Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)
1. Neste Dia Mundial da Poesia, publicamos um poema de Armor Pires Mota (ex-Al Mil da CCAV 488, Mansabá, ilha do Como, Bissorã e Jumbembem, 1963 e 1965) autor de romances como Tarrafo, Guiné Sol e Sangue, Cabo Donato Pastor de Raparigas, A Cubana que Dançava Flamenco e Estranha Noiva de Guerra
Mãe, sabes o que são
lenços de adeus, versos e rima,
terra de espigas e pão
e vinhas de vindima.
- Mas granadas o que são?
É inútil fugir, mãe, fugir à sorte
e vou morrendo assim,
de granadas na mão,
mordendo a hora, o capim,
mesmo que não me queira a morte,
mesmo que não anoiteça até o fim!
De ódio no sangue que arde
e granadas na mão,
agora, altivo e forte,
logo medroso e cobarde.
- Mas granadas o que são,
que não dão vinho nem pão ?
- Granadas: sangue na tarde…
Armor Pires Mota
Reproduzido com a devida vénia, de:
O tempo em que se mata, o mesmo em que se morre
(Braga: Editora Pax, 1974, pp. 18-19)
Livro esgotado, oferecido pelo autor, em fotocópia, à biblioteca da nossa Tabanca Grande, por intermédio do Mário Beja Santos
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)
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1 comentário:
Sangue, Dor, Sentimento e Negação da Vida, neste início de Primavera.
Mas os que não as usam, nem sofrem as suas consequências, apenas usufruem os seus lucros, que se importam "que elas não produzam pão"?
Granadas, Minas, Misseis...continuam a ser o "pão nosso de cada dia"...Até quando?
Apenas um lamento
Jorge Picado
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