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domingo, 19 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27332: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (6) José João Marques Agostinho (Reguengo Grande, 1951 - Bula,1973): era 1º cabo at cav, CCAV 8353/72 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)





Guião da CCAV 8353/72 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)




Guiné > Zona Oeste > Regiãode Cacheu > Carta de Bula (1953) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bula, Binar, Capunga, Pete... E a nordeste, Choquemone, Pelabe, Dungor...O lourinhanense, 1º cabo at cav José João Marques Agostinho morreu entre Dungor e Choquemone,  no  dia 5/5/1973, sábado.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


I. Continuamos a reproduzir, com a devida vénia, alguns excertos do livro recente do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pp.189-190. (*)




JOSÉ JOÃO MARQUES AGOSTINHO
(24.12.1951 - 05.05.1973)

Localidade do falecimento - Guiné
1º Cabo atirador cavalaria nº E – 151117/ 72
Naturalidade - Reguengo Grande
Local da sepultura - Cemitério do Reguengo Grande, Lourinhã



1. REGISTO DE NASCIMENTO

José João Marques Agostinho nasceu a 24 de dezembro de 1951, às vinte e duas horas e vinte minutos no lugar e freguesia de Reguengo Grande. 


Filho legítimo de Francisco Ribeiro Agostinho de 26 anos, casado e com a profissão de moleiro, natural de Roliça, concelho de Bombarral e de Maria Augusta Ferreira Marques de 21 anos de idade, casada, doméstica e natural de Reguengo Grande e domiciliados no lugar de Reguengo Grande. (...)


A declaração do registo de nascimento foi feita pelo pai, às dez horas do dia vinte e um, de janeiro de 1952 no Posto do Registo Civil de Reguengo Grande. Teve como testemunhas João Ferreira Marques, solteiro, maior, jornaleiro, Maria do Carmo Hipólito casada, doméstica e Narcisa Silva Boavida Rocha, casada, doméstica e todos residentes em Reguengo Grande.


O Registo foi lavrado, em substituição do Conservador, por Diamantina do Carmo Salvador, não tendo o declarante e as testemunhas assinado por não saberem escrever. Registo realizado a 21 de janeiro de 1952 na Conservatória do Registo Civil da Lourinhã

2. REGISTO MILITAR

Recenseamento: o José João Marques Agostinho foi recenseado pelo DRM 5 em 1969 com 18 anos. Solteiro, com a Profissão de Pintor de construção civil, tinha como habilitações literárias o exame do 2º Grau (4º classe do ensino primário).


Inspeção Militar: apresentou-se a 22 de julho de 1971. Tinha 1.57 de altura, pesava 68 kg. Foi “apurado para todo o serviço Militar”, tendo sido alistado na mesma data e sendo-lhe atribuído o Número mecanográfico: E – 151117 /72. 


A 2 de janeiro de 1973 marcha para Estremoz a fim de se apresentar no Regimento de Cavalaria 3, para onde foi transferido, para frequentar a IE/4º T/72, sendo colocado na CCAV 8353/72,  com o nº 1785/72 (OS 8). 

A 21 de fevereiro termina com aproveitamento a IE /4º T/72 (OS 84) e, a 25 de fevereiro de 1973, finaliza com aproveitamento e com a classificação de 15.30 valores a Escola de Cabos na especialidade de Atirador de Cavalaria (OS 48).

2.1. Comissão de serviço no ultramar, Guiné

Mobilizado a 26 de fevereiro de 1973, é nomeado por imposição para servir no CTIG, nos termos da alínea c) do artº 20 do Dec.49107, de 07.07.69, com destino à CCAV 8353 / RCAV 3 (OS 50).


Embarque: a 16 de março de 1973, pelas 07H00, fazendo parte da CCAÇ 8353, marcha para Lisboa a fim de embarcar para o CTIG por via marítima (OS 73). É promovido nesta data ao posto de 1º Cabo.


Desembarque: a 22 de março de 1973 desembarcou na Guiné, desde quando conta 100% de tempo de serviço.


Data do falecimento: 5 de maio de 1973.


Causas da morte: ferimentos recebidos em combate.


Local do acidente: Entre Dungor e Choquemone


Abatido ao efetivo: a 5 de maio de 1973 foi abatido ao efetivo da CCAV 8353 por ter falecido por ferimentos recebidos em combate.


Despacho do Comando Militar: 23 de maio de 73, por despacho do Exmo Brigadeiro Comandante Militar do CTI Guiné foram considerados como adquiridos em combate os ferimentos sofridos e que motivaram a sua morte em 5 de maio. (Nota nº 7372, de 30 de maio, SJD/QG/CTI Guiné).


Local da operação: Dungor – Choquemone


Tempo de serviço:1972, 69 dias.1973, 124 dias


Local da sepultura: Cemitério Paroquial de Reguengo Grande


Unidades onde prestou serviço: BCAÇ 8, 24.10.1972. RCAV 3, 03.01.1973


Contagem do tempo de serviço: 1972, 69 dias. 1973,124 dias

2.2. Registo disciplinar: condecorações e louvores

Medalha: segunda classe de comportamento (Artº 188º do RDM) é lhe atribuída em 24 de outubro de 1972

3. PROCESSO DE AVERIGUAÇÕES AO ACIDENTE: ANOTAÇÕES E CONTEXTO

(No seu processo, consultado no AGE, não consta o Auto de Averiguações ao acidente que lhe provocou a morte.)


Fonte: Excerto de 


II. Até à data, o único representante do da CCAV 8353/72 na nossa Tabanca Grande é  o Armando Ferreira, ex-fur mil cav, ribatejano de Alpiarça, reconhecido artista plástico,  escultor e pintor (vd. página no Facebook).

IIa. Excerto da ficha unidade:

Unidade Mob: RC 3 - Estremoz
Cmdt: Cap Mil Cav António Mota Calado
Divisa: "Primus lnter Pares"
Partida: Embarque em 16Mar73; desembarque em 22Mar73 | Regresso: Embarque em 30Ag074

Síntese da Actividade Operacional


Após a realização da IAO, de 26Mar73 a 22Abr73, no CML, em Cumeré, seguiu em 23Abr73 para Bula, a fim de efectuar o treino operacional sob orientação do BCav 8320/72. 

Em 09Mai73, assumiu a função de intervenção e reserva do BCav 8320/72, com a sede em Bula e, a partir de 23Mai73, assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Bula, em substituição da 1ª Comp/BCav 8320/72. 

Em 16Dez73, destacou dois pelotões para realização dos trabalhos do reordenamento da Ponta de S. Vicente e promoção socioeconómica das populações.

Em 24Mar74, substituída pela 2ª Comp/BCav 8320/72, assumiu a responsabilidade do subsector de Pete, com destacamentos em Capunga, João Landim e Mato Dingal, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCav 8320/72.

Em 17Abr74, rendida no subsector de Pete pela 3ª Comp/BCav 8320/72, seguiu para Ilondé, a fim de ser integrada nas forças de reserva à disposição do Comando-Chefe, em substituição da 2ª Comp/BCaç 4516/73, tendo então efectuado escoltas a colunas de reabastecimento a Farim.

Em 29Abr74, foi deslocada para Bissau, a fim de reforçar o dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações e de manutenção da ordem pública, sob dependência do COMBIS, e onde se manteve até ao seu embarque de regresso.

Observações Tem História da Unidade (Caixa n." 107 - 2ª Div/ 4ª Sec, do AHM).

 Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 522.


IIb. Vídeo (11' 29'') do Armando Ferreira, nosso grã-tabanqueiro nº 704, disponível no You Tube > Armando Ferreira. Faz homenagem aos 4 mortos e 13 feridos da emboscada do dia 5/5/1073.


A CCAV 8353/72 veio substituirm en Bula,  a companhia do cap cav Salgueiro Maia, a CCAV 3420 (Bula, 1971/73). 

 Neste vídeo, de mais de 11 minutos, o Armando faz um emocionado e emociante relato do historial da sua companhia, declamando em "voz off" um dramático e longo texto poético, a que deu significativamente o título "A ternura dos 20 anos"...

O vídeo foi colocado no You Tube, 42 anos depois do "batismo de fogo" do Armando e dos seus camaradas, a trágica emboscada que a companhia sofreu em 5/5/1973, a nordeste de Bula, entre Dungor e  Choquemone, de que resultaram as 17 primeiras baixas da companhia, 13 feridos e 4 mortos (a seguir listados):

(i) fur mil cav Serafim de Jesus Lopes Fortuna, natural da Madalena, Vila Nova de Gaia, e que era um dos seus grandes amigos;

(ii) 1º cabo at cav José João Marques Agostinho, natural de Reguengo Grande, Lourinhã;

(iii) Sold at cav João Luís Pereira dos Santos, natural de Brejos da Moita, Alhos Vedros, Moita; e

(iv) Sold at cav Quintino Batalha Cartaxo, natural de Castelo, Sesimbra.

Mais tarde, em 4/11/1973, da mesma companhia morrerá, também em combate, Madaíl Baptista, natural de Carvalhais, Ponte de Vagos, Vagos. (Dados do portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar).

Esta ação de 5/5/1973, é referida no livro da CECA, sobre a atividade operacional dos anos de 1971/74, nos seguintes termos:

Acção - 05Mai73

Forças dos Pel Mil 291, 293 e 341 (BCav 8320/72) realizaram patrulhamento conjunto com emboscada na região do Choquemone, 01-A. Tiveram três contactos com o ln, sendo o último à tarde, de que resultou no segundo, 3 mortos e 1 desaparecido do Pel Mil  293. 

Naquela altura acorreram em auxílio forças de 1 GCombl /  1ª C/BCav8320/72 e 2 GComb  / CCav 8353/72, que realizavam um patrulhamento em Ponta Mátar, l Pel (-) / ERec 3432 e APAR (apoio de artilharia). 

Quando as NF se dirigiam de Ponta Mátar para a região da emboscada, em Petabe,  o 2° GComb / CCav8353/72 estabeleceu contacto com o ln em Bula 2H2.80, sofrendo 4 mortos, 5 feridos graves e 3 ligeiros.

Na batida feita posteriormente foram recolhidas peças de equipamento e fardamento, munições de armas ligeiras, géneros alimentícios e detida l mulher. O ln teve baixas prováveis comprovadas por grandes manchas de sangue.

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 300/301    (Com a devida vénia...).

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)
 

sábado, 18 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27331: Os nossos seres, saberes e lazeres (705): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (226): Em S. Estevão de Ribas de Sil, no passeio termal de Ourense – 5 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Setembro de 2025:

Queridos amigos,
Ah! Sim, já sinto saudades de Ribeira Sacra, de Nogueira de Ramuin, lamento não ter regressado a Monforte de Lemos, que me levou no anterior passeio até Vigo. Não vou esquecer tão cedo o nome de certas localidades como Ribas de Sil, O Pereiro de Aguiar, A Teixeira, Castro Caldelas, Taboada, estas localidades onde não faltam igrejinhas românicas, belos mosteiros, matas que nos lembram sem dificuldade Sintra, campos frondosos, a ver se posso negociar para o ano as Ribas baixas , Lugo, Santiago de Compostela. Despeço-me da região contrafeito, embora sabendo que tenho outras belezas à minha espera, é o caso de Chaves e depois da romagem de saudade a Pedrógão Grande.

Abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (226):
Em S. Estevão de Ribas de Sil, no passeio termal de Ourense – 5


Mário Beja Santos

Durante a viagem no Canhão de Sil era recordado aos visitantes que todo este território tinha sido ocupado por eremitas a partir do século VI e havia um conjunto de mosteiros de grande significado à volta de Ourense. Não havendo disponibilidade para visitar os três, escolheu-se o Mosteiro e a Igreja de S. Estevão de Ribas de Sil. Começou-se pela Igreja abacial do Mosteiro, começada a construir em 1183, está aqui mesmo à nossa frente na descida, envolta por colinas escarpadas.

A caminho do Mosteiro e da Igreja de S. Estevão de Ribas de Sil
Fachada do Mosteiro e da Igreja de S. Estevão de Ribas de Sil. A Igreja do Mosteiro é de três naves cobertas com abóboda de cruzeiro, dispõe de um Coro Alto construído em finais do século XVII princípios do século XVIII. Houve para aqui uns desmoronamentos na nave central do Coro, recentemente recuperada. Este Mosteiro tinha fama da observância religiosa, nove bispos escolheram-no para última morada, daí o Mosteiro conservar a sua memória no escudo através das nove mitras. Mais adiante falaremos deste claustro. Resta dizer que no século XIII os nove bispos eram venerados como santos e que no século XV os seus restos foram trasladados para o Altar Mor.
Este retábulo em pedra é uma obra única do românico, data do século XIII. Quando se deu a expulsão das ordens religiosas, ocultou-se o retábulo numa parede de uma galeria do claustro grande; este retábulo só foi descoberto em finais dos anos de 1950.
Nesta preciosidade escultórica vemos Jesus no centro, rodeado de S. Pedro e S. Paulo, e está lá também representado o Apóstolo Santiago.
O belíssimo Altar Mor, e não menos assombroso tramo da abóboda que tem um óculo luminoso no centro.
Duas imagens mostram a magnificência da abóboda de cruzeiro.
A Igreja tem um bom acervo de retábulos barrocos, com exceção do retábulo do Altar Mor que é do estilo renascentista. Os outros retábulos são barrocos de diferentes épocas, dedicados a S. Bento e à virgem de Montserrat, há também retábulos dedicados a S. José e a S. Roque, veja-se aqui S. Roque expondo a ferida da perna.
Retábulo da Virgem Imaculada
Fachada do Mosteiro de S. Estevão de Ribas de Sil, estilo barroco, vemos o escudo com as nove mitras pertencente aos bispos santos.
Estamos no Mosteiro, possui uma atmosfera impressionante, foi outrora o mais importante Mosteiro da Ribeira Sacra, entre bosques de carvalhos e castanheiros. S. Estevão de Ribas de Sil é anterior ao século. O claustro grande também chamado dos Cavaleiros, é de estilo renascentista. Há também um claustro pequeno e o claustro dos Bispos, este romano-gótico.
Pormenor do Claustro dos Bispos, é o mais antigo de S. Estevão. Começou a construir-se em cerca de 1220 como espaço para exaltar a memória dos nove bispos santos. Comunica com a Igreja através de uma escadaria na face sul e de um outro acesso no claustro superior. Até há algumas décadas era cenário de procissões que agora se realizam na Igreja. O corpo inferior é românico, o superior gótico. Convém recordar que o Mosteiro entrou numa profunda decadência em finais do século XV e princípios do século XVI. O edifício albergou durante vários séculos uma escola de arte, e ficou ao abandono no século XIX. Foi declarado monumento nacional em 1923 e em 2004 abriu ao público como Parador Nacional de Turismo.
Nunca, nestas itinerâncias, se mostra o autor e quejandos, a única exceção é esta radiosa princesa, a minha neta, hoje com catorze anos, revelou-se muito interessada desde a Lousã onde lhe mostrei onde a mãe e a tia passaram férias, gostou muito de S. Pedro do Sul, rendi-me a este sorriso de quem não desdenha passar férias com o avô.
O passeio termal é a escassos quilómetros da cidade de Ourense, a característica é a sua água quente, espalha-se pelo Rio Minho entre a Ponte do Milénio e a Passarela de Outariz, foi exatamente aqui na Burga de Canedo que entregámos o corpo a água a temperatura tão aprazível. Os nomes destas termas são bem interessantes: Chavasqueira, Tinteiro, Moinho da Veiga, Fonte de Reza. Ficámos convencidos, queremos voltar.
Vamos sair da Galiza, o próximo destino é Chaves, não resisti a fotografar este belo espigueiro, dir-me-ão que há bastante parecidos em Portugal, pode ser, mas assim metido na paisagem e com aqueles tons azuis do céu e acinzentados das nuvens pareceu-me objeto sagrado, que afinal o é, acolhe os cereais da nossa boa alimentação. Até à próxima, adorada Galiza.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 11 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27308: Os nossos seres, saberes e lazeres (704): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (225): O espetacular passeio na Ribeira Sacra – 4 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P27330: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (3): a ração diária do "tuga" seria de 1/4 de litro, o que dava 90 litros em média por ano, diz a "Sabe-tudo"

se


Guiné> Zona Oeste > s/l > s/d > O Augusto Silva Santos (ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833,
Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) enchemos très generosos copos de vinho tinto "Pedras negras"... diretamente do garrafão de 5 litros...Era uma marca da Adega Cooperativa de Palmela, da  Região do Moscatel de Setúbal. Fundada em 1955,  iniciou a sua actividade em 1958.E esta marca de vinho deve ter sido lançada no início da década de 1970. Julgo ainda hoje existe.

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fizemos uma ronda pela "Sabe-Tudo", a IA,  que quando não sabe inventa... Na realidade, a IA está dependente das fontes disponíveis na Net. Há muita documentação e regulamentação do Exército, da época da guerra colonial, que não está disponível em suporte digital. E, em certas matérias, o nosso blogue é a única fonte citada!

As meninas assistentes de IA a que recorremos desta vez são as do ChatGPT, Perplexity, Gemini / Google, Meta, Deep Seek e Mistral... As mais "graneleiras" são o Deep Seek (a IA chinesa) e a Meta (EUA). A única europeia da lista é a Mistral (França), que faz concorrência às "americanas". Mas a Europa, infelizmente, está atrasada em matéria de IA...

Pergunta do editor LG:

Qual era a dose diária de vinho de um soldado português em África durante a guerra colonial ? Um copo à refeição, 1 ou 2 decilitros ? E como era fornecido o vinho, pela Manutenção Militar, na Guiné-Bissau ? Em garrafões de 5 litros, 10 litros ou mais ? Ou em barris de 50 litros ? Ou em bidões (metálicos) de 210 ? Havia problemas logísticos...


(1)  O vinho faz parte da missa, da mesa, do lazer, da festa, da paz e da guerra dos portugueses

  • Excelente questão,  e muito pertinente, porque o vinho fazia parte da ração e da cultura alimentar do soldado português em África, mas era também um elemento logístico complicado no contexto tropical da guerra colonial (ChatGPT).
  • Durante a Guerra Colonial (1961‑1974), o vinho fazia parte da ração diária dos soldados portugueses, tanto pelo seu valor calórico como pelo papel moral, sendo considerado um produto essencial, sobretudo em teatros como a Guiné-Bissau, onde as condições de vida eram difíceis. (Perplexity).
  • Esta é uma excelente pergunta que toca num ponto muito específico da logística e do quotidiano da Guerra Colonial. A resposta varia ligeiramente dependendo do teatro de operações (Guiné, Angola, Moçambique) e da fase da guerra, mas existem dados consistentes, especialmente com base em regulamentos militares e relatos de ex-combatentes (Gemini / Google).
  • Excelente pergunta, que toca num aspeto muito específico e revelador da logística e do dia-a-dia do soldado português durante a Guerra Colonial: o  vinho era visto como um complemento alimentar, um humilde conforto que ajudava a "quebrar a monotonia" e a lidar com o stresse, o calor e, nalguns casos, a água de má qualidade (...) (Deep Seek).

(ii) A ração diária de vinho do "tuga", segundo as NEP


(a) Segundo as instruções de alimentação das Forças Armadas (nomeadamente os regulamentos da Manutenção Militar vigentes desde os anos 1950 e adaptados à guerra colonial), a ração diária tipo incluía:


¼ de litro (250 ml) de vinho por dia,  normalmente dividido pelas 2 refeições (almoço e jantar).

Em algumas situações e unidades (por exemplo, tropas em operações prolongadas ou zonas de maior isolamento), a dose podia ser reduzida ou substituída por sumos concentrados, cerveja (quando disponível) ou mesmo nada, devido a dificuldades logísticas.

Em termos práticos, portanto, o soldado recebia cerca de um copo grande de vinho por dia,  o equivalente a 1 a 2 decilitros por refeição (ChatGPT).

(b) A dose oficial era de ¼ de litro de vinho por dia

A dose normal regulamentar era de aproximadamente 1 decilitro por refeição, o que equivalia a 2 decilitros por dia, seguindo instruções da Manutenção Militar e regimentos de campanha aplicáveis desde os anos 1950. 

Em contextos de campanha ou em zonas operacionais isoladas, esta dose podia ser reduzida ou substituída temporariamente (?) por cerveja, aguardente, ou refrescos artificiais, dependendo das condições de transporte e conservação. 

Falso: na falta do vinho, não havia compensações (LG).


Na prática, segundo testemunhos de ex-combatentes, muitos quartéis e destacamentos improvisavam: um copo pequeno ao almoço e outro ao jantar era a norma, frequentemente partilhando o que existia entre vários militares (Perplexity).


(c) A tua estimativa está muito próxima da realidade, mas a dose-padrão era, na verdade, um pouco mais generosa. A "ração oficial", A ração de vinho estipulada para os soldados (praças),  era, mais comummente, de 0,25 litros (um quarto de litro) por refeição principal (almoço e jantar).


Total diário: isto perfazia um total de 0,5 litros (meio litro) de vinho por dia por soldado.

Este vinho, conhecido como "vinho de rancho", era geralmente vinho tinto comum, fornecido como parte integrante da ração de combate (?) ou do rancho no aquartelamento (Gemini / Google).
 
Falso: a  ração de combate não incluía álcool de qualquer espécie.  Alguns militares podiam levar  parao  mato, por sua conta e risco, um frasco de uísque. Por outro lado, meio litro de vinho  "per capita"  elevava o consumo mensal para o dobro, e levantava problemas logísticos adicionais. (LG).


(d) A dose diária de vinho para soldados portugueses durante a Guerra Colonial em África variava, mas historicamente era comum fornecer vinho como parte da ração diária. 


Embora não haja informações específicas sobre a quantidade exata, um copo à refeição ou 1 a 2 decilitros seriam razoáveis, considerando as recomendações atuais de consumo moderado de vinho (Meta).


(e) A tua estimativa está bastante correta. A dose oficial, estabelecida pela Manutenção Militar, era de 2 decilitros (dl) por dia, o que equivale a um "copo de vinho" padrão (cerca de 200 ml). Mas a distribuição real estava sujeita aos caprichos da logística de guerra.


Esta quantidade estava prevista nos regulamentos de subsistência. Era considerada uma ração de campanha, semelhante à de outros géneros como o pão, a carne ou o tabaco.

Falso: em 1961/74, não havia ração de tabaco (LG)

Na prática,  distribuição desta dose nem sempre era diária. Dependia criticamente das condições logísticas. 

Em situações de operação prolongada no mato, o vinho (e outros suprimentos) podia não chegar durante dias ou semanas. Quando chegava, por vezes era distribuída a "ração acumulada" de vários dias de uma só vez. (Deep Seek)

Falso: não havia distribuição de vinho em operações. Muito menos acumulação de rações. (LG)

A dose regulamentar era, de facto, de 2 decilitros (0,2 litros). No papel, era isso. No terreno, como bem sabe, a realidade era diferente: "Era pouco", dizes tu. Esta tua observação é crucial. A ração oficial era considerada insuficiente por muitos. A forma como era realmente consumida dependia da unidade, do abastecimento e da dinâmica interna. Era frequente os soldados juntarem as suas rações ou adquirirem garrafas adicionais através de compras ou trocas, quando possível.

A tua menção implícita aos problemas logísticos confirma que a distribuição não era diária nem certa. A ração de vinho acumulava e era distribuída quando o reabastecimiento chegava, o que podia significar consumir quantidades superiores de uma só vez (Deep Seek).


(f) Durante a guerra colonial portuguesa, os soldados em África, especialmente na Guiné-Bissau, frequentemente recebiam vinho como parte da sua ração diária. 

A dose média variava, mas, em geral, era comum a atribuição de um copo por refeição, o que se traduz em cerca de 1 a 2 decilitros (100 a 200 ml) por refeição, dependendo das circunstâncias e da disponibilidade (Mistral).

Documentação da Manutenção Minitar (ChatGPT):

Não encontrei (nas fontes que verifiquei) nenhum excerto de regulamentos oficiais ou documentos da Manutenção Militar que confirmem explicitamente uma dose diária de ¼ litro de vinho ou que detalhem precisamente os modos de acondicionamento (barris ou bidões etc.) do vinho para os soldados em campanha nas colónias.

Regulamento da Manutenção Militar (1929):

Existe esse documento, mas o texto completo do regulamento antigo não revela (pelo que pude ver) no sumário ou índices públicos que haja uma cláusula que fixe dose diária de vinho para tropas em campanha (Imprensa Nacional).

Decreto-Lei 329-G/75, de 30 de Junho:

Unificava rações, alimentação por conta do Estado, etc.; no seu artigo 1.º obriga que a alimentação tenha valor nutritivo adequado e que as rações sejam compostas de “víveres, decompostas” em refeições.  0,40 litros era então, em 1975, a  ração diária de vinho a que tinha direito qualquer ,militar dos 2 ramos das Forças Armadas ( Diários da República - Versão do cidadão).

Fontes antropológicas / estudos sobre consumo de álcool:

 Há um estudo “Consumo de álcool e alcoolismo durante a Guerra Colonial Portuguesa; uma perspetiva antropológica”,  de Vasco Gil Calado, que fala dos usos sociais e consumo real de bebidas alcoólicas pelos militares. O estudo mostra que o consumo era frequente e as autoridades toleravam certa embriaguez, mas não apresenta um regulamento militar oficial que fixe uma dose padrão de vinho por dia (Journals OpenEdition).

Conclusão provisória

Não encontrei até agora prova documental de que a dose oficial fosse ¼ litro de vinho por dia. Essa medida se encaixa na lógica das rações militares ou de certos suplementos alimentares, de forma adaptada ao contexto, mas parece mais uma reconstrução com base em testemunhos do que algo regulamentar explícito, pelo menos segundo as fontes acessíveis (ChatGPT).


2. Em conclusão: mesmo sem termos acesso direto aos regulamentos da Manutenção Militar, e esperando o contributo decisivo dos nossos camaradas SAM (os vagomestres das companhias e os "intendes", a malta do BINT - Batalhão de Intendência), parece-nos razoável avançar com a dose diária dos dois copos de vinho, um por refeição, perfazendo 2,5 dl (já com o gelo adicional, quando o havia, o que era um luxo em muitos sítios). 

Certas categorias de pessoal deveria ter acesso mais facilitado ao vinho (os graduados, a equipa do vagomestre, o pessoal da cozinha...). Como também abstémios, admitimos que havia malta que bebia o dobro ou até o triplo. Um alcunha que vamos encontrar nalgumas subunidades do mato é... o "esgota-pipos".

Total de consumo de vinho, por companhia e por ano: 0,25 l por dia x 30 dias = 7,5 l x 12 meses= 90 litros = 18 garrafões de 5 l x 160 homens (1 companhia) = 2880 garrafões de 5 l = 14 400 l = 144 hectolitros...

Se subirmos a ração diária de vinho para os 0,4 l  (1 copo de 2 dl por refeição), as contas da logística complicam-se ainda mais:  

(i) c.146 litros "per capita", anualmente:

(ii) 23 360 litros (233,6 hectolitros) por companhia anualmente.

Que logística suportava este consumo ? Só por mês, seriam cerca de 400 de garrafões de 5l, ou 40 barris de 50 l, ou 10 bidões metálicos de 210 l...

Temos de concordar que era uma logística complicadíssima (para não dizer inexequível) para muitas das c. de 220 guarnições militares da Guiné (aquartelamentos e destacamentos), muitas delas de difícil acesso, sobretudo na época das chuvas, e que podiam ficar isoladas, ainda por cima em zonas de guerra. 

Veremos isso melhor em próximo poste: transporte, vasilhame e outros problemas logísticos.

(Continua)

(Pesquisa: LG + Assistentes de IA (ChatGPT, Perplexity, Gemini, Meta, Deep Seek, Mistral)

(Condensação, revisáo / fixação de texto, negritos: LG)

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Nota do editor LG:

Último poste da série > 18 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27323: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (2): qual era a ração diária em campanha ? Um copo à refeição, 2,5 dl por dia ? Se sim, uma companhia no mato (=160 homens) tinha um consumo médio mensal de 240 garrafões de 5 l...

Guiné 61/74 - P27329: Efemérides (469): Parabéns, Vilma e João, unidos com a benção de Deus, em 12 de Outubro de 2025, na igreja eslovena de São Ciro, Nova Iorque

1. Mensagem do nosso amigo e camarada João Crisóstomo, ex-Alf Mil da CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), com data de 14 de Outbro de 2025, trazendo até nós, em fotos, o testemunho da sua alegria por finalmente conseguir concretiar o casamento religioso com a sua companheira Vilma:

Caríssimos Luís Graça e demais camaradas,

Foi-me pedido para enviar umas fotos do nosso casamento religioso. Nem era preciso pedi-las... Evidentemente que este nosso dia/casamento não foi melhor nem diferente de todos os outros casamentos e imaginar diferente seria idiótica presunção da minha parte. Mas… peço a vossa compreensão: desta vez... foi a minha vez. E já que os meus amigos em Portugal e outras terras evidentemente não puderam vir, eu quero compartilhar com todos vocês a alegria grande que foi este nosso dia. Porque se alegria é sempre um sentimento e experiência agradável, quando compartilhada e vivida com aqueles que nos são queridos… deixa de ser uma experiência simplesmente boa para ser num sentimento quase irreal pela sua redobrada intensidade.

Já expliquei a razão desta minha tardia decisão, tanto mais que um prelado amigo, depois de eu lhe contar as circunstancias do meu primeiro casamento religioso, me havia aconselhado que eu podia e devia confirmar a invalidade do meu primeiro casamento religioso em Londres: Ainda cheguei a pensar nisso mas na altura o processo era ainda lento, difícil e dispendioso. E eu raciocinava comigo mesmo: "então se o meu casamento não foi válido, porquê a necessidade de tanta burocracia, porquê perder tanto tempo e dinheiro para invalidar o que não foi válido”? E fui adiando… Várias circunstancias imprevistas que se apresentaram recentemente levaram-me a depois agora a esta decisão, que por vários motivos foi causa e momento de extraordinária felicidade.

Quando enviei os convites omiti propositadamente um facto muito importante para mim, mas que se fosse mencionado no convite podia dar impressão de “pretensões e água benta”. Agora já posso informar que entre os meus amigos que convidei constava o Senhor Embaixador de Portugal nos Estados Unidos que por ser um grande amigo de longa data convidei para ser o meu padrinho.

Como se pode ver nas fotos que junto, o nosso casamento foi uma cerimónia simples mas muito alegre, como simples e alegre foi a recepção/buffet que se seguiu. Até o Senhor Arcebispo Gabriele Caccia ao ver a Vilma a preparar-se para atirar o ramo de noiva como é de praxe, não hesitou em começar a contagem decrescente de 10, 9, 8… E o ramo foi cair no meio dum grupo onde se encontrava o nosso médico, que sucede ser uma doutora divorciada, já bem entrada nos “entas” (quarentas e outros “entas” seguintes) que tínhamos convidado também. E também ela saltou e acabou por apanhar o ramo. Entusiasmada e dando largas à sua sorte dizia: “ I am going to get married again! Now I have to find a husband”…

Já nos haviam dito que o nosso casamento era um estímulo para outros que estivessem em dúvidas… ao fim e ao cabo não é todos os dias que o noivo já chegou e passou a etapa dos oitentas… Pelos vistos até a sorte parece ser do mesmo parecer.

Bom, aqui estão algumas fotos que vou explicar:


Foto 1: Éramos só os dois ( os padrinhos já tinham chegado ao devido lugar ) mas ao som da marcha de Mendelson caminhamos contentes para o altar.
Foto 2: O meu filho John Jr lê as epístolas que precedem o Evangelho.
Foto 3: O celebrante lembra e dá as explicações pertinentes.
Foto 4: Devidamente “autorizados", não hesitamos em dar o primeiro beijo de casados…
Foto 5: O celebrante assina o livro de registos e o pároco sob o olhar testemunha de ambos os padrinhos apresenta o certificado aos recém casados.
Foto 6: "A FOTO” …a partir da esquerda: Padre Frei Krisolog, Vasjia Knapic, padrinho da noiva; a Vilma, acaba de casar, ainda como seu ramo de noiva… ;o celebrante Arcebispo Dom Gabriele Caccia; e a seguir o noivo (eu!), o meu filho e o Embaixador Francisco Duarte Lopes, meu padrinho.
Foto 7: Ajudando a servir o bolo, bem simples como tudo o mais. João e Vilma, Nova Iorque
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Comentário do editor CV:

A tertúlia, os editores e os colaboradores deste blogue, apresentam ao jovem casal, Vilma e João, os mais fervorosos votos de muitas felicidades e muita saúde. Que a vida que agora "começam" como casal, alicerçado e abençoada pela religião que professam, lhes traga as maiores alegrias e alento para uma vivência que se quer longa.

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Notas do editor:

Vd. post de 12 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27310: Tabanca da Diáspora Lusófona (38): Parabéns, João & Vilma, acabados de se unir com a benção de Deus, na igreja eslovena de São Ciro, Nova Iorque...Hoje, âs 10h30 locais, 15h30, em Lisboa

Último post da série de 5 de outubro de 2025 >
Guiné 61/74 - P27286: Efemérides (468): Faz agora 54 anos: em 1 de outubro de 1971, a CCS/BCAÇ 2912 e a CCAÇ 2700 sofrem uma emboscada, num patrulhanento auto noturno a aldeias em A/D, na picada Duas Fontes-Bangacia, de que resultaram 8 mortos (5 no local, 3 no HM 241). Mais uma vez a CECA não reportou este revés das NT, no livro sobre a atividade operacional de 1971