segunda-feira, 21 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa* com data de 20 de Março de 2011:

Caro Editor e Amigo Carlos Vinhal,
Muito boa tarde, neste início de Primavera!

Com certeza já repararam, que sou uma amante das efemérides: sim, porque acho que elas registam datas que, vale a pena repensar.

Esta, de tão velha, não passa despercebida, pois invariavelmente o equinócio de Março, tráz-nos a Primavera sempre a 20 ou 21, e, ei-la que chegou.

Acordou luminoso este dia 20 de Março de 2011!
Uma muito ligeira brisa, não impede que se sinta o prazer imenso da Primavera que se anuncia, e eu, venho saudá-la, pois ela sempre me encantou.

O céu, de um azul criança, não alberga uma única nuvem neste começo de dia.

Respira-se uma calma gostosa no espaço envolvente e nas pessoas que por aqui circulam.
O espaço natural, com as suas elevações e as suas áreas planas, o doce e calmante correr da água, as aves, e as flores que pontualmente vão abrindo, falam da Primavera que vem chegando.
As árvores começam a renovar-se e mostram-nos um aprazível vestido verde, de desenhos caprichosos, maravilhosos e, cada dia, mais se evidência o modelo, de nervuras e recortes artisticamente desenhados.
Não raro, paro, observo... e encanto-me.

Saúdo a vida.
O prazer de viver, e tal como as aves, traço voos, onde a minha alegria é manifesta, exuberante!

Pretendo ser sempre assim
Feliz, com as pequenas (grandes coisas).

Segue uma pequena homenagem à mais bela das estações do ano.

A foto que segue, é de minha autoria, feita num recanto de luxuriante floração, nos jardins da Gulbenkian, e os personagens são: o meu filho João e a minha nora Cláudia.

Se tiver espaço e um pouquinho de tempo e achar que vale a pena publicar... faça favor, Sr. Editor.

E, aceite a minha gratidão.
Felismina Costa

Cláudia e João


A Primavera voltou!

A Primavera voltou!
Voltou a festa da vida
Neste Março glorioso…
Voltou verde, florida.
Voltou azul e dourada
Voltou luminosa e cálida
Acordando a madrugada.
E porque se sente bonita,
Airosa, cheia de graça,
Vai correndo a terra inteira
Dando cor por onde passa.
Ela grita pelos montes
Desde alta madrugada,
Ela desce pelos vales
Sem mostrar medo de nada!
Ela ilumina profundezas
Onde a luz pouco se mostra
E derrama sem usura
O próprio cheiro das rosas.
O cheiro das glicínias
As multicores das frézias,
Ela trepa pelos montes
Loucamente, sempre à pressa:
Ela vestiu árvores nuas
Deu cor às águas das fontes
Estendeu-se pelos prados
Subiu e desceu os montes…
E nas vulgares ervas rasteiras…
Ela explodiu em mil cores!
Depois, desenhou, nas asas das borboletas
Desenhos que ninguém faz!
Desenhos que ninguém pinta,
Porque ninguém é capaz!
E ela dançou e dançou
Nas asas da cotovia,
E ensinou-lhe a fazer o ninho
Em sítios que ninguém via…
Ela projectou no espaço
(para além do que os meus olhos viam)
Nuances de tanta cor…
Que a contá-las me perdia…
Ela enche a terra inteira
De uma risonha alegria!
E regressa cada ano
Sempre nova e sempre viva
Semeando a esperança
De termos todos os anos
A força do renascer
A embalar a nossa vida!

Felismina Costa
Março de 2009
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7963: Blogpoesia (116): Neste dia 19 de Março, homenagem a meu Pai e a todos os Pais (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)

5 comentários:

Luís Graça disse...

Em 18 de Janeiro último, o meu amigo e camarada Renato Monbteiro, membro da nossa Tabanca Grande, o "homem da piroga", mandou-me esta sugestão, que hoje quero partilhar com os poetas e os leitores de poesia da nossa Tabanca Grande:
___________________

Aqui vai uma sugestão!
Com um abraço!
Renato


Caros Amigos,

Actualmente existe, em Lisboa, uma livraria absolutamente única no nosso país: uma livraria integralmente dedicada à poesia.

Sucede, contudo, que, apesar de fantástica, ela encontra-se com alguma dificuldade em
sobreviver. O que não se compreende: tem à sua frente um jovem livreiro que, além de extremamente eficiente, como terão oportunidade de verificar, possui um total conhecimento do que está a vender: conhece os autores, as edições, tudo.

A livraria de que vos falo chama-se Poesia Incompleta, fica na Rua Cecilio de Sousa nº 11 (Príncipe Real) e vai com certeza ser uma revelação para quem a visitar.

Abrange todas as épocas e o que não tem, o Mário, o dito livreiro, arranja, normalmente - e com uma brevidade que, no mínimo, surpreende.

Peço-vos - a vós que sois leitores, presumo - que façam uma visitinha a este sitio, que não pode de maneira nenhuma fechar e que, pela sua qualidade, vai-se tornar, mais tarde ou mais cedo, como aliás disse Vasco Graça Moura, num local de culto.

Isto, claro, se não fechar, coisa que, passando a palavra e recomendando a amigos este tão
singular espaço, poderemos evitar.
Obrigado

______________

Anónimo disse...

Cara Felismina,

Gostei, gostei muito do que li, mas não lhe sei dizer se gostei mais da mensagem que acompanhou a poesia ou se da própria poesia por isso lhe digo que gostei muito de tudo que escreveu.

Continue, continue sempre a surpreender-nos ou certezer-nos com os seus escritos, pois eles já não são uma surpresa, mas sim uma certeza, em termos de qualidade.

Um grande abraço.

Adriano Moreira

Anónimo disse...

Cara Felismina Costa

Bela Poesia e um Grande Hino de celebração ao Renascer da Vida, que é um dos motes do aparecimento da Primavera.

Abraço
Jorge Picado

Torcato Mendonca disse...

Amiga Felismina

Por avaria no sistema, melhor pelo computador ter gripado, estou a servir-me do outro portátil. Velho, rabugento e com as teimosias próprias da idade.

Li O Pai e agora a Primavera: dou-lhe os parabéns e agradeço. A Senhora conheceu meu Pai, morreu-me há quase trinta e quatro anos e eu, naquele dia perdi o melhor Amigo que alguma vez tive. Era um Pai ...quero ir lá este ano.
Gostei da Primavera. Continue.
Agora não posso escrever mais.
Um Abraço do Torcato

Anónimo disse...

Amiga alentejana (acho que é)
Em homenagem ao seu poema
Cumprimentos
José Brás
O cuco

Ninguém avisou o cuco
que o Inverno batia ainda forte
nas encostas do Monfurado
a vinte e um de Março do ano corrente
ninguém escondeu o calendário
ninguém lhe atrasou o relógio
ninguém lhe mostrou o céu pesado
e a luz baça sufocando o montado
em cada sobreiro um novelo
a desfazer-se e a refazer-se nas cordas da chuva

Ninguém lhe disse que o Sol estava de férias
algures a sul tisnando corpos
espelhado no corpo do mar
ninguém lhe disse
da falta de sentido de um canto como o seu
imprevistamente ecoando
nos vales da serra
no desábito das memórias
e canta
ainda assim ou chora
de ter chegado aqui em tempo tão bravio

O cuco sabe
que o Sol voltará ao Monfurado
sei que o cuco sabe que o Sol voltará
expulsando o chumbo e iluminando os dias
fantasiando de luz as noites do seu canto
e a minha secreta esperança de infinito
não sei se o cuco sabe que lhe sei da voz
e do eco do seu canto
não sei se o cuco sabe
que não lhe sei do sentido mais profundo
do tempo exacto
do espaço do voar

sei
apenas
que o cuco canta no Monfurado
a vinte e um de Março
de todos os anos

In "Lugares de Passagem"

PS
e já cantou hoje