segunda-feira, 21 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)




1. Neste Dia Mundial da Poesia, publicamos um poema de Armor Pires Mota (ex-Al Mil da CCAV 488, Mansabá, ilha do Como, Bissorã e Jumbembem, 1963 e 1965) autor de romances como Tarrafo, Guiné Sol e Sangue, Cabo Donato Pastor de Raparigas, A Cubana que Dançava Flamenco e Estranha Noiva de Guerra




Mãe, sabes o que são
lenços de adeus, versos e rima,
terra de espigas e pão
e vinhas de vindima.

- Mas granadas o que são?

É inútil fugir, mãe, fugir à sorte
e vou morrendo assim,
de granadas na mão,
mordendo a hora, o capim,

mesmo que não me queira a morte,
mesmo que não anoiteça até o fim!

De ódio no sangue que arde
e granadas na mão,
agora, altivo e forte,
logo medroso e cobarde.

 - Mas granadas o que são,
que não dão vinho nem pão ?

- Granadas: sangue na tarde…


Armor Pires Mota

Reproduzido com a devida vénia, de:
O tempo em que se mata, o mesmo em que se morre
(Braga: Editora Pax, 1974, pp. 18-19)
Livro esgotado, oferecido pelo autor, em fotocópia, à biblioteca da nossa Tabanca Grande, por intermédio do Mário Beja Santos

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)

1 comentário:

Anónimo disse...

Sangue, Dor, Sentimento e Negação da Vida, neste início de Primavera.

Mas os que não as usam, nem sofrem as suas consequências, apenas usufruem os seus lucros, que se importam "que elas não produzam pão"?

Granadas, Minas, Misseis...continuam a ser o "pão nosso de cada dia"...Até quando?

Apenas um lamento

Jorge Picado