1. Comentário de José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, "Os Maiorais" ( Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70) (*)
Em Julho de 1968, uns dias depois da minha CCAÇ 2381 chegar a Aldeia Formosa, o major cav Carlos Azeredo (comandante do COSAF/COP 1) apareceu no refeitório à hora do almoço, pediu silêncio e deu a seguinte ordem:
"Logo, às 17,30 quero toda a gente deitada junto à paliçada, (não havia valas, havia pequenos morros, se não me engano e uma paliçada em cana de bambu num dos lados das casernas). Não quero ver ninguém fora desse local! É uma ordem."
Estava lá a CCAÇ 2381 e a Companhia dos Lenços Azuis, do Capitão Rei, a CCAÇ 1792 / BCAÇ 1933.
Âs 17.30 começou a ouvir-se, ao longe, as saídas dos morteiros e os rebentamentos, também ao longe.com grandes interregnos e sem resposta de nossa parte, se bem me lembro.
Manteve-se até às duas da madrugada, segundo me disseram. Em pelas 23 horas fui dormir.
No dia seguinte logo de manhã apareceu o Spínola no Hélio. De pingalim e monóculo, pôs- se a ouvir o Carlos Azeredo. Este apontava os locais de saída das canhoadas do lado da fronteira de Conacri e local onde foram rebentando, sem nos afetar, nem á população.
Eu estava por perto, de bata branca, a ouvir a conversa e em dada altura o Spínola disse:
"Carlos nunca te lembraste de mandar para ali (apontando com o dedo) umas obusadas?"
Na noite seguinte, os obuses 14mm trabalharam bem e na manhã seguinte doeu-me ver o carreirinho de gente (mulheres e crianças) com alguns tarecos à cabeça que se vinham acolher junto de familiares (suponho eu) em a
Aldeia Formosa.
Com isto quero dizer que o Spínola sabia que o Carlos Azeredo estava a mandar cumprimentos aos vizinhos da outra banda.
No dia anterior da parte da manhã, o major Azeredo foi dar um passeio pela Tabanca, como era seu hábito, e comentava-se (pelos velhinhos) que ia visitar (e conversar com ) o Tcherno Rachid.
Um abraço
José Teixeira
José Teixeira
________________
Notas do editor LG:

 
7 comentários:
Goste-se ou não, Spínola quando chegou á Guiné, marcou logo a diferença.
Tinha um especial faro para escolher os melhores.
E era implacável com os "incompetentes".
Depois começou por ir buscar a "nata" do seu "mítico" BCav 345, de Angola.
E a seguir, Colégio Militar, arma de Cavalaria e, enfim, os melhores das outras armas.
Oh!, Zé, em julho estava eu a entrar prá tropa.
E tu já em pleno palco da História!
Enviar um comentário