Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca, ao tempo do BART 2917, 1970/72) > Chão fula > Bajudas, meninos e mulheres grandes... Slides do Benjamim Durães (ex-Fur Mil Op Esp, Pel Rec Inf, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)
Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
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1. Quarto poste da série Ai Guiné, Guiné*, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:
AI GUINÉ GUINÉ ( 4 )
Saudades da Mulher Grande,
das badjudas lavadeiras
e dos Chefes de Tabanca,
pescadores e pescadeiras...
As mulheres trabalhadeiras,
correndo para todo o lado
guardar galinhas e porcos
e tomar conta do gado...
Essas mulheres guineenses
suas tabancas zelavam,
iam à lenha para o lume
e a vianda cozinhavam...
Elas guardavam os filhos,
nas costas os transportavam,
puxando as mamas para trás,
assim de mamar elas davam...
O seu negrito contente
assim se sentia bem,
batendo com seu nariz
nas costas de sua mãe...
Mesmo pisando o arroz
e seu filho transportar,
esticava a mama para trás,
mesmo na bolanha a lavar...
Mas a mulher guineense,
alguma mesmo cansada.
fazia ainda horas extras
e de simples tudo nos dava...
Africanos da Guiné,
alguns que de nós gostavam,
em troca de um Peso novo
com nosso peso levavam...
Adeus, Guiné, eu lá disse
há muitos anos atrás,
as saudades que hoje guardo
do meu tempo de rapaz...
Eu gosto de falar de ti,
desse tempo e idade,
onde deixei na Guiné
parte da minha mocidade...
E como te sou sincero,
estou em ti a pensar
e sem te esquecer jamais
sempre te irei recordar...
Muita gente conheci,
por essa gente ainda sinto
Saudades te ti, Guiné,
Canchungo - Teixeira Pinto...
Guineenses que curei
com mesinho e não só,
Tabancas que visitei
lá para os lados de Caió...
Tantos mesinhos vos dei,
pois o destino assim quis,
das feridas que vos curei
hoje eu me sinto feliz...
Pois todo este passado
eu nunca o esquecerei,
Teixeira Pinto é saudade,
porque lá jamais voltei...
Meus amigos da Guiné,
Fonseca, Pandim e Mané,
Aliu, Cufá e Viriato,
Mamadu D’jaló e Baldé...
Na Guiné, o teu comércio,
tudo o que a malta comprava,
Teixeira Pinto ou Bissau,
lá havia a Casa Escada...
Rádios e gravadores,
Gira-discos sem comando,
Carpetes, muitos tapetes,
tudo era em contrabando...
(continua)
[Revisão / fixação de texto: Editor]
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 23 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7988: Blogpoesia (130): Ai Guiné, Guiné (3) (Albino Silva)
2 comentários:
Caro camarigo Albino Silva
Tenho acompanhado estes teus poemas, embora não me tenha pronunciado sobre eles.
No entanto aqui te deixo a minha impressão de que tens conseguido, através desta série, deixar bem claro para quem não conheceu aqueles lugares naqueles tempos, o porquê, a(s) razão(ões), pelas quais tantos de nós recordam essa época com sentimentos de afecto.
Abraço
Hélder S.
É verdade Hélder
Tenho procurado a forma mais simples,para mim,de expressar aquilo que a memória não apagou ao longo do tempo,e que é falar da Guiné e daquilo que ainda sei,convicto de que jamais esquecerei,pois tudo isto já dura 40 Anos.
Pois continua lendo tudo isto, lendo o que já tinha feito, e aquilo que vou continuar a escrever,pois de certo modoe uma forma de eu ficar mais aliviado.
Obrigado Camarada pelos teus comentários, pois serão sempre bem aceites...
Albino Silva
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