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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27368: S(C)em Comentários (81): O gen António Spínola e o major cav Carlos Azeredo que eu conheci, em julho de 1968, depois do ataque a Contabane (José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, "Os Maiorais" , Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, Empada, 1968/70)


1. Comentário de José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, "Os Maiorais" ( Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70) (*)



Em Julho de 1968, uns dias depois da minha CCAÇ 2381 chegar a Aldeia Formosa, o major cav Carlos Azeredo (comandante do COSAF/COP 1)  apareceu no refeitório à hora do almoço, pediu silêncio e deu a seguinte ordem: 

"Logo, às 17,30 quero toda a gente deitada junto à paliçada, (não havia valas, havia pequenos morros, se não me engano e uma paliçada em cana de bambu num dos lados das casernas). Não quero ver ninguém fora desse local! É uma ordem."

Estava lá a CCAÇ 2381 e a Companhia  dos Lenços Azuis, do Capitão Rei, a CCAÇ 1792 / BCAÇ 1933.

Âs 17.30 começou a ouvir-se, ao longe, as saídas dos morteiros e os rebentamentos, também ao longe.com grandes interregnos e sem resposta de nossa parte, se bem me lembro.

Manteve-se até às duas da madrugada, segundo me disseram. Em pelas 23 horas fui dormir.

No dia seguinte logo de manhã apareceu o Spínola no Hélio. De pingalim e monóculo, pôs- se a ouvir o Carlos Azeredo. Este apontava os locais de saída das canhoadas do lado da fronteira de Conacri e local onde foram rebentando, sem nos afetar, nem á população.

Eu estava por perto, de bata branca, a ouvir a conversa e em dada altura o Spínola disse: 

"Carlos nunca te lembraste de mandar para ali (apontando com o dedo) umas obusadas?"

Na noite seguinte, os obuses 14mm trabalharam bem e na manhã seguinte doeu-me ver o carreirinho de gente (mulheres e crianças) com alguns tarecos à cabeça que se vinham acolher junto de familiares (suponho eu) em a
Aldeia Formosa.

Com isto quero dizer que o Spínola sabia que o Carlos Azeredo estava a mandar cumprimentos aos vizinhos da outra banda.

No dia anterior da parte da manhã, o major Azeredo foi dar um passeio pela Tabanca, como era seu hábito, e comentava-se (pelos velhinhos) que ia visitar (e conversar com ) o Tcherno Rachid.

Um abraço
José Teixeira


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Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 28 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27360: (Ex)citações (439): Ainda a propósito dos bravos de Contabane... "O maluco do Carlos Azeredo está a bombardear a Guiné-Conacry", dizia, em pânico, o QG... (Carlos Nery, ex-cap mil, CCAÇ 2382, 1968/70)

(**) Últ6imo poste da série > 26 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27353: S(C)em Comentários (80): o "Toca-choro" entre os mancanhas de Bula e Có

7 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Goste-se ou não, Spínola quando chegou á Guiné, marcou logo a diferença.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tinha um especial faro para escolher os melhores.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E era implacável com os "incompetentes".

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Depois começou por ir buscar a "nata" do seu "mítico" BCav 345, de Angola.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E a seguir, Colégio Militar, arma de Cavalaria e, enfim, os melhores das outras armas.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Oh!, Zé, em julho estava eu a entrar prá tropa.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E tu já em pleno palco da História!