho de aceitar.
Um grande Abraço,
Albino Silva.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Faro Saradjuma (a 18 Km de Guileje que por sua vez está a 36km, de Iemberem > 10 de Dezembro de 2009 > 17h23 > A caminho de Bissau... Os meninos e o jogo da bola: uma imagem (quase) universal...
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
AI GUINÉ, GUINÉ (1)
Oh Guiné ainda és linda,
quero para ti o melhor
e porque não te esqueci,
a saudade de ti é maior...
Guiné tu és pequenina,
eu achava com certeza
que tu Guiné eras pobre
mas bem rica em Natureza...
Teus rios, tuas bolanhas,
onde cheguei a nadar,
teu Oceano Atlântico
também te está a abraçar...
Essas águas eram quentes,
o teu peixinho era bom,
era rico teu marisco,
as ostras e o camarão...
Até teu povo era humilde
e, se não fosse forçado,
era simples, convivia,
não era mal educado...
Nos tempos que eu aí estive,
eu fui obrigado então,
fui defender-te Guiné,
fui defender a Nação...
E quando aí eu estive,
para mim eras igual,
pertencias à Nação,
eras também Portugal...
Mas eu gostava de ti,
teu povo não desprezei,
fiz curativos, e muitos,
e nunca um tiro eu dei...
Como era bom Maqueiro,
numa Enfermaria eu estava.
atendendo toda a gente,
os guineenses curava...
Eu até admirava tanto
ver mulheres a trabalhar
na bolanha, na vianda,
e mesmo as fardas lavar...
Oh Guiné, lindo Bissau,
Capital, e dando a voz,
Tuas Ilhas, Arquipélagos,
tão lindo era Bijagós...
Ilha de Maio e Coracre,
Formosa, Galinhas e Bela,
Bubaque, Orango e Jete,
Pecixe e Caravela...
Tantas bolanhas tu tens,
por algumas eu andei,
e com algumas bem cheias
também as atravessei...
Oh Guiné, tuas aldeias
e tuas Vilas até,
lembro aqui alguns nomes
dessas terras da Guiné...
Oh Bissau, és Capital
e ainda não me esqueceu
S. Domingos e Susana,
Varela, Ingoré e Cacheu...
Bassarel e Bachile,
Calequisse e Caió,
Jolmete, Bissum e Bula,
Jete, Pelundo e Có...
Bigene, Barro, Guidage,
Teixeira Pinto, Safim,
Bissorã e Quinhamel,
Mansabá e Farim...
N’hacra, Binar, Biambe,
Cútia e Mansabá,
Jubembem, Fajonquito,
Cantacunda e Bafatá...
(Continua)
Revisão e fixação do texto: Carlos Vinhal
O nome de algumas localidades foram rectificadas pelo editor, o que não invalida haver ainda alguma incorrecção.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
Boa Tarde Carlos Vinhal
Inicia-se mais uma semana, e tal como havia prometido aqui te envio este trabalho de 10 páginas que agora terminei de passar a limpo, pois já estava feito há muito tempo.
Sei que irás por certo passar uma vista de olhos, e então verás se vale apena ou não adicionar isto na nossa Tabanca.
Se achares que sim, deixo contigo a melhor forma de o fazeres, pois sei que o que fazem é sempre bem feito. Por isso só tenho de aceitar.
Um grande Abraço,
Albino Silva.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Faro Saradjuma (a 18 Km de Guileje que por sua vez está a 36km, de Iemberem > 10 de Dezembro de 2009 > 17h23 > A caminho de Bissau... Os meninos e o jogo da bola: uma imagem (quase) universal...
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
AI GUINÉ, GUINÉ (1)
Oh Guiné ainda és linda,
quero para ti o melhor
e porque não te esqueci,
a saudade de ti é maior...
Guiné tu és pequenina,
eu achava com certeza
que tu Guiné eras pobre
mas bem rica em Natureza...
Teus rios, tuas bolanhas,
onde cheguei a nadar,
teu Oceano Atlântico
também te está a abraçar...
Essas águas eram quentes,
o teu peixinho era bom,
era rico teu marisco,
as ostras e o camarão...
Até teu povo era humilde
e, se não fosse forçado,
era simples, convivia,
não era mal educado...
Nos tempos que eu aí estive,
eu fui obrigado então,
fui defender-te Guiné,
fui defender a Nação...
E quando aí eu estive,
para mim eras igual,
pertencias à Nação,
eras também Portugal...
Mas eu gostava de ti,
teu povo não desprezei,
fiz curativos, e muitos,
e nunca um tiro eu dei...
Como era bom Maqueiro,
numa Enfermaria eu estava.
atendendo toda a gente,
os guineenses curava...
Eu até admirava tanto
ver mulheres a trabalhar
na bolanha, na vianda,
e mesmo as fardas lavar...
Oh Guiné, lindo Bissau,
Capital, e dando a voz,
Tuas Ilhas, Arquipélagos,
tão lindo era Bijagós...
Ilha de Maio e Coracre,
Formosa, Galinhas e Bela,
Bubaque, Orango e Jete,
Pecixe e Caravela...
Tantas bolanhas tu tens,
por algumas eu andei,
e com algumas bem cheias
também as atravessei...
Oh Guiné, tuas aldeias
e tuas Vilas até,
lembro aqui alguns nomes
dessas terras da Guiné...
Oh Bissau, és Capital
e ainda não me esqueceu
S. Domingos e Susana,
Varela, Ingoré e Cacheu...
Bassarel e Bachile,
Calequisse e Caió,
Jolmete, Bissum e Bula,
Jete, Pelundo e Có...
Bigene, Barro, Guidage,
Teixeira Pinto, Safim,
Bissorã e Quinhamel,
Mansabá e Farim...
N’hacra, Binar, Biambe,
Cútia e Mansabá,
Jubembem, Fajonquito,
Cantacunda e Bafatá...
(Continua)
Revisão e fixação do texto: Carlos Vinhal
O nome de algumas localidades foram rectificadas pelo editor, o que não invalida haver ainda alguma incorrecção.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
1. Neste Dia Mundial da Poesia, façamos um intervalo nas dolorosas lembranças de guerra, evitemos a troca comentários, aos comentários, e resolvamos os problemas pessoais e as diferenças não reprimíveis, recorrendo à troca de mensagens pessoais e directas. A tertúlia pode e deve ser evitada aos desmandos, venham eles de onde vierem.
Assim, passamos a apresentar a mensagem do nosso camarada e amigo José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Março de 2011:
Caro amigo Carlos Vinhal,
Sendo eu, um homem do teatro, não podia neste dia Nacional da Poesia, deixar de homenagear António Cabral poeta Transmontano-Duriense que canta o Douro - homem como ninguém.
Aqui fica um dos seus poemas e que eu logo à noite num encontro cultural irei recitar.
Não sei se poderá ou não ser publicado. Tu, saberás se pode ou ser publicado.
Um abraço amigo,
J.Barros
CANÇÃO AO LAVRADOR DESCONHECIDO
Se não fosse a trovoada,
se não fosse o desavinho,
se não fosse o oídio e o míldio,
se as carquejas dessem vinho…
Se herdasse a Quinta dos Frades,
se a lua me pertencesse,
se não houvesse ladrões,
se a minha avó não morresse…
Se tivesse menos filhos,
se tivesse mais dinheiro,
se isto fosse mesmo Douro,
se fosse ouro verdadeiro…
Se tivesse mais videiras,
se tivesse, se tivesse,
se me fizessem Ministro,
se a minha avó não morresse…
(António Cabral)
____________
(*) Vd. poste de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 Guiné 63/74 – P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)
Assim, passamos a apresentar a mensagem do nosso camarada e amigo José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Março de 2011:
Caro amigo Carlos Vinhal,
Sendo eu, um homem do teatro, não podia neste dia Nacional da Poesia, deixar de homenagear António Cabral poeta Transmontano-Duriense que canta o Douro - homem como ninguém.
Aqui fica um dos seus poemas e que eu logo à noite num encontro cultural irei recitar.
Não sei se poderá ou não ser publicado. Tu, saberás se pode ou ser publicado.
Um abraço amigo,
J.Barros
Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial da Humanidade > Vila de Foz Coa > Pocinho > Estação terminal da linha de caminho de ferro do Douro (Porto-Pocinho) > Pormenor dos azulejos da estação, da Fábrica Sant'Anna (fundada em 1741): a vindima... Foto gentilmente cedida por L.G. (Pocinho, 3/9/2010)
Se não fosse a trovoada,
se não fosse o desavinho,
se não fosse o oídio e o míldio,
se as carquejas dessem vinho…
Se herdasse a Quinta dos Frades,
se a lua me pertencesse,
se não houvesse ladrões,
se a minha avó não morresse…
Se tivesse menos filhos,
se tivesse mais dinheiro,
se isto fosse mesmo Douro,
se fosse ouro verdadeiro…
Se tivesse mais videiras,
se tivesse, se tivesse,
se me fizessem Ministro,
se a minha avó não morresse…
(António Cabral)
____________
(*) Vd. poste de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 Guiné 63/74 – P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)
Guiné 63/74 - P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)
1. Neste Dia Mundial da Poesia, publicamos um poema de Armor Pires Mota (ex-Al Mil da CCAV 488, Mansabá, ilha do Como, Bissorã e Jumbembem, 1963 e 1965) autor de romances como Tarrafo, Guiné Sol e Sangue, Cabo Donato Pastor de Raparigas, A Cubana que Dançava Flamenco e Estranha Noiva de Guerra
Mãe, sabes o que são
lenços de adeus, versos e rima,
terra de espigas e pão
e vinhas de vindima.
- Mas granadas o que são?
É inútil fugir, mãe, fugir à sorte
e vou morrendo assim,
de granadas na mão,
mordendo a hora, o capim,
mesmo que não me queira a morte,
mesmo que não anoiteça até o fim!
De ódio no sangue que arde
e granadas na mão,
agora, altivo e forte,
logo medroso e cobarde.
- Mas granadas o que são,
que não dão vinho nem pão ?
- Granadas: sangue na tarde…
Armor Pires Mota
Reproduzido com a devida vénia, de:
O tempo em que se mata, o mesmo em que se morre
(Braga: Editora Pax, 1974, pp. 18-19)
Livro esgotado, oferecido pelo autor, em fotocópia, à biblioteca da nossa Tabanca Grande, por intermédio do Mário Beja Santos
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)
Lisboa > Fundação Calouste Gulbenkian > Centro de Arte Moderna (CAM) > Retrato de Fernando Pessoa (1964), da autoria de José de Almada Negreiros (1893-1970) (com a devida vénia ao CAM)... Pessoa e Almada são dois nomes maiores da nossa modernidade (e identidade), que me apeteceu evocar aqui, no Dia Mundial da Poesia... Foto de L.G., 23/2/2011, 12h37...
Foto: © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados
1. O dia 21 de Março foi proclamado, em 1999, pela UNESCO como Dia Mundial da Poesia, e o seu objectivo é a promover a leitura, a escrita, a publicação e o ensino da poesia através do mundo, a par da defesa da diversidade linguística da humanidade.
Nada disto é fado
por Luís Graça
Nada disto é fado,
Nada disto é fado
por Luís Graça
Nada disto é fado,
é apenas história (de)vida;
Ruas do ouro e da prata,
Ruas do ouro e da prata,
de outrora, querida.
Colina acima, rua abaixo,
Colina acima, rua abaixo,
no metro de Lisboa;
Ou no amarelo da Carris,
Ou no amarelo da Carris,
a vida, à toa.
A vida é um assalto
A vida é um assalto
à caixa de Pandora, meu amor;Beware of pickpockets,
avisa o revisor…
Alcântara, a ponte de fogo,
suspensa
sobre a tua cabeça,
sobre a tua cabeça,
e a nossa raiva, tensa.
Em Almada, a teus pés,
tens o estuário do Tejo,
Mas é na solidão do Terreiro do Paço
Mas é na solidão do Terreiro do Paço
que eu mais te desejo.
Compro castanhas, quentes e boas,
Compro castanhas, quentes e boas,
com ternura,
enquanto a vida segue
enquanto a vida segue
pelas ruas, sujas, da amargura.
Nada disto é fado,
Nada disto é fado,
é apenas história (de)vida;Ruas do ouro e da prata,
de outrora, querida.
Lisboa, 21/3/2011
[Letra originalmente escrita para a banda musical portuguesa Melech Mechaya]
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Lisboa, 21/3/2011
[Letra originalmente escrita para a banda musical portuguesa Melech Mechaya]
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Nota de L.G.:
Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)
Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)
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